Deep Purple – The House of the Blue Light [1987]

Deep Purple – The House of the Blue Light [1987]

Por Daniel Benedetti

The House of Blue Light é o décimo segundo álbum de estúdio da banda inglesa Deep Purple, lançado em 12 de janeiro de 1987 pela Polydor Records. Ele é a segunda gravação da formação Mark II após o seu retorno, e o sexto álbum de estúdio no geral desta formação da banda.

Em abril de 1984, a Mark II (Ian Gillan, Jon Lord, Roger Glover, Ian Paice e Ritchie Blackmore) havia se reunido e ressuscitado o Deep Purple, lançando o álbum de estúdio – e de inéditas – Perfect Strangers. O disco foi gravado em Vermont e lançado em outubro daquele ano, sendo um sucesso comercial, alcançando a 5ª posição na parada de álbuns do Reino Unido e a 12ª colocação na Billboard 200 dos EUA.

Ritchie Blackmore, Ian Paice, Ian Gillan, Roger Glover e Jon Lord. Deep Purple em 1987

A turnê de reunião que se seguiu, começando na Austrália e seguindo pelo mundo até a América do Norte, foi para a Europa no verão (europeu) seguinte. Financeiramente, a turnê também foi um tremendo sucesso. Nos EUA, a turnê de 1985 superou em arrecadação todos os outros artistas, exceto Bruce Springsteen. Entre maio e junho de 1986, o grupo se encontraria novamente em Vermont, nos Estados Unidos, para gravar um sucessor de Perfect Strangers. O baixista Roger Glover, com o próprio Deep Purple, seriam creditados como produtores.

A criação do álbum foi um processo extremamente longo e difícil, que o vocalista Ian Gillan comparou à gravação de Who Do We Think We Are (1973) em Roma e em Frankfurt. Gillan comentou sobre como as relações tensas dentro da banda comprometeram o álbum: “Eu olho para trás para The House Of Blue Light, há algumas boas músicas naquele disco, mas há algo faltando no álbum geral. Não consigo sentir o espírito da banda. Posso ver ou ouvir cinco profissionais dando o seu melhor, mas é como um time de futebol, não está funcionando. É como 11 superestrelas que estão jogando no mesmo campo, mas não estão conectadas pelo coração ou pelo espírito”.

Encarte do álbum

O guitarrista Ritchie Blackmore disse que muito foi regravado, e confessou: “Acho que toquei muito mal nele, e não acho que mais ninguém realmente tenha gostado disso”. O tecladista Jon Lord disse: “The House of Blue Light foi um álbum estranho e difícil de montar. Cometemos o erro enorme de tentar tornar nossa música atual. Descobrimos que as pessoas não queriam que fizéssemos isso”. Foram produzidos dois vídeos promocionais para as músicas “Bad Attitude” e “Call of the Wild”, ambos com os membros da banda.

Compacto de “Bad Attitude”

“Bad Attitude” abre o disco com um ritmo pesado e intenso, com boa atuação de Gillan nos vocais. “The Unwritten Law” é menos convencional, com um andamento mais truncado. “Call of the Wild” traz um Hard Rock com influência dos anos 1980s, flertando bastante com o AOR. A ótima “Mad Dog” é mais intensa e mais pesada, sendo um dos melhores momentos do disco. “Black and White” traz mais elementos do Deep Purple setentista, com um ritmo mais cadenciado e ótimos solos. A pesada “Hard Lovin’ Woman” contém um ótimo riff e muita intensidade, com muita agressividade e é outro bom momento do disco. Outra ótima canção é “The Spanish Archer”, a qual mantém a pegada da música imediatamente antecessora. “Strangeways” é divertida e os teclados de Lord estão bem proeminentes. A bluesy “Mitzi Dupree” é outra excelente composição, com ótimos solos de Blackmore e vocais precisos de Gillan. A direta e pesada “Dead or Alive” encerra o trabalho de forma satisfatória.

Compacto de “Call of the Wild”, com patch grátis

Evidentemente, The House of Blue Light não representa o apogeu do Deep Purple, longe disso, mas nem por isso é dispensável. Algumas faixas da segunda metade do disco, principalmente, são boas, com ritmo intenso e boas abordagens (“Hard Lovin’ Woman”, “Mitzi Dupree” e “The Spanish Archer”). Estas compensam deslizes como “Dead or Alive” e “The Unwritten Law”, sendo o saldo final favorável. The House of Blue Light atingiu a 10ª posição da principal parada britânica de discos, enquanto alcançou o 34º lugar de sua correspondente norte-americana, ou seja, apesar das preocupações da banda, o disco vendeu bem.

Várias faixas nas versões em LP e cassete são mais curtas do que aquelas constantes no CD original lançado em 1987. A remasterização do CD de 1999 usou as fitas master de vinil originais, o que significa que sua duração também é menor do que a da versão original em CD.

The House of Blue Light foi apoiado por outra turnê mundial (interrompida depois que Blackmore quebrou um dedo no palco ao tentar pegar sua guitarra após jogá-la ao ar). Um novo álbum ao vivo Nobody’s Perfect, que foi selecionado de vários shows dessa turnê, foi lançado em 1988. No Reino Unido, uma nova versão de “Hush” também foi lançada em 1988 para celebrar o 20º aniversário do Deep Purple. The House of Blue Light ultrapassou a marca de 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

Contra-capa do LP

Track List
1. Bad Attitude
2. The Unwritten Law
3. Call of the Wild
4. Mad Dog
5. Black & White
6. Hard Lovin' Woman
7. The Spanish Archer
8. Strangeways
9. Mitzi Dupree
10. Dead or Alive

4 comentários sobre “Deep Purple – The House of the Blue Light [1987]

  1. Lembro muito da expectativa em torno desse LP; tinha começado a ouvir Purple em 1985 e nunca tinha tido a oportunidade de comprar um álbum deles no lançamento, e tive que esperar um bom tempo para conseguir comprar o disco, que saiu no Brasil em maio de 1987 (quase quatro meses depois de sair no exterior). No todo é um disco apenas razoável que não surpreende quando aparece lá no final da fila nas listas dos melhores do grupo. Mas acho “Bad Attitude” uma música excepcional, que merecia ser resgatada (acho que Gillan não a canta mais porque a letra lhe traz más recordações), “Mitzi Dupree” é um blues delicioso, “The Unwritten Law” é uma música que gosto bastante por causa da bateria do Paice, “Strangeways” era bem inovadora para o padrão do grupo… Não curto muito “Call of the Wild” (pop demais) e “Dead or Alive”, muito calcada no Rainbow, e o resto das músicas é bom, mas pouco memorável. Agora, “Nobody’s Perfect” seria o melhor candidato a pior álbum ao vivo do grupo em todos os tempos!! Parabéns pela resenha, Daniel!!

  2. Valeu, Daniel, pela resenha! Me fez ir atrás desse álbum que ainda não tinha ouvido (enquanto “Burn” e “Machine Head” eu já tenha ouvido umas boas centenas de vezes, outros como esse eu ainda não desbravei…)!

    1. Obrigado, Marcelo.
      Acho que vale pela experiência, embora este seja muito abaixo dos anos áureos da banda. O tempo e a idade me fizeram mais condescendente.
      Abraço

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.