Discografias Comentadas: Fleetwood Mac [Parte II]

Discografias Comentadas: Fleetwood Mac [Parte II]

Por Marcello Zapelini

Este é o período em que a banda encontra alguma estabilidade com a chegada de Bob Welch, e, depois de tantos anos, finalmente alcança o sucesso nos EUA. O período 1971 – 1977 é marcado por mais mudanças de formação e pela americanização definitiva do som do Fleetwood Mac.


Future Games [1971]

Este álbum é o primeiro a contar com Christine McVie como integrante oficial da banda, e traz o novo guitarrista e vocalista Bob Welch – o primeiro norte-americano a fazer parte do Mac. Kirwan, John McVie e Fleetwood completam a formação, que contava novamente com três compositores e vocalistas, já que Christine assumiu o vocal nas músicas que escreveu para o LP. Um convidado especial, o saxofonista John Perfect (irmão de Christine) participa de algumas faixas. Particularmente, discordo das críticas negativas que “Future Games” recebe de boa parte dos fãs do Mac; é um bom disco de rock, levemente pop, e, claro, o blues desapareceu de todo, mas o bom gosto nos arranjos, o belo trabalho de guitarras e vocais, e as melodias cativantes que marcariam os álbuns seguintes estão presentes aqui. Independentemente disso, o disco parou na decepcionante 91ª posição nos EUA. Future Games, a faixa-título, é de autoria de Bob Welch e um destaque absoluto do álbum, longa, bem trabalhada e com belas guitarras e vocais; outro destaque é a ótima “Morning Rain”, de Christine, que também escreveu a bela balada “Show me a Smile”. Danny Kirwan apresenta duas boas composições, “Sands of Time” e “Sometimes”, e a banda toda é creditada em “What a Shame” – o que parece ser uma jam session instrumental é, na verdade, um trecho de uma composição maior, com um curto trecho vocal. Bob Welch ainda contribuiu com “Lay it All Down”, com um riff de guitarra razoavelmente pesado e um belo solo de Danny Kirwan – outra ótima composição quase esquecida (a versão alternativa é ainda melhor, com maior presença do piano elétrico de Christine McVie. A qualidade sonora do álbum não é tão boa quanto no LP anterior – outro engenheiro de som, Martin Rushent, foi encarregado do trabalho, produzido pela própria banda. Na contracapa, os cinco integrantes são apresentados, com direito a uma indicação de quem entrou e quem saiu do Mac na época, e uma curiosidade: absolutamente fascinado pelos pinguins do zoológico de Londres, John McVie fez com que sua foto fosse substituída pela da simpática ave, tornando-a um símbolo da banda.


Bare Trees [1972]

Bare Trees é, tecnicamente falando, o sexto álbum do Mac (mas o décimo lançamento), e é o primeiro desde o segundo LP a repetir uma formação. Mas não por muito tempo, pois Kirwan foi expulso do grupo durante a turnê de lançamento: seu alcoolismo tornara-se insuportável para os demais integrantes da banda – e olha que tanto McVie quanto Fleetwood eram conhecidos cachaceiros. Kirwan dominou o LP, contribuindo com cinco das dez músicas; dentre elas, “Child of Mine” e “Bare Trees” são bons rocks com acento pop, e “Danny’s Chant” mostra sua grande habilidade na guitarra. Christine McVie teve duas músicas gravadas no disco, a doce baladinha “Spare me a Little of Your Love” e a melhor música do álbum, “Homeward Bound”, mostrando sua veia de rock. Uma versão ao vivo no relançamento do álbum na box “Fleetwood Mac 1969 to 1974” mostra uma banda incendária, com belo um ótimo solo de guitarra na introdução. Mais uma vez, Bob Welch acerta a mão com “Sentimental Lady”, uma balada pop que seria regravada por ele em sua carreira solo – e faria grande sucesso nos EUA. Sua outra composição no LP, “The Ghost”, não é tão boa nem tão marcante, mas não chega a prejudicar o bom disco que “Bare Trees” é. Como “Future Games”, o disco não traz nada de blues, e se encerra com “Thoughts on a Green Day”, com uma senhora idosa lendo um trecho de um livro – ela morava na casa vizinha a Benifold, e gostava de ler para os músicos enquanto tomavam chá. Martin Birch volta a assinar a engenharia de som, e o resultado é outro álbum com qualidade primorosa de gravação. Bare Trees atingiu o 70º posto na parada americana e marca a saída do tecnicamente excelente, mas pessoalmente complicado, Danny Kirwan; Kirwan e Welch discutiram fortemente antes de um show, e Danny se recusou a subir no palco, após ter quebrado sua guitarra e ter batido com a cabeça na parede até sangrar. Ele lançaria alguns discos-solo nos anos 70, com um som que lembra os dois últimos álbuns que gravou com o Fleetwood Mac, mas seus problemas com drogas e álcool o levaram a uma triste situação em que viveu nas ruas como sem-teto. Descrito pelos colegas como uma pessoa nervosa, insegura e difícil de se relacionar, Kirwan visitou seus ex-companheiros em um show em Londres em 1980, dizendo que dormira num banco de parque na noite anterior e, embora tivesse sido convidado a participar da cerimônia de apresentação do grupo ao Rock and Roll Hall of Fame em 1998, não compareceu (Jeremy Spencer também não foi). Ele faleceu em 2018 de pneumonia.

A capa interna de Penguin

Penguin [1973]

A perda de Danny Kirwan levou a uma nova mudança de formação. Penguin trouxe Bob Weston para a guitarra-solo e, para que a banda continuasse com três vocalistas, Dave Walker (ex-Savoy Brown) entrou nos vocais e harmônica; entretanto, este só contribuiu em duas músicas para o disco, ficando claro para todos os envolvidos que ele não se encaixava no som do grupo – tanto que quando a banda começou as gravações do álbum seguinte, Walker, em acordo mútuo entre os envolvidos, saiu para nunca mais retornar. O álbum foi produzido pela banda e Martin Birch. A foto da capa interna sempre me faz lembrar da capa de Wild Life, primeiro álbum de Paul McCartney com o Wings. Penguin saiu em 1º de março de 1973 e foi o LP mais bem-sucedido nos EUA até então, alcançando o 49º lugar – mas, mais uma vez, não entrou na parada inglesa. O disco abre com a agradável “Remember Me”, de Christine McVie, e continua suave com “Bright Fire”, de Bob Welch. “Dissatisfied”, de Christine, é mais roqueira e é a primeira composição a dar mais espaço para as guitarras de Welch e Weston, e a versão para “(I’m a) Road Runner” finalmente apresenta Walker no vocal principal e harmônica. “Did You Ever Love Me”, uma parceria entre Welch e Christine, traz percussionistas caribenhos nas steel drums e é a única música a contar com o vocal de Bob Weston em harmonia com a tecladista; Weston compôs a instrumental “Caught in the Rain”. Bob Welch escreveu mais duas músicas para o álbum, as boas “Night Watch” e “Revelation” (a mais pesada do álbum, com direito a um curto solo do discreto John McVie), e Dave Walker compôs “The Derelict”, canção meio country que trouxe Weston no banjo. No balanço geral, Penguin é um disco razoável, sem grandes destaques, mas nada que o comprometa. Sem Kirwan, o grupo tinha que confiar mais na sensibilidade pop de Bob Welch e Christine McVie, e apesar de Bob Weston ser um bom guitarrista, falta-lhe oportunidade para deixar sua marca (apenas “Revelation”, infelizmente cortada quando o solo de guitarra está decolando, e “Caught in the Rain”, com belo trabalho de violões, mostram seu potencial).


Mystery to Me [1973]

O novamente quinteto (Fleetwood, John e Christine, e os dois Bob, Welch e Weston) gravou mais um disco com boas músicas e uma capa ridícula (a rigor, a única outra banda que conheço com um gosto tão discutível para as capas dos discos é a J. Geils Band – mas neste caso era intencional). O disco, outra produção da banda com Martin Birch, é mais rock do que os anteriores, e traz mais destaque para as guitarras de Bob Weston. A maioria das músicas foi escrita por Bob Welch ou Christine McVie, com a quase reggae “Forever” sendo creditada a John McVie, Weston e Welch. O disco contém também uma boa versão para “For Your Love”, dos Yardbirds, que acabou entrando no lugar de uma música de Welch, “Good Things (Come to Those Who Wait)”, cuja letra aparece no encarte – mas que só seria oficialmente lançada na box “Fleetwood Mac 1969 to 1974”. Lançada em single, “For Your Love” não fez sucesso, o que é uma pena, pois a versão ficou muito boa, em especial o dueto de guitarras no final. Christine McVie compôs e cantou a ótima “Believe Me”, uma das melhores músicas gravadas pela banda na fase de transição entre a saída de Peter Green e o sucesso mundial de 1975; inspirada, a tecladista ainda assina “Just Crazy Love”, a linda “The Way I Feel” e “Why” (com bela introdução de Weston na slide guitar), todas boas músicas com a sensibilidade pop da Songbird, que a ajudaram a passar pelos problemas que enfrentava no casamento com John McVie. Bob Welch é responsável por “Emerald Eyes” (uma boa balada pop que não devia estar abrindo o disco), “Hypnotized” (uma composição levemente funk que traz um belo vocal do guitarrista), “Keep on Going”, “The City” (boa, mas suspeitamente parecida com “Going Down” e com bom trabalho de teclados de Christine), “Miles Away”, “Somebody” e a já mencionada “Good Things…” Mystery to Me seria o último álbum gravado na Inglaterra, e levou ao fim do período de Bob Weston com a banda. Fleetwood descobriu que ele e Jenny estavam tendo um affair, e embora tenha tentado levar o grupo adiante, logo ficou nítido que ele não conseguiria mais trabalhar com Weston, que foi convidado a se retirar. A turnê de lançamento foi cancelada, o que irritou tanto o empresário Clifford Davis que ele reuniu os músicos da banda Legs e os colocou como Fleetwood Mac para concluir a turnê; ele alegou que tinha os direitos sobre o nome e que Mick Fleetwood tocaria nos shows – o que este negou. Welch e Fleetwood conseguiram vencer a batalha judicial contra Davis e recuperaram o nome da banda. Weston seguiria carreira acompanhando outros artistas e lançaria três discos-solo nos anos 80, e viria a falecer no início de 2012, vítima de uma hemorragia gástrica causada pela cirrose.

Fleetwood Mac em 1973: Bob Welch, Christine McVie, John McVie, Mike Fleetwood e Bob Weston

Heroes Are Hard to Find [1974]

Se alguém estava com saudade de ver Mick Fleetwood seminu novamente, a capa (mais uma vez horrorosa) deste disco deve ter sido satisfatória. “Heroes Are Hard to Find” é dominado por Bob Welch, que compôs sete das onze músicas do disco, sendo as demais de autoria de Christine McVie. O grupo voltava a ser um quarteto, já que Weston não foi substituído por ninguém. Produzido pela banda com Bob Hughes, Heroes… deu à banda seu maior sucesso nos EUA até então, atingindo a respeitável 34ª posição na Billboard. O álbum inicia com a faixa-título, de autoria de Christine McVie, leve e balançada, com arranjo de metais, e segue com três composições de Bob Welch, a etérea “Coming Home”, “Angel”, um pouco mais pesada, com belo trabalho de guitarra do autor, e “Bermuda Triangle”; essas músicas revelariam seu potencial nos shows da época (como atestam as versões das duas músicas em “Live from The Record Plant”, gravado ao vivo em dezembro de 1974 e lançado na box “Fleetwood Mac 1969 to 1974”), trazendo Christine de volta na belíssima “Come a Little Bit Closer”, em que ela toca um sintetizador ARP String Ensemble. No lado B do LP original, tem-se, de Bob Welch, a animada “She’s Changing Me” (com direito a solo de pedal steel guitar do lendário Sneaky Pete Kleinow), “Silver Heels” (melhor vocal do guitarrista no disco, que posteriormente a regravaria com nova letra como “Hustler”), “Born Enchanter”, e a delicada – e quase instrumental – “Safe Harbour”, enquanto a balançada “Bad Loser” e a amargurada balada “Prove Your Love” (acho que foi escrita para criticar John McVie) são de autoria de Christine. No todo, o disco é mais suave e mais pop do que “Mystery to Me”, mas provou que o grupo conseguia sobreviver com apenas um guitarrista e dois vocalistas. Para completar, “Live from the Record Plant” é altamente recomendado para quem quer conhecer o potencial dessa versão da banda. Bob Welch surpreende nas guitarras, tocando muito bem não somente em suas composições originais, mas também nas versões para “The Green Manalishi…”, o medley “Black Magic Woman/Oh Well” e “Rattlesnake Shake”, com uma introdução bluesy que permite a Welch apresentar a banda. Christine McVie se mostra segura nos vocais e é acompanhada nos teclados por Robby Hunt. Fleetwood e John McVie estão em plena forma, com o primeiro brilhando também na percussão. Um ótimo testemunho da fase menos conhecida da banda! Pouco depois do lançamento do disco, para a surpresa de Mick Fleetwood, Bob Welch pediu as contas. Ele formaria o grupo Paris com Glen Cornick (ex-Jethro Tull), e lançaria vários álbums-solo nos anos seguinte, tendo alcançado grande sucesso com sua regravação de “Sentimental Lady” em 1977 (o álbum com essa música, “French Kiss”, chegou ao 12º lugar nos EUA). Ele permaneceu amigo de Fleetwood (que o empresariou nos anos 80) e dos McVie, chegando a abrir shows da sua antiga banda nos EUA, e infelizmente faleceu aos 66 anos em 2012. Sou só eu quem acha, ou o emprego de guitarrista do Fleetwood Mac faz tão mal para a saúde quanto o de tecladista do Grateful Dead?


Fleetwood Mac [1975]

Aqui começa a terceira fase do Fleetwood Mac: o som se torna mais pop do que nunca, sem quase nada do blues original. Sem Bob Welch, a busca por um novo guitarrista começou, e Mick Fleetwood achou-o em Lindsey Buckingham, um americano que gravara um LP com sua namorada Stevie Nicks, lançado em 1973. Um convite a Buckingham e ao engenheiro de som Keith Olsen foi feito, mas o guitarrista só aceitaria se Stevie fosse junto. Fleetwood narra na sua autobiografia que ficou preocupado, pois uma segunda garota na banda poderia causar problemas com Christine. Entretanto, as duas se entenderam muito bem, e Buckingham e Nicks começaram a ensaiar com os demais; logo de cara, ficou nítido que Buckingham era melhor do que a encomenda: bom guitarrista, bom compositor, bom vocalista, e um perfeccionista que buscava o melhor som possível. O álbum, simplesmente intitulado Fleetwood Mac e conhecido como White Album pelos fãs, demorou 14 meses para alcançar o topo da parada nos EUA. Uma excelente Deluxe Edition, contendo o álbum original em LP e CD, singles, versões alternativas e gravações ao vivo em três CDs e um DVD, foi disponibilizada em 2018. O disco é muito bom, mostrando evolução na sonoridade que vinha sendo experimentada desde 1971, e se descolando definitivamente do blues. O álbum começa com o balanço de “Monday Morning”, de autoria de Buckingham, que assinou também “World Turning”, em parceria com Christine, com ambos dividindo os vocais, e “I’m So Afraid”, cuja coda traz um belo solo do estreante, que seria progressivamente alongado nos shows. Christine McVie é responsável por mais quatro composições, “Warm Ways”, a bela “Over my Head”, “Say You Love Me” (que John McVie considerava uma de suas favoritas do Fleetwood Mac) e “Sugar Daddy”. Stevie Nicks contribuiu com “Rhiannon” (um dos grandes sucessos da banda), “Crystal” (curiosamente, nesta música Lindsey Buckingham encarregou-se do vocal) e a linda balada “Landslide”, minha preferida do disco. O disco se completa com “Blue Letter”, de Michael e Richard Curtis. A turnê de lançamento foi muito bem-sucedida, e Mick Fleetwood comenta que, por causa de Stevie, o público feminino nos shows aumentou bastante: as fãs começaram progressivamente a imitar seu estilo meio cigana, meio feiticeira de se vestir. Para encerrar, uma nota cômica: durante as gravações do LP, Lindsey interrompeu John McVie, que estava gravando sua parte, para corrigi-lo. O sempre cool baixista respondeu: “o nome desta banda é Fleetwood Mac”; apontando para Mick e depois para si mesmo, continuou: “ele é Fleetwood, e meu nome é John McVie, portanto, não se esqueça disso”. Se Buckingham disse algo, não temos a resposta… Mas, só para confirmar, na capa do disco, aparecem apenas um esquelético Mick em pé e John ajoelhado – como se ele precisasse disso para parecer baixinho perto de Fleetwood!

Fletwood Mac em 1977: Chistine McVie, Mick Fleetwood, Stevie Nicks, John McVie e Lindsey Buckingham

Rumours [1977]

O mega-hit da banda, que vendeu mais de 20 milhões de cópias só nos EUA, recebeu esse título por sugestão de Mick Fleetwood, que estava de saco cheio das fofocas que a imprensa publicava sobre a banda (ao menos é o que ele fala na autobiografia; a Wikipedia registra que John sugeriu o nome porque os músicos estavam escrevendo uns sobre os outros). Mas o fato é que, se comercial e artisticamente a banda estava bem, no campo pessoal as coisas complicaram. Lindsey e Stevie se separaram, Christine começou a namorar um dos técnicos da banda, John estava bebendo cada vez mais, e Mick, cujo casamento com Jenny estava em frangalhos, iniciou um caso com Stevie. Keith Olsen, por sua vez, desagradou Mick Fleetwood ao sugerir que a seção rítmica ficasse em segundo plano. O resultado é que as (longas) seções de gravação foram produzidas pela banda (sobretudo por Buckingham) com a contribuição de Richard Dashut e Ken Caillat, engenheiros de som e velhos amigos do guitarrista. A capa trouxe apenas Mick e Stevie numa imagem verdadeiramente icônica dos anos 70. Para completar o caos, a banda estava consumindo quantidades colossais de drogas e bebida. E dessa mistura bem pouco promissora surgiu Rumours, primeiro álbum a ser lançado pela Warner e não por sua subsidiária Reprise. As onze músicas que o compõem são quase igualmente divididas entre os três compositores da banda, com Buckingham e Stevie responsáveis por três cada um e Christine por outras quatro. “The Chain” foi creditada aos cinco músicos, algo que não se repetiria nos discos seguintes. Uma 12ª faixa, “Silver Springs”, foi composta por Stevie e incluída em algumas edições do LP. Em 2013, Rumours foi reeditado em CD triplo, bem como numa box set com 4 CDs e um DVD; em ambas as edições, uma seleção de gravações ao vivo preenche um dos discos, sendo os demais dedicados ao álbum original (com a adição de “Silver Springs”) e a sessões de estúdio e versões alternativas. Mas vamos ao disco em si: Rumours confirma os rumores (desculpem, não resisti) a seu respeito? Sem dúvida. Trata-se de um dos melhores álbuns de pop já feitos, com uma produção absolutamente perfeita, qualidade cristalina de gravação e músicas cativantes. Praticamente todas as músicas podem ser destacadas, por isso cito as minhas favoritas: a doce “Dreams”, de Stevie; três composições de Christine McVie – a lindíssima “Songbird” (que se tornaria sua música-tema), a alegre “You Make Loving Fun” (que deve ter sido meio desagradável para John, já que fora escrita para o novo namorado da tecladista) e a música-tema de Bill Clinton, “Don’t Stop”; a dolorida “Go Your Own Way”, uma das melhores músicas que Lindsey escreveu na vida (além de um de seus melhores solos), bem como a parceria entre todos, “The Chain”. “Silver Springs”, de Stevie, merecia ter entrado no disco, pois é absolutamente perfeita. “Rumours” é um daqueles discos que todo mundo deve ouvir pelo menos uma vez na vida – nem que seja para perguntar por que tanto auê em torno dele. Li uma vez que Rumours, junto com o primeiro LP do Boston, Frampton Comes Alive e Hotel California, estava presente na coleção de todo fã de pop e rock nos EUA em 1977. Considerando o sucesso do disco, não me parece exagero!

Com isso, o Fleetwood Mac tinha um desafio: bater o sucesso comercial e de crítica deste album. Como será visto na parte III desta Discografia Comentada, o álbum seguinte estaria só parcialmente à altura desse desafio…

3 comentários sobre “Discografias Comentadas: Fleetwood Mac [Parte II]

  1. Rumours é o equivalente do Blood on the Tracks (clássico de Bob Dylan) em se tratando de “discos de divórcio”, e é até hoje o mais bem-sucedido nesse quesito em termos comerciais. É de se louvar o fato de um álbum que vendeu pra caramba em todo o mundo ter sido feito em um momento difícil no seio interno do Fleetwood Mac (gosto mais deste do que do antecessor de 1975). Valeu por ter citado o B-side “Silver Springs” em sua resenha, caro Zapelini… Uma injustiça ter ficado de fora do tracklist original de Rumours, pois é uma canção muito bonita e que se encaixaria muito bem em seu “conceito” !

  2. Opa, obrigado pelo comentário, Igor! Realmente o Rumours e o Blood on the Tracks são confissões de fracasso de relacionamentos como nunca se viu, e nesse quesito são insuperáveis, artisticamente falando. Silver Springs é no mínimo tão boa quanto o resto do disco e é daquelas que a gente se pergunta porque não ficou na tracklist final, mas pelo menos agora se tem acesso.

    1. Valeu pela resposta, chefe… Fleetwood Mac e Bob Dylan são grandes referências, queiram alguns ou não, e os respectivos discos que eu citei de ambos artistas são referências dos “fins de relacionamento expressados através da música”. Escutei o Rumours pela primeira vez em 2021 e gostei de tudo, incluindo a citada “Silver Springs” – não faz sentido para mim ouvir este álbum sem ela (tal como ouvir, por exemplo, o álbum Blind Rage do Accept sem a faixa-bônus japonesa “Thrown to the Wolves” antes do encerramento com “Final Journey”, e também o The Number of the Beast do Maiden sem “Total Eclipse” no tracklist). Voltando ao Fleetwood Mac, só depois que escutei o Rumours é que corri atrás do álbum anterior de 1975, ouvi e achei-o muito bom também – só não gostei é da “Landslide”, para mim a mais fraca da bolacha, enfim…

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