Monsters of Rock (22/04/2023)

Monsters of Rock (22/04/2023)

 

Por Davi Pascale

Fotos do show: Davi Pascale

Hoje faz exatamente uma semana que tivemos mais uma edição do Monsters of Rock. Minha primeira vez no festival foi em 1994, lá no Pacaembu. Na época, estava com meus 12 anos de idade e estava indo presenciar, pela primeira vez, um show do Kiss que, naquela época, já era minha banda favorita há alguns bons anos. Portanto, nada é mais mágico do que, quase 30 anos depois, retornar ao mesmo festival e ter a oportunidade de ver meus heróis, mais uma vez, como headliners. A única tristeza é saber que essa deve ser, de fato, a última vez deles por aqui.

O festival teve início às 11h30 da manhã com um show da metal queen, Doro Pesch. Para quem não está familiarizado com seu trabalho, Doro se destacou ao lado da banda Warlock, fazendo um heavy metal tradicional, lá nos anos 80. Durante sua carreira solo, ela chegou a gravar álbuns com uma pegada mais hard rock (um deles, inclusive, produzido pelo Gene Simmons), chegou a gravar alguns discos flertando com o metal industrial, mas somente voltou a ter destaque quando retornou ao seu som clássico. A eterna musa demonstrou estar com a voz em dia e fez um show altamente enérgico. Com sua presença de palco característica – ou seja, esbanjando sorrisos, jogando a mão para cima todo o tempo em seu traje de couro – não demorou muito para que cativasse o público. Ainda que parecessem não dominar o repertório da icônica cantora alemã, a plateia respondeu bem ao setlist que teve predominância nos seus dias de Warlock, com clássicos como “Fight For Rock”, “Metal Racer”, “Hellbound” e “All We Are”. Com um ótimo time de apoio – que conta com o guitarrista brasileiro Bill Hudson e o monstro Johnny Dee (Britny Fox) na bateria – ela demonstrou, em pouco mais de 40 minutos, como se faz um heavy metal tradicional de excelência.

 

A eterna musa Doro Pesch abrindo o festival.

 

As trocas de palco eram rápidas e, por volta do 12:30h, o grupo de prog metal Symphony X subiu ao palco. Eu os acompanho desde o lançamento de Divine Wings of Tragedy e nunca tinha vista o grupo ao vivo. Portanto, minha expectativa era bem alta e, infelizmente, não foi totalmente correspondida. Muita música do Underworld, quase nada da fase clássica. Apenas “Sea of Lies” se fez presente. Nada do Twilight In Olympus, nada do V, nem mesmo o clássico “Of Sins and Shadows” foi apresentado. Para mim, muito pouco. Para quem não conhece, a banda é conhecida por fazer um prog metal de excelência, tendo como destaques o (ótimo) cantor Russel Allen e o guitarrista Michael Romeo, altamente influenciado pelo sueco Yngwie Malmsteen. Basta reparar nas construções de solo dele para entenderem o que estou falando. De fato, os caras são ótimos músicos, mas o set poderia ter sido melhor pensado e o ataque de chilique do Russel Allen, arremessando o retorno no chão, também foi um tanto desnecessário. Uma pena. Esperava outra coisa.

O dia seria longo, ainda tínhamos mais 5 apresentações, e eu sabia que chegaria em casa de madrugada. Afinal, fui ao concerto de van e estou morando na região do ABC, que é um tanto distante da região do Allianz Parque. Por isso, depois de conferir umas 3 músicas do Candlemass – que é uma banda que nunca me atraiu – aproveitei para dar um pulo ao banheiro, comer alguma coisa e dar uma última passada na banca de merchandising. Esse rolê não demorou muito e ainda deu para conferir mais umas 3 músicas dos rapazes. A banda ataca no doom metal. Os caras fazem um som pesado, arrastado e competente. No show da semana passada, quem me chamou a atenção foi o vocalista Johan Längqvist, que possui uma voz rasgada e potente, e o guitarrista Fredrik Akesson, esse vindo diretamente do Opeth. O problema é que as composições não me cativam, mas para quem é fã, deve ter sido uma boa apresentação. Ah… Para quem não esteve no show e está achando estranho o nome do grupo não constar no poster do festival, é porque eles foram escalados de última hora para substituírem o Saxon, que cancelou a apresentação, alegando que o guitarrista Paul Quinn havia decidido se aposentar e precisavam correr atrás do substituto.

E eis que chega a vez do Helloween, ícone do power metal, que é idolatrado aqui no Brasil e que sempre gostei bastante. Assim como o Kiss, a primeira vez que os assisti ao vivo foi em uma edição do Monsters of Rock. Mais precisamente, na edição de 1996, quando estavam divulgando o álbum The Time Of The Oath. A banda já teve 3 vocalistas em sua formação: Kai Hansen (que também é conhecido por liderar o Gamma Ray), Michael Kiske (um dos nomes mais influentes da cena) e o ex-Pink Cream 69, Andi Deris. No show desse fim de semana, eles vieram com a formação que une os 3 vocalistas. Ainda que tenham lançando um (regular) álbum de inéditas recentemente, o set foi focado nos clássicos. Para se ter uma ideia, a trinca inicial ficou por conta de, nada mais, nada menos, do que “Dr. Stein”, “Eagle Fly Free” e “Power”. Do trabalho mais recente, apenas “Best Time” deu as caras. Por mim, está ótimo. Um momento de destaque foi o medley de “Ride The Sky” e “Heavy Metal Is The Law”, com os vocais poderosos de Kai Hansen. Músicas como “I Want Out” e “Forever And One” puxaram coro da plateia. Como já era de se esperar, a banda fez um show extremamente profissional. Os vocalistas corresponderam a altura e o público, finalmente empolgou. Ficou demonstrado, mais uma vez, o porque de ainda serem o grande nome do metal melódico.

 

Helloween: nostalgia e profissionalismo.

 

16:30h era o momento do lendário Deep Purple subir ao palco. Ainda que muitos se queixem do grupo estar sempre por aqui, eu estava com uma grande expectativa nessa apresentação. Afinal, estava bem curioso para ver o desempenho do guitarrista Simon McBride e, sim, o rapaz manda muito bem, obrigado. Eles fizeram um show típico do Deep Purple. Ou seja: show repleto de improvisos, principalmente de guitarra e teclado, e uma ênfase maior nas canções dos anos 70. Ian Gillan segurou bem a peteca. Sim, a voz dele não sai direito nos gritos e no sustain de longa duração ele se atrapalha (ficou nítido que ele perdia a afinação em “Anya”), mas tudo isso fica pequeno quando lembramos que estamos diante de uma lenda que já está com 77 anos de idade. Não tem como exigir do cara mais do que foi apresentado. No repertório, não faltaram clássicos como “Highway Star”, “Smoke On The Water”, “Space Truckin´” , “Pictures of Home” e a preferida da plateia brasileira, “Perfect Strangers”. Vale uma menção especial ao solo de teclado de Don Airey, onde ele inseriu trechos de música brasileira (indo de “Brasileirinho” à “Sampa”), como uma homenagem ao país. De boa… Showzaço!

Um parênteses. Achei a estrutura apresentada, infinitamente superior à das edições anteriores. Havia mais opções de comida, o local estava limpo e organizado, a qualidade de som estava, de um modo geral, excelente. Sim, o Symphony X, teve problema no som, mas nada que não possa ocorrer em outras situações. Não teve nenhum artista que se apresentou com volume baixo, com bateria com som de lata velha e nem instrumento que não desse para ouvir. O som do Deep Purple, inclusive, estava perfeito. Mas, vamos lá, de volta aos shows.

O próximo nome a subir ao palco foi o Scorpions. Outra atração que estava bem curioso para assistir. Já tinha um tempo que não assistia o grupo ao vivo e estava bem curioso para vê-los em ação com o monstro Mikkey Dee (King Diamond, Motorhead) na bateria. A banda consegue agradar tanto o público do metal, quanto ao público do hard rock, portanto sua escalação, nessa edição, é certeira… No set, o grupo mesclou canções de seu recém lançado Rock Believer com clássicos do porte de “The Zoo”, “Bad Boys Running Willd”, “Blackout”, “Big City Nights”, “Tease Me, Please Me”, entre tantas outras. O foco foi o período do Animal Magnetism até o Crazy World, sem dúvidas, sua fase mais popular. E, claro, todas com uma boa dose de peso. Das baladas, apenas “Send Me An Angel”, “Still Loving You” e “Wind of Change” (que contou com uma pequena crítica à guerra da Ucrânia, não entendida por boa parte dos presentes) deram as caras. No palco, Matthias Jabs segue com seus solos precisos, enquanto Rudolf Schenker se destaca na presença de palco. Mikkey combinou bem na banda. Com o histórico dele, não é necessário dizer que o cara tem pegada e é preciso. Klaus Meine continua comandando a festa com a segurança de sempre. O show estava bem produzido e o grupo saiu ovacionado. Eles demonstraram uma vitalidade que, honestamente, eu não esperava.

 

Deep Purple: técnica, feeling e muitos clássicos.

 

Mas, o melhor ainda estava por vir. Depois de uma bem sucedida vinda ao Brasil no ano passado (na verdade, era para ter ocorrido em 2019, mas o show foi adiado 3 vezes por conta da pandemia), o Kiss retorna ao país para a etapa final de sua turnê de despedida. Por 2023 marcar os 50 anos de criação do Kiss, os músicos toparam estender a turnê e fazer 50 shows ao longo do ano para celebrar a data. E, com isso, os brasileiros tiveram a oportunidade de vê-los em ação, mais uma vez.

A banda subiu ao palco com jogo ganho. Nitidamente, a maior parte do estádio – que segundo post da banda, atingiu 60.000 espectadores – estava lá para se despedir do quarteto mascarado. Tínhamos várias pessoas com o rosto pintado igual ao dos músicos, um exército de camisetas do Kiss por todo o local. Nas bancas de merchandising, todas as vezes que passei por perto, o trecho com maior aglomeração era o de produtos do Kiss. Por mais que o Helloween tenha levado um bom público, a maior parte estava ali realmente para os mascarados.

Para o set dessa turnê, eles tentaram pegar um pouco de cada fase. “Heaven´s On Fire” e “Lick It Up” representam a fase desmascarada, lá dos anos 80. “Psycho Circus”, resgata a década de 90, enquanto “Say Yeah”, aponta para a formação atual. Mas, certamente, o foco principal é a fase dos anos 70, tida como a fase clássica.

O setlist da banda foi bem similar à apresentação de 2022 (sim, fui nas 2 vezes). A única diferença foi que eles substituíram “Tears Are Falling” por “Makin´ Love” e acrescentaram um pequeno duelo de guitarras entre Paul Stanley e Tommy Thayer no final de “Calling Dr. Love”. O resto, seguiu a risca. A abertura com os clássicos “Detroit Rock City”, “Shout It Out Loud” e “Deuce”. O medley entre “Psycho Circus” e “100.000 Years”, as bolas em “Do You Love Me”, o piano em “Beth”… Tudo isso já estava presente no show do ano passado. E, sim, os polêmicos back trackings continuam. Eu, particularmente, não me importo e não acho que tire a magia do espetáculo, mas enfim, deixo isso para que cada um tire suas próprias conclusões.

 

O Kiss fechou o Monsters of Rock pela terceira vez. O grupo foi headliner nas edições de 1994, 2015 e 2023.

 

Achei a banda, dessa vez, um pouco mais à vontade no palco. Paul Stanley estava, visivelmente feliz, esbanjando vários sorrisos para o público, brincando mais, mas a maior mudança foi quando o starchild, pouco antes de fazer seu voo para cantar “Love Gun” e “I Was Made For Lovin´ You”, disse: “Essa é nossa oitava vez no Brasil e, também, nossa última vez no país. Gostaria de agradecer vocês de São Paulo por sempre terem sido maravilhosos com a gente”. Nessa hora, aquela realidade que não queríamos acreditar, veio contudo em nossa cara: uma das bandas mais contagiantes do rock está chegando ao fim. Muitos dizem não acreditar. Eu, por outro lado, acredito que seja realmente a reta final. Na primeira tour de despedida, a razão era quebra pau entre integrantes. Agora, é porque os músicos estão sentido o peso da idade. Outra realidade…

Conforme esperado, não faltaram clássicos como “God Of Thunder”, “I Love It Loud”, o número com Gene Simmons cuspindo sangue (falso), Tommy Thayer disparando foguetes e a noite se encerrando ao som de “Rock n Roll All Night”, com chuva de papel picado, fogos e Paul Stanley quebrando sua guitarra. Nitidamente, tivemos uma verdadeira festa de rock n roll naquele sábado e nada melhor do que o grupo de Stanley/Simmons para fechar a noite. Valeu, Kiss, por mais uma apresentação mágica e inesquecível. Sentiremos saudades.

Certamente, esse festival ficará cravado na memória dos presentes por muitos e muitos anos. 12 horas de som, um cast com um verdadeiro dream team, os shows todos nos horários, uma qualidade de som acima da média. Sem contar que tivemos, praticamente, 3 shows completos, já que Scorpions e Deep Purple tocaram 1h30 cada. E que venha a próxima edição do Monsters of Rock.

 

Apresentação dos mascarados marca despedida dos palcos.

 

21 comentários sobre “Monsters of Rock (22/04/2023)

  1. Tenho sentimentos ambivalentes quando vou a festivais como esse…Tudo ali está envolto em nostalgia e nos “bons tempos de antigamente” e, como não simpatizo com esse tipo de coisa, o que me bateu após assistir aos shows foi uma tremenda melancolia. É óbvio que todas as bandas ali já passaram do seu auge e para serem aturadas hoje têm de contar com uma benevolência imensa dos fãs, sabe como é: “mas a história deles é imensa”, “eles não precisam provar mais nada para ninguém”, etc, etc, etc…E olhar para o lado é ver um público majoritariamente acima dos 50 anos, barrigudo, tenho quase certeza que em sua maioria conservador até a medula e que parece já ter vivido os melhores dias de sua vida é triste, muito triste. Ali estava a resposta para o Heavy Metal não ter mais contato com a juventude, tudo parecia tão antigo e antiquado quanto a era das cavernas. Não há o que criticar na parte técnica do festival, mas é tudo tão “perfeito”, está tudo tão no lugar que fica faltando espontaneidade e gana, ou seja, a “faísca” imprevista do Rock ´n´Roll, enfim. Não deve haver muita diferença entre o ambiente desse festival e o da Disney, por exemplo, e isso para mim não tem o mínimo sentido.

    1. Bem, essas são suas posições subjetivas das quais acho interessante colocá-las. Mas como este é um espaço para debates, me permito colocar uns contrapontos.

      Eu confesso, Cleibsom, que me surpreende um sujeito da sua idade (se não estou enganado, já passado dos 40 e chegando nos 50) não perceba que você critica a nostalgia desses festivais mas que está ao mesmo tempo sendo nostálgico.

      Pior: nostálgico de uma realidade que nunca existiu. Um espantalho criado naquela visão antiga de achar que rock (ou qualquer outro estilo) deveria ser jovial e contra-cultural ao estilo Woodstock.

      E aí você fala com um tom de desdém justamente dos “velhos de 50 anos” que mantiveram seus gostos da juventude como se já fossem todos antiquados e conformados e atribuindo a pecha de conservadores. Uma visão completamente equivocada, visto que o rock nunca foi de verdade alinhado a alguma ideologia em específico. E o mesmo inclui o seu público. Procurando, se acha visões políticas, sejam mais claras ou ocultas, em várias bandas incluindo ideologias completamente opostas umas as outras.

      Se isso te preocupa, relaxe: ao menos no meu recorte social aqui visto que tenho contato com jovens diariamente devido a minha profissão, se acha jovens de tudo quanto é tipo de visão, muitos até mesmo com a sua.

      Todavia, acho que para alguém da tua idade e com anos acompanhando o cenário, acho eu que já deveria ter aceitado que o rock, como qualquer outro estilo um pouco menos engessado no mainstream, envelhece. Aconteceu com o folk. Aconteceu com a música sinfônica. Aconteceu com o jazz. Aconteceu com o reggae. Está acontecendo com o rock. E, curiosamente, está começando a acontecer com o rap e hip-hop também. Mas o rock não deixará de existir assim como esses estilos citados continuam existindo.

      A chamada “espontaneidade” e “faísca” ainda existe dentro do estilo. Só que você não a enxerga por uma razão muito simples: você está velho. Ainda tem jovens entrando no mundo do rock. Obviamente, lá no underground. Em qualquer cidadezinha nesse país tem. Não são uma maioria, mas o rock nunca foi uma maioria nem em seus tempos de mais exposição.

      1. Quanto à idade cronológica, você tem toda razão, para mim a 3ª terceira idade já se avizinha. Mas de maneira alguma me sinto velho e ainda dou um caldo bom. Quanto à faísca do rock, é lógico que eu a enxergo e ela existe em bandas como TERRA TENEBROSA, THE CHRONICLES OF MANIMAL AND SAMARA e o “dinossauro” MESHUGGAH, por exemplo, mas ela está longe desse circo geriátrico do MONSTER OF ROCK que você parece tanto gostar. Mas essas bandas, justamente por não seguirem a cartilha conservadora dos fãs de metal, ficam submersas e relegadas ao desconhecimento, o que é uma pena. Quanto ao rap e hip-hop, se você se prende as bandas mainstream, me parece óbvio que só verá acomodação, mas as bandas e os artistas underground destes estilos me parecem com mais gana e ousadia do que os artistas underground do rock e do metal. De fato, todo estilo envelhece, mas envelhecimento não significa chatice, acomodação e conservadorismo, pelo menos para mim. PS.: Me despeço ouvindo a sensacional DEUS EX MACHINA do grande THE CHRONICLES OF MANIMAL AND SAMARA. Ouça e veja como o rock feito hoje ainda pode borbulhar e nos encher de alegria.

        1. Infelizmente, excetuando o Meshuggah que citou, as outras bandas não vão conseguir dar lucro o suficiente para dar conta de um festival como esse. No mundo da música underground, é complicado arriscar dinheiro e eu compreendo os organizadores que desejam fazer um festival ao mesmo tempo que realmente gere lucro.

          Sobre a questão do ouvinte do rock e metal em geral, aí ficamos naquela: de quem é a culpa? Das bandas velhas que só se garantem em seus clássicos da época de seu auge? Dos produtores dos shows que só contratam as bandas veteranas sem darem chances as mais novas? Do público que só aceita ouvir as mesmas coisas? Sabemos que no teu caso, a última opção deve ser o problema principal, embora a primeira opção também foi citada.

          Eu concordo com a tua crítica que as pessoas deveriam estar mais abertas as ótimas bandas novas que vem surgindo. Mas eu entendo também o ouvinte médio por uma questão econômica. Simplesmente tem muita banda no mercado. Querendo ou não, se você faz sua banda na garagem com um som muito bom e interessante, ao entrar no mercado você estará competindo pela atenção e espaço de shows com bandas como Iron Maiden e Metallica. E já sendo um nicho pequeno que somos, não vejo como a imensa maioria das bandas conseguirão sobreviver pelo parco dinheiro e atenção das poucas pessoas desse pequeno nicho que é o underground.

          Mas, tirando a maneira como expressa os problemas, no fundo eu diria que concordamos que gostaríamos de ter um mercado e espaço maior para bandas novas. Porém, nessa situação, não creio que a culpa seja das bandas novas ou da grande maioria dos consumidores em questão.

          1. Cara, sejamos francos, em festivais como o MONSTER OF ROCK a música é um detalhe à mais, e certamente não o mais importante, entre tantos outros. É por isso que fujo de festivais e, quando me arrisco a ir, a experiência é sempre desagradável. Para mim acho que já deu!!!! Às vezes me parece que o headbanger tupiniquim só se informa pela ROADIE CREW, WHIPLASH, WIKIMETAL e pelo site do REGIS TADEU. Nada contra mas, convenhamos, assim fica difícil! Moro em S.Paulo e há um circuito de casas de shows de médio porte na capital do estado em que recentemente já tocaram bandas como DEAFHEAVEN, HARAKIRI FOR THE SKY, SOEN e MESHUGGAH, entre outras, e torço para que TERRA TENEBROSA e CHRONICLES OF MANIMAL E SAMARA um dia toquem no mesmo circuito. Aliás, um dos meus maiores ídolos na música, TOM WARRIOR, tocou nesse circuito com o seu TRIPTYKON. Ou seja, quem mora por aqui e quer sair do lugar comum têm opções. Bandas de metal competentes formadas por integrantes com idade de até 40 anos ainda existem, o que lamento é que o headbanger brasileiro, cansado, acomodado e preguiçoso, não está interessado nelas. O mundo da música mudou muito e tenho certeza que os integrantes das bandas que citei não querem ficar milionários, mas sim viver decentemente do seu trabalho. Creio que, até pelo som que essas bandas fazem, seus integrantes tenham um que de idealismo e ingenuidade, senão estariam fazendo outra coisa.

  2. Eu acho que o cast desses festivais de rock e metal mais famosos deveria misturar melhor veteranos consagrados com as novidades e artistas mais underground…mas aī eu vejo que as bandas escaladas mesmo tendo gravado bom material recente focam o set sempre nas mesmas músicas de sempre. No fim é business…pois o negócio é agradar o público consumidor oferecendo o que é pretensamente desejado…um produto de qualidade …sem dúvida…mas também sem surpresas…tudo dentro do esquema e quadradinho. Nesse ponto, talvez como o Cleibson…sinto um pouco de tristeza…não pelo envelhecimento fisico dos músicos e do público…mas sim pela falta de coragem em arriscar…por se afastarem cada vez mais da arte e se aproximarem da mercadoria pura e simples. Abraços a todos

    1. Tua frustração é plenamente compreensível, Fábio. Não vejo solução simples nesse caso. Talvez, quando as bandas maiores se aposentarem de vez e que não tenham mais Metallica, Iron Maiden, AC/DC e Kiss tocando, talvez se abra espaço para uma nova geração muito mais por necessidade. Mas isso só vamos saber daqui uma década. Eu, particularmente, jamais pensaria em ser músico no momento atual ou mesmo quando mais novo justamente por todas essas dificuldades. Mas admiro muito quem está aí tentando no underground e na raça.

    2. Não existem riscos em festivais. Os caras contratam os shows que estão sendo mais requisitados, alguns nomes que estão nas mãos dos empresários desses artistas e banda nova é como sempre foi, é o mesmo esquema de quando abre show para uma banda consagrada. Ou seja, ou paga (literalmente) ou não toca. Antigamente, tinha novato nesses shows porque eram os artistas que as gravadoras estavam apostando. A gravadora bancava o espaço. Hoje, as gravadoras não estão investindo em novos artistas de metal. E banda independente não consegue bancar um investimento desse.

      Talvez, o único nome, que está criando uma certa popularidade é o Ghost. Só que o Ghost já tem show marcado no Brasil. E, não, eles não puxam 60.000 pessoas com eles. E, mesmo assim, não são novatos. Eles têm 17 anos de banda nas costas. Surgiram em 2006. O Meshuggah, que o cara citou acima, é de 1987. Já são 36 anos de banda. Já pode incluí-los na lista que ele chama de rock geriátrico. Novo, para mim, é banda com 5 anos de estrada e 2 discos nas costas.

      Sendo bem honesto. O rock está na mão dos artistas clássicos. São esses caras que puxam público. O dia em que AC/DC, Metallica, Iron Maiden, Kiss, Ozzy e Slipknot (esse já não é novato também. É uma banda com mais de 25 anos de estrada), pararem (e esse dia não está longe), festival de heavy metal, de grande projeção (ou seja, público de 40.000, 50.000), acabou. Simples assim…

      Show e festival é feito por empresário. O cara coloca dinheiro e quer que o dinheiro retorne com lucro. Caso contrário, não vale a pena para ele. Ele não vai pagar uma fortuna por um espaço gigante, divulgação, estrutura, impostos e tudo mais para agradar meia dúzia de gato pingados e perder dinheiro. “Ah, mas temos o Lollapalooza, tem os festivais gringos”. Todos esses festivais contam com nomes de gigantes para puxar público. Sem esses caras, o festival não existe. Antigamente, tínhamos bandas que arrastavam multidões com 1 ou 2 discos nas costas. Só que esses caras tinham mídia. E adivinha? Bancado pela gravadora. Todos esses espaços de divulgação são pagos e custam uma fortuna. O publico vive batendo no peito que o rock/metal está no underground, que é onde sempre deveria ter ficado. O resultado está aí, cena perdendo força cada vez mais.

      E o público também caga para os novos artistas, essa é a realidade. Eles reclamam na internet, mas não apoiam. Sempre assisti os shows de abertura e sempre cheguei cedo nos festivais. Sabe o que eu reparei indo à show por 3 décadas? A maioria do público, fica do lado de fora da casa, bebendo na calçada e esperando acabar a banda de abertura para entrar. Festival? Eles olham os horários e a maioria chega para os shows grandes. Essa foi a primeira vez que vi um público considerável para o primeiro show. Adivinha por que? E, mesmo assim, uma boa parte chegou quando o Helloween (quarta atração) estava prestes a começar e quando o Deep Purple (quinta atração) estava prestes a começar. Você acha que isso estimula a investirem em novos artistas? Eu acho que não.

      Sobre as bandas não alterarem setlist, é simples. Eles querem ter um retorno do público. Eles não querem uma plateia apática. O pessoal, hoje, não ouve mais álbum por completo. Pode ver que a música que é o single tem 10x mais acesso do que o restante do álbum. E as outras músicas também não possuem o mesmo numero de toques. Sinal que a galera para de ouvir e não retorna. Os artistas acompanham isso. Eles reparam que o single teve, sei lá, 1.000.000 de audições. As outras tiveram entre 20.000 e 70.000. Quais vão para o set? O single e, se realmente precisar, a de 70.000. É assim que funciona a coisa. O Scorpions tocou, sei lá, umas 4 músicas do novo álbum. Sabe qual levantou estádio? Winds of Change. Os caras já se ligaram que não adianta ficar dando murro em ponta de faca. A galera quer ouvir os singles. A realidade é essa.

      1. Você tem razão em tudo que disse, mas a minha citação ao MESHUGGAH não foi em relação à idade da banda e sim ao som desafiador ao ouvinte que fazem, independente do seu tempo de estrada. Tanto que ela não tem espaço em um festival como o MONSTER OF ROCK no Brasil porque o headbanger tradicional tupiniquim não entenderia nada do que estaria rolando no palco. E é preciso ter em vista que o conservadorismo do meio metal neste país independe de idade, porque a molecada também só quer ouvir IRON, METALLICA, GUNS, KISS, etc, etc, etc…Não sei se em outros países é assim, mas no Brasil é!

        1. Então… O Monsters of Rock é um festival internacional, da década de 80. Lá fora, no Monsters of Rock (existem vários outros festivais, com outra pegada) também é focado em heavy tradicional e hard rock. Thrash também sempre foi bem vindo. Black, death, essa pegada mais extrema, não é proibido, mas não é o foco. É capaz que exista alguma cláusula exigindo que o cara mantenha a tradição no cast, que não destoe da proposta do evento. Não sei se existe isso, mas acho bem possível, já que usam a marca. Dentre todos esses nomes que você citou, acho possível em edições futuras aparecerem o Meshuggah ou o Triptykon, mas sei lá, como segunda ou terceira atração do dia. Colocarem eles como foco principal, no Monsters, não rola, destoa da proposta. A idéia do Monsters é fazer um festival para público grande. Então, sempre vai ter artista realmente grande comandando. Para a proposta do festival, que é ter foco no hard/heavy, o cast que veio aqui é sensacional.

      2. Ghost fará show (shows, no caso) solo, no Espaço Unimed, em SP (ambos já esgotados!). Metallica não tocará no The Town não…

      3. Perfeito. Isso vai de encontro com o que comentei. É uma relação puramente de produto consumidor…e não tem nada errado nisso. Mas para quem gostaria de algo diferente ou um pouco mais arriscado é decepcionante. Melhor ir a outro evento.

        1. É mesmo uma pena que empresários de grandes festivais daqui sejam tão pouco ousados. Várias bandas só podem ser bancadas por gente de mais cacife, por exemplo: Rammstein (que tocou no Monsters em 98), Tool (30 anos de estrada, nunca vieram ao Brasil), Mastodon (cada vez maior lá fora, tocou aqui apenas no Rock in Rio 2015)…

          Sobre bandas de menor porte, é verdade que o Rock in Rio não perderia dinheiro algum se escalasse o Meshuggah pro palco Sunset ao invés do nonagésimo show do Sepultura lá; muitos ingressos são vendidos antes mesmo de qualquer anúncio, e os headliners sozinhos atraem quase todos os pagantes. Mas, sinceramente? É melhor assim. O Candlemass tá aí pra exemplificar: banda seminal, com quase 40 anos, já veio ao país várias vezes (ou seja, um MONSTRO do rock)… e não faltaram críticas sobre eles nesse Monsters – muitos sequer os conheciam. Me soa mais vantajoso ver o Meshuggah ou Candlemass numa casa pequena, rodeado de outros fãs, por um preço menor, onde você pode chegar 15 minutos antes de começar e ainda pegar um lugar bom. E o não falta aqui este ano são shows…

          1. Show solo é sempre mais legal do que festival. Você ouve melhor, vê melhor, assiste o show completo, é menos cansativo e paga menos. Agora, esse lance da galera não conhecer um nome consagrado, nesse tipo de evento, é normal porque mistura gente das antigas, gente que é dedicada, com o garoto que está tendo seu primeiro contato com rock ali. O Candlemass não era o único nome que a galera não manjava. Doro e Symphony X tinha muita gente ali que não sabia quem era também, mas… faz parte. Nas edições anteriores, vi gente que não sabia que “War Pigs” era do Black Sabbath e que o Glenn Hughes tinha tocado no Deep Purple. Agora… com certeza, o Candlemass ganhou alguns fãs ali. Eu não sou fã da banda, mas os caras fizeram um bom show.

            Dos nomes que você citou, acho que qualquer um deles pode pintar por aqui em algum momento. O Rammstein, na verdade, quem trouxe para o Brasil não foi o Monsters, eles nunca tocaram no Monsters, foi o Kiss. Eles abriram o show do Kiss, em 99, na tour do Psycho Circus. Eles foram o número de abertura no Brasil, na Argentina e no Mexico. Lembro que o show do Rammstein estava bem produzido, mas não agradou o público no dia.

  3. Acredito tb que o desinteresse pelo formato álbum clássico com 10, 12 faixas por grande parte do público atual, contribua para o fato das bandas novas não conseguirem atingir um patamar de popularidade dos velhos dinossauros e não terem força para sustentarem a posição de headliner de festivais no futuro. Até a década de noventa, havia um culto ao artista que dificilmente se vê no público jovem de hoje, aquele negócio de aguardar ansiosamente pelo lançamento do single no rádio e posteriormente o grande dia do lançamento do álbum com filas nas lojas e videoclipe veiculando na MTV. Hoje o acesso é tão fácil e em tamanha quantidade, que perde-se muito do apego e adoração pelo artista .

    1. Sim, a música deu uma banalizada, mas eu acho que é uma série de fatores. Acredito que o rock estar fora da mídia contribui muito. A maioria das pessoas não são pesquisadores musicais e acabam consumindo o que chega até elas, como não chega mais nada, elas continuam seguindo apenas aqueles artistas que já faziam parte de sua vida. O fato dos artistas estarem fora da mídia, também não cria uma identificação na juventude, que acaba tendo seu primeiro contato com o rock, através de trilhas de seriados e tik tok (como aconteceu, recentemente, com Metallica e Kate Bush). E são poucos os jovens que vão reparar em letras e coisas do tipo. O jovem é muito visual.

      Pode reparar, inclusive, que os artistas pop conseguem arrastar multidões e a galera conhece todo o repertório. E isso não ocorre só com a galera das antigas. Dua Lipa, que é uma cantora de dois álbuns, consegue esse impacto, por exemplo. Taylor Swift sempre foi assim. Era lá no início e continua sendo, mas elas estão no olho do furacão. A Taylor Swift, inclusive, o público dela tem essa adoração que o público de rock tinha de colecionar revista, poster, diferentes edições do mesmo álbum, sabem todas as letras, etc. A mídia contribui muito por isso. É algo que ajuda a te criar uma imagem do artista, gerando uma identificação maior. Todos esses caras que hoje são gigantes no rock, tiveram um investimento pesado no passado.

      Não sei se colocaria o formato disco como fator disso. A música na década de 50, por exemplo, era pautada em singles. Se vendia muito compacto e poucos discos. E isso não impediu de surgir um cara como o Elvis Presley. No Brasil, foi assim na década de 60. Fase da Jovem Guarda, a juventude consumia mais compacto do que LPs (que era um produto muito caro) e, mesmo assim, nasceram gigantes como o Roberto Carlos. Só que os caras tinham o rosto estampado em capas de revistas, aparições em programas de auditório, músicas na rádio, etc. Nos últimos tempos, não surgiu nenhum veículo, de grande alcance, focado em novidades. As rádios rock focam mais em revival do que novos sons. As revistas especializadas foram para o saco. Internet é outra linguagem. Os sites, muitas vezes, trabalham com textos mais curtos, as fotos causam menos impacto, tem menos entrevistas, etc. Não se tem mais espaço nos programas de TV também. Enfim… Acho que tudo isso contribui. Muito difícil o cara se tornar um gigante apenas jogando música na internet.

  4. Concordo com vc Davi, quando não se trabalha a imagem do artista na mídia cercando o público por todos os lados, dificilmente as coisas irão acontecer apenas com músicas disponíveis na internet. Porém pelo que percebo dessa adoração pelos artistas da música pop como Taylor Swift, com fãs acampando pra comprar um moletom na frente do estádio ou meses antes do início da venda dos ingressos pro show, considero mais uma obsessão histérica juvenil do que admiração saudável pela obra do artista. Mas é certo que o consumo de mídia física, seja em compactos ou álbum cheio, pela experiência de sair pra comprar, colocar o cd ou lp pra tocar, ver as fotos e acompanhar com as letras, aliada a exposição acertada na mídia, ajudava a aproximar o artista do público e criar os grandes nomes da música que ficam pra eternidade. Bem diferente de ter centenas de hits aleatórios disponíveis no smartphone. Os tempos são outros, gostemos ou não.

    1. Fala, Tiago. Então… Essa sensação que você tem da mídia física te deixar mais perto da obra, eu também tenho. Tanto que até hoje eu compro discos. Só que isso é pessoal. Nós já tivemos gente escrevendo no site que só ouvia música pela internet, que não tinha discos. Eu acho que disco impacta no sentido de que a partir do momento que você “acaba” com o mercado de venda de discos, você diminui o lucro das gravadoras. E, com isso, diminui o montante que as gravadoras separam para investimento e, logicamente, a maior parte fica para ser utilizada com artistas populares.

      O motivo que citei esses artistas pop é que essa galera lota estádios, mesmo estando atravessando a era da música de streaming. Só que essa galera ainda tem investimento pesado de mídia com aparições em premiações, participações em programas da Oprah, entrevistas nas rádios de maior audiência, etc. Coisa que o rock tinha antigamente e não tem mais… Quando o Gene Simmons disse que o rock morreu, era essa a crítica dele, que acabaram os grandes investimentos no rock e, consequentemente, com a criação de novos ídolos, que não iria mais surgir grandes nomes (no sentido, de popularidade). E ele tem razão… De fato, esse universo de música digital, para o rock, não foi bom.

      Também foi por isso que aumentaram os valores de ingressos. Uma vez que a gravadora não consegue grandes lucros com vendas de discos, os espaços de divulgação são caros e eles têm que promover os artistas do cast, eles passam a exigir participação na venda dos shows. Por isso, que agora é estimulado lançamento de singles digitais e turnês extensas. É aquela velha história: “não existe almoço grátis”.

      1. Cara, sou da opinião de que a coisa é mais complexa…Disco cheio hoje em dia, seja físico ou não, não tem a mínima importância. Este formato está morto, só falta enterrar e não adianta chorar as pitangas. A lógica monopolista do capitalismo se infiltrou no entretenimento, ou seja, pouquíssimos produtos consumidos por 99% do mercado que são consumidos por pouquíssimo tempo. E nessa o 1% restante se vira como pode. Essa lógica predatória está na música online, no streaming e em todo lugar. Tenho certeza absoluta de que se fizerem uma pesquisa constatarão que 99% do catálogo do SPOTIFY nunca foi ouvido por ninguém e acredito que algo semelhante ocorra na NETFLIX, por exemplo. As pessoas têm trocentos filmes à disposição, mas só veem de fato uns 10; têm milhares de músicas no SPOTIFY, mas só ouvem umas 100…A questão é que é impossível este tipo de negócio não ir à falência com o tempo. Este momento que estamos vivendo é de transição e o que virá disto não tenho a mínima ideia. Quanto ao mercado de shows, este para mim é incompreensível mesmo! Basta pensar um pouco para constatar que as contas não fecham. Me parece que este mercado, assim como o futebol, virou um antro de lavagem de dinheiro. E nessa os artistas grandes que se preocupam de verdade com seus fãs viraram bucha de canhão, sem poderem influir no valor dos ingressos de seus próprios shows.

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