Bachman-Turner Overdrive – Bachman-Turner Overdrive [1973]

Bachman-Turner Overdrive – Bachman-Turner Overdrive [1973]

Por Daniel Benedetti

Depois de obter sucesso com a banda The Guess Who, Randy Bachman surpreendentemente deixou o grupo, no auge da popularidade, em 1970, citando problemas de saúde e diferenças de estilo de vida com os outros membros da banda.

Chad Allan, ex-vocalista do Guess Who, que havia deixado a banda quatro anos antes de Randy, concordou em explorar um projeto musical. O resultado foi a banda Brave Belt, formada em Winnipeg em 1971 com a adição do irmão de Randy, Robin “Robbie” Bachman na bateria, e Gary Bachman atuando como empresário da banda.

O primeiro álbum autointitulado da Brave Belt, que tinha Randy tocando guitarra e baixo, não vendeu muito bem. A gravadora ainda queria que a Brave Belt fizesse uma turnê, então Randy (por sugestão de Neil Young) contratou o colega baixista/vocalista da Winnipeg, CF (“Fred”) Turner, para se apresentar nos shows programados da banda.

Turner logo foi convidado para ser membro em tempo integral e cantar para a gravação de Brave Belt II em 1972. Chad Allan apareceu como vocalista em duas canções de Brave Belt II, mas deixou a banda logo após a gravação do álbum. Durante a turnê de divulgação do álbum, outro irmão de Bachman, Tim Bachman, foi adicionado como segundo guitarrista porque a banda sentiu que seu arranjo de três integrantes era muito restritivo.

Brave Belt II também não conseguiu nenhum sucesso notável nas paradas e, em meados de 1972, sua turnê de apoio foi cancelada no meio do caminho. Mas a influência de Turner começou a se fazer sentir, já que ele compôs cinco canções para o álbum Brave Belt II e cantou nove das onze canções do álbum. Brave Belt II tinha um som mais pesado de guitarra do que seu antecessor, complementado pela voz gutural e poderosa de Turner.

De acordo com a autobiografia de Randy Bachman, o Bachman-Turner Overdrive foi formado em um show universitário em Thunder Bay, Ontário, logo após a saída de Allan. Um promotor, desanimado com as reações às canções country de Allan, que a banda ainda estava tocando, decidiu demitir o Brave Belt para o show de sábado à noite e trazer um substituto mais voltado para o rock de Toronto. Quando isso não se materializou, ele implorou ao Brave Belt para ficar e tocar um conjunto de covers de clássicos do rock.

Depois que a Reprise Records retirou o Brave Belt de sua gravadora, Randy Bachman esvaziou sua própria conta bancária para financiar outro conjunto de gravações com a formação do Brave Belt II e começou a financiar seu próximo álbum. Ele afirma que procurou diversos selos para lançamento do material, mas todos disseram não à proposta. A banda acabou fechando um contrato com a Mercury Records, o que Randy proclamou como um puro golpe de sorte. Em abril de 1973, Charlie Fach, da Mercury Records, voltou ao seu escritório após uma viagem à França para encontrar uma pilha de fitas demo não tocadas esperando em sua mesa. Querendo começar do zero, ele pegou uma lata de lixo e deslizou todas as fitas para dentro dela, exceto uma que errou a lata e caiu no chão.

Fach pegou a fita e notou o nome de Bachman nela. Ele se lembra de ter falado com ele no ano anterior e disse a Bachman que se ele fizesse uma demo para enviá-la a ele. Coincidentemente, a Mercury havia acabado de perder Uriah Heep e Rod Stewart para outras gravadoras, e Fach estava procurando por novas bandas de rock para substituí-los.

Nesse ponto, a fita demo da banda ainda se chamava Brave Belt III. Fach convenceu a banda de que um novo nome era necessário; um que capitalizasse o reconhecimento do nome dos membros da banda.

O grupo já havia pensado em usar seus sobrenomes (à la Crosby, Stills, Nash & Young). No caminho de volta de um show em Toronto, o grupo viu uma cópia de uma revista de caminhoneiros chamada Overdrive enquanto jantava no Colonial Steak House em Windsor, Ontário, administrado pelo Colonial Jim Lambros. Depois disso, Fred Turner escreveu “Bachman–Turner Overdrive” e as iniciais “B.T.O.” em um guardanapo. O resto da banda decidiu que a adição de “Overdrive” era a maneira perfeita de descrever sua música.

Originalmente, o disco seria intitulado Brave Belt III, seguindo o álbum Brave Belt II.

O álbum não produziu um verdadeiro single de sucesso, mas foi certificado como “Ouro” pela RIAA em 1974, em grande parte impulsionado pelas fortes vendas dos próximos dois álbuns do conjunto (Bachman–Turner Overdrive II e Not Fragile).

“Gimme Your Money Please” e “Little Gandy Dancer” foram lançadas em um single duplo A-side apenas no Canadá. Após o lançamento de Bachman – Turner Overdrive II, este primeiro álbum foi muitas vezes referido como “BTO 1”. O disco foi gravado no RCA studios, em Toronto, no Canadá, entre 1972 e 1973. A produção ficou a cargo da própria banda, especialmente de Randy Bachman.

“Hold Back the Water” bebe mais na fonte do Blues Rock, com um ritmo bem contagiante e ótimo trabalho das guitarras. “Blue Collar” flerta com uma certa latinidade e com toques de Jazz, sendo uma grande composição. Tim Bachman lidera os vocais na ótima “Down and Out Man”, uma faixa com fortes influências sessentistsas. Randy assume os vocais em “Don’t Get Yourself in Trouble”, a qual aponta para o futuro do BTO, sendo a mais agressiva e potente faixa do disco.

Para quem conhece a banda, é fácil perceber que neste disco de estreia o grupo parece procurar sua identidade musical, variando bastante entre estilos, embora consiga considerável êxito nas canções propostas. A parte instrumental demonstra notável competência enquanto os vocais apostam na agressividade, excetuando-se quando Tim Bachman os assume na ótima e contida “Down and Out Man”. O grupo acerta em cheio quando encontra a sonoridade que seria seu “carro-chefe”, na melhor canção do álbum, “Don’t Get Yourself in Trouble”.

Mesmo sem um single de grande sucesso, Bachman-Turner Overdrive acabou atingindo a 70ª posição da principal parada norte-americana de discos, alcançando a 9ª colocação em sua correspondente canadense. O maior sucesso comercial do álbum acabou mesmo acontecendo depois que os álbuns posteriores do BTO fizeram sucesso nos Estados Unidos e os fãs foram resgatando este ótimo álbum de estreia.

O eventual sucesso do disco foi em grande parte o resultado da turnê implacável da banda. Alegadamente, Fach concordou em colocar este álbum no selo Mercury apenas se a banda o promovesse com uma agenda de shows pesada. Onde quer que a banda estivesse tendo um airplay significativo, o Bachman-Turner Overdrive imediatamente viajou para lá, independentemente do roteiro da turnê, para ganhar impulso.

Bachman-Turner Overdrive supera 500 mil cópias vendidas apenas nos Estados Unidos.

Formação:

Randy Bachman – Guitarra-Solo, Vocal em (5,7)

Tim Bachman – Guitarra-Base, Vocal em (5,6)

C.F. Turner – Baixo, Vocal em (1 a 4, 7, 8)

Robbie Bachman – Bateria, Percussão

Músicos Adicionais:

Barry Keane – Congas

Will MacCalder – Piano

Garry Peterson – Percussão, Bateria, Backing Vocal

Faixas:

  1. Gimme Your Money Please
  2. Hold Back the Water
  3. Blue Collar
  4. Little Gandy Dancer
  5. Stayed Awake All Night
  6. Down and Out Man
  7. Don’t Get Yourself in Trouble
  8. Thank You for the Feelin’

5 comentários sobre “Bachman-Turner Overdrive – Bachman-Turner Overdrive [1973]

  1. O grande BTO!! Uma banda atualmente pouco lembrada que deixou uma discografia muito legal nos anos 70. Conheci o grupo por meio de um amigo que, sabendo que eu curtia o som do baixo, mencionou que eles colocavam o instrumento em destaque na mixagem. Fui ouvir uma coletânea e descobri que já conhecia, meu irmão tinha um LP deles…
    Li uma entrevista – acho que foi do Fred Turner – em que se dizia que o BTO era a banda perfeita para um sujeito ouvir no bar enquanto tomava uma cerveja após o trabalho – e acho que a definição é perfeita. Meu favorito da banda é o Four Wheel Drive, mas este aqui não faz nada feio diante dos outros, em especial por “Gimme Your Money Please”, “Hold Back the Water” e “Stayed Awake All Night”.

    1. Minha favorita deste álbum é mesmo “Don’t Get Yourself in Trouble”, mas é um trabalho bem legal da banda. Agora, é mesmo uma banda para se ouvir enquanto toma uma cerveja… ou várias, rs.

  2. Adoro a banda. Esse primeiro me falta na coleção, mas tenho uma coletânea bem caprichada com todas as principais músicas do disco. Nunca ouvi o Brave Belt. Sempre deixo para depois e acabo não voltando para a banda. Escrevi aqui para a Consultoria sobre o sobre o grupo também há alguns anos sobre um disco que “só eu gosto”….rs Dá uma olhada lá!!!

    1. Curiosamente, eu também nunca ouvi o Brave Belt. Tenho um box em que vem os 8 primeiros álbuns de estúdio do grupo em CD que valeu à pena. Vou procurar seu texto, fiquei curioso. Abraço!

      1. Em tempo, finalmente fui ouvir os dois discos do Brave Belt. Realmente nada muito digno de nota. Outras bandas foram muito mais bem sucedidas nessa seara que eles tentaram aí (Byrds por exemplo).

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