Eternal Solitude – The Gates of the Beyond [2022]

Eternal Solitude – The Gates of the Beyond [2022]

Por Thiago Reis

A banda Eternal Solitude já está no cenário desde 1995. Em 1997 lançou a sua primeira demo tape, chamada Celestial Empire of Dark Ages, entretanto encerrou as suas atividades em 2000. O retorno da banda de death/doom metal se deu em 2018 com Samuel (vocais) e Danilo (baixo, guitarra, bateria e teclado). Avançando um pouco no tempo, o lançamento do primeiro full lenght aconteceu em setembro de 2022, via Eclipsys Lunarys Productions. O álbum chamado The Gates of the Beyond foi lançado em versão jewell case, encarte de oito páginas, com letras e informações gerais a respeito do disco.

O álbum começa com “Soffocated by Fear” e um coro de vozes logo se destaca, criando um clima bem propício ao estilo doom/death. Com esse início o ouvinte já fica preso ao som e curioso para saber o que está por vir. A bateria entra de forma bem agressiva juntamente com o vocal e riffs muito bem executados, em alguns momentos lembrando o Dimmu Borgir dos primórdios. O andamento continua veloz com excelentes riffs e podemos encontrar também até certas influências de Darkthrone. Tudo muda quando uma linha de baixo muito criativa e bem executada aparece, com o apoio dos teclados, criando mais uma vez um clima mais voltado ao death/doom, mostrando também momentos influenciados pela excelente banda Clouds.

Seguimos com “Unholy Flames” e mais uma bela introdução de teclado lembrando momentos de álbuns como “For all Tid” e “Enthrone Darkness Triumphant” do Dimmu Borgir. O andamento dos riffs é um pouco mais lento comparado à faixa anterior, incluindo aí linhas de teclado bem interessantes, tornando o som bem diferente do que a banda apresentou na faixa de abertura do álbum. Os riffs continuam em alto nível, assim como as linhas de bateria, que dessa vez executam um trabalho de forma mais secundária mas não menos brilhante.

“Death Wish” tem uma introdução mais cadenciada, com grande influência do funeral doom, criando um clima que é muito bem representado na capa do álbum. A velocidade dos riffs aumenta e os vocais seguem essa linha agressiva. O clima criado por esse tipo de riff de guitarra nos remete realmente a momentos fúnebres e desoladores. A melancolia toma conta do ambiente, junto à entrada de uma bela linha de teclado e os vocais interpretando de forma impressionante toda essa atmosfera doom. “Dark Passage” tem riffs mais diretos mas não menos cativantes, juntamente com toda a estrutura da música. A bateria segue um ritmo mais lento, que serve perfeitamente ao propósito da canção. Em certos momentos parece que estamos ouvindo algum álbum do black metal norueguês do início dos anos 1990, o que é um grande elogio. Toda a interpretação e clima criados são um dos destaques de todo o trabalho, sendo na presente música um dos destaques por volta dos três minutos.

“The Last Breath” já começa de forma melancólica, tal qual seu título. Riffs bem cadenciados, andamento lento, vocais acompanhados de linhas bem interessantes de teclado tomam conta de toda a estrutura da música, nos levando a identificar toda a influência death/doom da banda. Letras em português entram em cena, abrilhantando ainda mais o trabalho, deixando-o obviamente único, comparado a bandas internacionais do mesmo estilo. “Cruzes em Chamas” se inicia de forma bem diferente e muito cativante. Uma bela introdução de teclada, acompanhada pelo baixo em destaque, criando o groove a ser acompanhado pela bateria. As letras novamente em português são outro grande destaque novamente, provando que o metal e particularmente o death/doom pode ser feito em português. A música também apresenta riffs bem inspirados no classic rock e NWOBHM em certos momentos, mostrando a capacidade criativa de Danilo, que deve ser destacado, pois executa muito bem a parte instrumental do trabalho.

“Hopeless” é uma das faixas mais doom de todo os disco, com destaque para a introdução e uma bela linha de baixo. Os teclados sempre presentes de maneira positiva, sem roubar a cena, mas apresentando-se como uma excelente adição ao som que a banda propõe. Os riffs apresentam-se de forma mais simples, abrindo espaço para que como citado anteriormente, o baixo seja um destaque. Em certo momento podemos conferir uma linda linha de teclado, com ótima harmonia criada na guitarra servindo de acompanhamento, abrilhantando ainda mais a música. “Gates of Punishment” começa bem diferente, com dedilhado de guitarra bastante enigmático, mas do nada aparecem os vocais e riffs de guitarra bem arrastados, com um andamento lento, típico do doom. Podemos conferir mesmo com esse som arrastado, algumas harmonias interessantes na guitarra, o que cria um ambiente bem diferente ao ouvinte. Percebe-se ao mesmo tempo a agressividade dos vocais, bateria e riffs e por outro lado, harmonias interessantes do teclado e guitarra.

“My Funeral Winter Day 1” começa com linhas bem simples de teclado, que servem de camada para os riffs e toda sua cadência, mostrando de forma ainda mais evidente o death/doom que a banda se propõe. Destacam-se inclusive alguns riffs com influência dos primórdios do Paradise Lost, tornando a música ainda mais interessante. “My Funeral Winter Day 2” é uma faixa instrumental, com início calmo e belo, liderado pelos teclados, nos proporcionando um clima introspectivo. O teclado continua nos levando a lugares obscuros da mente, com partes bem interessantes e cativantes, mostrando também toda a diversidade do álbum.

Seguimos com “Tenebrarum” e seus riffs dissonantes, lembrando bastante o black metal norueguês. O andamento mais lento e os vocais agressivos também contribuem para tal lembrança. Um coro de vocais aparece em meio ao caos para deixar ainda mais interessante a audição. “Slowly Dying” já apresenta riffs mais rápidos e um ritmo mais agressivo, lembrando faixas do início do álbum. O grande destaque fica para os vocais de Samuel e para os riffs que se apresentam de maneira criativa e com excelente execução. A parada na velocidade, para uma parte mais calma e com destaque para o baixo e teclado também se destacam positivamente.

“Sentenced to Die” destaca uma introdução diferente no teclado, já com a guitarra e a bateria de fundo. Os riffs começam bem agressivos e a bateria bem veloz, mas em meio ao caos, são apresentados também riffs mais inspirados e cadenciados, além de excelentes linhas de teclado. O álbum é finalizado com um cover muito bem executado da faixa “I of Forever” do The Elysian Fields.

A banda Eternal Solitude mostrou toda a sua proposta com uma qualidade acima da média, com estilo calcado no death/doom, mas com muitas inspirações vindo do black metal. The Gates of the Beyond foi lançado após mais de 20 anos do início das atividades da banda. Os fãs do estilo death/doom torcem para que o segundo disco não demore tanto, pois percebe-se toda a qualidade, criatividade e inspiração da dupla Samuel e Daniel.

Track list

1. Suffocated By Fear

2. Unholy Flames

3. Death Wish

4. Dark Passage

5. The Last Breath

6. Cruzes Em Chamas

7. Hopeless

8. Gate of Punishment

9. My Funeral Winter Day – I

10. My Funeral Winter Day – II (Instrumental)

11. Tenebrarum

Bonus Tracks
12. Slowly Dying (1999, Re-Recorded 2019)
13. Sentenced to Die (1999, Re-Recorded 2019)
14. I Of Forever

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.