Twilight Aura – For a Better World [2022]
Por Thiago Reis
A banda Twilight Aura, liderada por Andre Bastos (Ex Angra), lançou após 30 anos de sua formação, o excelente álbum de estreia “For a Better World”. O material foi produzido, mixado e masterizado por Tito Falaschi, com os vocais gravados no Criasom Estúdio, em Bauru – SP. Já a bateria foi gravada no Reis Studio, na Austrália, com exceção à faixa “Freedom”, gravada no GreenHouse Studios, em São Paulo – SP. O baixo teve suas gravações realizadas no Guerra’s Studios, em Campinas – SP, também com exceção à já citada faixa, gravada no The Brainless Brothers Studios, em São Paulo – SP.
A formação da banda para “For a Better World” consistiu de Andre Bastos (guitarra), Rodolfo Elsas (guitarra), Filipe Guerra (baixo), Claudio Reis (bateria), Leo Lobenberg (teclado) e Daisa Munhoz (Soulspell, Vandroya etc no vocal). Andre Bastos escreveu todas as músicas, com exceção às faixas Aura (Intro), escrita por Leo Lobenberg e “Prayer”, escrita por Andre Bastos e Rafael Bittencourt (Angra), que também canta e toca guitarra na faixa. Já a capa e design do encarte ficou a cargo do já muito conhecido na cena, Gustavo Sazes.
Além da participação de Rafael, destacam-se também as participações de Tito Falaschi (teclado e guitarra), Hugo Mariutti (guitarra), Affonso Jr (guitarra), Luis Mariutti (baixo), Andre “Zaza” Hernandez (guitarra), Marcos Nazareth (guitarra), Pablo Romeu (guitarra, teclado e arranjos orquestrais), Jeff Scott Soto (vocais), João Luis Racy (guitarra), Tony Dickinson (teclado), Alessandro Del Vecchio (vocais), Ricardo Camilato (guitarra), Sandra Reis (piano), Ricardo Portela (teclado) e Tomas Kenedi (vocais), ou seja, uma constelação de músicos talentosos.
Para este lançamento, o selo Metal Relics apresentou um belo material em digipack, encarte contendo todas as informações e letras do álbum e como complemento aos colecionadores que preferem o material em acrílico, foi disponibilizada a parte traseira do encarte, para que seja feita a troca de formato de maneira adequada.
O disco começa com uma introdução chamada “Aura”, já oferecendo o clima perfeito para o que está por vir e mostrando a grande inspiração de Leo Lobenberg.
“Inner Prison” é a faixa escolhida como single e vídeo clipe. Apresenta riffs muito criativos e complexos em sua introdução, mas ao mesmo tempo contagiantes. Os vocais de Daisa logo se destacam, com o seu bom gosto para escolher harmonias e interpretação impecável. Item indispensável para um single, o refrão é excelente no que se propõe, sendo o carro-chefe da música, levando o ouvinte a entrar no clima e praticamente decorar as letras logo na primeira experiência ao ouvir o material. Voltando à performance de Daisa, podemos ver o motivo dela ser considerada uma das melhores vocalistas de metal do Brasil nos últimos tempos, com mais uma performance para comprovar tais críticas positivas.
Seguimos com “Prayer”, que tem um riff bem estilo “Angra” dos tempos de “Fireworks”. Logo depois temos um riff mais ligado ao Thrash metal, que inclusive serve de camada para os vocais de Rafael e Daisa, que funcionam muito bem juntos. O refrão possui uma letra muito bonita e envolvente. O primeiro solo de guitarra, cortesia de Hugo Mariutti é de extremo bom gosto de talento, acrescentando muito à música. A segunda vez que o refrão aparece já parece ter uma grande influência de AOR, com um grande destaque para as vozes. Logo em seguida já aparece o segundo solo de guitarra, cortesia de Afonso Jr e que mantém o alto nível instrumental.
“One Day” apresenta uma bela introdução de violão que são complementados pelos doces vocais de Daisa Munhoz. Uma ótima faixa para ser executada ao vivo e a plateia acender a lanterna dos celulares, além de ser excelente candidata a single e vídeo clipe. A sonoridade remete a estilos como hard rock, AOR e algumas baladas do metal melódico, inclusive com belíssimo solo de guitarra, cheio de feeling.
“Watching the Sky” é uma faixa presente no álbum físico, mas não nas plataformas digitais. Para ouvir a música, o ouvinte deve se atentar ao fato de que nas plataformas ela está presente como um single, destacando-se também a existência de um vídeo clipe. Os riffs para “Watching the Sky” são mais pesados em seu início, mas o que chamais mais a atenção são os teclados de Leo Lobenberg e Tito Falaschi, que em certa passagem parecem até com Dream Theater. Daisa conduz muito bem os vocais, com melodias envolventes e backing vocals que complementam sem exageros os vocais principais.
“Freedom” é mais um Power Metal clássico que remete a bandas como Stratovarius e Angra da fase Andre Matos. Muita melodia, velocidade e um refrão pegajoso. Outra faixa excelente para que esteja no set list da banda, agradando em cheio aos fãs do estilo Power Metal/Metal Melódico.
“Living is More Than Surviving” segue a linha e o peso de “Watching the Sky”, com a adição dos já bem conhecidos vocais de Jeff Scott Soto, adicionando um toque bem hard rock ao material. O refrão naturalmente é bem parecido com o que Jeff faz em sua banda solo, com a adição de riffs e teclados que nos direcionam ao Prog Metal e ao Power Metal.
“Limits of Reason” tem uma bela introdução com dedilhado de guitarra e teclado que logo já muda para um riff bem intricado, com sonoridade de bandas como Threshold. A participação de Alessandro Del Vecchio é bem interessante e seu dueto com Daisa Munhoz é um dos pontos altos da música. Os riffs se modificam um pouco para uma sonoridade mais direta, tornando a dinâmica ainda mais interessante ao longo da faixa, com destaque ainda para o solo de Andre Bastos.
“Rage” volta a momentos mais Power Metal, com riffs de extremo bom gosto. Acompanhados de um interessante arranjo de teclado, a música toma outros rumos com a entrada dos vocais de Daisa Munhoz. O instrumental é mais uma vez impecável e contagiante, contribuindo ainda mais para o nível do material.
“Sunlight” é uma bela balada, com belos arranjos vocais e instrumentais, com refrão acima da média e um clima bem positivo de maneira geral. Acrescenta e muito ao trabalho uma faixa como essa, inclusive para o repertório ao vivo da banda.
O peso e o power metal voltam com força em “Shouting in the Dark”. Podemos conferir referências a bandas como Angra e Shaman, tanto na parte instrumental como nas melodias vocais. Podemos verificar que o alto nível se mantém em todas as faixas do trabalho, conferindo consistência ao material. Os backing vocals do refrão nos levam ao AOR/Hard Rock de uma maneira bem interessante, demonstrando a riqueza do trabalho, que navega por diversas dimensões ao longo de uma mesma música.
Finalizamos com “Twilight”, uma faixa com mais de 10 minutos de duração, que inclusive começa com o clássico metal melódico do Angra de Angels Cry, passa pelo Prog Metal de Dream Thetar e com vocais ligeiramente mais agressivos por parte de Daisa, casando perfeitamente com o instrumental. Já o refrão nos remete ao Shaman da fase Ritual e o Angra da fase Fireworks. Apesar de todas essas influências, podemos conferir a identidade própria da banda, não somente no instrumental, mas na participação de Daisa, digna de aplausos. Apesar de ser uma faixa com mais de 10 minutos, o refrão funciona muito bem, fazendo com que o ouvinte não sinta que a faixa seja tão longa. Outros riffs bem criativos aparecem, elevando ainda mais o nível do trabalho, fazendo com que a execução ao vivo de “Twilight” seja um desafio a mais aos músicos. Os vocais de Tomas Kenedi acrescentam peso à faixa, de forma a apresentar mais uma dimensão à essa épica música, que em sua parte final nos brinda com belos solos e riffs, além de um complexo solo de baixo, que remetem a bandas como Symphony X e Threshold. O trabalho em “For a Better World” pode ser resumido nos 10 minutos de “Twilight”, não somente pela duração da música, mas principalmente pelos elementos que encontramos na parte instrumental, no refrão de muito bom gosto e nas ótimas melodias vocais de Daisa.
Se você é fã de Angra, Shaman, Stratovarius, Dream Theater, Soulspell, entre outros, esse trabalho é para você. O disco apresenta alto nível, excelente gravação, composição acima média, letras inteligentes e melodias contagiantes. Todos os elementos possíveis para que o fã deste estilo de música fique fã do Twilight Aura. A estreia pode ter demorado 30 anos, mas os músicos fizeram valer a pena. Só esperamos que o próximo álbum não demore tanto, a fim de conferir consistência à banda.