Na Caverna da Consultoria: Márcio Matias

Na Caverna da Consultoria: Márcio Matias

Por Mairon Machado

O Na Caverna da Consultoria de hoje traz  coleção de Márcio Matias, advogado apaixonado por Iron Maiden, e que tem em suas prateleiras, diversas raridades para deixar o leitor babando. Confira!!


Olá meu caro, seja bem-vindo em nossa Caverna. Por favor, apresente-se aos leitores e obrigado por compartilhar sua paixão pela música conosco.
Olá, eu agradeço imensamente a oportunidade de poder dividir um pouco de minhas histórias e paixão por música com um publico tão especial como o da Consultoria do Rock, e com essa equipe fantástica que conta com a colaboração de grande amigos e apaixonados por esse maravilhoso tema. Meu nome é Márcio Matias, tenho 44 anos. sou advogado, moro no litoral paraibano, colecionador moderado e apreciador de boa música, sobretudo, a música pesada e suas mais diversas vertentes.

Quais suas primeiras lembranças do começo de sua paixão pela música?
Desde sempre a música esteve presente em minha vida, meu pai me apresentou muito cedo artistas como Elvis, Beatles, Rod Stewart e Demis Roussos. Na época não havia as facilidades do MP3 ou serviços de streaming, então tudo era à base de lps (nem sempre muito bem conservados) e fitas k7. Certo dia um amigo me apresentou um EP da banda alemã Accept chamado Kaizoku-Ban, trata-se do registro de um show em Nagoya, Japão, nesse disco eu pude ouvir toda a fúria da banda em uma apresentação ao vivo. Na mesma oportunidade, eu fui apresentado ao Killers do Iron Maiden, dai pra frente foi paixão à primeira vista, até os dias atuais o Iron Maiden continua sendo a banda do coração.

O que a música significa para você?
Eu considero a música uma necessidade em minha vida, parte fundamental da formação de minha personalidade. A música me acompanhou nos momentos mais importantes, foi através da música que pude aprofundar meu conhecimento em determinados temas, além de buscar o conhecimento de outras línguas. Em uma época pré internet a tradução de letras só era possível através de publicações especificas a exemplo da Top Metal, Metal Hits e BIZZ letras traduzidas ou por meio de um dicionário, algo totalmente impensável nos dias atuais.

Que “manias” relacionadas com a sua coleção você têm? E qual a sua rotina na audição e curtição de seus discos?
Eu tenho algumas manias em relação a coleção, hoje em dia eu costumo adquirir os discos apenas lacrados ou em excelentes condições, a exceção fica por conta de edições esgotadas ou fora de catálogo. Tenho também uma mania de adquirir diversas versões de um mesmo álbum, a exemplo de CD, LP, Picture Disc, Boxset, Ltd Ed. Earbook e por aí vai, claro que isso não se aplica a qualquer disco, apenas a alguns (poucos) títulos. Costumo organizar tudo em ordem alfabética e não necessariamente em ordem de lançamento. Ouço os discos sempre que posso, a rotina de trabalho e família é sempre muito corrida, contudo, costumo ouvir pela manhã e no horário do almoço, além dos finais de semana. A preferência é de ouvir os discos recentemente adquiridos, e claro, os clássicos tem um certo nível de prioridade.

Como é constituída sua coleção? Quais as mídias predominantes em suas prateleiras e os números por favor?
Minha coleção é constituída por CD´s, DVD´s, Livros, Actions Figures e Vinis, o foco maior sempre foi vinil, apesar da dificuldade e dos valores exorbitantes. Traduzida em números eu não conseguiria te dizer o número exato, mas posso afirmar que são cerca de 3.500 CD´s, 3.000 Vinis e um número infinitamente menor de livros, action figures e memorabilia de outras naturezas.

E por que o vinil?
Eu tenho uma relação de imenso carinho com os bolaçhões, foi a primeira mídia com que tive contato musical, a memória afetiva com esse formato é indescritível. Nunca deixei de comprar vinis, mesmo com o advento dos CD´s eu sempre comprava um ou outro lançamento. Quando começou a sair edições mais caprichadas e aumentar a oferta em lojas nacionais e gringas, a coisa ficou ainda melhor. Acredito que o alto valor praticado na venda do vinil atualmente, aliado a dificuldade natural da aquisição, seja por encargos financeiros ou até mesmo pela escassez do produto, faz com que o cuidado e a atenção dispensados a esse tipo de mídia seja ainda maior, você passa a adquirir apenas o que realmente vale a pena pra você, então a possibilidade de o disco ficar encalhado na sua coleção, juntando poeira é bem menor.

O vinil tem ganhado força nos últimos anos. Novos lançamentos têm saído tanto nas redes de streaming quanto em vinil. A que você atribui isto?
Criaram um sentimento de “revival” envolvendo o vinil, o que não deixa de ser uma coisa muito boa, contudo, esquecerem de incluir os fabricantes nessa história. O valor praticado atualmente é algo surreal e de certa forma proibitivo. Além de fator limitante para um crescimento ainda maior da popularidade da mídia. O vinil não é uma mídia muito fácil de lidar, requer cuidados específicos e um equipamento minimante adequado para entregar o que promete.

Você acredita que as mídias físicas têm vida longa, ou é algo que tende a se extinguir em breve?
Tudo é cíclico, as mídias físicas sempre terão seus altos e baixos, faz parte de uma estratégia da indústria. Foi assim com o vinil quando surgiram os CD´s, que por sua vez entrou em crise com o advento do MP3, em seguida temos essa retomado das vendas de LP´s e mais recentemente o CD também começou a vender bem novamente, tudo isso compartilhando espaço com os streamings, esses vieram pra ficar, enfim, tem espaço pra todos.

Qual o primeiro disco que comprou e por que? Você ainda o tem?
O primeiro disco que comprei, foram na verdade, dois. Um amigo estava vendendo alguns LP´s e de cara dois me chamaram demais a atenção, foram justamente o Accept Kaizoku-Ban e o Iron Maiden Killers. Naturalmente eles já vieram bem desgastados e ao longo dos anos consegui edições em melhores condições e no caso do Iron Maiden, consegui até edições lacradas. Por uma questão de afeto, ainda guarda aquelas duas edições que deram inicio a toda essa história com a música pesada.

Você já se desfez de algum disco e se arrependeu depois? Qual?
Durante a minha adolescência eu não tinha muita grana pra comprar discos, então a solução encontrada era justamente vender algum disco da coleção para comprar outro, e assim a coleção ia fluindo, alguns eram vendidos diante da urgência em comprar algo mais raro ou de uma tiragem mais limitada e aquele disco que saiu da coleção eu sempre dava um jeito de repor em algum momento. Havia um box do Led Zeppelin em minha coleção, chamado Boxed Set 2, ele me trazia muita memória afetiva, contudo, em um momento em que eu estava ouvindo musicas muito mais pesadas acabei me desfazendo desse box, nunca mais consegui encontrar outro em condições decentes, sempre que acho ele está muito danificado, sobretudo a caixa que é de papelão, mas quem sabe um dia ele retorna à coleção.

Qual (is) o (s) seu (s) artista (s) favorito (s)?
Pergunta difícil, mas eu diria que o Iron Maiden é disparado a minha banda preferida, seguida do Metallica, Slayer, Black Sabbath e Led Zeppelin e no cenário nacional eu destacaria o Sepultura.

O que há no som destas bandas de diferente em relação as demais?
Cada banda tem suas peculiaridades, mas dessas citadas, elas contribuíram diretamente para a formação e popularização do gênero.

Em especial, o Sepultura é uma banda com formações muito distintas. Qual a que você aprecia mais?
Sem sombra de dúvidas, a formação clássica (Igor Cavalera, Max Cavalera, Paulo Jr. e Andreas Kisser), essa formação alavancou o nome da banda aos quatro cantos do planeta. Considero a trinca Beneath the Remains, Arise e Chaos A.D. obras primas do metal nacional, a primeira vez que vi um show dos caras na TV foi no Hollywood Rock de 1994, turnê do Chaos A.D. ali os caras arrebentaram tudo e já davam uma ideia do que estaria por vir.

O que você considera que levou a banda a ser um sucesso mundial?
No início dos anos 1980, a banda surgiu como um grande destaque do metal extremo praticado no Brasil. Com o tempo, a sonoridade foi mudando até chegar ao que foi apresentado em Roots. Definitivamente, a forte presença de instrumentos de percussão e a mistura de sons que a banda vinha praticando desde o Chaos A.D. foi determinante para a disseminação da sonoridade única praticada pela banda na época, é realmente uma pena o que aconteceu em seguida.

Você costuma ir a muitos shows? Quais os mais marcantes positiva e negativamente?
Eu costumava ir com bem mais frequência antes da pandemia, com essa retomada da nossa rotina diária e com a volta da realização dos shows, espero retomar a frequência com que ia a shows o mais rápido possível, o primeiro show internacional que vi foi o Paul Dianno e Stratovarius, na época as duas bandas estavam em grande forma. O Paul começou o show com “The Beast Arises” e continuou emendando clássicos um atrás do outro. “Wratchild”, “Children of Revolution”, “Remember tomorrow”e “Sanctuary”, foi realmente insano. O Stratovarius vinha em turnê do “Visions” com a formação clássica, algo realmente pra não esquecer. Outro show que não poderia deixar de citar, foi o Primeiro show que vi do Iron Maiden, no Palestra Itália, esse eu trago ótimas recordações. Ao longo dos anos vi shows de artistas muito importantes para a minha formação musical, a exemplo de Kiss, Motorhead, Megadeth, Rotting Christ, Deep Purple, Paul McCartney, Ozzy Osbourne, Accept, D.R.I., Exodus, Misfits, Sepultura, Soulfly, Moonspell, Manowar, Amorphis, Krisiun, Ratos de porão, Cólera, Gamma Ray, Helloween, Brujeria, Dead Kennedys, Sodom, Obituary, Kataklysm, Immolation e um monte de outras bandas. Quanto as experiências negativas, prefiro esquecer, mas uma que foi bem frustrante foi o show do Motorhead no Monster of Rock de 2015, o Lemmy já estava bem doente e não pode se apresentar, por sorte eu já havia visto o show deles anteriormente.

E quais os artistas que você teve contato que você mais curtiu de trocar uma ideia?
Eu tive acesso a alguns artistas, mas de longe o que foi mais gentil com todos os fãs que estavam presente no pós show, foi o Paul Dianno, esse cara foi demais, me serviu Jack Daniels e amendoins, foi super gentil, autografou discos e bateu um longo papo conosco.

Voltando a coleção, qual aquele álbum que você faz questão de apresentar para quem vai visitá-lo em termos musicais? E qual aquela obra que você gosta de apreciar sozinho?
Eu prefiro que o convidado sugira o que quer ouvir e com base no gosto pessoal dele, costumo indicar algo que também me agrade. A alguns amigos estrangeiros que me visitam eventualmente, eu costumo apresentar artistas brasileiros, sobretudo, os da década de 1970, a exemplo de Jorge Ben, Tim Maia, Zé Ramalho, Marconi Notaro, Lula Corte, Flaviola, Quinteto Armorial, Hugo Filho, Alceu Valença, entre outros.

Qual o disco mais “mosca branca” que você tem? E qual o “arroz de festa”?
Eu acredito que os discos mais “mosca branca” da coleção, são justamente esses dos artistas que compõem o movimento da tal “Psicodelia Nordestina”, essas edições são bem complicadas de encontrar hoje em dia e quem tem não se desfaz. Com relação ao “arroz de festa” acredito que são os discos da Legião Urbana, esses, há quem ame e quem odeie, eu faço parte do primeiro grupo.

As próximas perguntas eu considero extremamente injustas, não sou muito adepto de listas pois considero elas muito pessoal e mutáveis, mesmo assim, 10 discos é uma quantidade muito pequena para elencar as obras produzidas entre as décadas de 1960, 1970 e 1980. Tentarei não repetir artistas e irei deixar de fora os artistas nacionais, estes ficarão pra outra oportunidade, então vamos lá.

Quais os dez melhores discos da década de 60?
– Bob Dylan – Highway 61 Revisited / 1965;
– The Beach Boys – Pet Sounds / 1966;
– The Doors – The Doors / 1967;
– The Jimi Hendrix Experience – Are You Experienced? / 1967;
– King Crimson – In the Court of the Crimson King / 1968;
– Let It Bleed – The Rolling Stones / 1969;
– The Beatles – Abbey Road / 1969;
– The Stooges – The Stooges / 1969;
– Dusty Springfield – Dust in Memphis / 1969;
– Led Zeppelin – Led Zeppelin / 1969;

Quais os dez melhores discos da década de 70?
– Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory / 1970.
– Black Sabbath – Master of Reality / 1971;
– Led Zeppelin – IV / 1971;
– Machine Head – Deep Purple / 1972;
– Lynyrd Skynyrd – Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd / 1973;
– Pink Floyd – The Dark Side Of The Moon / 1973;
– Ramones – Ramones / 1976;
– Rainbow – Rising / 1976;
– Rush – 2112 / 1976;
– AC/DC – Highway to Hell / 1979.

Quais os dez melhores discos da década de 80?
Parte I – 1980 / 1984:
– Black Sabbath – Heaven and Hell / 1980;
– Ozzy Osbourne – Blizzard of Ozz / 1980;
– Rush – Moving Pictures / 1981;
– Iron Maiden – Killers / 1981;
– Kiss – Creatures of the Night / 1982;
– Iron Maiden – Piece of Mind / 1983;
– Metallica – Kill ´em All / 1983;
– Dio – Holy Diver / 1983;
– Metallica – Ride the Lightning / 1984;
– Mercyful Fate – Don´t Break the Oath / 1984;

Parte II – 1985 / 1989:
– Accept – Metal Heart / 1985;
– Iron Maiden – Somewhere in Time / 1986;
– Slayer – Reign in Blood / 1986;
– Guns n Roses – Appetite For Destruction / 1987;
– King Diamond – Abigail / 1987;
– Motorhead – Rock n Roll / 1987;
– Whitesnake – Whitesnake / 1987;
– Faith No More – The Real Thing / 1989;
– Scorpions – World Wide Live / 1985;
– Iron Maiden – Seventh Son of a Seventh Son / 1988.

Quais os dez melhores discos da década de 90?
– Megadeth – Rust in peace / 1990;
– Judas Priest – Painkiller / 1990.
– Nirvana – Nevermind / 1991;
– Pearl Jam – Ten / 1991;
– Metallica – Metallica / 1991;
– Guns N’ Roses – Use Your Illusion I & II / 1991;
– Dimmu Borgir – Enthrone Darkness Triumphant / 1997;
– Pantera – Vulgar Display of Power / 1992;
– Foo Fighters – The Colour And The Shape / 1997;
– Red Hot Chili Peppers – Californication / 1999;

Quais os dez melhores discos da década de 2000?
– Iron Maiden – Brave New World / 2000;
– Halford – Ressurection / 2000;
– Opeth – Black Water Park / 2001;
– In Flames – Clayman / 2000;
– Children of Bodom – Follow The Reaper / 2000;
– Nightwish – Wishmaster / 2000;
– Dark Tranquillity – Haven / 2000;
– Sentenced – Crimson / 2000;
– Dimmu Borgir – Puritanical Euphoric Misantrophia / 2001;
– Amorphis – Skyforger / 2009.

Quais os dez melhores discos da década passada?
– Accept – Blood of The Nations / 2010;
– Ghost – Opus Eponymous / 2010;
– Rotting Christ – Aealo / 2010;
– Machine Head – Unto the Locust / 2011;
– Septicflesh – The Great Mass / 2011;
– Carcass – Surgical Steel / 2013;
– Behemoth – The Satanist / 2014;
– Opeth – Sorceress / 2016.
– Amorphis – Queen of Time / 2018;
– Borknagar – True North / 2019;
– Black Pumas – Black Pumas / 2019. (Bonus).

Quais os dez discos que você levaria para uma ilha deserta?
– Iron Maiden – Killers;
– Metallica – Ride The Lightning;
– Black Sabbath – Master of Reality;
– Led Zeppelin – IV;
– Beatles – Let it Be;
– Pink Floyd – The Dark Side of The Moon;
– Rainbow – Rising;
– Anthrax – State of Euphoria;
– Dust – Hard Attack;
– Queen – A Night at The Opera.

Quais suas últimas aquisições?
Eu costumo comprar discos com uma certa frequência, irei listar os últimos dez (cinco CD´s) e cinco (LP´s).
CD´s:
– Sólstafir – Endless Twilight of Codependent Love (Box edition);
– Mayhem – A Season In Blasphemy (Box com 3 CD´s);
– Sólstafir – Berdreyminn (Deluxe Boxset Edition);
– Cathedral – Anniversary (Deluxe Boxset Edition);
– Watain – Satanic Deathnoise From Beyond (Box com 3 CD´s).

LP´s.
– Rush – Moving Pictures (40th Anniversary Edition Super Deluxe Box Set!);
– Amorphis – Halo (Picture Disc);
– Ghost – Impera;
– Arch Enemy – Deceivers (Golden Vinyl Edition);
– Kreator – Hate Uber Alles (Picture Vinyl).

Além de discos, você possui algum outro tipo de coleção?
Além de LP´s, CD´s e DVD´s, também tenho uma modesta coleção de livros de literatura e técnicos, e algo em torno de 50 action figures dos mais variados universos.

Quais os estilos literários e quantos livros aproximadamente você tem?
Tenho um pouco menos de 200 livros, distribuídos entre os mais diversos estilos literários, contudo, eu poderia destacar que uma boa parte é composta de livros de terror, ficção e biografias… muitas biografias. Adoro o Stephen King, Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft, Anne Rice, entre tantos outros.

E sobre os Action Figures, quais são os personagens que você mais aprecia?
Minhas actions figures são em sua grande maioria da Neca e McFarlane. As que mais curto são as da série Terminator, Evil Dead e Spawn, muita coisa eu consegui importar em uma época em que as tributações não eram tão absurdas como está atualmente, desde o início da década de 2010 a política de importações mudou, isso prejudicou absurdamente a vida dos colecionadores brasileiros, atualmente pouco coisa compensa a dor de cabeça de comprar algo lá fora e se submeter a imensa carga tributária imposta.

Qual sua opinião sobre as coleções de Funkos? Se arriscaria em ter uma?
Eu acho fantástico quem coleciona Funkos, acredito que isso é um caminho sem volta. A cada dia é lançado um mais legal que o outro, e como eu tenho que priorizar o que coleciono, dificilmente me vejo enveredando pelos caminhos desses itens fantásticos, mas infelizmente, bem longe das minhas possibilidades rsrsrs.

Indique três lojas/sites para os colecionadores continuarem a aumentar suas coleções, e o porquê das mesmas.
Eu adoro visitar lojas físicas, aqui onde moro ainda temos resistência, mas a cada dia lojas de discos estão se tornando cada vez mais raro. Costumo comprar discos de diversas fontes, com o advento da internet as coisas ficaram bem mais democráticas, muita coisa boa a um clique de distância, por isso indicarei três sites que costumo comprar com bastante frequência:
– Imusic, essa se tornou febre entre os colecionadores brasileiros, mas diante do volume de itens chegando na aduaneira, os órgãos de controles passaram a tributar as compras e infelizmente o site já não está tão atrativo como antes, mas ainda vale muito a pena;
– Amazon, a brasileira, a americana e a inglesa são as melhores, o grande fator impeditivo das duas gringas é justamente a tributação dos itens, mas o que você imaginar é possível encontrar no site;
– Discogs, esse é um pouco menos popular por aqui no Brasil, é basicamente um “Mercado Livre” voltado para música, nele é possível encontrar as mais diversas versões da maioria dos discos lançados recentemente ou fora de catálogo, aqui o limite é o bolso do cliente, mas se você procurar uma disco em uma edição mais difícil de se achar, esse é o site a ser visitado.

Que bandas atuais você indica para nossos leitores conhecerem?
Eu tenho uma certa resistência a bandas mais novas, as bandas que mais curto surgiram nas décadas de 60, 70 e 80. Esse pessoal já tem material pra eu ouvir por duas vidas. No entanto, alguns artistas me chamaram a atenção nesse período pandêmico, um deles é o Black Pumas, duo texano que faz um Soul Psicodélico muito honesto, vale muito a pena conferir.
The Vintage Caravan, trio islandês, que faz um Hard/Heavy com uma influência latente dos anos 70, Southern Rock e Stoner, provavelmente uma das melhores bandas do estilo atualmente.
Black Pantera, apesar de estar na estrada há um período relativamente curto, a banda já tem uma grande expressão no cenário da música pesada, me chamou a atenção por ter uma sonoridade muito singular, além de canções com letras de protesto e indignação.

Indique três discos que mudaram sua vida, e conte o porquê.
– Iron Maiden – Killers, por ter sido o meu primeiro contado com o Iron Maiden, considero a minha porta de entrada no Heavy Metal, me apresentou a banda que mais curto até hoje, esse disco me fez ir atrás de todos os discos da banda, acredito que foi ai que comecei a enveredar pelos caminhos do colecionismo.
– Led Zeppelin – IV, esse talvez tenha sido o disco do Led que mais ouvi em minha vida, não faço ideia das vezes em que faltei aula pra curtir esse disco com amigos, essa obra me trás as melhores memórias afetivas da minha adolescência.
– Pink Floyd – The Dark Side of the Moon, desnecessário falar da importância dessa obra prima universal, ainda hoje ele tem a capacidade de me emocionar a cada nova audição.

A sua coleção tem fim? Chegará um dia onde você vai olhar e dizer “tenho todos os álbuns que preciso” ou isso não existe para nenhum colecionador?
Não me vejo parando de colecionar em um futuro qualquer, sempre haverá algo a ser acrescentado ou suprimido na minha ou em qualquer coleção. Esse sentimento é ainda mais latente pra quem coleciona itens de vários artistas e bandas, os únicos fatores limitadores de qualquer coleção sempre será espaço físico e bolso. A indústria simplesmente não para, todos os dias são lançados e relançados novos itens é um caminho sem fim, bandas como KISS, Blind Guardian, Metallica, Megadeth e Iron Maiden não cansam de relançar suas discografias nos mais diversos formatos, naturalmente o fã sempre estará correndo atrás desses lançamentos e é esse desejo que faz do ato de colecionar, algo simplesmente inexplicável, só quem é colecionador sabe a alegria de se conseguir uma edição esgotada, fora de catálogo há muito tempo, ou simplesmente aquela edição lançada apenas no Japão com bônus e todos os penduricalhos que faz uma determinada edição ser tão especial para nós colecionadores.

Conte para nós algo curioso que você passou ou vivenciou relacionado com um item de sua coleção, ou um artista que você teve contato, enfim, algo que aconteceu por conta da sua paixão pela música.
Como qualquer colecionador, tenho várias histórias envolvendo itens e considero isso uma das coisas mais legais em se colecionar, a história única que cada item possui, o local e o momento em que compramos determinado item, toda aquela memoria afetiva que esses itens nos traz, é algo realmente fascinante. Uma das experiencias mais marcantes e triste que tive, foi quando certo dia contratei um pedreiro para fazer um serviço no local onde guardo boa parte da minha coleção, quando ele chegou, achou aquilo ali muito interessante e me falou de um tio que também era colecionador mas infelizmente estava doente, um quadro irreversível de uma doença degenerativa, estava literalmente vegetando em cima de uma cama e por esse motivo a esposa estaria vendendo os discos e equipamentos do marido. Combinamos de fazer uma visita e na ocasião eu olharia o que poderia me interessar e fecharíamos negócio. Quando chegamos no local, eu me dirigi a uma sala que acomodava boa parte dos itens e um quarto aonde estava o restante da coleção. A esposa veio conversar comigo, falou que nos tempos áureos do marido, ele costumava passar o final de semana inteiro cuidando e desfrutando de tudo aquilo, mas agora, diante do quadro de saúde do marido, ela não conseguia mais dar conta de tudo aquilo. O marido que estava no quarto ao lado e provavelmente ouvindo tudo aquilo, começou a se mexer impacientemente, logo percebi que ele não estava curtindo a ideia de a esposa vender a coleção construída ao longo da vida do senhor. Encerrei o assunto e a senhora ficou sem entender nada, na ocasião me senti muito mal de adquirir algo que provavelmente seria a contragosto do dono legítimo.

Uma outra história bem interessante aconteceu em uma ocasião onde fui contratado para representar uma moça que foi abandonada literalmente pelo marido com um filho pequeno, eles passaram uma situação bem complicada e enfim quando conseguimos regularizar a situação do casal, o marido falou que não queria mais nada dos pertences dele que ficaram na antiga moradia. Um belo dia, recebo uma ligação da cliente que me fala: “tenho algo pra lhe dar, tenho certeza que irá gostar”, no inicio fiquei um pouco receoso, mas quando cheguei na casa, tinham várias caixas de CD´s e Livros que pertenciam ao ex-marido que já nem residia mais no Brasil, meus olhos brilharam, agradeci o presente, enchi a mala com uma coleção que algum dia fez a alegria de alguém, mas que agora, por um motivo justo, estaria mudando de dono.

Meu caro, novamente muito obrigado por participar de nossa Caverna, e que bom que você está aqui para contar sua história de superação e amor pela música.

9 comentários sobre “Na Caverna da Consultoria: Márcio Matias

  1. Tive que ir catar o babador com aquelas edições do Killers e depois a coleção dos clássicos do Saxon… E valeu muito lembrar do “Kaizoku-Ban” do Accept, que nunca entrou na minha coleção – na época do lançamento, poucos exemplares vieram para Florianópolis e eu fiquei sem! Pelo menos tinha uma fita pirata com o disquinho. Só de sacanagem, a “Boxed Set 2” do Led Zeppelin está na minha coleção – na categoria dos “não vendo, não empresto e não dou de presente”. Parabéns pela coleção!!

  2. Muito obrigado, Marcello.
    O Kaizoku-Ban é demais.
    Quanto ao Led, vc é um sujeito de muita sorte (e bom gosto).
    Forte abraço.

  3. Só consegui ler agora. Coleção fantástica Marcio!!!
    Não me interesso muito pelos artistas nacionais que vc citou, mas sei que seus discos são realmente muito procurados. Como foi que vc os conseguiu? Vc tem informação se no exterior esses discos também têm o mesmo interesse?

    1. Muito obrigado, Fernando.
      Esses discos nacionais eu consegui ao longo de vida inteira de colecionismo. Lá fora a procura é absurdamente maior que por aqui, principalmente no Japão e Europa.

  4. Muito obrigado, Fernando.
    Esses discos nacionais eu consegui ao longo de vida inteira de colecionismo. Lá fora a procura é absurdamente maior que por aqui, principalmente no Japão e Europa.

  5. Márcio é um grande sujeito. Incrível as histórias que vivenciou na última pergunta. Quanto a coleção, dispensa comentários! Extraordinária! Eis aí um amigo que espero tomar uma gelada, um dia! Abraços e parabéns!

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