Discos que Parece que Só Eu Gosto: Dokken – Long Way Home [2002]

Discos que Parece que Só Eu Gosto: Dokken – Long Way Home [2002]

Por André Kaminski

Dentro do hard rock oitentista farofeiro, Dokken está entre as bandas preferidas de grande parte dos fãs do período. Muito graças ao talento inquestionável de George Lynch nas 6 cordas da banda que contribuiu para o lançamento dos 4 discos clássicos dos anos oitentistas da banda. Óbvio que seu inseparável parceiro Jeff Pilson no baixo, assim como Don Dokken nos vocais e Mick Brown na bateria formam o quarteto clássico da banda que lançou esses discos.

Mas né, com Don Dokken e George Lynch sendo dois caras de personalidade forte, não se aguentariam muito tempo e logo o guitarrista seria demitido após o terrível Shadowlife [1997], disco em que Lynch comandou de cabo a rabo. Pilson ainda ficaria mais um pouco e ainda contribuiria no lançamento do meia boca Erase the Slate [1999], caindo fora dois anos depois. Para o próximo álbum, Don Dokken e Mick Brown resolvem chamar John Norum, o famoso guitarrista do Europe e Barry Sparks, baixista que tocou com Yngwie Malmsteen e Michael Schenker Group, além de vários outros discos. Se formos apenas pelos nomes, um belo time de substitutos.

Don Dokken

Então significa que este Long Way Home é um discaço? Não necessariamente. Então é um fracasso total? Também não. Diria que é um bom disco, não perfeito, mas que poderia ser melhor aproveitado tanto pelos fãs quanto por Don Dokken (atualmente, o único integrante da formação clássica da banda. Mick Brown se aposentou em 2019).

Dando o play, o que surpreende é que a banda está mais pesada do que nunca, sendo “Sunless Days” um heavy metal e não um hard melodioso como se poderia esperar. Para quem gostava do velho Dokken farofeiro pode ser um choque, para mim, uma nova faceta muito interessante da banda. Segue “Little Girl” com uma pegada mais hard rocker, mas ainda com as guitarras de Norum soando mais graves do que se espera de um disco do Dokken. “Everybody Needs (To Be with Someone)” segue fechando a trinca de canções muito boas deste disco agora com uma sonoridade que lembra mais a guitarra do Dokken dos tempos de Lynch.

Seguindo agora com as canções que acho boas, temos a bacana “You” com Dokken usando alguns efeitos vocais, a interessante “Magic Road” que varia de riffs pesados a momentos mais melodiosos, a balada “There Was a Time” bem açucarada para tocar com seu parzinho romântico, e “Under the Gun”, outra pesada que conta com um solo insano de guitarra de Norum.

Barry Sparks

O que fica ali no mediano ou ruim é a sem graça “Goodbye My Friend” e as não mais do que fillers “Heart Full of Soul” (com umas harmonias vocais breguíssimas) e “I’ve Found”, outra baladinha mais acústica que não acrescentou muito ao disco.

Apesar de tudo, ainda o considero um bom disco e que valeria uma chance para quem curte a banda. Uma pena que para muitos, o Dokken acabou sem o Lynch. A banda variou entre uns discos bons (como este e Lightning Strikes Again de 2008) e outros ruins, mas se não possui todo aquele fanatismo pela fase inicial da banda, este é um álbum que você teria condições de dar uma chance. Numa dessas, vai que você gosta.

Tracklist

01. Sunless Days

02. Little Girl

03. Everybody Needs (To Be with Someone)

04. You

05. Goodbye My Friend

06. Magic Road

07. There Was a Time

08. Heart Full of Soul

09. Under the Gun

10. I’ve Found

Don Dokken e John Norum (ao fundo).

Um comentário em “Discos que Parece que Só Eu Gosto: Dokken – Long Way Home [2002]

  1. Eu gosto bastante desse disco. Da fase posterior à dissolução da formação clássica (que nem trabalhava muito junta nos anos 1990), talvez seja meu preferido. Mescla de maneira muito interessante o lado melódico clássico das linhas vocais de Don, tão marcantes em sua época mais frutífera, com uma guitarra mais suja e bem menos oitentista em relação àquilo que era proporcionado por George Lynch e mesmo por Reb Beach, em “Erase the Slate”. Parece um contrassenso, considerando que John Norum é um dos responsáveis por parir um dos mais famosos discos do glam metal, “The Final Countdown”, mas quem acompanha sua carreira talvez tenha percebido que a versatilidade de John admite essas variações. Inclusive, acho que muito do que ele apresenta nesse disco adianta a sonoridade que o Europe demonstraria em seu retorno, dois anos depois, com “Start From the Dark”, mais sujo e cadenciado, menos glam metal e mais hard rock, diria até heavy metal em algumas faixas. De uma coisa vocês podem ter certeza, nenhuma playlist minha abordando o Dokken é completa sem “Sunless Days” e “Little Girl”. Devo dizer ainda que esse é um disco que cabe perfeitamente em uma seção como essa, pois não me parece ser muito bem cotado entre os fãs nem recebe o mínimo destaque do próprio grupo em seus setlists. Além da época ruim de lançamento, difícil para angariar público novo, e da ausência de uma sonoridade mais familiar em se tratando das guitarras, há um lado levemente alternativo em uma ou outra faixa, que percebo especialmente em “You” e “Magic Road”.

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