Clássicos da Harvest: The Pretty Things – Parachute [1970]

Clássicos da Harvest: The Pretty Things – Parachute [1970]

51SMQRYAQmL

Por Jose Leonardo Aronna

Na primeira metade dos anos 60, em Dartford, Kent, duas importantes bandas foram formadas. Eram rivais: ambas tocavam R&B e eram do tipo de grupo que seus pais o avisavam para não se meter. Uma era o Pretty Things e a outra os Rolling Stones. De fato, o guitarrista Dick Taylor tinha sido um Stone, antes de entrar Bill Wyman no grupo.

No período 1964-1967 a banda lançou vários singles de sucesso como “Don’t Bring Me Down”, “Honey I Need”, “Midnight To Six” e “Rosalyn”, além dos álbuns The Pretty Things (1965), Get The Picture? (1965) e Emotions (1967). Em 1967 os Stones tornaram-se psicodélicos com Their Satanic Majesties Request; no ano seguinte o Pretty Things lançava a primeira ópera rock, o excelente S.F. Sorrow, que influenciou Pete Townshend a compor Tommy. Dois anos mais tarde, Victor Unitt (ex-The Edgar Broughton Band) substituiria o membro fundador Dick Taylor e o baterista Twink sairia para formar o grupo Pink Faires, sendo que o ex-membro Skip Allan tomou o seu lugar.

R-1813739-1367010577-9878.jpeg
O Lado A de Parachute

Da formação original, apenas o vocalista Phil May permaneceu na banda. Até então, os seguintes músicos haviam passado pelo grupo: Dick Taylor (lead guitar, 1963-69), Phil May (vocals, harmonica, acoustic guitar), John Stax (bass, 1963-67), Brian Pendleton (rhythm guitar, 1963-66), Viv Prince (drums, 1963-65), Viv Andrews (drums, 1965), Skip Alan (drums, 1965-67), Wally Waller (bass, acoustic guitar, vocals, 1967-71), John Povey (keyboards, vocals, 1967-76), John “Twink” Alder (drums, vocals, 1968) e Victor Unitt (guitar, vocals, 1969-70).

Em 1970 a banda entrou em cheio na cena underground, e assinando com a Harvest, lança primeiramente o single “The Good Mr. Square”/”Blue Serge Blues” em abril, que é precedido pelo álbum Parachute, lançado em junho, certamente o mais pesado e versátil de toda a sua carreira. O disco foi gravado no famoso Abbey Road Studios e produzido pelo célebre Norman Smith, que trabalhou como produtor e/ou engenheiro de som com Beatles, Pink Floyd, BJH, entre outros. O álbum, apesar de ficar nas baixas posições nas paradas, teve o voto de álbum do ano pela revista Rolling Stone.

O LP abre com a curta, pulsante e introdutória “Scene One”, com sua bateria tribal, e sua letra tratando da urbanização consumido a cidade. Em seguida, temos um par de faixas levemente psicodélicas, “The Good Mr Square” (com vocal do baixista Wally Waller) e “She Was Tall”, “She Was High” (com vocal do tecladista John Povey), as músicas se completam, como se fossem uma única faixa. Ambas tem ums forte influência Beatle, principalmente no diz respeito as harmonias vocais. Depois vem as folkys e psicodélicas “In The Square”, com harpsichord, spanish guitar e harmonias vocais de Phil May, Wally Aller e John Povey e “The Letter” (a primeira faixa com lead vocal de Phil May). Em seguida temos “Rain” (vocal de Wally Aller), com um pouco mais de peso e a guitarra viajante de Victor Unitt. As faixas “Miss Fay Regrets”, um rock mais rápido e pulsante e “Cries From The Midnight Circus”, mais arrastada e bluesy, com ótimo e longo solo de guitarra, encerram o lado A magistralmente, e trazem a tona o lado pesado da banda, com letras obscuras, violentas sobre o lado feio da cidade, bem como a perda do sonho hippie.

Capa dupla do LP original
Capa dupla do LP original

O lado B abre com “Grass”, uma música mais lenta, um hino pastoral, com violões, guitarras pungentes e mellotron além de um ótimo arranjo vocal. A seguir, mais um rock rasgado, “Sickle Clowns” (mais uma música com o lead vocals de Wally Waller). Depois temos “She’s A Lover”, outro rock com sua bateria ágil e um interessante duelo de guitarras. Na próxima faixa “What’s The Use”, temos uma forte influência do som “West Coast” americano, com seu violão de 12 cordas e arranjos vocais à la Byrds. O disco se encerra com a faixa título “Parachute”, uma extraordinária coda para este magnífico álbum, que começa com um coral entoando palavras descrevendo imagens sombrias, depois baixo, bateria, piano e um solo de guitarra emotivo dão sequencia a canção num belo clima instrumental, para ao final chegar a um clímax com um único tom que vai subindo até desaparecer.

Tão logo o Lp é lançado, Victor Unitt sai da banda para se unir novamente ao The Edgar Broughton Band e com seu substituto, o guitarrista Peter Tolson, e ainda pela Harvest o grupo lança a seguir, os seguintes singles: “October 26″/”Cold Stone” (1970) e “Stone-Hearted Mama”/”Summertime”/”Circus Mind” (1971). O próximo lançamento da banda seria o Lp Freeway Madness, no final de 1972, sempre com mudanças em sua formação, desta vez pela Warner Bros. Records. No ano seguinte seriam empresariados pelo famoso Peter Grant (Led Zeppelin) e contratados pelo selo Swan Song. Nesse selo, lançam dois álbuns, Silk Torpedo (1974) e Savage Eye (1976).

R-1813739-1367010568-3665.jpeg
Capa interna de Parachute

Depois desse disco, Phil May abandonaria a banda e com isso o grupo encerra suas atividades. Dos anos 80 até o momento, a banda se reuniu e encerrou suas atividades por diversas vezes, tendo então como membros fixos o guitarrista fundador Dick Taylor e o vocalista Phil May, lançando alguns discos esporadicamente e excursionando. Até então, foram lançados os seguintes álbuns Cross Talk (1980), Live At The Heartbreak Hotel (1984), Out Of The Island (1987), On Air (1992), com sessões da BBC, Ressurection (1998), gravação ao vivo de S.F. Sorrow, com participação de David Gilmour e narração de Arthur Brown, Rage Before Beauty (1999), Balboa Island (2007) e Philippe DeBarge (2009). Nos anos 90 Phil May e Dick Taylor uniram-se ao ex-Yardbirds Jim McCarty no projeto The Pretty Things/Yardbird Blues Band, lançando dois discos, The Chicago Blues Tapes 1991 (1991) e Wine, Women & Whiskey: More Chicago Blues & Rock Sessions (1994) .

Em 2013, para celebrar seus 50 anos, o grupo planeja uma turnê pela Europa e Reino Unido.

The+Pretty+Things+Parachute+era+PNG

Track list

1. Scene One
2. The Good Mr. Square
3. She Was Tall, She Was High
4. In the Square
5. The Letter
6. Rain
7. Miss Fay Regrets
8. Cries From the Midnight Circus
9. Grass
10. Sickle Clowns
11. She’s a Lover
12. What’s the Use
13. Parachute

Bonus tracks de algumas re-edições em cd:

1. Blue Serge Blues
2. October 26
3. Cold Stone
4. Stone-Hearted Mama
5. Summer Time
6. Circus Mind

Em 2010 foi lançada uma edição deluxe para comemorar os 40 anos de lançamento do álbum, que incluiu regravações acústicas de algumas faixas do álbum feitas por Phil May e Wally Waller

Um comentário em “Clássicos da Harvest: The Pretty Things – Parachute [1970]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.