Clássicos da Harvest: The Edgar Broughton Band [1971]

Clássicos da Harvest: The Edgar Broughton Band [1971]

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Por Jose Leonardo Aronna

Alguns adjetivos do The Edgar Broughton Band: barulhentos, malucos e muito underground. Tal como o selo Harvest! Muitos, aliás, comparam seu líder com o americano Captain Beefheart. Esse, que é o terceiro álbum da banda, também é conhecido como “álbum da carne”. Criada pela Hipgnosis, a capa foi fotografada no Spitafields Meat Market, em Londres, e deve fazer virar o estômago de qualquer vegetariano radical.

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Lado A do LP homônimo

The Edgar Broughton Band foi formado em Warwick em 1968. O grupo começou sua carreira como uma banda de blues, e eram chamados de The Edgar Broughton Blues Band, tocando para um dedicado, porém limitado, número de seguidores. O grupo era constituído por Robert (Edgar) Broughton (vocals, guitarra), seu irmão Steve Broughton (bateria), Arthur Grant (baixo) e Victor Unitt (guitarra). Em pouco tempo abandonaram as raízes blues e mergulharam de cabeça no psicodelismo. Com o nome encurtado para The Edgar Broughton Band e sem Victor Unitt, o trio se muda para Nothing Hill Gate em Londres, à procura de um contrato musical e de, obviamente, um público mais abrangedor.

Assim, são empresariados pela Blackhill Enterprises e conseguem um contrato com a Harvest Records, em dezembro de 1968. O single de estreia, “Evil/Death of an Electric Citizen”, é lançado em junho de 1969, e é também o primeiro single lançado pela Harvest.

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A versão original, com capa gatefold

Esse lançamento é seguido pelo primeiro Lp da banda, Wasa Wasa, uma coleção de blues elétricos vanguardistas, lançado em julho de 1969. Também nessa época o grupo se tornaria presença constante nos “free festivals” londrinos, muitos deles executados em cima de caminhões que circulavam pelas ruas! Assim, a banda decide lançar um compacto ao vivo, de uma apresentação em Abbey Road de 9 de dezembro de 1969. A música escolhida foi Out, Demons Out!”, tendo “Momma’s Reward (Keep Those Freaks a Rollin’)” como lado B, que se tornou o hino da banda. Tal single chegou a posição n° 39 nas paradas.

A quem interessar, o restante da apresentação foi lançada em 2004 com o título deKeep Them Freaks a Rollin’: Live at Abbey Road 1969.

Após seguiu-se o segundo Lp, Sing Brother Sing, lançado em junho de 1970. O álbum foi acompanhado pelo single “Up Yours!/Officer Dan” que apresentava arranjos de cordas de David Bedford. O próximo single, “Apache Dropout/Freedom”, chegou ao n° 18 nas paradas britânicas e seu lado A combinava “Apache” do The Shadows com “Drop Out Boogie” do Captain Beefheart.

Em 1971 a banda convida o ex-membro Victor Unitt (que estava tocando com o The Pretty Things) a se juntar novamente ao grupo. Assim, em maio de 1971, foi lançado seu terceiro e melhor Lp, simplesmente chamado de The Edgar Broughton Band. Diferente dos discos anteriores, o Lp conta com arranjos orquestrais de David Bedford, da banda de Kevin Ayers, em “Evening Over Rooftops”, e seu colega Mike Oldfield, tocando mandolim em “Thinking Of You”. Backing vocais são efetuados pelas Ladybirds.

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Capa dupla interna do LP

Com esse disco, a banda promoveu uma reviravolta no seu som, que se tornou consideravelmente mais calmo e politicamente engajado. A primeira parte do álbum tem várias músicas com influências folk e country, como as ótimas “Evening Over Rooftops”, “Poppy” (que começa folky e termina hard), “Piece Of My Own” e “The Birth”, mostrando toda a versatilidade dessa incrível banda, mas a partir da quinta música, “Don’t Even Know What Day It Is”, a coisa começa a ficar mais interessante. “House Of Turnabout” tem um swing delicioso a cargo do baixo de Arthur Grant, e a guitarra de Victor Unitt disparando vários acordes. “Madhatter” é uma canção mais simples e direta e “Getting Hard” é outra canção com pegada blues, mas com um toque soul. “Getting Hard into What Is A Woman For?” tem em sua segunda parte um belíssimo blues. O som desses caras não é a única coisa que é incrível, suas letras são espirituosas e inteligentes, especialmente em “Thinking Of You”, que traz lembranças do épico de John Lennon, “Working Class Hero”. E o álbum fecha magistralmente com a viajante “For Doctor Spock”, acompanhada por uma seção de cordas. O disco chegou ao 28° lugar nas paradas britânicas.

Os barulhentos do The Edgar Broughton Band
Os barulhentos do The Edgar Broughton Band

Depois desse disco, mais um single é lançado, “Hotel Room/Call Me A Liar”, que não obteve muito êxito, Depois disso foram lançados os discos In Side Out (1972) e Oora(1973). Em 1975 a banda deixa o selo Harvest e assina com a NEMS. No mesmo ano, guitarrista John Thomas, substitui Victor Unitt, para o sexto disco Bandages, mas sua presença não durou muito e o mesmo foi substituído por Terry Cottam. Em 1976, a banda grava um álbum ao vivo Live Hits Harder (que só seria lançado em 1979) e encerra suas atividades. Em 1979 a banda ressurge com o nome de The Broughtons, lançando o disco Parlez-Vous English?.

O próximo trabalho de estúdio (e último) só seria visto em 1982, Superchip, um disco com muitos sintetizadores e influência new wave. Nos anos 80 e 90 a banda apenas realizou alguns shows esporádicos. Em 2006, após a re-edição em cd de seus discos gravados pela Harvest, o grupo voltou à ativa, excursionando mais extensivamente. Em 2010 o grupo decide encerrar suas atividades mais uma vez, com Edgar Broughton optando por continuar tocando como um artista solo.

Track list:
1. Evening Over Rooftops
2. The Birth
3. Piece Of My Own
4. Poppy
5. Don’t Even Know Which Day It Is
6. House Of Turnabout
7. Madhatter
8. Getting Hard intro What Is A Woman For?
9. Thinking Of You
10. For Doctor Spock Parts 1 & 2

2004 CD reissue bonus tracks
1. Hotel Room (A-side of Harvest HAR 5040)
2. Call Me A Liar (B-side of Harvest HAR 5040)
3. Bring It On Home (Previously unreleased)

4 comentários sobre “Clássicos da Harvest: The Edgar Broughton Band [1971]

  1. Eis mais uma banda dos anos 70 que sempre merece uma revisão. “Thinking of you”, “Evening over rooftops” e, especialmente, “Call me a liar” são grandes trabalhos!

  2. Esse disco é ótimo, menos malucão que os outros anteriores, mas mantendo a pegada freak! a EDB é pouca lembrada nesse ínterim, mas teve sua contribuição no desenvolvimento do hard rock. Os sons deles em 69 eram mais pesados do que a média.
    Abraço, ótimo texto!

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