Rush – 2112 (40th Anniversary) [2016]

Rush – 2112 (40th Anniversary) [2016]

Por Mairon Machado

Em 1976, o trio canadense Rush (Alex Lifeson nas guitarras, Geddy Lee no baixo e Neil Peart na bateria) lançou seu quarto álbum, 2112. Um álbum com um tema futurista, que foi responsável por definitivamente colocar o grupo no hall dos maiores nomes da música mundial, eternizado pela suíte que dá nome ao disco. Conversar sobre a história fantástica criada por Neil Peart, do homem que encontra um instrumento antigo – isso no ano de 2112 – em uma época onde o mundo é comandado por padres e grandes computadores, e que ninguém tem liberdade de criar algo, é chover no molhado.

O disco foi um grande sucesso, sendo o primeiro da banda a ganhar ouro nos Estados Unidos, e é tido até hoje como um dos maiores álbuns do rock progressivo. Além da suíte “2112”, o disco contém as únicas faixas escritas somente por Lifeson (“Lessons”) e Lee (“Tears”), faixas obscuras na carreira da banda, bem como “Something for Nothing”, “A Passage to Bangkok” e “The Twilight Zone”, as duas primeiras imortalizadas nos clássicos álbuns ao vivo All The World’s a Stage (1976) e Exit … Stage Left (1981), respectivamente, e a última, uma faixa adorada pelos fãs, mas que raramente foi apresentada ao vivo.

A caixinha aqui resenhada

Um disco desse nível merecia um presente tão grandioso quanto sua história, e assim, em 2016, comemorando os 40 anos do LP, chegou às lojas 2112 40th Anniversary, um belo pacote com dois CDs e um DVD para fã nenhum de Rush botar defeito.

Lançado no formato Digipack, com uma capa abrindo-se em 4, logo na capa, temos como novidade, já que a ideia foi ilustrar o “envelhecimento” do famoso logo Starman. Ao abrir a caixinha, uma foto da época do trio caught in the act ocupa duas partes do formato quádruplo pela parte externa. Já na parte interna, as três mídias estão acopladas em seus respectivos locais, com a quarta parte trazendo o famoso texto original que introduz à obra “2112”, com uma imagem também da época do trio, usando os quimonos, e que honestamente, a pose de Lifeson é no mínimo “curiosa”.

A luxuosa versão Super Deluxe, com três LPs, dois Cds, DVD e mimos diversos

Mas indo ao que interessa, que é a música, o Rush sempre foi notável por não produzir material extra além daquilo que ia ser registrado. Então, o que há de novo nesse lançamento? Bom, o CD 1 traz a obra original, tal qual foi lançada em 1976. Já o segundo CD começa com a fala final de “2112”, “Attention all planets of the Solar Federation, we have assumed control”, feita por Neil Peart, e segue com várias novidades. A primeira delas é uma gravação de “Overture”, feita por Dave Grohl, Taylor Hawkins e Nick Raskulinecz. Esse trio foi responsável por apresentar a banda no Rock ‘n’ Roll Hall of Fame de 2013, fazendo uma ótima participação justamente com “Overture”, e fantasiados com os quimonos do Rush de 2016. Dessa feita, o trio fez uma recriação em cima da primeira parte de “2112”, inserindo novos elementos e encerrando com uma breve citação à “YYZ”, em uma obra que Lifeson chegou a admitir “ter ficado melhor que a nossa”.

Mais quatro covers estão no segundo CD: uma brilhante reinvenção do Alice in Chains para “Tears”, com um show por parte da interpretação de William DuVall; a linda recriação de “The Twilight Zone”, pelo renomado Steven Wilson; a energética “A Passage to Bangkok”, feita pelo grupo canadense Billy Talent; e a pesada versão de “Something for Nothing”, criada pelo também canadense Jacob Moon, acompanhado por Mark McIntyre (baixo), Rob Brwon (bateria) e Richard Bonura (percussão).

Alex Lifeson, Neil Peart e Geddy Lee. Rush em 1976, ostentando seu quimonos

Essas covers são todas feitas com um padrão fiel ao original, mas adicionando diversos novos elementos que incrementam as obras criadas pelo Rush, e já são uma boa para esse lançamento, mas ainda há mais no segundo CD. Afinal, retirada das tumbas de Massey Hall, em Toronto, temos aqui versões ao vivo para “2112” e “Something for Nothing”.

Em Massey Hall, o grupo fez três shows entre os dias 11 e 13 de junho, que foram registrados no já citado ao vivo All the World’s a Stage. Essas versões são diferentes das que aparecem no álbum duplo de 1976, e são complementadas pela raríssima versão ao vivo de “The Twilight Zone”, gravada em Contraband, 1977, sendo que esse, até onde se sabe, é o único registro dessa faixa ao vivo – pela história, a banda só a interpretou apenas duas vezes nos palcos. Fecha o segundo CD uma propaganda de rádio para promoção do disco.

Imagem do show do Capitol Theatre que está no DVD. Qualidade razoável, mas histórica

O DVD é outro presentaço para os seguidores do Rush. Nele, a uma apresentação do grupo no Capitol Theatre, em 1976, pouco depois do lançamento de 2112. Apesar da imagem ser em preto e branco e de qualidade razoável, esse registro histórico irá atiçar os olhos e principalmente, os ouvidos de quem assiste, já que a performance do trio é impecável, apresentando seis faixas: “Bastille Day”, “Anthem”, “Lakeside Park”, “2112”, “Fly By Night” e “In the Mood”. Como bônus, a um clipe da gravação de “Overture”, com Dave Grohl, Taylor Hawkins e Nick Raskulinecz, uma entrevista com o grupo Billy Talent, falando sobre a gravação de A Passage to Bangkok, e uma série de perguntas e respostas para Alex Lifeson e Terry Brown, produtor do disco, comentando sobre curiosidades e fatos ocorridos pré-durante e pós-gravação de 2112.

Skate-deck especial em comemoração aos 40 anos do álbum

Complementa esse lançamento um luxuoso encarte com 40 páginas conta a história do álbum, destrinchando a criação das seis faixas do álbum, apresentando citações de revistas da época e trazendo trechos de entrevistas com Alex Lifeson, Terry Brown, Hugh Syme, Jacob Moon, Taylor Hawkins, Steven Wilson, Nick Raskulinecz e Jerry Cantrell. Um detalhe é que das 40 páginas, apenas duas apresentam imagens da banda. Nas demais, 30 páginas são de muito texto e informações sobre esse grandioso álbum.

Quem quiser investir um pouco mais, a caixa foi lançada também somente em LP (triplo) e em uma versão Super Deluxe, com três LPs de 200 g (contendo as canções dos CDs e um lado apenas com uma imagem por Hugh Syme), embalados em encartes especiais, dois CDs, o DVD mais uma litografia com a versão original do Starman, uma litografia com o ingresso do show de Massey Hall, um folder de divulgação do show de Massey Hall e três buttons colecionáveis. Também foi lançado, de forma comemorativa, um skate-deck lembrando a capa original de 2112, onde você só precisa adicionar as rodas e sair guiando seu skate, além de camiseta e pôster comemorativo, os quais encontram-se na loja oficial da banda. Relativo a música em si, é um lançamento que com certeza tem que estar na prateleira dos fãs dos canadenses.

Contra-capa

Track list

CD 1

1. 2112
2. A Passage to Bangkok
3. The Twilight Zone
4. Lessons
5. Tears
6. Something for Nothing

CD 2

1. Solar Federation
2. Overture (Dave Grohl, Taylor Hawkins e Nick Raskulinecz)
3. A Passage To Bangkok (Billy Talent)
4. The Twilight Zone (Steven Wilson)
5. Tears (Alice in Chains)
6. Something for Nothing (Jacob Moon)
7. 2112
8. Something for Nothing
9. The Twilight Zone
10. 2112 1976 Radio AD

DVD

Live at Capitol Theatre 1976
1. Bastille Day
2. Anthem
3. Lakeside Park
4. 2112
5. Fly By Night
6. In the Mood

Bonus videos
Overture – Dave Grohl, Taylor Hawkins e Nick Raskulinecz

A Passage to Bangkok – Behind the Scenes with Billy Talent

2112 – 40 Years Closer (A Q & A with Alex Lifeson and Terry Brown)

 

4 comentários sobre “Rush – 2112 (40th Anniversary) [2016]

  1. Parabéns pela matéria. Mesmo gostando mais da fase oitentista, reconheço o valor dessa obra no reconhecimento e na consolidação da banda.

  2. Curioso que um ano atrás, a @consultoriarock tb tinha uma matéria do @rushtheband . Ontem Neil Peart, hoje 2112. Baita acaso.

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