Melhores de 2016: Por Bruno Marise

Melhores de 2016: Por Bruno Marise

Antes de citar meus 10 discos favoritos do ano, só gostaria de deixar claro que a minha lista é completamente pessoal e não tenho nenhuma intenção de citar os 10 discos mais importantes ou os melhores de 2016, até porque as imprensa especializada já fez isso. Por isso, deixo vocês com os álbuns que mais ouvi, que mais me impressionaram de alguma forma e me fizeram companhia no ano que passou. Um feliz 2017 a todos com muita música!


1- Michael Kiwanuka – Love & Hate

O disco de estreia do jovem soulman britânico era bastante promissor, com uma sonoridade predominantemente acústica pagando tributo a caras como Bill Withers. Mas é com Love & Hate que Kiwanuka se consagra de vez na música pop atual, unindo forças com o produtor Danger Mouse. A parceria trouxe uma musicalidade pesada, adicionando um wall of sound que não tínhamos presenciado no disco anterior, recheado de teclados, coral, quarteto de cordas e guitarra distorcida. Definitivamente um álbum que catapulta o artista ao rol de grandes nomes da música negra do século XXI.



2- Khemmis – Hunted

O Khemmis foi uma das maiores surpresas de 2015 com a estreia Absolution, uma injeção de ânimo na cena do doom metal. Ninguém esperava que eles lançariam a sequência menos de um ano depois e que a evolução seria tão grande. Hunted traz os mesmos elementos: Riffs musculosos, guitarras gêmeas e alternância entre vocais limpos e agressivos. Mas a evolução está nas canções. Os próprios membros assumiram o amor pelo hard setentista e rock n roll e geral e conseguem mesclar isso com o doom tradicional tornando o som mais palatável e dinâmico sem perder o peso característico. Olho nesses caras porque podem ser os novos gigantes da cena.



3- Tiger Army – V

Quase 10 anos após o último disco, o Tiger Army – basicamente um filho do compositor Nick 13 – volta com um trabalho que deixa de lado as influências de punk rock e chafurda no lado mais roots da banda, investindo no rockabilly, country e a fase áurea da Sun Records, tanto nas canções, quanto no timbre e instrumentação. É evidente o amadurecimento de 13 como compositor, e V é o melhor álbum de sua discografia.



4- Leonard Cohen – You Want It Darker

A despedida de Leonard Cohen foi premeditada, assim como a de Bowie. Incrivelmente, aos 82 anos e dizendo adeus ao mundo, o bardo canadense entregou um dos melhores álbuns de sua carreira, triste mas ao mesmo tempo reconfortante. A voz, já debilitada pela idade dá um charme ainda mais especial, e Cohen praticamente declama as letras, em cima dos arranjos de altíssimo bom gosto, cortesia de seu filho. Perdemos mais um dos gigantes, mas não sem antes ter esse presente que ele nos deixou. Obrigado por tudo, Leonard.



5- Angel Olsen – My Woman

Confesso que não conhecia o trabalho da Angel Olsen até esse ano, e a “aura” indie me afastava um pouco de sua música. Puro preconceito besta. Em The Woman, A jovem compositora mescla a urgência dos primeiros álbuns da PJ Harvey com arranjos eletrônicos e inúmeras outras influências que fazem de seu quarto disco uma daquelas obras de gênero inclassificável.



6- The Handsome Family – Unseen

Esse duo (e casal) de Chicago já tem uma longa carreira, mas acabou estourando recentemente com a faixa “Far From Any Road” sendo usada na abertura do seriado True Detective. Ao explorar a discografia, rapidamente se comprova que não é apenas mais um hit wonder. Após fugir um pouco do seu southern gothic nos últimos discos, apostando em uma abordagem mais leve, a Família Elegante voltou com o que faz de melhor em Unseen, com o vozeirão de Brett Sparks contando as histórias que permeiam as canções bucólicas e tristonhas da dupla, remetendo aos pântanos e bosques do sul dos EUA.



7- Brujeria – Pocho Aztlan

O Brujeria ter voltado a lançar música no mesmo ano que Donald Trump se elege presidente dos EUA parece ter sido calculado. Sem os riffs robóticos de Dino Canizares, mas com a expertise e fúria de Shane Embury, o grupo “mexicano” se afasta um pouco do som grooveado e aposta na pegada mais urgente do hardcore/grind. Apesar de a abordagem ser em grande parte sarcástica e divertida, em tempos como esse, ter o Brujeria na ativa é mais relevante do que nunca.



8- Volbeat – Seal The Deal and Let’s Boogie

A fórmula inusitada do Volbeat, mesclando riffs do Metallica com rockabilly, influências de Misfits e Social Distortion e uma inusitada sensibilidade pop foi surpreendente em um primeiro momento, mas parece ter cansado, principalmente a mídia especializada que praticamente ignorou o último lançamento dos dinamarqueses. Mas eu que sou fã da banda e tenho um fraco por uma boa combinação de melodia e peso ouvi a bolachinha até cansar. E convenhamos: A entrada de Rob Caggiano deu um up gigantesco nas linhas de guitarra e principalmente nos solos. Apesar de ter alguns elementos novos aqui e ali, a sonoridade é aquela mesma de sempre, mas o Volbeat entregou algumas de suas melhores canções em um dos melhores álbuns de hard rock do ano.



9- Red Fang – Only Ghosts

O Red Fang é uma banda que eu sempre quis gostar: Tinham os riffs, a atitude, o visual e os clipes absurdamente divertidos. Mas sempre faltava alguma coisa, e o mais importantes: Boas músicas. E Only Ghosts é um prato cheio delas. Agora os riffs gordurosos estão acompanhados de linhas vocais grudentos e melodias ganchudas. A produção mais cristalina de Ross Robinson também contribuiu, deixando todos os instrumentos perfeitamente audíveis – tente encontrar um som de baixo melhor que o desse disco em 2016 – sem prejudicar a sujeira característica da banda. Acima de qualquer rótulo o Red Fang é uma autêntica banda de rock pesado, e agora, das melhores.



10- Zakk Wylde – Book Of Shadows II

É muito bom ver o Zakk Wylde se distanciar um pouco da fórmula que ele mesmo criou no Black Label Society e mostrar o quanto ele é talentoso, não só tocando guitarra, mas como compositor, e agora também cantando. O nome já entrega: O disco é uma continuação do primeiro trabalho solo de Wylde, lançado em 1996, onde o músico abraça seu lado mais soft e baladeiro – ele é fã confesso de Elton John. Um ótima trilha sonora para uma viagem solitária, com 14 faixas de pura honestidade e amor à música.


Menções Honrosas:
Charles Bradley – Changes
Gojira – Magma
Metallica – Hardwired… To Self-Destruct
Mozes and The Firstborn – Great Pile Of Nothing
Testament – Brotherhood Of Snake
Vader – The Empire
Take Over and Destroy – Take Over and Destroy
Witherscape – Northern Sanctuary
Childish Gambino – “Awaken, My Love!” 
Exmortus – Ride Forth
Death Angel – The Evil Divide
Serpentine Dominion – Serpentine Dominion
Asphalt Graves – The New Primitive
Hyperion – Seraphical Euphony
Agoraphobic Nosebleed – Arc
Oceans Of Slumber – Winter
Fates Warning – Theories Of Flight
Killswitch Engage – Incarnate

7 comentários sobre “Melhores de 2016: Por Bruno Marise

  1. Acho demais essas listas, sempre acabo descobrindo algo novo que desperta minha curiosidade musical.

  2. Alguns nomes e descrições aí me deixaram instigados. O único que ouvi daí foi o Michael Kiwanuka, que achei bom, mas não tão bom quanto o primeiro. Vamos experimentá-las.
    Valeu Bruno, abraço!

  3. Lista diferente. O primeiro colocado é um baita disco, realmente. Depois, só o LC consegue ainda ter uma oportunidade nas vontades de audição. Impressionante como vários discos diferentes apareceram nas listas até agora. Praticamente impossível saber quem estará nos 10 mais na terça que vem

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