Por Thiago Reis
Ao longo de quase 20 anos de carreira, a banda Dancing Flame vem demonstrando que merece destaque no cenário nacional do hard/heavy. Alcançando destaque merecido desde o lançamento de seu segundo álbum, Carnival of Flames e contando com Emerson Mello e Leonardo Necas nas guitarras, Adriano Oliveira no vocal, Rafael Muniz no baixo e Bruno Martini na bateria, tivemos o prazer de entrevistar o guitarrista e fundador da banda, Emerson Mello que nos conta sobre as origens da banda, o feedback que vem recebendo do público e os planos futuros

Emerson Mello
Thiago Reis: Emerson, em primeiro lugar, obrigado pela oportunidade de entrevistá-lo. Conte-nos um pouco sobre a história da Dancing Flame.
Nós que agradecemos Thiago pela oportunidade. Quem nos acompanha à mais tempo sabe que começamos nossa carreira usando o nome Dirty Woman, inspirada na música homônima do Dr.Sin. Como surgiu uma banda com este mesmo nome no México em 2009 mudamos pra Dancing Flame. Desde o início a proposta da banda era transitar pelo hard rock e pelo heavy metal. A gente se define como uma banda de hard heavy.
O segundo álbum da banda, Carnival of Flames possui um grande salto de qualidade em termos de composição, produção, dentre outros fatores em comparação ao debut da banda (S/T), lançado em 2009. A que se deve essa grande evolução?
Em parte à evolução natural que toda banda sofre quando vai adquirindo experiência. As composições amadureceram, os arranjos amadureceram e tivemos mais recursos e mais tempo pra trabalhar na pré-produção, o que fez uma diferença enorme no resultado final.

Adriano Oliveira e Mark Boals
Em Carnival of Flames temos grandes destaques como Follow the Sun (com a participação de Mark Boals), “Higher Place”, “Fortress of Belief”, “Dry my Tears” (com a participação de D.C. Cooper) e “Life is Like a Wheel”. Como foi o processo de composição de tais músicas? Algumas das citadas acima já podem ser consideradas como clássicos da banda?
Depois de um tempo trabalhando juntos as coisas vão se encaixando e se definindo. Hoje em dia temos um processo de composição definido aonde vamos pegando as idéias que vão surgindo e dando forma através de riffs,solos e passagens até chegar a um formato aonde a estrutura instrumental da música está praticamente pronta.Depois disso gravamos a melodia da voz sem letra, no “embromation” mesmo. Aí já temos a cara de como vai soar a música. E aí sim vem a eltra. Normalmente é a última coisa que trabalhamos. Poucas vezes eu trabalhei o processo inverso, criar a música à partir da letra. Eu acho bem mais trabalhoso, mas eventualmente pode ocorrer.
Falando em participações especiais, como foi o contato com Mark Boals e D.C Cooper para a participação no álbum?
Quando surgiu esta ideia de colocar participações especiais queríamos vocalistas que a gente curtisse. Fizemos uma pequena lista e tentamos alguns nomes e conseguimos acertar com o Boals e com o Cooper. Basicamente o contato foi através da internet mesmo, skype e facebook. Mas com o Boals chegamos a ter contato quando ele tocou em São Paulo e pudemos conversar sobre a música.

O guitarrista em ação na cidade de Volta Redonda
Além dessas participações especiais, também tivemos um reforço de peso na arte do álbum, o grande Mark Wilkinson (Iron Maiden, Marillion, Judas Priest, entre outros). Conte-nos sobre o conceito da capa e também sobre o contato com esse grande artista.
Ter o Mark Wilkinson fazendo esta capa foi a realização de um sonho. Eu sempre fui fã daquelas capas clássicas do Marillion que pra mim sempre foram verdadeiras obras de arte. Já tínhamos criado o conceito da capa e entramos em contato com ele. Este tipo de profissional nunca dá a resposta antes de ver o conceito. Ele respondeu prontamente que seria um prazer fazer nossa capa. Imagina a alegria quando ele respondeu isto!(rsrsrs).

O segundo álbum da banda
Qual a importância de um evento como o Volta Redonda do Rock, do qual vocês participaram? É uma chance de divulgar o trabalho da banda em sua cidade natal?
Participar de evento deste porte é sempre importante. É o tipo de evento aonde se tem oportunidade de apresentar seu trabalho numa estrutura mais profissional e completa. Inclusive na edição do VR do Rock de 2014 tivemos oportunidade de abrir pro Tim Ripper Owens (ex-Judas Priest) e sendo que neste ano o headline foi Blaze Bailey (ex-Iron Maiden).
Na época do lançamento do álbum, vocês chegaram a fazer uma turnê completa? Está mais difícil trabalhar com o hard rock/metal atualmente? Qual o tipo de dificuldades que vocês encontram para realizarem shows em outras regiões do Brasil?
Estamos no meio de uma grave crise financeira em nosso país e obviamente isto afeta qualquer segmento. Não seria diferente com o segmento de entretenimento, música ou com o metal. Certamente o metal, por ser um estilo segmentado e não popular, sentiu mais. Entre 2015 e 2016 muitas casas de rock, algumas até tradicionais, fecharam. O cenário pra 2017 ainda é uma incógnita.

Dancing Flame no Aldeia Rock Festival. Da esquerda para a direita: Emerson Mello, Adriano Oliveira, Bruno Martini, Leonardo “Necas” e Rafael Muniz
O terceiro disco da banda está em fase de produção, o que você pode nos adiantar a respeito deste lançamento?
Acho que ele vai ter a melodia do primeiro e a produção e amadurecimento do segundo. Já temos o repertório definido e estamos trabalhando nele. O Carnival of Flames foi um álbum que teve uma repercussão muito boa em termos de crítica e público, então isto aumenta a responsabilidade de fazer um terceiro álbum no mínimo no mesmo nível. É uma pressão gostosa de se lidar, acabando sendo estimulante pois nos desafia a forçar nosso limite criativo.
Teremos alguma surpresa em relação a participações especiais?
Ainda não tem nada decidido sobre isto. Pra escolhermos alguém tem que ter identificação com a música, assim como fizemos com o Boals e o Cooper. Como ainda não temos as músicas totalmente fechadas tudo pode acontecer.
Se você pudesse escolher um vocalista estrangeiro e um brasileiro para participarem do álbum, quem você escolheria?
Seria fantástico ter o Geoff Tate em algumas das canções. Tem algumas músicas que acho que encaixam bem na voz dele. Nacional com certeza o João Luiz, ex-King Bird que está atualmente na Casa das Máquinas.
Quais são os anseios da banda Dancing Flame? O que vocês esperam alcançar com o lançamento do terceiro disco?
Consolidar o nome da banda no cenário e ter o reconhecimento do público. Iremos trabalhar pra isso.

Tributo ao Harppia
Recentemente vocês participaram de um tributo à banda Harppia. Nos conte como foi participar deste projeto e qual a abordagem que vocês escolheram para coverizar a música “Salém Cidade das Bruxas”.
Ficamos muito honrados de termos sido convidados para participar deste tributo, sendo que o Harppia é uma das bandas pioneiras do metal nacional e nós ainda tivemos o privilégio de regravar “Salém Cidade das Bruxas” que é o maior clássico deles e um dos maiores clássicos do metal nacional. O que mantivemos em mente quando fomos regravá-la era trazê-la para os dias sem descaracterizá-la, mantendo a melodia e o feeling da gravação original.
O que você acha das novas mídias digitais como spotify, deezer, entre outros? Ainda há espaço para a venda da mídia física? O que uma banda do underground como a Dancing Flame precisa fazer para se adaptar à nova realidade do mercado musical?
As mídias digitais estão aí, não são mais uma tendência, são uma realidade. Não se antenar à isso é um suicídio comercial pra uma banda nos dias de hoje. O mundo mudou e a forma de se relacionar com a música também mudou então as bandas tem que se adaptar. Para as bandas independentes a mídia digital é boa pois permite que qualquer um tenho acesso à sua música de qualquer lugar a qualquer hora que quiser. No passado era necessário a distribuição do material físico, que sempre foi muito caro. Em relação ao formato físico sempre vão ter as pessoas que curtem este formato. Nos shows a gente sempre tem gente querendo CDs. Mesmo que hoje este formato seja em menor número ainda tem gente que se interessa por ele.

Dancing Flame ao vivo
Obrigado mais uma vez pela entrevista e deixe um recado para os leitores da Consultoria do Rock.
Thiago agradecemos pela oportunidade e deixamos aqui um abraço para todos os seus leitores e aprovitem pra curtir nossa página e conhecer mais sobre a Dancing Flame!
https://www.facebook.com/dancingflameband/
Confesso que não conheço a banda, mas é sempre bom ver os sites brasileiros valorizando a música nacional. Parabéns Thiago!!! Mais uma bela entrevista para os leitores, mostrando além do conhecimento, talento para formular perguntas pertinentes, e não o clichê mais do mesmo de outros sites.
Muito obrigado, Mairon. Valeu pela força de sempre!! E vale a pena conhecer a banda mais profundamente! Abração!