Meshuggah – The Violent Sleep of Reason [2016]

Meshuggah – The Violent Sleep of Reason [2016]

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Por Alisson Caetano.

Para muitas bandas, é uma tarefa penosa manter-se relevante dentro do gênero que as próprias ajudaram a criar. O Meshuggah está nesta espécie de encruzilhada criativa desde o lançamento do seminal Nothing, disco que apontou novos horizontes para a música extrema feita de maneira técnica, dissonante e assimétrica, mais conhecido por djent.

De lá para cá vieram outros discos que chegaram muito próximos da qualidade daquele, como foi com o conceitual e perturbador Catch 33. Mas também chegaram muito mais próximos de tornarem-se apenas uma banda parodiando a si própria, caso dos irregulares obZen e Koloss que, se não necessariamente ruins, também não fazem muita coisa para refrescar o estilo Meshuggah de criar músicas.

Pois bem, onde se enquadra então The Violent Sleep Of Reason, este que já é o nono disco de estúdio oficial dos suecos? De maneira sucinta, pode-se dizer que ele está em um patamar de conforto criativo para a banda, e isto não é um demérito, como poderia parecer. Em seus últimos registros, a banda pareceu estar muito mais preocupada em renovar a sua fórmula com dinâmicas e métricas diferentes ou em intensificar sua escala de complexidade musical. Em ambos os casos, surgiram boas amostras sonoras, mas submersas em canções apenas medianas e que não instigavam o ouvinte a manter a atenção do som por mais que uma virada inesperada de bateria.

O que The Violent Sleep of Reason nos oferece é uma execução precisa, segura e bem dosada de todos os — podemos chamar neste caso — maneirismos que a banda criou e apresentou ao mundo nestes quase 30 anos de carreira. Nada está fora do lugar, nem nada está além daquilo que já estamos habituados. Jens Kidman canta da mesma forma que vem cantando há anos. Tomas Haake permanece aquele músico cirúrgico e imprevisível em seu kit de bateria. A dupla de guitarristas — Fredrik Thordendal e Mårten Hagström — continuam apresentando suas desenvolturas sincopadas guiadas por guitarras ultra processadas e muito uso das sétimas e oitavas cordas adicionais.

Ainda que aparentemente soe previsível de cabo a rabo, salva o disco o fato de a banda ter aprendido com os anos de experiência. Mais vale uma banda segura daquilo que faz do que uma banda com muita sede ao pote, sem planos bem estruturados do que fazer com tanto apetite. E por mais que pareca contraditório, isto é louvável vindo de uma banda que, a pouco mais de 10 anos, foi uma das mais importantes na renovação do metal progressivo e na criação de um subgênero próprio.

O tom orgânico e tangível das faixas também é notável por toda a duração do registro, e não por acaso ou truque de produção. Pela primeira vez em sua carreira, o Meshuggah optou por registrar suas canções de maneira ao vivo em estúdio. Isso não apenas intensifica o impacto das faixas, mas também faz com que acreditemos que aquela música é realmente possível de ser executada, algo que dificilmente ocorria anteriormente.

The Violent Sleep of Reason não desembarca no cenário metálico atual com grandes pretensões inovativas. Ele é apenas um disco consciente de sua previsibilidade, mas sem deixar que isso acomode os músicos em sua função de entregar músicas intensas, cativantes e intrigantes. E isso já é muita coisa.

Tracklist:

  1. Clockworks
  2. Born in Dissonance
  3. Monstrocity
  4. By the Ton
  5. Violent Sleep of Reason
  6. Ivory Tower
  7. Stifled
  8. Nostrum
  9. Our Rage Won’t Die
  10. Into Decay

Lineup:

Jens Kidman (vocais)

Fredrick Thordendal (guitarra)

Tomas Haake (bateria, letrista)

Mårten Hagström (guitarra)

Dick Lövgren (baixo)

meshuggah

8 comentários sobre “Meshuggah – The Violent Sleep of Reason [2016]

  1. Tá aí uma banda que eu nunca tive interesse em ouvir. Nem sei o motivo já que só ouço elogios sobre eles. Por qual disco devo começar?

    1. Ouve o Nothing remasterizado (com a capa azul). Depois vai ouvindo o restante. catch 33 e o Destroy Desse Improve são bons discos também.

          1. Esse é mais direto, por assim dizer, mas o Nothing é mais clássico.

  2. Banda ótima. ouvi principalmente Contradictions Collapse e o obZen (que há uma galera que malha esse disco, mas eu achei muito bom). Pela descrição do Alisson, acho que vou fácil nesse novo também.

  3. Banda de explodir cabeças…a estrutura da música é extremamente agressiva e hipnótica…recomendo ouvir com luz apagada e prestando muita atenção…a viagem é garantida rs r s rs
    Apesar de não ser inovador este último disco está bem legal

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