Na Caverna da Consultoria: Alisson Caetano

Na Caverna da Consultoria: Alisson Caetano
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Com uma cópia do clássico “Resto de Panela”, da dupla Alemão e Americano.

Por Mairon Machado

Participação de André Kaminski

As entrevistas com os Consultores estão chegando no fim. A partir de janeiro, leitores e nomes que ajudam indiretamente no site começarão a mostras suas histórias e coleções conosco. Antes disso, continuamos no Paraná, e agora, nos dirigimos para a parte norte do estado, onde acompanhados de pinhão assado e muita cerveja, visitamos nosso ex-estagiário Alisson Caetano, um dos talentos que uniu-se ao site pós-UOL Host’s Incident. Confira.


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Coleção de livros

1. Grande Alisson, penúltimo estagiário no site. O menino prodígio que trouxe novos ares musicais para a Consultoria. Obrigado por compartilhar sua história conosco. Por favor, apresente-se para os leitores.

Primeiramente, obrigado pelo convite. Nem sei se sou digno de entrevista, mas beleza, vamos ver o que sai. Meu nome completo é Alisson Caetano Neves, não tenho muita experiência de vida, até porque nem estou nela a tanto tempo assim. Tenho 21 anos e atualmente curso engenharia mecânica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Tenho origem no Norte Pioneiro do Paraná (Santo Antônio da Platina, para ser mais exato), mas atualmente moro em Cornélio Procópio. Sou consumidor compulsivo de música desde os 9 anos, quando tive meu primeiro contato relevante com a música, além de escrever sobre música de maneira descompromissada desde os 17.

2. Como você conheceu a Consultoria do Rock?

Eu acompanhava algumas matérias esporádicas lá do Whiplash. Esporádicas mesmo, pois eu sempre achei (e ainda acho) a grande maioria das matérias de lá uma completa porcaria. As únicas que curtia eram as da Collector’s Room e as entrevistas que o Ricardo Seelig levava com colecionadores. Não sei exatamente quando foi que descobri que a Collector’s e a Consultoria acabaram surgindo de uma mesma ideia, mas acabei chegando em algumas matérias da Consultoria e curti o que era publicado. Não sei dizer exatamente quando foi isso, mas sei que passei a ler com certa frequência o que a Consultoria publicava.

3. Como foi que você passou a colaborar com o site?

Eu já fazia alguns textos para um blog que eu mantinha sozinho. Não sei exatamente se foi o André, ou outra pessoa, que acabou vendo algum texto meu por lá (se não me falhe a memória, um texto com cinco recomendações de música eletrônica). Também não sei o que vocês viram de bom naquele texto – se fosse eu atualmente, nem teria publicado ele hahaha –, mas vocês acabaram curtindo. Foi então que o André mandou a proposta para eu colaborar com a Consultoria. O resto da história acho que você já deve saber.

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Biografias musicais

4. Você já tinha experiência em escrever anteriormente ou a Consultoria foi sua primeira experiência?

Eu comecei a escrever sobre música mais por distração e exercício mental. Era época de vestibular, então eu achei que seria uma boa não apenas praticar com temas de vestibular, mas também com temas com os quais estava mais habituado. A ideia foi ficando cada vez mais interessante e alguns amigos foram cada vez mais me incentivando a publicar estes textos. Nessa loucura toda eu acabei montando um blog, mesmo sem saber direito o que fazer com aquilo hahaha. A The Freak Zine (que era um nome que eu sempre odiei) foi meu xodó por um longo tempo, mesmo tendo poucos acessos. Era só um jeito que arrumei para passar o tempo (uns jogam LOL, outros transam, eu ouvia música e escrevia). Tanto que meus primeiros textos nem tinham um caráter autoral, eram todos meio copiados de outros caras que eu gostava de ler (principalmente os textos do Ricardo). Antes disso as únicas coisas que escrevia eram trabalhos para a escola e para o curso técnico que eu fazia, ou seja, nada relacionado a artes nem coisa do tipo.

5. Qual a matéria que você mais gostou de fazer para o site?

Provavelmente é a que estou finalizando agora, que é a Discografia Comentada do Lou Reed. Críticas sobre discos são bacanas de escrever, mas são opiniões “do momento”, e também são textos mais fáceis de serem feitos. Quando eu escrevo um texto mais complexo, como é comentar a discografia inteira de um artista, isso te exige mais de algo que você sente prazer em fazer, então a coisa só fica mais interessante. Acabei trazendo para eles não apenas minhas impressões gerais sobre os discos, mas também relatos e entrevistas do Lou e de pessoas que viveram com ele no período. Foi um verdadeiro prazer ir a fundo na trajetória dele para montar a matéria. Então por isso eu diria que é a Discografia Comentada do Lou Reed, seguido bem de perto pela do ZZ Top, minha banda favorita de sempre.

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Alguns livros de terror

6. Você certamente é um dos consultores mais versáteis da Consultoria do Rock, indo muito além de ouvir apenas esse estilo. Quais os principais estilos além do rock que você curte, e como surgiu essa adaptação sonora em sua formação?

Acho que acabo ouvindo de tudo, sem limitações. Tem horas que me pego ouvindo uns absurdos que nunca me imaginei ouvir algum dia, inclusive. O que mais muda comigo são os momentos. Tem horas que eu acabo só ouvindo doom metal inglês, outras horas eu quero ouvir só neofolk, outras eu fico um fim de semana inteiro pesquisando sobre música folk de todo país possível, e por aí vai. Agora essa questão da adaptação sonora eu não sei dizer. Nunca ninguém me influenciou a ser eclético nem nada. Na minha família mesmo ninguém me influenciou a ouvir música. Eu até arriscaria dizer que eu ter essa “versatilidade” de estilos é algo muito mais natural do meio jeito de ser do que um exercício que fui praticando com o passar dos anos.

7. Você também é um assíduo participante das listas de Melhores de Todos os Tempos. Qual a sua percepção sobre esse tipo de matéria com vários colaboradores?

Sendo bem sincero, as listas dão uma vergonha desgraçada de ver o resultado final hahaha. Mas brincadeiras à parte, acho que hoje a lista tomou um caráter muito mais de brincadeira interna do que algo que deva ser levado a ferro e fogo, como alguns leitores acabam fazendo. Eu, no começo, criticava bastante os absurdos que pintavam. Mas com o tempo, fui vendo que, se eu fosse levar como critério de seleção apenas discos significativamente importantes, teria de mudar muita coisa nas minhas listas, então eu desencanei e entrei na brincadeira.

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Watchmen e The Dark Knight, as duas mais importantes graphic novels de todos os tempos. Abaixo, alguns clássicos de Alan Moore

8. Outra seção que você participa efusivamente é o War Room. Considero essa seção uma nostálgica lembrança de um passado, quando sentávamos com amigos e ouvíamos um disco na lata. Você acha que os blogs e sites de música de hoje em dia auxiliam a romper esse horizonte distante que é a relação afetiva entre as pessoas que curtem o mesmo estilo musical?

Eu acho que os blogs, acima de tudo, deram voz a muitas pessoas para que elas apresentassem os seus gostos pessoais e suas preferências de uma maneira muito mais ágil e com um maior alcance (e isso para o bem e para o mal, pois o tanto de gente escrevendo asneira internet afora é incrível). Bem similar ao que ocorria antigamente (o meu antigamente é dos anos 90/00, ou seja, a uns anos atrás), quando um amigo chegava em casa com uma coletânea que ele tinha acabado de gravar na casa dele para a gente ouvir junto e jogar conversa fora. Ainda que a proporção seja diferente, pois você está criando uma conexão com alguém que você nunca viu pessoalmente, há uma relação direta, e isso é bom e gosto bastante de como tudo isso evoluiu. Isso inclusive fez com que eu me sentisse menos solitário quanto aos meus gostos, pois, para alguém que viveu durante os anos 80, 90 enquanto gostava de metal extremo e música experimental, achar pessoas com os mesmos gostos deveria ser uma verdadeira saga. Hoje em dia é muito mais fácil, acredito.

9. No geral, o que você caracteriza como principal característica do Consultoria do Rock, que o torna um diferencial nos demais sites de música?

Acredito que o esforço conjunto da galera em entregar um material digno seja a principal característica. É fácil achar por aí blogueiros (odeio esse termo, mas não achei outro melhor) com alguma ideia bacana, mas sem empenho. Aqui na Consultoria, pelo menos durante o período que estou tendo contato com o pessoal, parece haver bastante esforço de todo mundo em cumprir com as metas mensais e entregar textos com variedade.

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Livros da turma da Mônica e Saga.

10. Você sempre afirmou não ser um colecionador de discos, mas por outro lado, é um conhecedor nato sobre música. Posso afirmar que você é um defensor de canais de download de música?

Lisonjeiro de sua parte :3

Mas sou e não sou defensor dos downloads, e explico minha posição. Não é todo mundo que pode arcar com os custos de um CD de sua banda favorita, quem dirá um LP, então. E termos financeiros não devem ser um critério para julgar uma pessoa como mais ou menos conhecedora de música. Se o download de discos for a única forma que a pessoa tem para consumir as músicas de seu artista favorito, não há problema. Há os patetas que dizem que os sites de downloads são uma forma de “democratizar a cultura”, a maior besteira que já ouvi na vida. Mas de maneira sucinta, eu nunca vi problemas em uma pessoa que baixa discos por não ter condições de comprar música a preços nada acessíveis atualmente. Ajudar uma banda comprando seu disco é bacana. Ir em shows e comprar o material dos caras, melhor ainda. Mas se não é sua situação no momento, duvido que alguma banda ficará furiosa caso você seja fã mesmo sem ter o material deles (a não ser que os caras sejam extremamente cuzões, mas aí são eles que não merecem seu carinho).

11. Algum dia quando considerar suas condições financeiras favoráveis, pretende iniciar uma coleção em mídia física ou permanecerá focado no digital?

Se meu sonho de tornar-me um engenheiro bem sucedido e opressor se tornarem realidades, certamente terei mais discos quanto forem possíveis. Mas apenas discos de vinil mesmo. Acho que o formato físico do CD não é tão atraente quanto o bolachão.

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One-Punch Man

12. Qual a sua opinião sobre o atual cenário musical no quesito “formas de lançamentos”, já que inclusive o cassete tem voltado com força nos últimos meses.

Ainda vejo pouca criatividade por parte da grande maioria das gravadoras. Por ser naturalmente uma mídia cara, pois ela demanda mais custos com produção, era de se esperar que, junto com apenas um pedaço de plástico com músicas gravadas, ela viesse com atrativos extras. Inflar os custos dos vinis prensados atualmente só por ter se tornado a moda do momento não me parece algo saudável. Por outro lado, algumas bandas e gravadoras, tem feito trabalhos bem bacanas, criando verdadeiras obras de artes e oferecendo aos consumidores itens diferenciados, como capas variantes, embalagens criativas e mais uma infinidade de outros formatos. Ainda há um longo caminho para as gravadoras percorrerem se elas realmente quiserem reacender o interesse do público geral por formatos físicos, de qualquer forma.

13. Como é a cena local do rock aí na região do Norte Pioneiro do Paraná?

Existem algumas bandas surgidas aqui do norte do Paraná. O próprio Terra Celta, que tem tomado uma projeção bem interessante pelo Brasil (apesar de eu achar chato) é daqui da região norte do estado, Londrina para ser mais exato. Mas ainda acho que é pouca coisa para eu considerar uma “cena”. Mas também não posso falar com tamanha propriedade, pois não costumo pesquisar bandas por local de origem, aí acabo sabendo de poucas bandas daqui de perto.

Pérolas da Marvel
Gotham DPGC e algumas graphics do cabeça de teia.

14. Como você faz para atualizar-se sobre música nos dias de hoje, já que dentro do site, você talvez seja o principal “fornecedor” de lançamentos.

Eu acabo pesquisando coisas novas todo dia. Para me informar de lançamentos eu uso dos meus meios hahaha. O principal deles ainda é a troca de informações com amigos. Participo de um grupo no Facebook chamado “Rate Your Music – Brasil”, onde já fiz várias amizades e, entre os participantes, há uma troca muito saudável de informação sobre música de todo estilo possível, especialmente os lançamentos. Agora com relação a sites e blogs, eu tenho os que acompanho todo dia. Os principais são: The Quietus, que tem um ritmo de publicação muito bom e dá para descobrir muito disco bacana por lá; a Cvlt Nation, que foi o meu substituto gringo para o Intervalo Banguer (R.I.P. IB), já que o site é minha principal fonte para descobrir música podre e satânica underground, fora as entrevistas animais com artistas que realmente importam (para mim); a Metal Sucks, que divulga informações e reviews sobre metal de uma maneira bem humorada, e o canal do Anthony Fantano no YouTube, The Needle Drop, onde o cara faz reviews de todo tipo de lançamento com propriedade e bom humor. Há outros tantos, como o Angry Metal Guy, o Heavy Blog is Heavy e a Metal Hammer (apesar de achar que a qualidade geral da revista tenha decaído bastante).

15. Seguindo essa linha, nossos consultores mais antigos o veem como uma espécie de guardião de uma nova geração de artistas, defendendo estes com tanto vigor como se defendesse velhos baluartes da música. Você considera que a música atual é melhor que a antiga?

Dizer que tal época é melhor que outra época é meio exagerado – tanto para um lado quanto para o outro. O que acontece comigo é que não vejo com tamanha apatia o atual cenário musical como muitos aqui do site veem. Até pelo contrário, muitos discos dessa nova geração simplesmente me deixaram embasbacado com a sua riqueza, inovação e qualidade gerais, tão bons e impactantes quanto qualquer disco de uma banda grande dos anos 70, que as vezes nem é tão boa assim, só deu a sorte de ser lançado nos anos 70 e a galera hoje em dia resolveu pegar ele para clássico ou cult.

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Clássicos em geral

16. Qual artista atual você considera que poderá ter uma influência / nome tão consagrado como dinossauros no nível de Led Zeppelin, Stones, Beatles entre outros.

Isso é uma pergunta muito difícil de responder. Na própria época dos Stones, muita gente ainda se dividia sobre a real importância daqueles caras. O responsável por responder essa pergunta é unicamente o tempo. Mas se fosse para citar alguém, seria o Kendrick Lamar. O que o rapaz tem apresentado em sua carreira solo é de uma beleza e inovações absurdas, coisa que não existia antes dentro do hip hop.

17. Algumas vezes nos passa a impressão que anda se afastando de sonoridades do rock e se aproximando mais de sonoridades eletrônicas e do hip hop. Isso é verdadeiro?

É um pouco verdade. O que acontece é que no atual momento, não é rock que tem me surpreendido com lançamentos inteligentes, cativantes ou inovadores. Quem tomou a dianteira nesse sentido é o hip hop, que a cada ano que se passa, vem se desenvolvendo cada vez mais em particularidades cada vez mais interessantes de ser desvendadas.
Não vou dizer que o rock está morto nem nada do tipo (até por que alguns subgêneros do rock e do metal tem mostrado um desenvolvimento muito forte também). Mas quem tem se mostrado mais vívido e com vontade de mostrar serviço em termos de inovação, esse é o hip hop.

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Literatura e estudos

18. Como você organiza seu dia a dia para ouvir música? É um hábito comum ou apenas um hobbie de fim de semana?

Na verdade, não me organizo. Tirando os horários de aula, eu sempre estou escutando alguma coisa, nem que seja por puro escapismo e distração. Mas frequentemente eu separo o sábado à tarde para me dedicar com mais afinco a um disco, e os domingos para pesquisar coisas novas e lançamentos.

19. Qual é o papel da crítica musical profissional em tempos onde qualquer pessoa pode montar um blog e sair distribuindo notas e falando o que lhes vem à cabeça?

A crítica atualmente parece ter perdido um pouco o propósito. Antigamente existiam grandes nomes da crítica musical e cinematográfica, e o papel daqueles caras era mais bem definido. Eles tinham como função definir boas dicas de discos e filmes para o público em geral, que não tinha acesso rápido à informação como acontece atualmente. O papel desses caras era tão grande que a opinião de um deles poderia sacramentar o fracasso comercial de um disco ou filme facilmente. Hoje isso parece ter se perdido, pois a informação muitas vezes chega até mesmo antes para o público que para os críticos profissionais. Isso talvez ajudou as pessoas a criarem suas próprias conclusões. É claro que ainda existem pessoas de influência no meio, mas ao meu ver, isso parece ter diminuído bastante.

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CDs

20. Existe algum aspecto em particular dentro de alguma música que faça você se afastar na mesma hora? Por exemplo: você ouve algo em uma música e já não gosta dela por causa daquilo.

A técnica extrema sem motivo é disparado algo que me irrita muito em uma música. Muitas bandas parecem estar mais preocupadas em gravar vídeo-aulas de guitarra do que em compor música agradável. Outro aspecto, mas que as vezes eu ainda tolero, é a de produções ultra-digitais fora de contexto. As vezes prefiro uma produção simples e tosca do que uma produção ultra esmerada e detalhista. Me parece mais sincero e autêntico, muitas vezes.

21. Ao mesmo tempo, você acha que a letra é importante em uma canção? Pergunto isso por que sei que você é um apreciador de rap e hip hop, estilos no qual a letra é fundamental, mas como a maioria dos artistas são internacionais e utilizam o inglês, muitos acabam nem sabendo o que está sendo dito.

Existem músicas que a letra não quer dizer absolutamente nada. Outras vezes é até preferível não sabermos o que a letra está dizendo. Mas no geral, costumo encarar os vocais como uma espécie de instrumento. Como o vocalista encaixa seu tom de voz e se a métrica das letras está combinando com os instrumentos é o que mais me chama a atenção. Mas em estilos como o rap/hip-hop ou em bandas que possuem um teor lírico mais profundo, acabo me atentando ao que o artista tem a me dizer. Isso muitas vezes acaba até intensificando o impacto daquela música. É uma pena meu inglês ser muito básico. Caso contrário as letras das músicas seriam um aspecto que não deixaria passar.

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Discos em geral

22. Muito se fala na qualidade da produção de um disco influenciar em sua qualidade geral. Você se incomoda com uma produção “ruim”? Acha que é possível passar por cima de detalhes de produção e apreciar as composições sem maiores problemas?

Cada gênero tem seu estilo de produção. O black metal tem um estilo de produção que simplesmente não casaria em nada com um disco da New Wave of British Heavy Metal. Eu costumo ter discernimento e saber entender o que é uma produção intencionalmente simples ou quando a banda viajou legal e não soube traduzir em estúdio o que queria em termos de som. Mas é muito raro quando uma produção me faz desgostar completamente de um disco. Acho que é preciso que a produção seja horrível para isto acontecer.

23. É inegável que gosto não se discute, e que cada um tem o seu. Porém, também não dá para se discutir que gostos mudam com o passar do tempo, e isso é geral. No caso da música, álbuns que foram limados quando de seus lançamentos hoje começam a receber status de “Discos de cabeceira” entre fãs e críticos musicais. Você recentemente nos mostrou a discografia de Lou Reed, e ele é um dos artistas que talvez mais tenha sofrido desse pensamento. Na sua opinião, por que álbuns como X-Factor, Come Taste the Band, Never Say Die!, Metal Machine Music, entre outros, vem ganhando cada vez mais apreço na medida que estão envelhecendo junto com aqueles que os ouviram pela primeira vez? Ou são os novos ouvintes que estão mais abertos a conhecer um disco que é considerado “diferente”?

É aquela questão do tempo, que comentei acima. Muitas vezes o público, na época do lançamento de uma obra, não estava preparado para a mudança de paradigmas que um disco tinha a apresentar. Foi o que aconteceu com Velvet Underground & Nico, que precisou de anos para que as pessoas reconhecessem a magnitude das ideias contidas ali. Em casos menores, o tempo só fez o favor de amenizar os ânimos e mostrar que determinado disco não era tão ruim quanto pareceu em primeiro momento (o The X Factor é um exemplo disso). Mas aí tem casos que o disco é ruim pra cacete mesmo e o tempo não faz milagre (Hot Space e St. Anger, por exemplo). Quanto ao público, acredito sim que a nova geração tem se mostrado aberta a ideias diferentes e experimentações, basta ver o fascínio por bandas com propostas sonoras realmente transgressoras. Mas também não posso falar com total conhecimento de causa, pois não sei como eram as coisas nas décadas passadas.

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Celebration Day na versão DELUXE

24. Pô, não fala mal do Hot Space. Discaço!! Mudando de assunto para não criar brigas, há duas semanas entrevistamos André Kaminski, que nos comentou sobre a forte cena rock na cidade de Guarapuava. Cornélio Procópio também mantém essa tradição roqueira?

Não hahaha. Na verdade, a região toda por aqui não tem tradição no rock, nem nada. Você ainda pode encontrar alguns bares temáticos em Londrina, que é a capital do norte do estado, por assim dizer, mas nada realmente relevante ou que aponte uma cena rock. São só bares que alguns moleques tocam covers irrelevantes aos fins de semana. Me sinto um pouco triste por esta falta de incentivo à cultura que a região por aqui sofre. Por se tratar de uma cidade universitária (aqui em Cornélio temos uma universidade federal, uma estadual e algumas particulares), acredito que a cidade merecia mais incentivo desse tipo. Para ter uma ideia, nem um cinema a cidade possui.

25. Você tem experiência em shows? Se sim, quantos já foi e quais os mais marcantes?

Minha experiência com shows é parca. A grana é curta, então ir em shows ou festivais é uma tarefa quase impossível quando se é um estudante pobre e fodido hahaha. Para não dizer que nunca fui em shows, compareci em um cover do Pink Floyd no finado Clube do Vinil — antes em Santa Bárbara D’Oeste, atualmente em Americana –, e em um show do Exodus em Limeira no começo desse ano. Colei nem sei por quê. Nunca fui um fã de Exodus e preferia que o show fosse com o Rob Dukes. Fui porque o preço estava em conta e tenho vários parentes que moram ali no interior de SP, então foi fácil chegar no local.

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Um pouco de AC/DC

26. Vamos falar um pouco sobre o que o levou para a Consultoria. Como foi a sua formação musical?

Lembro do meu primeiro contato realmente marcante com música. Foi aos 9 anos. Meu pai chegou em casa com um CD para eu ouvir, me disse que era música bacana. Peguei ele e coloquei pra rolar naqueles 3×1 enormes da aiwa. Eu não entendi muito bem o que era “(I Can’t Get No) Satisfacion” na primeira vez que a ouvi. Tinham uns sons estranhos de guitarra que nunca tinha ouvido antes, e o vocalista parecia mal, mas por algum motivo, gostei muito daquilo. Depois daquele dia, devo ter ouvido aquela compilação dos Stones até que o disco parasse de funcionar, sempre encantado com o poder de músicas que ainda julgo de poder fulminante, como “Jumpin’ Jack Flash” e “Dandelion”.

27. Com quantos anos você comprou seu primeiro disco, e qual foi? Você ainda tem ele?

Comprei meu primeiro CD com 14 anos, em Santa Bárbara D’Oeste, e ainda tenho ele em perfeito estado. Fui ao shopping com meu primo — que na época manjava mais de música que eu — para dar uma volta, e acabamos parando numa loja de departamentos famosa (sem merchan) para eu comprar um CD. Eu disse que queria algum disco do Iron Maiden (naquele tempo eu já ouvia metal), e as únicas opções foram o The X Factor e o Virtual XI. Ele me incentivou a comprar o primeiro, e posso dizer que não me arrependi de ter seguido o conselho dele. Comprei outros dois CD’s naquela ocasião, mas que não me orgulho muito de ter feito o investimento. Foram uma compilação do Capital Inicial e o Radio Pirata Ao Vivo do RPM.

Primeiro disco da (curta) coleção: The X Factor, do Iron Maiden.
Primeiro disco da (curta) coleção: The X Factor, do Iron Maiden.

28. Você chegou a ter uma coleção ou apenas decidiu adquirir aquilo que achava necessário?

Nunca tive uma coleção e sequer cogitei comprar aquilo que julgava necessário. Nunca cheguei a ter condições de poder comprar discos, nem nada. Os poucos que tenho hoje em dia vieram de presente e alguns que comprei durante o período que trabalhava, e que não chegam a ocupar uma prateleira na estante de casa.

29. Quais os motivos que o fizeram a não pensar em ser um colecionista material.

Motivos puramente financeiros. Talvez um dia eu pense em começar a comprar discos e CD’s, mas enquanto os preços estiverem abusivos e a qualidade geral do produto permanecer precária, me manterei consumindo música unicamente por meios digitais.

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A caixa Big 4 e Death Magnetic em versão Deluxe.

30. Ao mesmo tempo, quantos arquivos (em termos de GB) você tem no HD? Quais artistas/estilos predominam?

Atualmente eu não tenho baixado discos com frequência. Por estar usando o Spotify, quase tudo aquilo que procuro eu acho por lá. O que não acho que acaba fazendo o tamanho de arquivos no HD aumentar. O que mais predomina no HD, neste caso, são alguns artistas folk e de música clássica que não tem em quase nenhum canto da internet, alguns discos da carreira do John Zorn, que também é um trabalho descomunal para encontrar e, claro, daqueles artistas que não tem em serviços de streaming, caso do Neil Young, Prince, Dr. Dre e alguns vários discos do Boris. Para a surpresa de alguns, nenhum estilo predomina sobre o outro, nem mesmo o rock. Se abusar, tenho mais discos de jazz e folk do que de rock salvos no HD.

31. Você já teve a oportunidade de conhecer algum artista famoso? Se sim, conte-nos fatos curiosos relacionados a isso.

É das tristezas que tenho na vida. Nunca tive a chance de conhecer alguns dos meus artistas preferidos. Mas tenho esperanças de conhecer o Billy Gibbons e o Scott Kelly pessoalmente ainda.

32. Musicalmente, o que todo mundo gosta e você não consegue gostar? O que só você gosta?

Toda a safra glam metal oitentista. Para mim, é música mais escapista e superficial que eu poderia suportar. Kiss também é outro exemplo. Gosto de umas músicas, mas no geral é um saco ouvir. De coisas mais recentes, essa nova safra de bandas de blackgaze – Deafheaven, por exemplo – são vistos como a grande novidade do momento, mas para mim é uma coisa muito sem substância. Ah, e Baroness, que mais me parece um sub-Mastodon com capas de discos maravilhosas.
O que eu gosto e geral não curte é mais difícil de responder. A fase inicial do Anathema, talvez, um death/doom maravilhoso, que é desprezada por geral, enquanto eu acho a fase atual da banda um saco. Mas acho que o exemplo mais óbvio, no meu caso, é o nu-metal. Como eu cresci ouvindo todas aquelas bandas, guardo um carinho especial por elas. Reconheço que muitas são uma atrocidade, mas gosto delas mesmo assim.

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Esperava encontrar este disco na coleção do Alisson?

33. No seu facebook, vemos que você também é um apreciador de livros, HQ’s e claro, como a maioria dos consultores, cerveja. Dentre os livros e HQ’s, você faz coleção de algum nicho específico ou apenas adquire o material que lhe interessa?

Eu vou adquirindo o que mais vai me chamando a atenção. Costumo acompanhar alguns reviews sobre lançamentos e aquelas que vão me interessando eu acabo comprando (na medida do possível, claro).
O que mais tem me chamado atenção atualmente são as HQ’s mais adultas da Vertigo e da Image, principalmente Saga e Monstro do Pântano pelo Alan Moore. Mas ultimamente tenho me interessado por One Punch Man, mesmo sem nunca ter sido fã de mangás. Fora isso, tenho as que considero “Pedras Fundamentais”, caso de Watchmen, From Hell e The Dark Knights, algumas das histórias que explodiram minha mente e mudaram minha vida.
Já com relação a romances, eu tenho me interessado mais por literatura estrangeira. Terminei de ler Moby Dick, que tinha comprado fazia anos e nunca tinha terminado de ler, e devo deixar registrado aqui que todos deveriam ler isto antes de morrer. Outras que chamam minha atenção são as ficções científicas e as que pegam mais pesado em análises psicológicas e estudo de personagem. Eça de Queiroz e Franz Kafka são os grandes mestres nisto para mim.

34. Quantos livros e HQ’s você tem?

Alguns livros ainda estão na casa dos meus pais, em Santo Antônio. Aqui comigo tenho só uns 50 títulos, entre HQ’s, romances, biografias, dentre outros. Isso que não estou contando um armário enorme cheio de livros didáticos que tenho na casa dos meus pais e que estou procurando um destino para doação (se algum leitor tiver interesse, só chamar kkkk).

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Mais discos em geral

35. Já que citei a cerveja, qual o acompanhamento ideal para ouvir música?

Via de regra, a única coisa que tomo enquanto escuto música é o café. Sábados e domingos, que eram para ser meus períodos de descanso, acabo usando apenas para estudar, então não dá para tomar aquela Glacial gelada hahaha. Mas se fosse para fazer algumas ornamentações, seriam as seguintes:

• Se o momento for mais gourmet, dia frio, cachecol e blusa cacharrel, um chá verde e neofolk alemão na área de leitura de alguma livraria vão bem;
• Vibe trevosa, iminência de cultos satânicos e encontro de corpse paint: vá de vinho tinto e Gorgoroth (imite a pose do Gaahl com a taça de vinho);
• Felicidade, acabou de passar no concurso público, vá de grindcore e uma boa pinga Corote;
• Não está em vibe alguma, só quer ficar pensando na vida até altas horas da madrugada: copo d’água e qualquer disco de drone;
• Ornamentações com cerveja geralmente funcionam se for música de fundo, então fica a gosto do ouvinte escolher a trilha sonora.

36. Quais os dez melhores discos da década de 60?

Antes, alguns discos dos anos 50 que merecem menção:

Frank Sinatra – In the Wee Small Hours [1955]
Ramblin’ Jack Elliott – Jack Takes the Floor [1958]
Johnny Cash – With His Hot and Blue Guitar! [1957]
Miles Davis – Kind of Blue [1959]
Ornette Coleman – The Shape of Jazz to Come [1959]
Joan Baez – Joan Baez [1960]

As primeiras posições são os que considero os melhores de cada década. A partir dele, estão em ordem de lançamento. Vou citar apenas um por banda para não ficar repetitivo:

Charles Mingus – The Black Saint and the Sinner Lady [1963]

Eric Dolphy – Out to Lunch [1964]
Beatles – Help! [1965]
John Fahey – The Transfiguration of Blind Joe Death [1965]
Shivkumar Sharma, Brij Bhushan Kabra & Hariprasad Chaurasia – Call of the Valley [1968]
The Velvet Underground – White Light / White Heat [1968]
Mississippi Fred McDowell – I Do Not Play No Rock n’ Roll [1969]
Frank Zappa – Hot Rats [1969]
Neil Young – Everybody Knows This is Nowhere [1969]
Scott Walker – Scott 4 [1969]

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Os 300 de Esparta, clássico do Frank Miller.

37. Quais os dez melhores discos da década de 70?

Joy Division – Unknown Pleasures [1979]
Led Zeppelin – Physical Graffiti [1971]
Black Sabbath – Vol. 4 [1972]
Lou Reed – Berlin [1973]
ZZ Top – Tres Hombres [1973]
Tom Waits – Closing Time [1973]
Tangerine Dream – Phaedra [1974]
David Bowie – Station To Station [1976]
Parliament – Funkentelechy vs. The Placebo Syndrome [1977]
Pink Floyd – Meddle [1979]

38. Quais os dez melhores discos da década de 80?

Swans – Filth [1983]
ZZ Top – Eliminator [1983]
Celtic Frost – To Mega Therion [1985]
Tom Waits – Rain Dogs [1985]
Beastie Boys – Licensed to Ill [1986]
Metallica – Master of Puppets [1986]
Nick Cave & The Bad Seeds – Your Funeral… My Trial [1986]
Coroner – No More Color [1988]
Nirvana – Bleach [1989]
Godflesh – Streetcleaner [1989]

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Alguns quadrinhos

39. Quais os dez melhores discos da década de 90?

Me perdoe, mas eu preciso quebrar o protocolo aqui. Citar só dez discos nos anos 90 é covardia.

Neurosis – Through Silver in Blood [1996]
Nirvana – Nevermind [1991]
Soundgarden – Badmotorfinger [1991]
Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky [1992]
Dr. Dre – The Chronic [1992]
Incantation – Mortal Throne of Nazarene [1994]
Elliott Smith – Elliott Smith [1995]
DJ Shadow – Endtroducing…. [1996]
Swans – Soundtracks for the Blind [1996]
Björk – Homogenic [1997]
Gorguts – Obscura [1998]
Refused – The Shape of Punk to Come [1998]
Slipknot – Slipknot [1999]
Electric Wizard – Dopethrone [2000]
Ulver – Perdition City [2000]

On Air: Live at the BBC Volume 2, dos Fab Four.

40. Quais os dez melhores discos dos anos 2000 (de 2001 até agora)?

Earth – The Bees Made Honey in the Lion’s Skull [2008]
Radiohead – Amnesiac [2001]
Sonic Youth – Murray Street [2002]
Godspeed You! Black Emperor – Yanqui U.X.O. [2002]
Isis – Oceanic [2002]
Sleep – Dopesmoker [2003]
Mastodon – Leviathan [2004]
Sunn O))) – Black One [2005]
St. Vincent – Strange Mercy [2011]
Freddie Gibbs & Madlib – Piñata [2014]
Swans – To Be Kind [2014]
Aphex Twin – Syro [2014]
Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly [2015]
Wino & Cony Ochs – Freedom Conspiracy [2015]
Death Grips – The Powers That B [2015]

Que fique claro que essa lista mudou várias vezes e no momento que vocês leem, eu estou me penitenciando por ter deixado algum outro disco de fora.

41. Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta.

Não necessariamente seriam os dez primeiros de cada década, e também entrariam alguns discos ao vivo na lista.

Earth – The Bees Made Honey In the Lion’s Skull [2008]
Neurosis – Through Silver in Blood [1996]
Swans – Swans Are Dead [1998]
Neil Young – Weld [1991]
Charles Mingus – The Black Saint & The Sinner Lady [1963]
Godspeed You! Black Emperor – Yanqui U.X.O. [2001]
Electric Wizard – Dopethrone [2000]
DJ Shadow – Endtroducing…. [1996]
Björk – Homogenic [1997]
Gorguts – Obscura [1998]

42. Cite dez itens que deveria ter nessa ilha deserta para completar o prazer de estar com esses dez discos.

1. Um bom toca-discos;
2. Uma boa poltrona;
3. Um belo par de fones de ouvido;
4. Charutos cubanos à vontade;
5. Cerveja de trigo à vontade;
6. Acesso à internet;
7. A companhia da mulher da minha vida (que eu ainda não tenho);
8. Uma cama king size;
9. Estoque infinito de pizza de calabresa;
10. Minhas HQ’s favoritas;

E que ninguém saiba onde fica essa ilha, para não correr o risco de alguém ir até lá para encher o meu saco.

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Grandes lançamentos dos anos 2000, na opinião de Alisson: Jack White e The Strokes

43. Alguma coisa mais que gostaria de passar para nossos leitores?

Espero que tenham curtido minha curta e entediante experiência de vida.

Levem a vida menos a sério. Vejo muitas pessoas brigando e perdendo amizades por pouca coisa – música, por exemplo. Essa é uma das expressões artísticas mais incríveis que o homem teve a capacidade de criar. Então que tal apenas curtirmos boa música numa boa, respeitar os gostos alheios sem criar intrigas desnecessárias? A vida é muito curta para cultivarmos ódio e desafetos sem necessidade. Experimentem também abrir a mente e ouvir sem preconceitos artistas e músicas de todo e qualquer gênero possível. Existem artistas fantásticos fazendo música de alta qualidade mundo afora. Deem uma chance a eles. Pelo menos alguma coisa irá agradar.

Fora isso, usem drogas, encham a cara toda semana, orem à Satã… e é só.

11 comentários sobre “Na Caverna da Consultoria: Alisson Caetano

  1. Pô!! Como assim vc não gosta do Radio Pirata ao Vivo!!! CLASSICAÇO!!!!
    ejam como são as coisas…o cara começou bem, com Stones e depois comprando um primeiro CD logo do Iron Maiden, mas depois se desvirtuou. Acho que são as más companhias….hahaha
    MAs agora falando sério…dia desses eu estava ouvindo umas banas de metal nacional dos anos 80 que cantavam em português. é muito estranho ter domínio completo do idioma e as coisas acabam até ficando um pouco estranhas demais. Quando vc ouve em outra lingua, que em 99% dos casos é o ingles, esses estranhamento deve ser diluído pelo processo de tradução e a gente acaba aceitando mais, mesmo quando a letra é babaca…

    1. Muitas vezes o que me causa estranheza no metal e hard rock cantado em português é quando a banda usa de uma determinada palavra ou verso apenas para encaixar na melodia e fica perceptível a forçação. Como exemplo temos algumas músicas dos primeiros discos do Made in Brazil na década de 70 e algumas do Golpe de Estado nos 80. Embora eu goste muito das duas bandas.

    2. Uma das poucas bandas que ouvi e gostei do trabalho vocal em brasileiro foi a Dorsal Atlântica. Os versos do Carlos possuem uma fluência boa dentro das faixas e não soam como se fossem versos traduzidos do inglês e jogados nas faixas de qualquer forma. “Dividir e Conquistar” além de ser um álbum bem executado (apesar de sonoramente estar um pouco datado), tem algumas letras muito interessantes.

        1. Via de regra eu não gosto muito de metal em português, tirando a Dorsal, não me lembro de outra banda que goste.

  2. Algumas perguntas ao barbudo do Norte Pioneiro:

    1) Este Rádio Pirata Ao Vivo está a venda? Que tal 12 pila + frete?

    2) Rola uma rivalidade aí no Norte Pioneiro entre Cornélio Procópio, Jacarezinho e Santo Antonio da Platina devido a estas cidades todas terem porte parecido tal como Londrina X Maringá e aqui no sudoeste entre Francisco Beltrão X Pato Branco?

    3) Por que odeia o nome do Freak Zine?

    4) Não é chegado em mangás e animes?

    5) Sei que prefere a Vertigo, mas entre DC e Marvel, qual é a melhor?

    6) Dentre as três principais do Doom britânico (Paradise Lost, Anathema e My Dying Bride) qual a sua preferida? Ou há outras fora essas três entre suas preferências?

    1. Respondendo aos questionamentos:

      1- Vou pensar no teu caso, mas venderia ele sim, no momento o dinheiro fala mais alto;

      2- SAP e Jacarezinho tem certa “rixa” entre si, mas é rixa de cidade decadente, então nem vale a pena falar. Agora Cornélio não rola rixa não. Tem gente aqui de CP que nem sabe direito onde SAP fica. E Cornélio também já é outro nível, cidade universitária também…

      3- Era para ser “Freak Zine” mesmo, mas o domínio já tinha sido usado. Aí eu taquei o “the” no começo. O nome em si já não tinha muito sentido, ter que colocar o “The” na frente só deixou pior kkkkk

      4- Nunca foram minhas maiores paixões. Os shounen em geral, que são muito populares aqui no Brasil, eu acho tudo muito chato demais. De animações japonesas, as únicas que eu realmente gosto são as do Studio Ghibli. One-Punch Man foi uma surpresa eu gostar, mas acho que por ser uma sátira aos shounen, isso deve ter ajudado muito

      5- DC, pelo fato de eles sempre terem conseguido fazer histórias de arco fechado mais impactantes que a Marvel. Mas isso não quer dizer que eu goste apenas da DC. Cavaleiro da Lua, Demolidor e Homem Aranha são dos meus personagens favoritos.

      6- Electric Wizard. My Dying Bride é a que consigo ouvir todos os discos de boa, sem desgostar completamente de nenhum. O Paradise Lost teve um início fenomenal, mas foi perdendo o fôlego. Já o Anathema eu só consigo dar valor mesmo para os dois primeiros. E fora as que tu citou, tem outras que eu dou até mais valor, como o Warning, Cathedral, Pagan Altar, Esoteric, e o Reverend Bizarre (que é finlandesa, mas a alma é inglesa).

  3. Boa entrevista! O ecletismo do Alisson me impressiona. Mas acho que não queria ser assim não.
    Abraço!

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