Review Exclusivo: Black Label Society (Porto Alegre, 23 de novembro de 2012)

Review Exclusivo: Black Label Society (Porto Alegre, 23 de novembro de 2012)

Por Micael Machado

Pouco mais de um ano depois de sua primeira apresentação no mesmo local em 2011, Zakk Wylde e sua turma voltaram ao Bar Opinião para, mais uma vez, presentear os gaúchos com um dos shows mais pesados do ano.
Nunca fui um grande fã do Black Label Society, apesar de ter alguns discos e curtir bastante certas músicas. Embora eu reconheça a qualidade de seu trabalho, acho que o que nunca me “pegou” para o som do grupo foram os vocais de Zakk, que por anos foram muito na “cola” dos de Ozzy Osbourne, cantor que o revelou para o mundo quando o chamou para substituir Jake E. Lee em sua banda solo. Acontece que Zakk, além de vocalista, é também um dos melhores (se não o melhor) guitarristas de heavy metal da atualidade, e, quando o destino lhe dá uma segunda chance de assistir a um cara destes em um dos melhores locais para shows da capital gaúcha, não dá para perder.
Este show era para ter acontecido no dia vinte de novembro, mesma data em que Rick Wakeman se apresentou em Porto Alegre, em show a que assisti embasbacado. Mas problemas com os equipamentos do grupo na alfândega brasileira (mais precisamente, na cidade gaúcha de São Borja), alinhados ao cancelamento da data de Fortaleza da turnê brasileira do BLS, fizeram com que o espetáculo fosse transferido para a sexta feira, 23 de novembro. Isto acabou causando muitos transtornos para muita gente que veio do interior (ou mesmo de outros estados) especialmente para assistir à primeira data (que foi transferida apenas poucas horas antes do horário previsto para iniciar), mas, para mim, acabou sendo a chance que eu precisava para estar presente ao concerto.
Com a atração principal marcada para iniciar as 20 horas, a banda de abertura tinha horário previsto para entrar no palco as 18:45h. Como sempre há problemas no trânsito de Porto Alegre devido ao deslocamento do pessoal que sai do serviço nesse horário em direção às suas residências, acabei chegando no Opinião já depois de finalizada a apresentação da Draco, responsável por esquentar o pessoal antes de Zakk e companhia. Quem viu elogiou bastante, mas eu não tenho como avaliar.

 

O pano cobrindo o palco do Black Label Society.
Com o palco encoberto por um pano preto com o símbolo do BLS, dava para ver os roadies preparando o equipamento da banda lá atrás. A lotação do bar fez com que eu subisse até o mezanino para tentar achar um bom local para ter uma melhor visão (a casa não faz diferenciação entre os lugares onde o público pode ficar – pista, primeiro andar ou mezanino, o mais alto, deixando o pessoal escolher livremente de onde quer assistir aos concertos), e mesmo lá em cima estava bem cheio, o que mostra a resposta do público gaúcho à banda de Zakk Wylde.
A expectativa ia aumentando à medida que o horário marcado se aproximava, e foi ao máximo pouco depois das vinte horas, quando as luzes se apagaram e a introdução com o tema do filme “2001 – Uma Odisseia no Espaço” começou a tocar. Ao final, o som de uma sirene anti-aérea encheu o bar, e uma voz anunciou a entrada em cena do Black Label Society. Ainda com o pano encobrindo o palco, o quarteto executou a intro de “Godspeed Hellbound“, e, aos primeiros riffs mais pesados, o pano caiu para revelar Zakk sobre o retorno no centro do palco, o guitarrista Nick Catanese à nossa direita, o baixista John DeServio à direita, e o novato (na banda) Jeff Fabb em sua bateria ao fundo. Zakk optou por um visual semelhante aqueles motoqueiros de filmes de filmes americanos, que andam pelas estradas do país em suas Harley Davidsons, frustrando um pouco os que esperavam vê-lo com o cocar indígena do ano passado (que, aliás, esteve presente até nas fotos de divulgação deste show). Outro ponto negativo foi o vocal do músico, que estava muito baixo, sendo muitas vezes sobrepujado pelo volume das guitarras (fato que permaneceu inalterado ao longo de toda a noite). Mas o que interessava ouvir não era a voz de Zakk, e sim sua guitarra, e esta estava perfeita!
Black Label Society no palco do Opinião.

O grupo emendou “Destruction Overdrive”, e foi tocando paulada atrás de paulada praticamente sem nos dar chance de respirar, com Zakk trocando de guitarra quase que a cada música, desfilando um modelo mais legal que o outro a cada nova canção (por vezes, eram duas na mesma música!).

A já clássica “Bleed For Me” foi uma das mais ovacionadas pelo pessoal, emendada com “The Rose Petalled Garden”. Logo depois desta veio a primeira  (e única) conversa mais longa com o público, quando Zakk aproveitou que os roadies instalavam um teclado no palco para apresentar os membros da banda (com o volume do microfone muito baixo, foi bem difícil entender os “discursos” do vocalista antes de cada anúncio), dando um caloroso abraço em Nick e  John, após apresentá-los ao público.

Zakk ao piano.

Sentando-se ao teclado, Zakk fez um pequeno solo (acompanhado por baixo e bateria), e emendou a bela “In This River“, que em outros locais foi dedicada ao falecido guitarrista Dimebag Darrell, mas aqui não teve nenhum anúncio (e que deu a chance para Catanese mostrar toda a sua habilidade na guitarra, provando que não é um mero músico de suporte para o chefão do grupo). Foi o único momento de calmaria da noite, logo seguido pela porradaria de “Forever Down” (onde diversas bolas pretas cheias de ar foram jogadas pelos roadies para a plateia), que foi emendada ao aguardado solo do guitarrista, que, sozinho no palco, durante quase dez minutos nos brindou com uma aula de técnica e habilidade em seu instrumento. Memorável!

Daí para a frente o show entrou em um ritmo constante de porradarias, com músicas mais conhecidas como “Overlord”, “The Blessed Hellride” (onde  tanto Zakk quanto Nick tocaram com guitarras double neck, sendo o de Wylde um lindo modelo prateado, a qual ele ergueu sobre a cabeça como um troféu ao final da música, para logo dispensá-la e pegar outro instrumento de seu arsenal) e “Suicide Messiah”, onde um roadie entrou no palco para cantar, com o uso de um megafone, as frases finais do refrão (e quase não foi ouvido, tal o volume do público que acompanhava a letra da música!).

John DeServio, Zakk e sua linda double neck.

O encerramento foi com a muito esperada “Stillborn” (minha favorita do repertório do grupo, e, ao que pareceu, a de muita gente por lá), que após pouco menos de uma hora e meia encerrou um show onde a banda inteira mostrou competência, mas Zakk mostrou, alem de sua incrível habilidade, um enorme carisma, que o credenciam bem para o posto de frontman de uma banda, se é que alguém ainda tinha dúvidas de sua capacidade nesta área. Terminada a apresentação, ele subiu no retorno (como fez muitas outras vezes ao longo da noite), socou o peito como um gorila enfurecido, tirou o colete com o símbolo da banda e o mostrou ao público, além de respeitosamente deitar a guitarra no palco, se ajoelhar e fazer repetidamente o sinal da cruz para ela, como se estivesse pedindo que o instrumento lhe abençoasse. Saindo do palco, foi esta guitarra quem ficou soando uma longa nota distorcida, a qual acompanhou a saída do pessoal por um bom tempo. Não houve bis (como, aliás, também ocorreu em outras cidades brasileiras por onde o show passou), mas não tinha como reclamar de que não havia sido bom. Foi, simplesmente, excelente!

“The feelings I once felt are now dead and gone / I’ve waited here for you for so very long”


Set list:

1. Godspeed Hellbound
2. Destruction Overdrive
3. Bored to Tears
4. Berserkers
5. Bleed for Me
6. The Rose Petalled Garden
7. Piano Solo
8. In this River
9. Forever Down
10. Guitar Solo
11. Parade of the Dead
12. Overlord
13. The Blessed Hellride
14. Suicide Messiah
15. Concrete Jungle
16. Stillborn

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