Bélgica e Holanda: O Paraíso dos Discos (Parte II)

Bélgica e Holanda: O Paraíso dos Discos (Parte II)





Por Mairon Machado

Seguindo a minha peregrinação pelo Paraíso dos discos, hoje encerro o mesmo com a passagem pela Holanda.
Partindo de Bruxelas para a Amsterdam, a terra da maconha livre, peguei o trem, e depois de três horas de viagem, cheguei na Estação Central. Saindo pela única saída que existe, aconselho imediatamente a adquirir um mapa, e com ele, ir para o Van Gogh Museum, fácil de ser localizado por estar situado próximo ao monumento IAMSTERDAM. Qualquer holandês sabe aonde fica esse monumento, e ele será o nosso ponto guia para as lojas.
Antes, um pequeno comentário sobre a cidade. Recheada de pequenos canais, me marcou bastante o forte cheiro de erva em toda a cidade, e como a mesma é consumida em público como se fosse um cigarro normal aqui no Brasil. Lojas especializadas em produtos com maconha estão espalhadas por toda a cidade, e inclusive artefatos como queijos, chocolates e chás são encontrados em supermercados. Me decepcionei um pouco com o quesito mulheres bonitas, inclusive na famosa Red Line, onde apenas duas meninas exibiam-se nas vitrines, completamente vestidas, sem mostrar nem um pouco algo mais excitante. No geral, uma cidade muito bonita, acolhedora para um passeio com a digníssima, e também para comprar discos.
Vamos à eles.
Second Life Music
Eu havia feito uma breve pesquisa na internet um dia antes, e vi que a loja mais recomendada para visitar era a Second Life Music. Foi bom começar por ela, não pelos discos, mas por que o vendedor me indicou todas as lojas que estavam abertas naquele dia. Descobri que das cinco lojas que eu havia anotado, três estavam fechadas, mas as demais ficavam abertas até as 18 horas, o que me motivou bastante.
Quanto a Second Life, localizada na Prinsergracht 366, tirando a atenção do vendedor, achei a loja muito fraca. Os discos (essencialmente LPs) são mal organizados, divididos apenas por sessões, como Rock Holandês, Rock em Geral, Música Clássica, Reggae e outros. Não há uma ordenação alfabética ou algo assim. 
Second Life internamente
Além disso, os vinis são bem usados, e o preço, variando entre 10 e 200 euros, não me convenceu em nada a comprar algo. O único material que eu realmente levaria era a caixa de charutos de Long John Silver (Jefferson Airplane) que o vendedor se recusou a vender por não vir o vinil junto (?!), mesmo eu querendo comprar.
Com o mapa repleto de marcações de lojas de discos, tive que escolher um roteiro que abrangesse o maior número de pontos turísticos e lojas ao mesmo tempo, principalmente por que isso já eram 13 horas. Como eu queria visitar a fábrica da Heineken, e a mesma fica próxima ao IAMSTERDAM, escolhi aquela região, a qual fica próxima ao centro da cidade.
Saindo então pela Prinsergracht, desci a mesma até a Leidseplein Street (nome fácil de lembrar pela comparação com o Led Zeppelin), e da Leidseplein, cheguei na Weteringschans 33 A 1017, onde está localizada a Record Palace. 
Record Palace
Quando vi a placa, lembrei que já conhecia essa loja de algum lugar, e lá dentro, consegui a resposta. O dono da loja me contou, em um inglês bem tosco, que Ed Motta é comprador assíduo da loja, fazendo importações frequentes, e então conclui que em alguma entrevista do sobrinho de Tim Maia ele deve ter citado o local.
O vendedor é muito camarada, e a loja é um atentado ao coração de um bolha. Com preços variando entre 5 e 100 euros, ela é muito limpa e organizada, possui dois andares bem distintos. No andar de cima, estão os discos de rock, englobando desde o Pop Rock do A-ha até o metal extremo de Venom, todos divididos em ordem alfabética e por sessões.
No andar de baixo, discos de jazz, soul, blues, música clássica, reggae e pop holandês. Os compactos ocupam uma pequena estante, e ali comecei a gastar meus euros na Holanda, ampliando minha coleção de compactos do Queen e de David Bowie.
Andar de cima da Record Palace (acima);
Andar de baixo da mesma loja (abaixo)
Nos discos, após uma longa busca, e ter ficado babando um bom tempo nos bootlegs do Pink Floyd (todos na faixa de 30 euros), adquiri o Long John Silver em versão original (com um pequeno defeito na capa, mas tudo bem, o que vale é que agora eu posso montar minha caixa de charutos), e mais os compactos citados. O problema do peso na bagagem da Ryan Air novamente me impediu de comprar diversos discos, mas enfim, a peregrinação tinha que continuar.
A Record Palace fica muito próxima ao monumento IAMSTERDAM, e após ir no mesmo, peguei a Stadhouderskade em direção a Ferdinand Bolstraat. Na esquina dessa rua com a Stadhouderskade fica a fábrica da Heineken, mas decidi ir primeiro em uma loja que fica atrás da fábrica, na própria Ferdinand Bolstraat, número 30, chamada Record Mania.
Record Mania
Assim como na Record Palace, é um local sensacional, com muitos discos e muito material para adquirir. O forte da loja é o rock e o reggae, e essa foi a loja de usados que encontrei mais CDs para vendas. Toda a loja é separada por sessões, em ordem alfabética e por bandas, o que facilita muito na busca do seu artista preferido, com um detalhe: você aqui vai encontrar Ozzy Osbourne e Dio na sessão Black Sabbath, assim como (por exemplo) Whitesnake, Trapeze e Rainbow na sessão Deep Purple. 
Divisões de LPs na Record Mania. Rock (acima),
Eletrônico e músicas do mundo (abaixo)
Como estava atrás de Jefferson Airplane, fui direto na sessão do grupo, e me deparei de cara com o que estava querendo: a versão original do álbum Bark, com a sacola de papel. O preço estava meio salgado, e como eu já estava com poucos euros, além do famoso “peso extra”, preferi investir na fábrica da Heineken. 
Record Mania internamente
Saí frustrado da Record Palace, com apenas dois vinis (um do Moody Blues e outro do Erasure) adquiridos por míseros 1 euro cada, e cheguei na Heineken. Porém, quando eu vi que a entrada na fábrica era o dobro do que custava o Bark, voltei para a Record e peguei o mesmo, ainda levando um raro (pelo menos no Brasil) CD do retorno do Quicksilver Messenger Service, gravado ao vivo em 2010, pelo mesmo preço (ambos) do que eu teria se tivesse ficado uma hora aprendendo como a Heineken é feita. Coisa de bolha, mas não me arrependo nem um pouco.
Feliz da vida, com dois discos que estava catando há algum tempo dentro da sacola, dirigi-me pela Vijzelstraat, dobrando a direita na Keizersgracht e retornando um pouco na Utrechtstraat, aonde fica localizada a maior loja de discos de Amsterdã, a Concerto Records.
Essa loja é impressionante! Na verdade são cinco lojas, uma ao lado da outra e todas unidas internamente. Ainda existe uma sexta loja na quadra seguinte, a qual vende apenas produtos fonográficos, como toca-discos, alto-falantes, fones-de-ouvido e outros aparatos musicais em geral.
As cinco lojas são cada uma para um estilo, ou seja: World /Jazz; Pop Rock;  Dance; Rock; Vinil / Usados. As quatro primeiras lojas vendem apenas CDs, enquanto a última vende CDs e LPs usados, além de LPs recém lançados. Todas elas são divididas em três andares, e realmente, dá para passar uma tarde ali dentro. 
Como estava com pressa, e certo de que estava violando o maldito peso da Ryan Air, olhei a loja muito rapidamente, mas com certeza, é um local que se um dia eu voltar para Amsterdã, irei preparar bem os bolsos (e as malas) para fazer aquisições, principalmente no que diz respeito aos discos novos.
Retornei pela Utrechtstraat, me dirigindo a Amstel Records, localizada na Amstelstraat, e que infelizmente estava fechada. Perto dela, encontrei uma feira de discos ao ar livre, com vinis bastante usados, na faixa de 1 a 5 euros. Não encontrei nada interessante ali, mais pela pressa em olhar os LPs do que pela qualidade do material em si.

Entre diversos canais, ruas estreitas e muitas fotos, além de cervejas baratas (bebi oito latas de 500 ml durante toda a tarde, e gastei no máximo 2 euros com TODAS elas), voltei para a estação de trem, certo de ter deixado muitos discos para trás, e com a certeza de que a Holanda vale bastante a pena ir buscar o que você está procurando, ou até mesmo, o que você nem imagina que existe.

Só prepare sua mala, e não viaje de Ryan Air, se não, o risco de pagar uma multa valiosa para ter aquele LP/CD é enorme.

Mapa com algumas lojas de discos em Amsterdã
O mapa acima mostra as lojas citadas no texto. Existem muitas mais espalhadas por Amsterdã, que eu torço poder visitar em uma próxima passagem pela cidade. 

Espero que essas matérias sejam úteis para futuros colecionadores que venham a peregrinar pela Bélgica ou pela Holanda, e obrigado à todos que me apoiaram nessa breve, mas muito satisfatória, jornada.

3 comentários sobre “Bélgica e Holanda: O Paraíso dos Discos (Parte II)

  1. Excelente. Já rodei algumas destas vielas e lojas há 10 anos atrás… Aí, eu consegui o Pulp Fusion (Funk Jazz) e foi uma peregrinação para encontrá-los… Lembro-me que a busca foi tão legal como os sons… Abs Valvulado

  2. Detalhe que passou batido….
    Na cidade que vende maconha livremente a única seção de discos específica na primeira loja detalhada pelo Mairon é o Reggae….coincidência?

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