Discografias Comentadas: Slayer – Parte II
Clássica foto do Slayer: Kerry King, Jeff Hanneman, Tom Araya e Dave Lombardo,
em 2010 (acima) e em 2008 (abaixo)
Por Mairon Machado
Depois do estrondoso sucesso de Divine Intervention, o Slayer (tendo na formação o baterista Jon Dette) lançou um álbum quase que integralmente composto por covers, o que não agrada a maioria dos fãs, mas demonstra que o grupo não está concentrado apenas em fazer Thrash.
Com exceção da pesada “Gemini“, a única canção composta pelo grupo (que havia ficado de fora do lançamento anterior), e de duas canções compostas por Jeff Hanneman para um projeto paralelo chamado Pap Smear (a velocíssima “Can’t Stand You” e o baixo espetacular de “Ddamm”), temos treze covers de grupos punk, quase sempre compostas por Medleys dos mesmos. Assim, o Slayer faz versões sujas e velozes para as bandas Verbal Abuse (“Disintegration / Free Money”, “Verbal Abuse / Leeches” e “I Hate You Filler”), T. S. O. L. (“Abolish Government / Superficial Love”), Minor Threat (“Guilty of Being White” e “I Don’t Want to Hear You”), D. I. (“Spitirual Law” e “Richard Hung Himself“, Dr. Know (“Mr. Freeze”), D. R. I. (“Violent Pacification”) e The Stooges (“I’m Gonna Be Your God”).
Todas são canções muito curtas, conforme manda o figurino punk, a menos de “Gemini”, uma Ovelha Negra em um álbum que serve mais para colecionistas e curiosos em ouvir o Slayer tocando um outro estilo que não o Thrash Metal. As versões europeias e japonesa possuem outros covers, que no caso são “Sick Boy” (G. B. H.) e “Memories of Tomorrow” (Suicidal Tendencies).
Sem sombra de dúvidas, o álbum mais experimental da carreira do grupo, flertando com estilos como o punk, o rap e New Metal. Dez das onze canções foram compostas por Hanneman, um monstro na criação de riffs Thrash.
Consolidados como O GRUPO da cena Thrash, e aproveitando-se de lançamentos não tão empolgantes de nomes como Metallica, Testament e Megadeth, o quarteto (novamente com Bostaph nas baquetas) abaixa a afinação do baixo e da guitarra, gravando um disco muito pesado, como comprovam os primeiros acordes de “Bitter Peace”, a qual transforma-se bruscamente, com as guitarras despejando velocidade em cima das notas do instrumento, “Screaming from the Sky”, com um belo trabalho de Bostaph, e as interessantes “Perversions of Pain” e “Point”.
Outras experimentações surgem nos ritmos não tão comuns e nos efeitos de voz ou instrumentos, como atestam “Death’s Head”, “Overt Enemy”, “Love to Hate”, “Wicked” e “In the Name of God”, única não composta por Hanneman (no caso, composta por King). Destaque para a intrincada “Stain of Mind” (com Araya cantando quase como se fosse um rap, e com uma bateria repleta de batidas quebradas), os assustadores vocais de “Desire“, assim como seu longo dedilhado de introdução, e a velocidade “Scrum“, disparada a melhor canção deste mediano CD.
Último álbum com o baterista Paul Bostaph, God Hates Us All foge das experimentações de Diabolus in Musica, diminuindo o tamanho das canções e colocando o Slayer nos trilhos.
Chama a atenção que os solos de guitarra perdem espaço para arranjos nos quais a voz de Araya é o destaque, com os instrumentos apenas dando o ritmo para as canções. A maluca vinheta de abertura, “Darkness of Christ”, dá espaço para socos esmagadores passarem a destruir com o ouvinte através de pauladas furiosas intituladas “Disciple”, “New Faith“, todas criticando raivosamente as Igrejas e religiões.
Poucas são as faixas que apresentam alguma experimentação, mas mesmo assim, soando muito bem, como “God Send Death”, “Seven Faces” (e uma magistral introdução), “Threshold” e “Deviance”, utilizando de bastante efeito na voz. “Cast Down”, “Bloodline” e “Here Comes the Pain” lembram mais as canções da fase clássica no final dos anos 80, início dos 90.
As melhores canções ficam para “Exile”, com um bom trabalho de guitarras e com Hanneman e King relembrando-nos como são ótimos solistas com o wah-wah, “War Zone” e “Payback“, essa última trazendo resquícios da velocidade insana de Reign in Blood, e com Bostaph despedindo-se em um acompanhamento destruidor na sua bateria. A capa original gerou polêmica por trazer sangue derramado sobre uma bíblia, e foi proibida em diversos países, onde recebeu uma espécie de capa protetora. God Hates Us All foi lançado em uma edição limitada com um DVD bônus, apresentando uma entrevista e vídeos para “Darkness of Christ”, “Bloodline” e “Raining Blood”, em uma versão bastante cobiçada hoje em dia.
Paul Bostaph, Kerry King, Jeff Hanneman e Tom Araya
Christ Illusion [2006]
Depois de quinze anos, eis que Dave Lombardo volta para os dois bumbos do Slayer. E não é qualquer volta não. É a melhor apresentação do grupo desde Divine Intervention. “Flesh Storm” já coloca esses doze anos no bolso, remetendo-nos direto aos anos 80, mas com o quarteto muito mais afiado e maduro. Basta ver os riffs de “Skeleton Christ”, “Supremist” e “Black Serenade”.
O grupo resgata as introduções velozes e trabalhadas, e cada canção é um verdadeiro deleite aos saudosistas. “Catalyst”, “Jihad” e “Cult” são os melhores exemplos desse tipo de composição, enquanto “Eyes of the Insane” é a única mais próxima do som que o grupo estava desenvolvendo nos últimos álbuns. Destaque para o incrível solo feito por Hanneman e King durante “Consfearacy“.
Christ Illusion superou Divine Intervention em vendas, atingindo a quinta posição nos Estados Unidos. Esse álbum também teve polêmicas com sua capa, que mostra Jesus esfacelado. A capa alternativa mostra a imagem original sob uma capa protetora branca em formato de bolhas. Existe uma edição especial com um DVD bônus, que foi lançada em 2007, trazendo o documentário Slayer on Tour 2007 e dois clipes (“South of Heaven” ao vivo e “Eyes of the Insane” em estúdio).
World Painted Blood [2009]
O último álbum do Slayer (até o presente momento) funciona como um assustador álbum conceitual sobre violência, e segue o alto nível de Christ Illusion. A velocidade porém não é do mesmo nível, e as canções possuem mais variações, mas mesmo assim, temos um álbum muito bom.
Arrepie-se com a fantástica introdução de “Snuff“, uma bela demonstração de como King e Hanneman estão cada vez melhores. “Unit 731”, “Public Display of Dismemberment” e “Psycopath Red” são velozes, no melhor estilo Slayer. Já “Beat Through Order”, “Playing With Dolls” e “Human Strain” diminuem o ritmo de um álbum com canções bem trabalhadas, destacando “Hate Worldwide“, “Americon” e “Not of This God”. Porém, o maior destaque vai para a arrepiante faixa-título, com uma magnífica introdução, variações diversas e solos arrepiantes.
O CD foi lançado com quatro capas diferentes, as quais quando unidades, formam um mapa-mundi coberto de sangue. Uma versão especial foi lançada apresentando um curta-metragem sobre um menino que vê a mãe assassinada, e a partir de então, passa a matar mulheres quase que por impulso.
Podemos dizer que o Slayer é uma das poucas bandas que possuem discos de gosto duvidoso. OK, a grande maioria torce o nariz para Diabolus in Musica, mas boa parte do disco é pancadaria pura. Muitos podem discordar de mim, mas considero essa álbum o "South Of Heaven" dos anos 90. Ambos são discos pesados, com menos velocidade e que mostram um Slayer diferente, mas não menos empolgante.
O Diabolus in Musica é ótimo! A Overt Enemy e a Bitter Peace são as melhores músicas do disco. Riffs fantásticos e cadenciados muito bem encaixados.
O World Painted Blood é o pior disco do Slayer. É de chorar a produção pobre e os riffs descarnados e sem inspiração da dupla King/Hanneman. Uma coleção de músicas fraquíssimas e sonolentas. E vamos ser francos, o último do Slayer o Repentless(Repelente rsrs) é tão fraco quanto o penúltimo.
Discordo totalmente nobre anônimo. Acho os dois discaços