Direto do Forno: Kiss – Destroyer: Ressurected [2012]

Direto do Forno: Kiss – Destroyer: Ressurected [2012]

Por Pablo Ribeiro

Originalmente lançado em março de 1976, apenas 6 meses depois do megasucesso Alive! (nove milhões de cópias vendidas), Destroyer é o quarto álbum de estúdio dos mascarados americanos. Contando com sua formação clássica com Paul (Starchild) Stanley nos vocais e guitarra, Gene (Demon) Simmons nos vocais e baixo, Peter (Catman) Criss nos vocais e bateria e (Space) Ace Frehley nas guitarras, o álbum levaria o Kiss a um novo patamar em relação à produção e composição.

Bob Ezrin, produtor escolhido para a empreitada, trouxe para a banda novos elementos até então inéditos ao grupo. Ezrin, pianista e produtor experiente, adicionou às composições piano, violinos, guitarras acústicas de 12 cordas, Calliope, entre outros. Adicionou também efeitos de estúdio através de todo o disco, enriquecendo o material.

Bob Ezrin.

Evidentemente, todo este expediente de pouco ou nada adiantaria, se as canções contidas em questão fossem ruins. Não são! Destroyer contém, provavelmente, a melhor coleção de canções do Kiss em um único álbum. Fazem parte da bolacha alguns dos maiores hits como, por exemplo, a maravilhosa “Detroit Rock City” (que originalmente vinha emendada com a também absurdamente boa “King Of The Night Time World”), a sombria “God Of Thunder” com a cara de Gene Simmons (apesar de ser uma composição de Stanley), “Shout It Out Loud” (praticamente um hino), a balada cantada por Peter, “Beth”, com a participação da Filarmônica de Nova Iorque, (um dos melhores exemplos do sucesso na escolha de Ezrin para a produção. A música virou um sucesso instantâneo e desde então é execução obrigatória do quarteto), e a meta contagiante “Do You Love Me” (essa, totalmente Paul Stanley).

Mesmo as outras músicas que não viraram sucesso em singles ou canções recorrentes nos shows, são excelentes composições e merecem dividir espaço de igual para igual com as supracitadas. Caso de “Flaming Youth” (um musicaço), “Sweet Pain” e “Great Expectations (que conta com o Coral de Meninos do Brooklyn).

Recebendo Disco de Ouro já na primeira semana de lançamento, Destroyer, além do sucesso comercial, foi o disco que fez com que muita gente que achava o Kiss uma banda infantil e limitada, mudasse radicalmente de ideia. Os quatro mascarados chegavam à maturidade musical.

Paul Stanley (acima), Ace Frehley, Gene Simmons e Peter Criss (abaixo)

Não foi surpresa, então, quando foi anunciado um relançamento de luxo do álbum. Levando-se em consideração sua importância para o próprio Kiss e o quanto isso renderia em verdinhas para o sr. Gene Simmons. Depois de adiado inúmeras vezes – Destroyer completou 35 anos do seu lançamento original em 2011.

Eis que no final do primeiro semestre de 2012, começaram a surgir informações mais concretas acerca do relançamento. Primeiro, divulgou-se que a capa a ser utilizada nessa edição, seria uma arte original (parecidíssima com a imagem clássica, ambas de autoria de Ken Kelly) descartada quando do lançamento do álbum em 1976. Depois, as informações davam conta de que Destroyer: Resurrected (conforme se chamaria) contaria com vários outtakes, mixagens alternativas, demos e etc, na forma de um álbum duplo.

Conforme as informações iam aparecendo nos meios especializados, os fãs tornavam-se mais e mais ansiosos para saber o que, exatamente, faria parte do disco em termos musicais. Divulgado o tracklist oficial de Destroyer: Resurrected. Os fãs se decepcionaram! Apenas as nove músicas (mais a “outro” “Rock’n’Roll Party”) remixadas por Bob Ezrin, além de uma versão bônus de “Sweet Pain” com o solo original de Ace Frehley (já que a versão que acabou no álbum tem a parte executada por Dick Wagner. Há discussões sobre a participação efetiva ou não de Frehley em todo o álbum).

Gene Simmons, louco por umas verdinhas.

Com data de lançamento do disco “físico” para o dia 21 de agosto próximo, uma versão digital do mesmo foi lançado no final de julho, na loja oficial do iTunes. A princípio, apenas para território norte-americano. Fã da banda que sou e com o objetivo de informar os leitores do blog via uma resenha exclusiva, comprei essa edição (a custo de 9,99 Obamas). Abaixo, minhas impressões.

Para começo de conversa, na versão que comprei não há o tradicional “Digital Booklet”, comum aos lançamentos via iTunes, portanto. Não tenho como dissertar sobre a arte gráfica mais aprofundadamente, a não ser da arte da capa, o que fiz logo acima.

Evidentemente, essa manobra de lançar o disco em formato digital para territórios restritos, quase um mês antes do formato físico (CD, LP), e SEM encarte (ainda que digital), visa que muitos comprem o álbum duas vezes. Primeiro pela curiosidade, depois pelo material impresso completo. Nada de se surpreender, em se tratando do Sr. Simmons.

No que diz respeito às remixagens de Ezrin, muito pouco diferencia os dois Destroyers. Algumas canções ganharam passagens um pouco mais encorpadas (as guitarras em “Detroit Rock City”). Em outras, determinados detalhes se tornaram mais cristalinos (como os violões de aço no começo de “Beth” ou os pratos de bateria em “Do You Love Me”). O material, como um todo, está com mais clareza nos detalhes em geral.

A capa “desenterrada”, descartada por ser “violenta demais” segundo a gravadora do grupo à época (há controvérsias, dando conta de que trata-se de ladainha de Simmons, uma vez que várias capas mais violentas já haviam sido lançadas), e, principalmente pelo fato de a banda ainda trajar suas roupas da turnê do Alive!, diferente das fantasias usadas a partir do lançamento de Destroyer (agora sim, faz sentido!).

Capa original de Destroyer.

No mais, nada de outtakes, músicas inéditas ou demos. Essa reedição de forma alguma desqualifica o álbum e tampouco macula as gravações originais. Mas é pouco, muito pouco, para justificar um relançamento desse tipo.

Musicalmente, Destroyer se mantém entre os maiores clássicos do Kiss – talvez o melhor deles – e um dos discos mais recomendáveis dos loucos anos 70. Um ítem obrigatório em qualquer coleção de rock que se preze. Mas que sua reedição é bem deficiente em termo de conteúdo, isso é! Não precisava, Gene… Não precisava!

Track list:
  1. Detroit Rock City
  2. King Of The Night Time World
  3. God Of Thunder
  4. Great Expectations
  5. Flaming Youth
  6. Sweet Pain
  7. Shout It Out Loud
  8. Beth
  9. Do You Love Me?
  10. Rock And Roll Party
  11. Sweet Pain (Original Guitar Solo)

Um comentário em “Direto do Forno: Kiss – Destroyer: Ressurected [2012]

  1. Vou comprar quando sair a versao fisica porque é a minha banda favorita, e torço por fotos e liner notes legais, uma vez que o track list foi realmente decepcionante… Podiam ao menos ter incluido as demos do disco, como a de "God Of Thunder" com o Paul cantando, que nem inédita é, já que foi lançada no Box Set…

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