Emerson, Lake & Palmer – Trilogy [1972]

Emerson, Lake & Palmer – Trilogy [1972]

 

Por Diego Camargo (Publicado originalmente no site Progshine)
No último dia 06 de julho, um dos melhores discos do rock progressivo completou quarenta anos. Trata-se de Trilogy, o terceiro álbum lançado pelo Emerson, Lake & Palmer, cuja formação caracterizou-se por ser o trio Keith Emerson (Hammond organ C3, Steinway piano, Zoukra, Moog synthesizer IIIC e Mini Moog Model D), Greg Lake (voz, baixo, violões e guitarras) e Carl Palmer (bateria e percussão).
O álbum abre com “The Endless Enigma (Part One)”. Nunca uma música tinha me dado tanto medo quanto esta, seu começo medonho me dá arrepios até hoje, me lembro como se fosse hoje, um amigo me disse que tinha esse disco, mas não sabia o que era, e eu respondi no ato, me traz o LP que eu escuto, que susto tomei escutando na sala de casa somente com o abajur ligado! Tenebroso.
Aquelas batidas como as de um coração. No começo bem baixinho, logo em seguida de uma melodia de teclados estranha, e os ataques de pianos assustadores entre os silêncios. Emerson sabia como tirar som das teclas que ele carregava consigo. Baixo entra marcando, enquanto o que seria uma flauta marroquina marca a melodia, pra que entre o que eu chamaria de ELP Sound, teclados comendo solto enquanto Carl e Greg soltam bases perfeitas. Eis que entra o vocal! Meu Deus como alguém pode cantar tanto quanto o Lake? Se é que tem alguém que eu queria cantar parecido esse alguém seria ele (e logo em seguida o Ian Anderson do Jethro Tull). Final perfeito com uma melodia perfeita. Com o baixo sensacional de Lake marcando a melodia com os teclados. Percussão toma conta de tudo pra que liguemos os teclados de Emerson às nossas mentes e corações…
Greg Lake, Keith Emerson e Carl Palmer

“Fugue” vêm na sequência, demonstrando que poucos tocam piano como Keith Emerson. Em sua Fuga, ele e Greg Lake constroem uma parceria perfeita. Toneladas de melodias e contrapontos. Finalmente, “The Endless Enigma (Part Two)” conclui o que tinha sido começado em “Endless Engima (Part One), magistralmente conduzido por nosso três asseclas do som.
O espanto que me causa a interação do Lake com os violões, como ele consegue compor tantas canções magistralmente maravilhosas; eu nunca paro de tocar no violão “From The Beginning”, pois esta tem uma melodia que não sai da cabeça. É tão melodiosa e bonita. Os vocais são tão perfeitos, o baixo é sem sombra de dúvidas um destaque da canção, junto com os sempre estupendos teclados do Mr. Emerson. E é claro não deixo de falar do solo lindo
e cheio de melodia de Lake na guitarra no meio da canção. Soberbo!

 

Sempre disse pra mim mesmo: todo disco do ELP deve ter uma balada de Lake, uma Fuga de Emerson e, é claro, um honky tonk Western para alegria do pessoal. Em “The Sheriff”, temos uma das histórias de Velho Oeste muito bem conduzida pela banda. É divertidíssimo ouvir essas canções, pois até onde eu sei ninguém mais fez uma coisa parecida, para terminarmos com aqueles solos loucos de cowboy. Lindo!
O lado A encerra com a sensacional versão de “Hoedown (Rodeo)” (original por Aaron Copland). Se essa não é a marca registrada da banda eu realmente não sei o que é! Com uma melodia cativante e dançante ao mesmo tempo, é capaz de arrebatar até o mais incauto dos viajantes pelo mundo das maravilhas do rock progressivo. Três mestres da arte da música estão trabalhando, não ouse atrapalhar! Ouça e tente não cantar junto à melodia, eu te desafio!

 

Capa interna de Trilogy

“Trilogy” abre o lado B com uma singela beleza, com o sintetizador e piano dando o tom para que Lake possa mostrar o quão bonita sua voz é. O segundo lado do disco ficou para as canções maiores, começando por esta (8’54’’). Assim que a melodia inicial nos deixa tontos surge a segunda parte da canção para que entendamos que tudo tem dois lados, depois da singela beleza nos vem (assim como em nossas cabeças) a loucura. Num tempo super quebrado Emerson nos mostra o quanto vale.
E nossos dois outros heróis nos mostram o quão importante é ter uma base sólida para uma banda. No que seria uma terceira parte da música surge a unificação das duas coisas, a beleza e a loucura, juntas numa só pra nos mostrar que tudo possui dois lados, mas que eles podem se misturar a qualquer momento sem que isso gere nenhum tipo de conflito no mundo. E dá-lhe Emerson e os Moogs. E acabamos num fim inusitado!
“Living Sin” é totalmente anárquica, uma leve sensação de medo quando Greg começa a cantar com aquele timbre bem grave. Nem parece ele cantando. A mistura de sons de teclados que Keith consegue com toda aquela parafernália que carregava com ele é simplesmente maravilhosa. A segunda parte traz um peso dúbio para uma banda de três componentes, e que não carrega a guitarra (símbolo do peso) com eles.
Por fim, “Abaddon’s Bolero”, aquela que até hoje (para mim) é indecifrável. Uma melodia muito baixa toma conta dos alto-falantes e aos poucos nos vai envolvendo e juntando novos elementos a música, o som vai aumentando (em termos sonoros mesmo), e quando chega ao ápice já está acabando (vai entender esses caras, risos).
Com certeza eu não preciso falar mais nada. Se você não ficou interessado com o que eu escrevi ai logo acima, não vai ficar interessado nunca!
Contra-capa de Trilogy
Track list
1. The Endless Enigma (Part One)
2. Fugue
3. The Endless Enigma (Part Two)
4. From The Beginning
5. The Sheriff
6. Hoedown (Taken From Rodeo)
7. Trilogy
8. Living Sin
9. Abaddon’s Bolero

10 comentários sobre “Emerson, Lake & Palmer – Trilogy [1972]

  1. Gosto bastante deste disco, apesar dos meus favoritos serem o Brain Salad e o Tarkus. Para mim, todos os discos do ELP desde o primeiro ao Works I são essenciais, todos excelentes. Daí para a frente é que a coisa degringolou de vez…

    Quando conheci este sisco já estava mais acostumado a ouvir progressivo, então "The Endless Enigma" não chegou a me "assustar" no sentido de "dar medo". Agora, a primeira vez que ouvi a intro de "Witch Hunt" do Rush, aos 17 anos, as quatro da manhã de uma madrugada chuvosa, com tudo escuro, os fones grudados no ouvido e meus pais dormindo no quarto ao lado… meu rapaz, que cagaço! Hoje dou risada, mas na hora… acho que nenhuma outra música conseguiu me assustar tanto quanto esta!

    Voltando ao ELP, deste disco minhas favoritas são "Hoedown" e "From The Beginning", muito pelas versões ao vivo, que, de tanto se repetirem nos discos e bootlegs que tenho, acabaram ficando marcadas mais facilmente na memória. Aliás, essa é uma curiosidade: tirando essas duas, é muito difícil encontrar versões ao vivo das músicas deste álbum, mesmo na turnê de promoção dele. Por que será?

    Belo post, e parabéns, Diego!

  2. A dobradinha Tarkus/Trilogy representa pra mim o melhor deste fantástico trio, além, é clero, da suíte “Karn Evil 9” (Brain Salad Surgery, 1973), que eu costumo chamar de a “Supper’s Ready” do ELP. RIP Keith Emerson!

  3. Esta grande pérola do Prog-Rock está completando 50 anos. Muitos apontam “Bryan Salad Surgery” de 1973-74 como seu melhor album (o mais experimental talvez!!), outros este. Estes dois albuns, (ops!!) todos de 1970 a 1974; dividem opiniões. Assim como “Burn” e “Stormbringer” do Purple (se bem que esta ultima,tambem, todos os albuns de 1968 até 1975 tem uma historia em si). – marcio “osbourne” silva de almeida – jlle/sc

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