Por que Iron Maiden? Parte 4: Iron Maiden e Júlio César

Por que Iron Maiden? Parte 4: Iron Maiden e Júlio César
Por Amancio Paladino
Capítulo de hoje: Iron Maiden e Júlio César
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Neste quarto artigo da série “Por Que Iron Maiden?”, conforme prometido, exploro as sutis relações entre o Iron Maiden e o romano Caio Júlio Cesar. “The evil that men do lives after them; The good is oft interred with their bones…” [por Willian Shakespeare em “Julius Ceasar”].
Roma, 90 A.C. Era manhã do dia 15 de março, ou, como os romanos indicavam em seu calendário, eram os “Idos de Março”… Um homem entra pela porta do Senado, dirige-se à câmara principal e vê seus companheiros alinhados, esperando para saudá-lo como de costume, antes da cerimônia que finalmente consolidaria seu poder total sobre Roma. Júlio Cesar dirige-se à cadeira “curul” localizada no centro da câmara e senta-se. Alguns põem-se a seus pés, outros ao seu lado, e Brutus, apenas Brutus, põe-se atrás da cadeira. Ele ajeita sua toga e de dentro dela puxa um objeto…
Sim, meus queridos leitores, vocês já devem saber o final dessa triste história: o assassinato de um dos maiores homens de todos os tempos. Morto pela inveja, morto pelos seus inimigos, mas, principalmente, morto pelos seus amigos, Júlio deixou marcas profundas na história ocidental como o maior e melhor general, político e governante de todos os tempos. Idealizador do Império Romano, sem nunca ter sido imperador, foi o tipo de pessoa que mudou o mundo como conhecemos.

Killers e suas histórias sobre assassinatos e assassinos
Voltemos aos tempos atuais e revisemos o álbum Killers do Maiden, todo recheado de músicas sobre grandes assassinos e assassinatos… Sua primeira música, sua introdução, é um retrato fiel dos instantes que antecederam as facadas que mataram o poderoso Júlio no Senado. “Ides of March” (Idos de Março), de meros 1 minuto e 45 segundos, é uma marcha em dó maior para anunciar a chegada de Júlio Cesar ao Senado. Ouçam-na, imaginem o Senado romano, Júlio entrando, cumprimentando a todos e sentando-se no centro… Perfeita para o momento glorioso que seria encontrá-lo!

“Ides of March” é um brillhante instrumental, um dos melhores já gravados pelo Maiden. É também a música de menor duração da banda, afinal de contas, a perfeição custa caro e não seria possível alongar-se muito sem comprometer as incríveis notas musicais desta obra, simplesmente para torná-la mais longa. Mas pasmem! Essa música, essa mesma marcha, também foi gravada pela banda Samson, com outro nome: “Thunderburst”. Samson, a banda que na época de Killers tinha Bruce Dickinson no vocal e o famoso e adorável Thunderstick na bateria (o baterista mascarado e enjaulado), gravou “Thunderburst” para o álbum Head On (1980), mudando um único acorde do riff e inserindo um coro ao final. É claro que não foi plágio, o fato é que Thunderstick chegou a tocar no Maiden antes mesmo de Doug Sampson (presente em The Soundhouse Tapes) e Clive Burr (Iron Maiden, Killers e The Number of the Beast), e compôs a música com Steve Harris.

Head On, que traz a versão do Samson para “The Ides of March”

Obviamente Harris a aproveitou de forma mais inteligente em Killers, mas não deu a coautoria a Thunderstick. Em Killers, “Ides of March” é atribuída apenas a Harris e em Head On é atribuída a Thunderstick e Harris… Típico do “chefão”. Além dessa pequena homenagem a Júlio Cesar, Killers conta com músicas baseadas na história de Genghis Khan, no conto de Edgar Alan Poe “Assassinatos na Rua Morgue”, além de outras histórias de assassinos e assassinatos. Uma obra prima que certamente explorarei em outros artigos.

Cartaz do filme lançado em 1953, baseado na obra de Shakespeare
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Finalmente é preciso notar que William Shakespeare, em sua peça “Júlio Cesar”, imortalizou o discurso de Marco Antônio, amigo e general de Cesar, proferiu durante o enterro. Partes do discurso foram utilizadas na música “The Evil That Men Do” do famoso Seventh Son of a Seventh Son (1988), mas efetivamente a música não consiste numa homenagem a Júlio Cesar e nem está relacionada à peça de Shakespeare. Na verdade, o discurso de Marco Antônio é tão forte que acabou tendo suas partes incorporadas como figuras de linguagem na Inglaterra e daí sua utilização nesta música. Além disso, em vários shows (inclusive no Rock in Rio de 2001) Bruce Dickinson costuma citar um trecho do discurso antes da cantar “Only the Good Die Young”: “The good that man do is oft interred with their bones…but the evil that man do lives on...”

Cenas do próximo capítulo: “Um velho lobo do mar”

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