Melhores de 2011: por Micael Machado

Melhores de 2011: por Micael Machado
Alexi Laiho, guitarrista e vocalista do Children Of Bodom.

Nesta primeira semana de janeiro, de segunda a sexta, diversos colaboradores da Consultoria do Rock estarão apresentando listas com suas preferências particulares envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2011. Cada redator tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e apresentando sugestões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar. Como culminância do processo, no sábado, os dez álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos os colaboradores, não importando o teor das opiniões.

Por Micael Machado

Tenho grande tendência a me manter em uma espécie de “zona de conforto” com relação àquilo que ouço, até porque gosto de tantas bandas diferentes que a correria do dia a dia meio que acaba me impedindo de ir atrás dos “novos bons sons” que surgem por aí. Sendo assim, a minha lista de melhores do ano acaba ficando limitada aos poucos discos que realmente ouvi e gostei, até porque alguns álbuns incensados por aí eu não tenho a mínima intenção de colocar em meu player, seja por não gostar do estilo, seja por não gostar de quem os registrou. Dito isto, seguem os dez melhores discos que ouvi em 2011, lançados nesse ano, sem que necessariamente estejam em ordem de preferência:

Álbuns do Ano

Children of Bodom – Relentless Reckless Forever

Já havia “babado o ovo” deste disco aqui na Consultoria. E, passados vários meses, acabou que nenhum dos discos lançados neste ano conseguiu me cativar tanto quanto ele. O líder Alexi Laiho (vocais e guitarras) deu mais espaço para os teclados de Janne Warman, e o grupo voltou a fazer um disco próximo da qualidade de seus primeiros (e ainda insuperáveis) álbuns, mesclando características de seus primórdios com aquelas presentes em seus dois ou três discos mais recentes. Em resumo, um arregaço, ajudando a provar que, hoje em dia, a melhor música pesada do mundo vem mesmo é dos países da chamada Fino-Escandinávia. Alguém tem dúvidas?


Dream Theater – A Dramatic Turn of Events

Quando do anúncio da saída de Mike Portnoy do Dream Theater, fui um dos muitos que acreditaram que o grupo teria uma grande queda em sua qualidade musical. Quando Mike Mangini foi anunciado como seu substituto, coloquei o pé um pouco mais para trás, e, ao ouvir os primeiros bootlegs com o novo baterista, recuei também o segundo pé, pois era claro que ele ainda não estava no mesmo nível de Portnoy. “On the Backs of Angels”, o primeiro single, se não me decepcionou, também não me encheu de esperanças. Mas o álbum completo foi um grata surpresa, com o grupo resgatando suas próprias características, em uma espécie de “auto-tributo”, e Mangini se saindo muito bem nas baquetas (o que, felizmente, faz com que possamos continuar a reclamar apenas dos vocais de James LaBrie) – embora eu ainda o ache a anos-luz do baterista fundador do DT. Não é o melhor disco da banda, mas não chega a decepcionar quem os ouve há tempos, como é o meu caso!


Vintersorg – Jordpuls

Andreas “Vintersorg” Hedlund e Mattias Marklund retornaram após quatro anos, resgatando a agressividade e as letras em sueco do início da carreira, resultando em um dos melhores e mais equilibrados álbuns de sua discografia. Nesse estilo, poucas bandas conseguem superar o que esses dois ensandecidos músicos compõem, e Hedlund mostra mais uma vez ser um dos melhores vocalistas da atualidade. Pena seus projetos paralelos por vezes inviabilizarem o Vintersorg, banda que merecia um reconhecimento muito maior do que possui. Olha a Escandinávia aí de novo, gente!


Cavalera Conspiracy – Blunt Force Trauma

O primeiro álbum da reunião dos irmãos Cavalera já havia sido excelente, mas os manos se superaram neste segundo disco. Metal moderno, pesado e inventivo, mostrando um lado hardcore e punk que Max dificilmente deixa aparecer no Soulfly, seu grupo principal, e, felizmente, longe dos experimentos eletrônicos do MixHell, de Iggor. Atenção à edição especial com três faixas bônus (uma delas o cover para “Electric Funeral”, do Black Sabbath), todas elas imprescindíveis! Que os irmãos mineiros continuem gravando juntos por muito tempo, e sempre com esta qualidade!


Evergrey – Glorious Collision

Fui atraído a ouvir este disco pela presença do baixista Johan Niemann, ex-Therion. Surpreendi-me ao escutar um álbum com belas composições, ora mais pesadas, ora com um pezinho no pop (o que não é nenhum problema para mim), além de inteligentes e bem colocadas linhas de teclado e uma sonoridade muito atraente das guitarras. Outro álbum sobre o qual também “babei o ovo” aqui, e que abriu meus ouvidos à sonoridade desses suecos, até então desconhecida para mim. Ah, e pode ter certeza que não é coincidência eles também serem da Escandinávia…


Massahara – Massahara

Bem vindos de volta aos anos 70! Se você gosta de grupos como Tutti-Frutti, Patrulha do Espaço, Casa das Máquinas ou da fase roqueira d’O Terço, este é o disco para você! Não fosse a produção moderna, ninguém diria que este disco não foi gravado há pelo menos uns 35 anos! Não dá para entender como um grupo desta qualidade continua independente, enquanto tanta “tranqueira” é jogada em nossos ouvidos todos os dias! Fora a belíssima capa, sem dúvida a melhor do ano, aqui ou lá fora! Ouça sem moderação, e em alto volume, de preferência!


Amon Amarth – Surtur Rising

Normalmente não curto esse estilo mais extremo de metal, mas há anos que é impossível resistir à qualidade dos lançamentos destes vikings suecos! Mescla de Death com Epic Metal, com toques da sonoridade mais “tradicional” do estilo, em composições muito bem construídas, sem se resumir à simples “pauleira desvairada”, e com um vocalista que sabe colocar a voz em um meio termo entre o urrado e o gutural, variando o suficiente para não ficar algo sempre igual e chato. Além disso, as lendas nórdicas que eles abordam em suas letras são para lá de interessantes para quem se interessa pelo tema. E ainda tem a imperdível edição com um DVD bônus! Rise the Vikings! E dá-lhe Escandinávia!


Sepultura – Kairos

Este disco foi vendido como “um álbum que faz frente a Chaos AD e Roots“. Não é nada disso, pois não chega nem perto desses clássicos, mas é o melhor disco do grupo com Derrick Green nos vocais, o que não é pouca coisa! Depois de dois álbuns conceituais que, apesar de terem seus momentos, não me agradaram por inteiro, o grupo voltou a fazer um simples disco de canções sem uma temática específica, incluindo até uma excelente cover do Ministry, e outra do L7 (no arranjo do Prodigy) na edição limitada. Deu muito certo, e, embora a glória do passado pareça ter ficado em tempos idos, o Sepultura novamente mostra que ainda tem muita lenha para queimar. E com o novato (e excelente) Eloy Casagrande comandando agora as baquetas do grupo, tem tudo para voltar ao lugar que merece entre os destaques do metal mundial!


Yes – Fly From Here

Se hoje é até bastante comum, há uns quinze anos, quando conheci o disco Drama (1980), era quase um absurdo alguém admitir que gostava desse álbum, muito pelo fato de não contar com o vocalista Jon Anderson. Pois 31 anos depois, Chris Squire, Steve Howe e Alan White provam mais uma vez que é possível sim existir o Yes sem o seu magistral vocalista. De quebra, ainda trouxeram de volta o tecladista Geoff Downes, que dá um verdadeiro show nas composições deste marco na carreira do jurássico grupo inglês (ao lado do sempre competente Steve Howe). Benoît David, o novo cantor, acertou ao não tentar imitar Jon Andreson (tarefa que seria ingrata a qualquer um), mas gravar as músicas com seu próprio registro, bastante agradável por sinal. A capa também é um destaque, sendo mais um belíssimo trabalho do mestre Roger Dean. E o que falar da edição especial em forma de box, cheia de mimos aos colecionadores? Imperdível é pouco!


Jakko Jakszyk, Robert Fripp and Mel Collins – A Scarcity of Miracles

O Rei Escarlate em pessoa (Mr. Robert Fripp) e a cozinha do King Crimson (Tony Levin e Pat Mastelotto) resgataram Mel Collins (antigo saxofonista do grupo) e trocaram Adrian Belew pelo vocalista e guitarrista Jakko Jakszyk, ex-21st Century Schizoid Band. O resultado é um disco surpreendente, belo e melódico como há muito não se ouvia de um trabalho com a assinatura de Fripp. Se suas soundscapes e seus frippertronics por vezes tornam o som um pouco gélido e eletrônico demais (à moda dos trabalhos de Brian Eno, antigo colaborador do líder do KC), a percussão de Mastelotto, as cordas (e a voz) de Jakszyk e os sopros de Collins dão um toque de suavidade a tudo. Não é para qualquer um, mas, para quem conseguir apreciar sua sonoridade, é um álbum ideal para relaxar ao fim de um dia cansativo de trabalho. Ou para descansar os ouvidos depois de ouvir as “pauladas” listadas acima.

A surpresa

Pat Mastelotto e Tony Levin

Para mim não foi um álbum, mas um show: o Stick Men Trio em Porto Alegre, em 18 de março. Quando pensei em poder ver, a poucos metros de distância, monstros do calibre de Tony Levin e Pat Mastelotto debulhando seus instrumentos ao lado de outra fera chamada Markus Reuter, em um espetáculo que quase substituiu a vontade de ver o Rei Escarlate em pessoa. Ainda não foi desta vez, mas o gostinho do que poderia ser um show do King Crimson foi muito, muito bom! Que mais surpresas agradáveis como esta ocorram em 2012!

A decepção

Rush – Time Machine

Minha decepção maior foi com o trio canadense Rush, que, além de não lançar o novo álbum Clockwork Angels, como prometido, ainda lançou um CD e DVD ao vivo gravado em Cleveland durante a Time Machine Tour, o qual dá mostras de que a voz de Geddy Lee definitivamente está indo para o saco, e que, infelizmente, aquilo que ouvi ao vivo ano passado no show do grupo no Rio de Janeiro não foi apenas resultado de um artista acometido de uma forte gripe. Que o novo disco me desminta, e que o DVD (ao qual ainda não assisti, confesso) compense com imagens estas falhas. Mas que ouvir este álbum ao vivo é um convite à irritação, ah, isto é!

Outras Menções

– O disco Out Standing in Their Field, da Steve Morse Band (um dos melhores que ouvi este ano, apesar de ser originalmente de 2009), e a versão dupla de Rapture of the Deep, do Deep Purple, finalmente disponibilizados no mercado brasileiro como parte do excelente trabalho da Hellion Records ao longo do ano;

– O anúncio do fim do REM, notícia a se lamentar, com certeza;

– O show do Pearl Jam em Porto Alegre, o melhor espetáculo de 2011 a que estive presente;

– O longo, pretensioso, autoindulgente e maravilhoso Whirld Tour 2010: Live in London, do Transatlantic, o melhor ao vivo lançado este ano;

– O projeto Who Cares, que finalmente reuniu Tony Iommi e Jon Lord em uma mesma gravação, algo com o qual eu sonhava desde a primeira vez que ouvi o disco On Fire, do Spiritual Beggars. As participações de Ian Gillan, Nicko McBrain e Jason Newsted também foram importantes, claro, mas ouvir estes dois gigantes trocando notas em uma mesma canção foi, para mim, o fato do ano! Pena que tenha sido só um single;

– As mortes de Gary Moore, Amy Whinehouse e tantos outros que deixaram o mundo da música menos talentoso;

– O grande número de shows em Porto Alegre, dando a mim e tantos outros a oportunidade de assistir a artistas que dificilmente viriam para cá há alguns anos, como Phil Anselmo, Pepper Keenan, Duff McKagan, Blaze Bayley, Jon Anderson e outros de menor renome;

– O lançamento no Brasil do livro Hey Ho Let’s Go, com quase quinhentas páginas contando a história dos Ramones, a melhor banda de todos os tempos na minha opinião!

5 comentários sobre “Melhores de 2011: por Micael Machado

  1. Deppois do Sepultura o Max Cavalera não conseguiu me agradar com nada que fez. Porém sou sicero em dizer que esse disco do Cavalera Conspiracy eu nem sequer fui atrás.
    Estou encontrando muito o nome do Amon Amarth por aí. Será que vou gostar?
    E Kairon é sim o melhor disco com o Derrick nos vocais, mas realmente está muito longe dos com o Max…

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