Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais: The Trinity Festival Tour

Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais: The Trinity Festival Tour

Por Mairon Machado

Notícias Fícticias que Gostaríamos que Fossem Reais é uma sessão da Consultoria do Rock onde apresentamos notícias fictícias, mas que poderiam se tornar reais em algum momento de nossas estadas aqui na Terra. A intenção não é gerar polêmcias ou controvérsias sobre determinados fatos, mas apenas incitar a discussão sobre o que ocorreria se o mesmo fato chegasse a acontecer.

O sonho de muito marmanjo tornou-se realidade na noite do último domingo, 21 de agosto, na Inglaterra. Diante de mais de 100 mil pessoas, em um Wembley Stadium tomado por jovens, velhos e admiradores do rock em geral, que saíram de suas casas praticamente carregando toda a família, foi dada a largada para aquele que está sendo considerado o maior festival da história do rock, o The Trinity Festival, o qual reúne nada mais nada menos que três bandas consideradas as maiores da década de 70, e que formam o que hoje é considerada a santíssima trindade do heavy metal: Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple.

Os três grupos reuniram-se depois de muitas especulações. Afinal, o Led Zeppelin acabou em 1980, após a morte do baterista John Bonham, e mesmo com as diversas reuniões, jamais voltaram a fazer uma excursão. Por outro lado, o Black Sabbath também passou por diversas pendengas, sendo que a última vez que seu nome foi citado foi através do extinto Heaven and Hell, o qual contava com o baixinho Ronnie James Dio nos vocais (falecido em 2010). Por fim, o Deep Purple, apesar de ainda estar na ativa, há alguns anos marca a rivalidade entre Ian Gillan (vocais) e Ritchie Blackmore (guitarras), que praticamente não se falam havia quase duas décadas.
Tony Iommi e Ian Gillan, na conferência de imprensa pré-show

Mas os tempos passaram, e graças a diversos promotores, entre eles Bob Geldof (famoso por organizar os festivais Live Aid, em 1985, e Live 8, em 2005), bem como o apelo emocional, o trio pesado foi reunido para fazer uma turnê mundial que arrecadará fundos para ajudar vítimas de atentados terroristas e também crianças necessitadas ligadas à grupos não governamentais com sustento da ONU.

Dessa forma, o Led Zeppelin foi reunido com Jimmy Page (guitarras), John Paul Jones (baixo), Robert Plant (vocais) e Jason Bonham (bateria), sendo essa a mesma formação que participou do último show do grupo, em dezembro de 2007. O Black Sabbath veio com Ozzy Osbourne (vocais), Tony Iommi (guitarras), Geezer Butler (baixo) e Eric Singer (bateria), já que Bill Ward, o baterista original, passa por alguns problemas de saúde.
Wembley Stadium durante apresentação do Captain Beyond
O caso mais emblemático foi o Deep Purple. Os promotores queriam a formação mais famosa, com Gillan e Blackmore dividindo o mesmo o palco. A birrenta dupla não topou, e a solução foi apresentar o Deep Purple com dois line-ups diferentes, onde os primeiros cinquenta minutos competem à seguinte formação: Ian Gillan (vocais), Roger Glover (baixo), Ian Paice (bateria), Don Airey (teclados), Jon Lord (teclados) e Steve Morse (guitarra). Já os últimos cinquenta minutos foram reservados para a formação que conta com Ian Paice, Jon Lord, Don Airey, Ritchie Blackmore, Glenn Hughes (baixo, vocais) e David Coverdale (vocais).

A insanidade dos fãs para conseguir um ingresso foi tamanha que as vendas bateram recordes, sendo os 100 mil ingressos vendidos em menos de cinco minutos. No último domingo, às 16 horas, os portões do estádio se abriram para uma noite memorável.

Lee Dorman, baixista do Captain Beyond

O show de abertura foi com nada mais nada menos que uma das melhores bandas do hard rock setentista. Geldof e os demais produtores trouxeram do limbo Rod Evans (vocais), Bobby Caldwell (bateria), Larry “Rhino” Reinhardt (guitarras) e Lee Dorman (baixo), e, depois de quase 30 anos, o Captain Beyond voltou à cena. Com uma apresentação impecável de pouco mais de 45 minutos, o grupo interpretou seu álbum de estreia, lançado em 1972. O espetacular Captain Beyond foi tocado na íntegra, e o Captain Beyon ainda fez uma bela revisão para um dos hinos da primeira formação do Deep Purple: “Hush”.

Um emocionado Rod Evans (vocalista da Mark I do Deep Purple) anunciou a primeira das grandes bandas da noite. O Deep Purple entrou em cena com Gillan detonando “Highway Star”. Na sequência vieram “When a Blind Man Cries”, “Ted the Mechanic”, “Smoke on the Water”, “Black Night”, “Perfect Strangers”, “Woman from Tokyo”, “Maybe I’m a Leo” e encerraram com a surpreendente “No No No”. Destaque para os sensacionais duelos entre Airey e Lord.
O Deep Purple saiu do palco, mas Gillan continuou. Com a plateia enlouquecida, Gillan contou que era um prazer estar ajudando diversas pessoas ao redor do mundo ao mesmo tempo que estava alegrando as dezenas de milhares de pessoas no Wembley, na primeira data de uma longa turnê, partindo então para o anúncio de “uma das bandas que eu mais admiro em minha vida. Com vocês: Black Sabbath”.
Ozzy Osbourne

Iommi, Butler e Singer entraram no palco soberanamente, e, para surpresa geral, soltaram os acordes de “Trashed”, canção que abre o álbum Born Again, gravado pelo Black Sabbath em 1983, que conta com Gillan nos vocais. Depois, Ozzy assumiu o microfone, dividindo os vocais com Gillan em “Zero the Hero”. Lágrimas rolaram no estádio. A sequência do Black Sabbath contou com “War Pigs”, “Black Sabbath”, “Never Say Die”, “It’s Alright”, “Paranoid”, “Sabbath Bloody Sabbath”, “Sleeping Village”, “Wicked World”, “Children of the Grave” e “N.I.B.”. No final do show, Ozzy lembrou Ronnie James Dio, e dedicou a última canção daquela apresentação do Black Sabbath a ele. Assim, chamou ao palco Glenn Hughes, para então interpretarem uma arrepiante versão de “Heaven and Hell”.

O público não parava de gritar e chorar. A emoção era total. Hughes deu boa noite para a galera, agradecendo ao Black Sabbath por aquela sensacional apresentação.

David Coverdale

Logo após, com todo seu carisma, Hughes disse: “Chegou a hora de reencontrar velhos amigos. Quanto tempo não subimos em um palco tão grande como esse. Nossa estreia foi praticamente assim. Ritchie, David, Ian, Jon, Don, por favor, venham cá”. Debaixo de uma enxurrada de aplausos, a Mark III do Deep Purple estava novamente reunida, com a adição de Don Airey, e a segunda parte da apresentação do grupo foi ainda melhor que a primeira.

Glenn Hughes

O grupo começou com “Burn”, que fez tremer o último tijolo do estádio. Na sequência, vieram “You Fool No One”, “Stormbringer”, “Lady Double Dealer”, “A-200”, “Mistreated”, “Soldier of Fortune” e a linda homenagem a Tommy Bolin com “You Keep on Moving”. Blackmore esteve impecável, e os duelos com Airey e Lord mostravam que mesmo velhinho, o guitarrista manda ver. Mesmo assim, o músico não perdeu a pose dos setenta, e manteve-se todo o tempo no lado direito do palco, sem se quer chegar perto dos colegas de apresentação, a não ser naquele que talvez tenha sido O MOMENTO do show.

Ritchie Blackmore

Com o Wembley Stadium em  comoção, e em um dos raros momentos da história, Blackmore foi ao microfone de Hughes, e dedicou algumas palavras aos amigos Cozy Powell e Ronnie James Dio, considerado por ele o maior gênio da voz do heavy metal. Blackmore contou que a perda dos ex-companheiros de Rainbow ainda era sentida por ele, e como certamente ambos estavam observando aquela apresentação, uma pequena homenagem seria feita. Então, o guitarrista completou: “Paice, agora é com você“, e após uma contagem de “one, two, three, four”, Paice detonou a pancada introdução de “Stargazer”, uma das principais canções do Rainbow, onde Blackmore, Dio e Powell tocaram juntos, e que foi cantada por Hughes e Coverdale com uma perfeição cirúrgica. Para fechar a apresentação do Deep Purple, Rod Evans voltou ao palco, e ao lado de Coverdale, cantou “River Deep, Mountain High”.

O público estava alucinado. Muitos não sabiam para onde olhar. Depois de um intervalo de 40 minutos, as luzes se apagaram, e então, Page, Plant, Jones e Bonham (o filho), começaram as duas horas do show do Led Zeppelin com “Rock and Roll”. A partir de então, o grupo desfilou clássicos e mais clássicos: “Celebration Day”, “The Song Remains the Same”, “The Rain Song”, “Stairway to Heaven”, “Kashmir”, “Achilles Last Stand”, “Over the Hills and Far Away”, “We’re Gonna Grove”, “Whole Lotta Love”, “Dazed and Confused”, “Out on the Tiles”, “No Quarter”, “Since I’ve Been Loving You” e “Black Dog” foram cantadas em uníssono. O quarteto saiu do palco, voltando para o bis com mais duas canções: “All My Love” e “Thank You”, cantada por Plant, Coverdale e Ozzy.

Led Zeppelin em ação

Por fim, todos subiram ao palco e agradeceram aos fãs, que foram para casa depois da maratona de mais de seis horas de apresentação, a qual está saindo da Inglaterra em direçao à Itália. Depois, o The Trinity Festival passará por Alemanha, Espanha, França e Dinamarca, fazendo praticamente um show a cada duas semanas, tendo ainda quatro datas na Ásia (duas no Japão, uma na China e uma na Índia), duas na África do Sul, seis datas nos Estados Unidos, duas datas no Canadá e mais cinco datas na América do Sul (três no Brasil, uma na Argentina e uma no Chile), encerrando as 25 datas programadas justamente com uma apresentação na reabertura do Maracanã, programada para janeiro de 2013, e prometendo uma grande surpresa para a banda de abertura em cada local dos shows, inclusive no Brasil.

Façam suas apostas, mas principalmente, preparem o coração. Essa turnê é algo com o qual sempre sonhamos!

9 comentários sobre “Notícias Fictícias que Gostaríamos que Fossem Reais: The Trinity Festival Tour

  1. É de arrepiar…só de pensar Hughes e Ozzy no mesmo palco dividindo os vocais de um clássico e ainda por cima Ozzy e Gillan dividindo a pérola "Zero The Hero"…um ótimo set list do Sabbath inclusive, bem variado!

    belo texto, Mairon!!!

  2. Castanha, Mairon!.. nem nos meus tempos de provador profissional de chá de lírio tive alucinações tão legais. E se me permite uma colaboração, parece que para esse show de reabertura do Maraca está programada a montagem de uma tenda da Fundação Chico Xavier onde médiuns de plantão incorporarão Dio, Bonham, Bolin, Powell e outros possíveis finados para uma sessão de psicoautógrafos nos discos originais da bandas. Quem viver, verá!!!!
    Texto muito bom, como sempre.

  3. O Mairon já andou indo em elguma festinha de faculdade em Pelotas e acho que deram ácido pra ele, hein! Ozzy cantando "Zero the Hero"? Mas nem com teleprompter, hehehe…

    Aliás, aproveito a oportunidade para fazer o questionamento: alguém mais aí não está lá muito empolgado com a possibilidade de uma reunião do Black Sabbath?

  4. Belo texto… muita imaginação…
    é uma pena que poderia ser até verdade… mas o Plant não quer, o Blackmore e o Gillan não se bicam e por ai vai…

    parabéns pelo texto

  5. Muito legal… Mas pessoalmente discordo da "banda de abertura"… Já ouvi diversas vezes os dois primeiros discos do Captain Beyond e não consigo ver nada de mais neles. Parece que, parafraseando uma seção do blog, é "a banda que parece que só eu que não gosto", hehehehehe…

  6. Êta fuminho bão hein, Mairon?!!! hahuahuahuahuahua…do quarto parágrafo em diante não parei mais de rir!!!
    Abraço!!
    Ronaldo

  7. Mairon…
    O "Notícias Fictícias" é descrito assim: "é uma sessão da CdR onde apresentamos notícias fictícias, mas que poderiam se tornar reais"…
    O que eu quero dizer é que tem que ser algo que PODERIA se tornar real…hahahaha
    Isso aí nem em filme!!! hahaha

    Gostei da escolha da banda de abertura…

  8. O SET LIST DO SABBATH ME SURPREENDEU!!WICKED WORLD,ESSA MÚSICA ELES NÃO TOCAM DESDE O MEIO DOS ANOS 70!!!MINHA CANÇÃO FAVORITA DO SABBATH,JUNTO DE LORD OF THIS WORLD.

  9. Legal que anos depois, o Sabbath se reuniu com o Ozzy, e o Hughes fez uma tour com as músicas da Mark III e IV. Falta o Zeppelin e o Captain Beyond

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