Direto do Forno: Savatage – Sirens & The Dungeons Are Calling: The Complete Sessions [2010]

Direto do Forno: Savatage – Sirens & The Dungeons Are Calling: The Complete Sessions [2010]



Por Diogo Bizotto

Sirens e The Dungeons Are Calling foram gravados em uma sessão. As músicas deveriam formar nosso LP de estreia. Acabou ficando longo demais para o vinil, então foi dividido em dois, nosso primeiro álbum (Sirens) e um longo EP (The Dungeons Are Calling). Pela primeira vez agora, o material está sendo lançado como um álbum, exatamente como foi concebido. Há certamente um frescor na maneira como tocávamos que você ainda pode apreciar, nós estávamos muito excitados apenas pelo fato de estar em um estúdio de gravação… Eu acredito que essa energia ainda pode ser encontrada em todas as músicas, tornando este álbum especial para muitos de nossos fãs”
Essas palavras, escritas pelo próprio Jon Oliva, vocalista, tecladista e posteriormente multi-instrumentista do Savatage, são sua justificativa para o recente lançamento unindo, em apenas um disco, o primeiro álbum da banda, Sirens (1983), e o subsequente EP, The Dungeons Are Calling (1985), devidamente remasterizado e lançado no Brasil pela gravadora Hellion.
A banda produzia na época uma sonoridade bastante diferente daquela pela qual se notabilizou, apostando muito mais no peso do que na veia épica de arranjos esmerados, que surgiria em Hall of the Mountain King (1987) e ganharia cada vez mais importância com o passar do tempo. Neste registro, o Savatage baseia-se fortemente nos poderosos riffs de Criss Oliva, um dos melhores (e mais injustiçados) guitarristas a despontar na década de 80. Criss soa em diversos momentos como uma junção entre Tony Iommi (Black Sabbath) e Michael Schenker (UFO, MSG, Scorpions), unindo peso e técnica com uma dinâmica única, que ainda evoluiria muito. Apesar da produção de Dan Johnson soar bastante datada e a bateria de Steve Wacholz estar um tanto apagada, a timbragem da guitarra de Criss já demonstrava forte personalidade, e o baixo de Keith Collins está bastante ressaltado. Quanto a Jon, além de pilotar os teclados, já apresentava com propriedade seus vocais agressivos, com direito àqueles agudos pelos quais ficou famoso.
Sempre enxerguei The Dungeons Are Calling como um disco melhor que Sirens, e a impressão ao ouvir esse relançamento se perpetua. Certamente o registro mais pesado do então quarteto, não deixa o ouvinte tomar fôlego sequer um instante, pautado por composições possuidoras de um peso cadenciado que encontrava poucos pares em 1983, como a faixa-título e “By the Grace of the Witch”, além de outras que investiam em andamentos mais velozes, caso de “Visions” e “The Whip”. Impossível deixar de citar “City Beneath the Surface”, que remete aos tempos em que a banda se chamava Avatar, provavelmente a canção mais ambiciosa do Savatage até então, incluindo uma introdução com sintetizadores e um leve lampejo daquilo que o Savatage se tornaria.

Savatage em 1983: Criss Oliva, Jon Oliva, Steve Wacholz e Keith Collins

Sirens pode não ser tão equilibrado, mas também é recheado de destaques, como a pesada faixa-título, que nunca deixou de ser executada ao vivo pelo Savatage até o final da carreira, a excelente “Holocaust”, dotada de riffs contagiantes, a quase thrash metal “Rage” e a dinâmica “Living For the Night”, além da sacana “Twisted Little Sister”, a primeira de várias composições contando com letras sexistas de Jon.

Como bônus, o relançamento ainda conta com uma versão acústica de “In the Dream”, faixa cuja versão original está presente em Power of the Night (1985), segundo full lenght da banda. The Complete Sessions traz um Savatage com uma proposta diferente da que viria a desenvolver no futuro, mas que, apesar da pouca experiência, demonstrava muita competência e personalidade na composição de seus temas, em especial o promissor Criss Oliva, um guitarrista que ainda estaria mostrando muito serviço, caso não tivesse morrido em 1993, vítima de um acidente automobilístico. De negativo, apenas o encarte pobre em informações, limitando-se à ficha técnica e a um pequeno texto de Jon sobre a época. Mesmo assim, trata-se de um documento histórico, recheado de heavy metal para se levar a sério!

Track list:

1. Sirens
2. Holocaust
3. I Believe
4. Rage
5. On the Run
6. Twisted Little Sister
7. Living For the Night
8. Scream Murder
9. Out on the Streets
10. The Dungeons Are Calling
11. By the Grace of the Witch
12. Visions
13. Midas Knight
14. City Beneath the Surface
15. The Whip
16. In the Dream [Acoustic Version] [faixa-bônus]

3 comentários sobre “Direto do Forno: Savatage – Sirens & The Dungeons Are Calling: The Complete Sessions [2010]

  1. Ah… Savatage. Se tem uma banda que faz falta hoje em dia, é essa.

    Como ja falamos antes, como o Criss Oliva foi subestimado. O som de guitarra desses dois discos é fenomenal, ainda mais se levarmos em consideração o orçamento para grava-los.

    Gosto muito desse inicio de carreira da banda. Ainda que a sonoridade não fosse tão única como seria no futuro, a banda ja tinha caracteristicas muito proprias, como a voz unica do Jon e a guitarra inconfundivel do Criss. Isso tudo sem falar em hinos como Sirens, By The Grace Of The Witch, City Beneath The Surface, The Dungeons Are Calling… A força desses riffs é absurda!

    E mais pra frente ainda teriamos Power Of The Night, Unusual, 24 Hours Ago, Devastation… É até dificil escolher entre o Savatage "metal" e o Savatage "sinfonico"…

  2. E o melhor é que eles conseguiam equilibrar essas facetas com muita competência, oferecendo alguns dos maiores destaques da carreira. Não fosse "Fight For the Rock", poderia dizer facilmente que eles não possuem sequer um álbum nitidamente mais fraco. Mesmo assim, entre as faixas desse disco estão boas composições, em especial "Red Light Paradise", pela qual tenho um apreço especial.

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