Datas Especiais: Pet Sounds: 45 anos do melhor disco da história – Parte II

Datas Especiais: Pet Sounds: 45 anos do melhor disco da história – Parte II
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Por Mairon Machado
Como vimos na primeira parte, o The Beach Boys estava em viagem pelo Japão quando Tony Asher foi contratado para auxiliar Brian na construção das letras do próximo disco. Em um sentido quase cinematográfico, Pet Sounds foi realmente um trabalho de rock ’n’ roll adulto, transmitindo a mensagem do estado do mundo de Brian, produzida através da construção de seus operários musicais responsáveis pela transmissão da mesma, no caso, os demais integrantes do Beach Boys. 
A importância das vozes de cada membro do grupo foi comprovada, recebendo uma dedicação muito pessoal dos integrantes, que logo perceberam a importância do que estavam fazendo. Ao mesmo tempo, Asher, apresentado a Brian por um amigo próximo e colaborador em oito das 13 canções do álbum, surgiu para resgatar as palavras que lutavam em sair da mente de Brian, completamente preenchida de ideias e sentimentos, mas em conflito emocional com o lado humano do que estava indo parar em cada nota que escrevia. Fácil de explicar, já que Brian acabava de entrar na fase adulta de sua vida.
Brian Wilson e Tony Asher
Com Asher, as canções passaram a ganhar sentido através das letras, com “Woudn’t it Be Nice” falando sobre esperança e amor, “I’m Waiting for the Day” sobre amores imperfeitos, “God Only Knows” sobre graças a um Deus espiritual, “I Know There’s an Answer” sobre busca por respostas, “Here Today” lamentando a fŕagil natureza do amor, “I Just Wasn’t Made for These Times” sobre esquizofrenia e a aceitação de pessoas com anomalias, “Don’t Talk (Put Your Head on My Shoulders)” sobre momentos românticos, “You Still Believe in Me” sobre  a possibilidade de realizar sonhos inimagináveis, “Let’s Go Away for Awhile” sobre fugas fantasiosas e “Caroline No” sobre perda da inocência.

Claramente, o que está contido em Pet Sounds (como veremos no Podcast especial da semana que vem) não é nada próximo as ensolaradas canções iniciais da carreira do grupo, cheias de alegria, festas e bem descompromissadas instrumentalmente. Se você é um fã dessa fase do Beach Boys, bom, quando for ouvir Pet Sounds (se é que já não fez isso) não pense que é o mesmo Beach Boys. Pense como sendo um álbum com a participação dos membros do Beach Boys, produzido por Brian Wilson, e ai você irá ouvir e enxergar a beleza do disco. Caso contrário, poderá cometer a blasfêmia de considerá-lo um dos piores discos que já ouviu.

Os pais de Brian, Donna e Murry Wilson
Mas por que a cabeça de Brian mudou? Foi do nada? Bom, a resposta principal que eu posso dar é que não foi por nada. Em 64, A vida de Brian mudou drasticamente, quando seu pai e empresário Murry Wilson deixou de liderar o grupo por detrás das composições. A tirania de Murry, junto a humilhações públicas e multas sem fundamento aos cinco membros do Beach Boys como 50 dólares por andar com garotas, 100 dólares por falar palavrões e 150 dólares por atraso na montagem dos equipamentos, fora o fato de constantemente agredir Dennis Wilson por não tocar corretamente seu instrumento e ser desinteressado em aprender o mesmo, acabaram levando Mike Love a esmurrar Murry até sangrar. O grupo saiu em defesa de Mike, e no dia seguinte, o pai dos Wilson era demitido de seu posto, além de semanas depois ter sua esposa Donna (mãe do trio-Wilson) pedindo separação.
A ausência do pai no trabalho de produção, e a separação prematura, abalou a vida de Brian, que por ser o mais velho, teve que carregar o fardo de levar o Beach Boys adiante e ainda por cima ter que brigar com seu pai, ao ponto de ficarem muito tempo sem trocar uma palavra.
Brian e Marilyn Wilson
Pouco depois da separação de seus pais, Brian casou-se com Marilyn, uma garota de apenas 17 anos, ao mesmo tempo que, sendo líder do Beach Boys, e com a ausência das multas do pai, passou a consumir drogas, primeiro com maconha e depois, avançando rapidamente para o LSD, já no início de 65, pouco tempo  depois de ter tido um colapso nervoso que quase o levou a morte (uma espécie de infarto). O LSD abriu a mente de Brian não só do ponto de vista musical, mas também sexual. Na visão dele, agora ele era o responsável não só pelo grupo, mas tinha poderes também em sua família.
A conseqüência disso foi imprevista e covarde. Brian, alucinando, agarrou a irmã mais nova de Marilyn, Barbara, à força, tentando estrupá-la, e dias depois, agrediu sua esposa, passando a ter um caso então com a irmã mais velha da mesma, Diane, que foi promovida a secretária do Beach Boys. O difícil relacionamento com Marilyn, e a relação de seus pais, era uma fonte mais que poderosa para inspirar Brian a transbordar seus sentimentos, e assim foi feito em um caríssimo período de gravação. “Eu fiquei apaixonado por alguns meses e encontrei uma forma de gravar isto” (Brian Wilson, 1990).
Brian e os Beach Boys em estúdio
As gravações com os demais membros do Beach Boys começaram logo após a volta do Japão. “Após fazer doze faixas e totalmente esgotando algumas das minhas criatividades musicais, eu passei a mostrar o que tinha para os garotos, que acabavam de voltar para a casa após a turnê pelo Japão. Eles todos piraram, completando assim o álbum comigo. Acabamos com um clássico nas mãos” (Brian Wilson, 1990).

Mas, algumas faixas já estavam prontas há alguns meses, e foram trabalhadas o instrumental principalmente durante o mês de janeiro de 1966, sendo que a adição dos vocais duraram longos três meses (um absurdo para a época), estendendo-se até quase final de abril. As introspectivas e pessoais letras de Brian e Asher, bem como as intrincadas e complexas peças instrumentais, foram uma a uma sendo construídas, como cada pincelada de um pintor pra construir uma obra-prima.

Dennis Wilson
Um fato que precisa ser destacado e que é muito importante para o processo de gravação de Pet Sounds é a influência que os dias de Brian ao lado da orquestra de Phil Spector tiveram na mente do garoto Wilson. Trabalhando lado-a-lado com Spector no início de carreira dos Beach Boys, Brian absorveu toda a metodologia de gravação de uma orquestra e de instrumentos diversos, e quando começou a pensar a música de uma nova forma, ele logo pensou que quem poderia auxiliá-lo eram os músicos da orquestra de Phil Spector.
Brian aplicou a concepção que ele batizou de Som Espiritual Branco, onde cada instrumento e timbre vocal era disposto da maneira que, unidos, criavam um novo instrumento, surgindo novos sons que antecederam os sintetizadores em quase duas décadas. Ele enxergava a música como uma pintura impressionista, criando sons para expressar emoções específicas.
Eu experimentei com sons que iriam fazer o ouvinte sentir-se apaixonado. O álbum era um conjunto artístico na frente de outros álbuns e era, na verdade para aquela época, minha maior e melhor produção. Esta foi a primeira vez que eu usei letras mais inspiradas e tradicionais que emitiam sentimentos da minha alma e não o tipo usual dos The Beach Boys” (Brian Wilson, 1990).
Sentimento é a principal palavra que transborda das canções do álbum. O método de gravação usado foi o preferido de Brian. Uma vez que uma canção fosse concluída, ou quando a letra ainda não estava completa, ele entrava no estúdio, ouvia e sempre achava algo a mais para adicionar. Muitas vezes, ocorria de Brian e os músicos chegarem no estúdio apenas com uma linha melódica e um tema vocal padrão, construindo as canções praticamente do zero.
Brian Johnston
Brian trabalhou individualmente com cada músico, mostrando para ele, através de murmuros e cânticos, o que ele queria ouvir daquele determinado instrumento. Os arranjos de Brian, fervendo na sua cabeça, saiam através da expressão de suas mãos e de seu corpo, com os músicos passando ao instrumento o que Brian estava transmitindo. Todos os que estiveram envolvidos no processo de gravação das faixas instrumentais são unânimes em afirmar que o comportamento de Brian era incrível e ao mesmo tempo assustador, parecendo estar possuído pela música que estava sendo gravada.
Depois de cada pessoa conhecer sua parte, as gravações começavam. A princípio, cada sessão de gravação seria para uma determinada canção, com Brian regendo os músicos até reproduzirem o que ele queria. Todas as canções foram tocadas uma a uma desde seu início até o fim, e nenhuma delas saiu como Brian queria logo na primeira gravação, além de que sempre depois de ouvir o resultado final, ele imaginava algo diferente e prontamente aplicava a mudança, seja em um acorde, em uma nota ou até mesmo na batida da bateria.
Enquanto regia uma determinada canção, Brian anotava em papéis ou em algum lugar da sua mente as mudanças que faria para a canção seguinte, ou até mesmo naquela mesma canção, uma pequena amostra do talento que ele possuía. Além disso, Brian, surdo do ouvido direito desde pequeno, conseguia prestar atenção em pequenos detalhes, freqüentemente interrompendo o processo de gravação para corrigir o andamento, uma entrada perdida por algum músico ou uma mudança específica de algum acorde que ele percebeu não ficar como ele pensava. Porém, os músicos por diversas vezes davam ideias para um Brian aberto às sugestões. 
Brian, comandando a orquestra durante gravação de Pet Sounds
No total, 57 músicos foram usados para gravar as treze faixas de Pet Sounds. Além deles, dos Beach Boys, apenas os irmãos Wilson participaram tocando instrumentos, com Dennis (bateria) Carl (guitarra) e Brian (órgão) em “That’s Not Me” e Brian tocando piano em “Pet Sounds”. Aliás, “Pet Sounds” apresenta a inusitada participação dos cães de Brian, Banana e Louie, bem como Brian tocando latas de refrigerante vazias, caixas de papelão e garrafas de vidro. Outra “estranhice” foi a pioneira inclusão do theremin como instrumento principal, fazendo o solo de “I Just Wasn’t Made for these Times”.
Todos os músicos são unânimes em afirmar que Brian não era o líder orquestral mais risonho e alegre com quem podiam trabalhar, mas ao mesmo tempo, era muito afetuoso e humano com cada músico durante momentos complicados das gravações, sempre elogiando e esboçando um pequeno sorriso quando o músico alcançava as notas desejadas. Trabalhando sete dias por semana, consumindo suas horas de madrugada e dormindo preferencialmente no período diurno, Brian convocava sessões de gravação em datas e horários as vezes absurdos.
Um dos casos mais emblemáticos aconteceu com o guitarrista Billy Strange. Ele havia se separado da esposa há alguns meses, tendo ganho o direito de ver seu filho apenas um domingo por mês. Exatamente no domingo marcado para ficar com o filho, logo no início da manhã, Billy recebeu uma ligação de Brian, dizendo que estava com o seu filho no carro e que precisava urgentemente falar com Billy, convocando-o para ir no estúdio da Western 3 e levar seus instrumentos e mais algum guitarrista que ele encontra-se no caminho. Mas os instrumentos de Billy não estavam em casa, e mesmo assim, como tinha que pegar seu filho, o guitarrista se dirigiu até os estúdios da Western 3. 
No estúdio, Brian agradeceu e começou a cantarolar uma canção (“Sloopy John B”) ao mesmo tempo que um instrumental tocava ao fundo. em um determinado momento, Brian interrompeu a canção e falou: “Eu preciso de um solo de violão elétrico de 12 cordas aqui“.  Billy prontamente respondeu: “Eu não tenho um violão elétrico de 12 cordas“. Deixemos Billy contar o resto da história.
Então, Brian ligou para a casa de Glenn Wallichs (n. r. proprietário da Wallichsmusic City, uma grande loja musical da cidade, e também co-fundador da Capitol Records) e mandou alguém até a loja. Glenn abriu a loja e trouxe para o estúdio uma Fender 12 cordas e um amplificador Fender Twin. Eu liguei o instrumento e fiz uma passagem de oito ou dezesseis compassos, e Brian ficou extremamente feliz. Ele disse: ‘É isto!’. Então, ele tirou um monte de dinheiro do seu bolso e me deu 500 dólares. Antes de eu sair com meu filho, ele ainda me avisou: ‘Não esqueça a guitarra e o amplificador, eles são seus’” (Billy Strange, 1996).
Brian, sendo influenciado
Esse era o Brian, profissional mas humilde. Suas peripécias não param por aí. Outro fato muito curioso aconteceu com um dos membros da orquestra responsável por tocar órgão em uma determinada canção. A gravação corria normalmente, mas Brian não estava satisfeito com o som que era feito pelos pedais do órgão. Os músicos gravaram a canção por diversas vezes, mas nada agradava Brian. Então, nosso genial líder do Beach Boys deitou-se sob o banco do músico e começou a tocar os pedais com as mãos, emitindo um determinado som. O músico logo disse: “Eu posso fazer isso” e começou a tocar o que Brian estava tocando. Porém, Brian saltou do chão e pacientemente explicou que o som que o músico estava tirando com os pés não era o mesmo que o feito com as mãos. Resultado: o músico tocou os pedais do órgão deitado sob o banco, obviamente, com as mãos.
Beach Boys no Japão (Love, Dennis, Carl, Brian e Jardine
Os Beach Boys voltaram do Japão e entraram nos estúdios, pouco depois de Brian ter feito uma tentativa de ver se realmente valeria a pena colocá-los na gravação para lançar as canções como um álbum do Beach Boys. Para isso, lançou no dia  07 de março de 66 em carreira solo o single de “Caroline No” / “Summer Means New Love”, que apesar de ter virado um clássico na sua carreira, permanecendo sete semanas entre as 100 mais da Billboard e três semanas entre as 40 mais, alcançando a trigésima segunda posição, foi considerado um fiasco comercial.
Sendo assim, o único jeito de atingir um grande público com suas canções era lançá-las escondidas sob o nome de Beach Boys. Então, começou a ensinar a parte vocal de cada um de seus colegas. Essas aos poucos foram adicionadas, e incrivelmente, encaixavam com a música já gravada anteriormente. Algo simples de explicar, já que Brian havia “ouvido” aquilo quando passou a informação para seus colegas. Por vezes, quando Brian dizia para algum membro do Beach Boys: “Faça isso, faça aquilo”, o que estava sendo pedido não fazia nenhum sentido. Porém, quando mixado com a música de fundo, tudo passava a ser como um motor com as engrenagens funcionando perfeitamente. 
Ensinando as partes vocais para Bruce, Jardine e Dennis
Eu fiz a maioria das vozes de Pet Sounds porque eu precisava direcionar a expressão dos meus sentimentos para as pessoas. Este foi um projeto especial por que o mundo da música estava ouvindo algo de mim através do The Beach Boys, e eu precisava ter este álbum para os meus fãs e o meu público de coração e alma” (Brian Wilson, 1990). 
Pet Sounds foi um “fracasso” comercial, atingindo apenas a décima posição e colocando apenas dois hits entre as dez mais ouvidas e mais dois entre as 40 mais.  Ele permaneceu entre os 100 mais vendidos da Billboard por 39 semanas, mas o fato de ter sido o primeiro LP do grupo a não ganhar ouro em seu lançamento, manchou o relacionamento Beach Boys / Capitol Records.
Mike Love
É interessante notar que depois disso a Capitol Records começou uma briga gigantesca com o grupo, e principalmente, com Brian, fazendo pouco caso com os demais lançamentos e sem dar nenhuma atenção para o grupo. Somente as coletâneas The Beach Boys Vol. 1 (1966), The Beach Boys Vol. 2 (1967) e Endless Summer (1974, esse o álbum mais vendido do grupo) voltariam a dar ouro para os Beach Boys quando de seu lançamento. Pet Sounds conquistou platina nos Estados Unidos (mais de um milhão de cópias vendidas) no ano 2000, mas o prejuízo para a Capitol Records na época era colossal, já que a expensiva verba de 16 mil dólares  que havia sido empregado para alugar a orquestra e também as exigências de Brian não foi sanada com as vendas.
Muito do fracasso nos Estados Unidos se deve por causa do surgimento da geração paz e amor, com os hippies torcendo o nariz para todas as complicadas partes vocais e instrumentais do disco, bem como as emotivas letras que ironicamente falavam de amor, um dos lemas dos hippies ao lado da palavra paz. Podemos dizer, em tom de brincadeira, que os hippies não deram amor e tão pouco paz a Pet Sounds, já que o disco foi execrado por muitos.
Queria tanto ter gravado “You Still Believe in Me”
Porém, na Terra Natal dos Beatles, Pet Sounds não parava de vender, sendo aclamado pela imprensa. Enquanto milhões de americanos jogavam o LP  às traças, pessoas com a mente mais aberta estavam de boca aberta com o que ouviam dos sulcos do álbum. Um dos maiores admiradores era nada mais nada menos que Paul McCartney. O efeito virava contra o feiticeiro. Se Brian havia pirado ao ouvir Rubber Soul, tendo se sentido obrigado a gravar algo ainda melhor, Paul encantou-se pelo disco, principalmente por “God Only Knows”, a qual até hoje ele classifica como a melhor música que ele já ouviu, e “You Still Believe in Me”, a canção de outro artista que ele têm mais inveja por não ter sido o compositor.
Paul fez de Pet Sounds o disco de cabeceira da sua vida, dando para seus filhos com a alegação de que nenhuma formação musical é construída sem ter ouvido o álbum, e ouvindo-o tanto que as vezes passava 10 horas seguidas  sentado apreciando as letras e melodias do LP. Isto o levou depois a definir Pet Sounds como sendo não um disco, mas uma invenção musical. Graças a isso, o beatle teve a sobriedade de sentar-se, compor Revolver (1966) e posteriormente Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), tido por muitos como o melhor e mais importante disco da história.
Balela! Pet Sounds é o merecedor desse posto. O lançamento do disco, em 16 de maio de 1966, pode ser considerado como o Dia da Independência do rock ‘n’ roll. Depois disso, as exigências de gravações, onde você tinha que fazer o que uma gravadora queria, e não o que você queria, começaram a ser vistos com outros olhos, permitindo aos Beatles gravar Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967) e a canção “Revolution # 9” (The Beatles – 1968), e aos Rolling Stones gravar Their Satanic Majesties Request (1967). 
Carl Wilson
Depois de Pet Sounds, e com o lançamento de Revolver pelos Beatles, Brian piorou sua questão mental, e somente ele enxergava uma competição com os garotos de Liverpool. Considerando Revolver um desafio à Pet Sounds, trancou-se em um estúdio para gravar um álbum ainda melhor, o famoso Smile, que iria conter muitas experimentações e ainda mais sentimento, e que ficará para uma outra hora sua história. 
Porém, brigas internas, loucura, e o lançamento de Sgt. Pepper’s …, fizeram com que Brian desistisse do projeto, adiando  o lançamento de Smile por quase 30 anos e entrando em uma vida de vício em cocaína e heroína (onde inclusive foi flagrado oferecendo cocaína para suas filhas de apenas 6 e 7 anos), engordando até ultrapassar os 200 quilos e tendo diversos problemas pessoais que o levaram a ser diagnosticado com esquizofrenia, e ao mesmo tempo para o fundo do poço, de onda só iria sair no final dos anos 80, após muitas internações e um rigoroso tratamento de recuperação.
Enquanto isso, o Beach Boys nunca mais foi o mesmo. Após Pet sounds, enveredou por uma linha psicodélica com os álbuns Smiley Smile (com sobras do projeto Smile) e Wild Honey, ambos de (1967). Duas belas obras que afundaram em vendas. Gravando diversos LPs com o passar dos anos, o grupo caiu após a saída de Brian no final dos anos 60 e passou os anos 70 vivendo do passado. 
Dennis Wilson morreu afogado em 1983, e mesmo a volta do grupo no final dos anos 80, inclusive com Brian participando do retorno de 1988, não conseguiu atingir sequer metade do que já haviam conquistado anteriormente. A morte de Carl Wilson em 1998 foi o fim derradeiro de uma das principais bandas da história, e que, como vimos nessas duas matérias, tem seu nome gravado como sendo a responsável por lançar o melhor disco de todos os tempos, apesar de tudo ter saído da mente brilhante de apenas um dos irmãos Wilson, o velho Brian.
Nosso próximo Podcast (Grandes Nomes do Rock # 23) apresentará apenas canções relacionadas a Pet Sounds, seja na versão original, seja em covers ou ainda sobras e raridades de estúdio, além de um texto narrando detalhes das canções do LP. Encerro nossa homenagem com um lindo cartoon em homenagem ao LP, glorificando sua chegada ao CD em 1990, feito por G. B. Trudeau, e as palavras de George Martin, produtor dos Beatles, que quando perguntado sobre como ele classificaria os Fab Four, respondeu surpreendentemente: “Se existe uma pessoa que eu tenha que escolher como um gênio vivo da música pop, eu escolho Brian Wilson”.
 

 

18 comentários sobre “Datas Especiais: Pet Sounds: 45 anos do melhor disco da história – Parte II

  1. Muito legal…
    Apesar de achar desnecessária essa insistência que os irmãos Machado têm em sempre querer diminuir os Beatles…rs
    Faltou falar o que significa Pet Sounds e sobre a capa de gosto duvidoso….

  2. Fernando, até sou insistente em querer diminuir os Beatles, mas fui bem imparcial dessa vez, heheheh. Falando sério, tentei contar como foi realmente a história, já que nos n's documentários que vi sempre está Paul McCartney pagando pau pro disco, só que não podia deixar de dar a alfinetada, haoeihaohiehoae

    A capa de gosto duvidoso e o significado de Pet Sounds estarão incluídos no Podcast da semana que vem

    Abraço

  3. Muito bacana! Algumas coisas no texto eu nunca tinha ouvido falar.. Só um pequeno detalhe: apesar de eu tb achar "You Still Believe in Me" FODÁSTICA, até onde eu sei, a inveja do Paul se dirige mais a "Whiter Shade of Pale" do Procol Harum, tô errado?
    P.S.: CAPA DE GOSTO DUVIDOSO???

  4. Groucho, no DVD extra do re-lançamento de 2002, mais ou menos em 45 minutos, Paul fala enquanto ouve "You Still Believe in Me": "Essa é a música que eu mais gostaria de ter escrito".

    Sobre o que ele falou de "Whiter Shade of Pale" eu não sei, mas de "You Still Believe in Me", ta registrado

  5. Eu não sei te dizer onde ele fala sobre "Whiter Shade of Pale", nem muito menos em quantos minutos [LOL], então deixemos a "You Still Believe in Me", que, por sinal, eu acho realmente superior.
    Uma coisa que eu acho que fica meio confusa é esse papo de o Rubber Soul ter influenciado o Pet Sounds. Quando o Rubber Soul foi lançado, não só o Brian já tinha idealizado o Pet Sounds como já havia até gravado algumas partes.. [Como foi dito na primeira parte, essas gravações foram interrompidas pra que fizessem o Beach Boys' Party.] O Rubber Soul, pelo que sei, foi mais um "aval" do que uma influência pro Pet Sounds. Algo como "se os Beatles podem lançar um álbum pensado como álbum, por que nós não podemos?".

  6. Groucho, na verdade eu talvez não expliquei bem o que aconteceu. O Brian não saiu do Beach Boys para fazer o Pet Sounds. As canções que ele começou a compor em 1965 eram apenas para seu interesse, tanto que ele pretendia seguir em carreira solo, mas não sabia como os fãs do grupo iam lidar. Quando ele ouviu o Rubber Soul, ele percebeu que havia encontrado a resposta para a pergunta dele, que era lançar um disco com músicas que não fossem sobre praia, surf e mulheres, falando de temas "diferentes" como esquizofrenia e solidão, sem ter que cair na banalidade de muitos singles.

    A incerteza de Brian foi tamanha que ele lançou caroline no solo, e nao deu certo. Mas a vontade de mostrar seus sentimentos era maior do que o nome becha boys, e assim, ele acabou de certa forma "usando" os colegas para conseguir lançar um disco que, se não fosse o Rubber Soul, talvez jamais tivesse saído.

    A influência de Rubber Soul não passa apenas em cima das letras ou canções do mesmo (que logicamente tiveram sua contribuição), mas principalmente no fato de que o disco era tão bom que não precisava de um single, e então, qualquer disco poderia ser assim

    Espero ter clarificado as coisas, mas se discordam de algo, joguem as pedras, hehhe

  7. Mera opinião pessoal: Revolver é um discão, dá pra disputar com o Pet Sounds, mas o Rubber Soul.. Acho até pecado colocar os dois juntos em discussão. (Apesar de "In My Life" ser uma das melhores músicas dos Beatos.)

  8. Pet Sounds > > > > > > Revolver > > Rubber Soul

    Musicalmente, o White Album é o grande álbum dos Beatles, mas nada que consiga chegar perto do Pet sounds.

    E tens razao Groucho, não da para comparar o Pet Sounds com o Rubber Soul, mas também não dá para negar a importância do Rubber Soul.

  9. Como achei a comparação do Mairon provocativa vou apresentar a minha aqui. Não vou discordar da sua comparação, mas só vou acrescentar informações…

    Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band > > Pet Sounds > > > > > > Revolver > > Rubber Soul

  10. Fernando, agora não deu para ficar quieto.

    Nem li o texto inteiro ainda, mas este teu comentário…

    Para mim a comparação correta seria assim:

    Alguns poucos discos > > Pet Sounds > > > > > > Vários discos > > > > > > Revolver > > Rubber Soul> > > > > > Vários discos > > > > > Um monte enorme de discos > > > > > Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band.

    Eu devo ser um analfabeto musical mesmo. Eu não acho o Sgt. Pimenta nem o melhor disco de 1967, quiçás um dos melhores de todos os tempos… mas, como todo mundo repete a mesma coisa sobre ele, o errado TEM de ser eu… afinal, como dz o ditado. milhões de moscas não podem estar erradas…

  11. Ah, desse jeito eu quero brincar tb! huahauhuah

    Pet Sounds >> Revolver > Sgt. Peppers > Today >>>>>>>>>> Rubber Soul

    A verdade é que eu ponho o Pet Sounds na categoria dos grandes, mas odeio ter que decidir se ele é melhor ou pior do que esse ou aquele disco. É um disco único, sagrado, talvez não o melhor, mas ocupa um lugar especial na música, ao menos pra mim.

  12. Eu curto o Sgt Peppers principalmente pelo que o Lennon e o Harrison fizeram ali. "Being for the Benefit of Mr. Kite", "Good Morning Good Morning" e "Within You Without You" são dukas. Capaz de essa última ser minha favorita deles EVER! Aliás, é quase sempre assim. O Paul faz coisas maravilindas como "Penny Lane" e "Martha My Dear", mas faz cada cagada.. Vou nem citar quais pra não me chamarem de fanfarrão! lol Já o John é bem mais regular, até por compor menos. E quem bate todos esses caras é o Keith, com o Their Satanic! xD #PEDRAS

  13. Na verdade eu que fui provocativo. Esse tipo de comparação de qual é o melhor é muito difícil de definir. Tudo é muito subjetivo. Entendo quando falam que ele é o melhor da história do mesmo modo que entendo quando falam do Sgt Peppers. Mesmo dentro da carreira dos Beatles não há unanimidade.
    Tudo é muito pessoal e mesmo sabendo que esses discos citados estão certamente entre os discos mais importante de todos os tempos talvez nenhum deles fosse escolhidos por mim numa daquelas clássicas listas de qual discos levaria para uma ilha deserta. E olha que o Theatre of Fate do Viper iria….rs

  14. Complementando a frase do Groucho:

    E quem bate todos esses caras é o Keith, com o Their Satanic! xD # PEDRAS RULES

    Fernando, se coubessem 20 discos na mala da ilha deserta, o Theatre of fate também iria comigo

    Micael é um fanfarrão de ter colocado alguns poucos discos na frente do Pet Sounds (aceito dois ou três como citei anteriormente), mas citou bem a questão das moscas, aehaoheihaheoa

  15. Album superestimado e chato.

    Tanto que em uma votação popular da bcc ele estava lá.

    Junto com o do sex pistols, sg peppers, the libertines, the simths e é claro o campeão nevermind do nirnava!

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