I Wanna Go Back: Blanc Faces [2005]
![I Wanna Go Back: Blanc Faces [2005]](https://d2q9lgeqx691v0.cloudfront.net/content/2011/05/Blanc-Faces-Blanc-Faces-Front.jpg)
Foi passando o olho na seção de resenhas da revista Roadie Crew, parte da publicação que geralmente não recebe muita atenção minha, que travei contato pela primeira vez com o Blanc Faces. Ao perceber que um álbum de uma banda completamente desconhecida havia recebido uma nota 10, fiquei curioso e li a resenha, que descrevia a sonoridade do grupo como um perfeito retorno à sonoridade AOR dos anos 80, sem modernidades, contando com composições de alta qualidade, algo que certamente não era refletido pela imagem da dupla que é o núcleo da banda, os irmãos Robbie e Brian La Blanc, tidos pelo resenhista como possuidores de um estilo “Bruno e Marrone”. Incentivado pela descrição e pelo proibitivo preço do disco (importado), que sequer encontrei nas lojas de Porto Alegre, fiz o download de suas músicas e comprovei que aquela nota 10, apesar de um pouco exagerada, passava muito longe de soar absurda.
Mas esperem lá, fica melhor ainda: e se eu disser que os irmãos Robbie e Brian, paralelamente ao Blanc Faces, são os líderes de uma banda especializada em tocar em festas de casamento no estado norte-americano de Connecticut e nas proximidades. Com um repertório que vai do hard rock à música pop atual, passando pelo AOR, parece que o trabalho dos irmãos nesse âmbito é bastante frutífero, inclusive recebendo elogios de Paul Shaffer, líder e diretor musical da banda de estúdio do programa do famoso entrevistador David Letterman, uma espécie de Jô Soares norte-americano. Confira aqui a performance da La Blanc Brothers Band, tocando trechos de “Don’t Stop Believin'” (Journey), “Jump” (Van Halen), “Summer of 69” (Bryan Adams) e “Just Dance” (Lady Gaga).
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| La Blanc Brothers Band |
Voltando ao álbum auto-intitulado do Blanc Faces: é impossível não ouvi-lo e associá-lo à sonoridade praticada pelos grupos tipicamente AOR, em especial na primeira metade dos anos 80, remetendo bastante à fase oitentista do Foreigner, até por uma certa semelhança vocal entre Brian e o cantor do grupo, Lou Gramm. Enquanto isso, estabelecendo outra comparação, diria que a voz de Robbie aproxima-se bastante da de Brian Howe, vocalista do Bad Company durante parte dos anos 80 e 90. Outra referência que vem à mente é o Survivor, especialmente no lado mais rock ‘n’ roll do grupo. Isso quer dizer que o Blanc Faces não passa de um replicador de fórmulas, sem maiores méritos? Não! Brian (vocal, baixo, guitarra, teclados) e Robbie (vocal, guitarra), auziliados por Butch Taylor (guitarra solo), Kyle Woodring (bateria), Tony Archer (bateria) e Jeff Batter (teclados, piano, órgão), fazem de Blanc Faces um vencedor através da força de suas composições, mostrando serviço ao longo de todo o track list.
O disco inicia de cara com uma das melhores, “Here’s to You”, um rock aberto com uma boa união entre guitarra e teclado, mostrando logo qual é a tônica do álbum. A voz de Robbie é seu cartão de visitas, limpa, dotada de boa técnica, fluindo com naturalidade sobre uma base instrumental simples e voando um pouco mais alto durante o excelente refrão dessa música que, tivesse sido lançada em meados dos anos 80, seria uma forte candidata a galgar elevadas posições nas paradas. Em “Edge of the World” sua performance é ainda melhor, soando levemente mais agressivo, auxiliado por backing vocals belamente postados. Trata-se uma faixa um pouco menos linear que a anterior e tão destacada quanto, contando ainda com dois bons solos de guitarra, que ajudam a manter seu ápice por mais tempo. Excelente!
“We’ll Make the Best of It” estabelece o tom positivo que se permeia por todo o track list, refletindo as letras na sonoridade que brota da inspiração da dupla, sustentando o nível alto no desenrolar das faixas. Brian mostra seu talento na balada “Stranger to Love”, cantando as estrofes, enquanto seu irmão fica responsável pela ponte e pelo refrão. E que refrão, gurizada! Tenho certeza que compositores renomados do AOR, como Jonathan Cain (Journey), Mick Jones (Foreigner) e Jim Peterik (Survivor) adorariam ter sido autores dessa canção durante o auge de seus grupos, salivando para vê-las atingindo as rádios ao redor do mundo. Outra faixa mais rocker é “Turn This World Around”, bastante baseada em guitarra e conduzida pelo vocal de Robbie.
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| Brian e Robbie La Blanc |
A segunda balada, “It’s a Little Too Late”, é mais pomposa e vai se construindo aos poucos com a entrada dos instrumentos, até desembocar em (mais) um refrão de fazer o ouvinte perder o pudor e bradar sem medo o título da faixa. “Staying Power” é mais próxima do hard rock e baseada em riffs de guitarra, relatando em sua letra a vida dessa e de tantas outras bandas que sonham em viver o rock como estilo de vida, mesmo com todas as dificuldades que surgem pelo caminho. “Where do I Go From Here” é a menos inspirada do disco, mas mesmo assim garante momentos de deleite auditivo e não faz feio frente às outras, cumprindo bem seu papel, enquanto “Beneath This Heart” é a cara do Survivor, lembrando o clássico álbum “Vital Signs” (1984).
Outra que conta com a divisão dos vocais entre Brian e Robbie é a breguíssima porém extasiante balada “Pray For Me”, escrita sob a perspectiva de um soldado lutando em terras estrangeiras, sentindo a falta de sua família e o afastamento de seus entes queridos, não apenas físico. Conduzida pelo piano, explode durante seu refrão em uma belíssima interpretação de Robbie. A empolgante “Sorry For the Heartache” traz backing vocals e a guitarra em primeiro plano, enquanto a faixa que encerra o álbum, “We Will Rise”, é a mais ambiciosa e criativa entre todas que compõem o track list, mesclando todas as características apresentadas até então, como as memoráveis melodias, as talentosas vocalizações e a instrumentação caprichada, em uma embalagem um pouco diferente.
Se você é fã de AOR, ou mesmo se tem um interesse nem tão grande assim no gênero, aviso: não perca tempo. Compre, baixe, roube, grave, pegue emprestado… mas não deixe de dar a seus ouvidos ao menos uma oportunidade de conhecer esse álbum. A surpresa é garantida, e ela não provém de nomes famosos ou estratégias de marketing, mas de boas composições, que, no fundo, são o cerne e o que diferencia a música de qualidade. Posso garantir que em Blanc Faces elas se encontram em profusão.
Track list:
1. Here’s to You
2. Edge of the World
3. We’ll Make the Best of It
4. Stranger to Love
5. Turn This World Around
6. It’s a Little Too Late
7. Staying Power
8. Where Do I Go From Here
9. Beneath This Heart
10. Pray For Me
11. Sorry For the Heartache
12. We Will Rise




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Bah Diogo, bem legalzinha essa banda. Me lembrou bastante um disco que eu ouvi muito quando guri, o Dangerous Age. A voz do Blanc é mesmo muito parecida com a do Brian Howe. Tem algo parecido com "Love Attack" nesse disco, e tens como me mandar o link, pq nao consegui achar para baixar.Para ser uma banda de 2005, a sonoridade é realmente bem oitentista.
O cd esta 6 dolares no ebay (mais frete) e na amazon 7 dolares (mais frete) o novo.Se tiveres afim posso encomendar
Muito legal mesmo
Discordo de que boas composições sejam o que distingue a música de qualidade. Aliás, eu meio que discordo de que haja "música de qualidade", hehe. O que quero dizer é que, quando vejo uma banda como destacada das demais, não é pelas boas melodias que ela compôs, bons arranjos, coisas do tipo. Isso aí é onde o gosto mais determina. Acho que bandas se destacam quando ousam. E pode-se ousar até questionando a noção tradicional de melodia, por exemplo.. Se não entenderam, ouçam a faixa "Halber Mensch" do Einstürzende Neubauten! Caralho, acho que eu tô soando anarco-punk! xD
Como deu um pau no BLOGGER e ele eliminou todos os comentarios postados desde quarta-feira, coloco os mesmos em dia:
Mairon deixou um novo comentário sobre a sua postagem "I Wanna Go Back: Blanc Faces [2005]":
Bah Diogo, bem legalzinha essa banda. Me lembrou bastante um disco que eu ouvi muito quando guri, o Dangerous Age. A voz do Blanc é mesmo muito parecida com a do Brian Howe. Tem algo parecido com "Love Attack" nesse disco, e tens como me mandar o link, pq nao consegui achar para baixar.Para ser uma banda de 2005, a sonoridade é realmente bem oitentista.
O cd esta 6 dolares no ebay (mais frete) e na amazon 7 dolares (mais frete) o novo.Se tiveres afim posso encomendar
Muito legal mesmo
Adriano deixou um novo comentário sobre a sua postagem "I Wanna Go Back: Blanc Faces [2005]":
Discordo de que boas composições sejam o que distingue a música de qualidade. Aliás, eu meio que discordo de que haja "música de qualidade", hehe. O que quero dizer é que, quando vejo uma banda como destacada das demais, não é pelas boas melodias que ela compôs, bons arranjos, coisas do tipo. Isso aí é onde o gosto mais determina. Acho que bandas se destacam quando ousam. E pode-se ousar até questionando a noção tradicional de melodia, por exemplo.. Se não entenderam, ouçam a faixa "Halber Mensch" do Einstürzende Neubauten! Caralho, acho que eu tô soando anarco-punk! xD