Podcast Grandes Nomes do Rock #11: Iron Maiden [1975 – 1993]

Podcast Grandes Nomes do Rock #11: Iron Maiden [1975 – 1993]
Por Mairon Machado

O Podcast Grandes Nomes do Rock inicia uma série em homenagem aos grandes shows internacionais que ocorrerão nos meses de março e abril aqui no Brasil. Neste primeiro episódio da série, contaremos a história do grupo britânico Iron Maiden, do ano de formação do grupo (1975) até o ano de saída do vocalista Bruce Dickinson (1993), passando por canções raras do EP The Soundhouse Tapes, bootlegs, versões de canções que o Iron Maiden registrou como covers, porém interpretadas pelos grupos que as compuseram, além do bloco de bandas relacionadas ao Iron Maiden. Então, deixe o Iron Maiden te pegar, e ouça no volume máximo.

Iron Maiden em 1976: Dave Sullivan, Ron Mathews, Paul Day, Terry Rance e Steve Harris

A história do Iron Maiden começou no natal de 1975, quando o baixista Steve Harris saiu do grupo Smiler. O nome Iron Maiden foi idealizado a partir do conto “The Man in the Iron Mask”, de Alexandre Dumas. O primeiro vocalista do grupo foi Paul Day, que não ficou muito tempo no grupo, sendo logo substituído por Dennis Wilcock. Através de Wilcock, Harris foi apresentado ao guitarrista Dave Murray, que logo ingressou no Iron Maiden, que já contava na formação com os guitarristas Dave Sullivan e Terry Rance.

Como nada acontecia para o Iron Maiden, Harris desmontou o grupo em 1976. Porém, graças a insistência de Murray, Harris partiu em busca de novos membros, e assim reformulou o grupo, tendo agora Murray como um guitarrista solo. Em 1977 surgiu Bob Sawyer, que se tornou o segundo guitarrista do Iron. Uma série de pequenos shows foi realizado pela banda no Bridgehouse durante o mês de novembro de 1977, e a formação passou a contar com Tony Moore (teclados),Terry Wapram (guitarra) e Barry Purkis (bateria), já que Murray e Wilcock acabaram sendo demitidos pelo patrão Harris após brigas.

 

Iron Maiden em 1979: Doug Sampson, Paul Di’Anno, Tony Parsons, Dave Murray, Steve Harris

Como o som do Iron Maiden não estava agrandando a Harris, o chefão despediu todo mundo, e assim, chamou novamente Murray e também Doug Sampson para a bateria.  Enquanto isso, Wilcock formou o grupo V1, ao lado de outro ex-membro do Maiden, o guitarrista Terry Wapram.

 

O EP The Soundhouse Tapes

Em 1978, Paul Di’Anno assumiu os vocais do Iron Maiden, e assim começou uma carreira de muito brilho para o grupo. Di’Anno, Sampson, Murray e Harris  gravaram o famoso EP The Soundhouse Tapes, na virada de ano novo, e que vendeu cinco mil cópias, com a canção “Prowler” sendo posicionada como a melhor no chart Heavy Metal Soundhouse, da revista Sounds. Além de “Prowler”, que abre o Podcast na versão do EP, seguida por versões raras de outras canções do Iron Maiden, ainda estavam presentes em The Soundhouse Tapes as canções “Iron Maiden”, “Invasion” e “Strange World”.

A primeira aparição do Iron Maiden em um vinil ocorreu na compilação Metal for Muthas, que foi lançado em 15 de fevereiro de 1980, contendo “Sanctuary” e “Wratchild”. Em 1979, Paul Cairns ingressou no Iron Maiden como segundo guitarrista, mas ficou pouco tempo, sendo substituído por diversos músicos de estúdio, até que Dennis Stratton assumiu o posto. Além disso, Sampson foi substituído por Clive Burr, e assim, com Harris, Murray, Stratton, Di’Anno e Burr, o Iron Maiden ia para os estúdios registrar o seu primeiro LP.

Iron Maiden em 1980: Clive Burr, Paul Di’Anno, Dennis Stratton, Dave Murray, Steve Harris

Gravado em dezembro de 1979 e lançado em abril de 1980, Iron Maiden alcançou a posição de número 4 nas paradas britânicas logo na primeira semana de lançamento, tornano o Iron uma das principais bandas do que foi rotulado como New Wave of British Heavy Metal. Canções como a instrumental “Transylvania”, “Iron Maiden”, “Running Free” e “Phantom of the Opera” se tornaram preferidas entre o cada vez mais crescente número de fãs do grupo.

A banda então abriu a turnê “Unmasked Tour” do Kiss durante toda a perna europeia, e ainda fez shows ao lado do Judas Priest.  Após essa turnê, em outubro de 1980, Stratton foi substituído pelo guitarrista/vocalista da banda Urchin, Adrian Smith, e acabou ingressando no grupo Lionheart, onde registrou o álbum Hot Tonight (1984). Canções de Urchin com Smith e do Lionheart com Stratton estão presentes no segundo bloco desse Podcast.

Iron Maiden em 1981: Clive Burr, Eddie, Paul Di’Anno e Adrian Smith (em pé); 
Steve Harris e Dave Murray (agachados)

Enquanto isso, o Iron Maiden partiu para os estúdios, agora com Harris, Murray, Smith, Di’Anno e Burr, e assim registrou o segundo LP, Killers. Lançado em 1981, Killers continha muitas canções que ficaram de fora do álbum de estreia, e novamente, algumas se tornaram clássicas como “Prodigal Son”, “Killers”, “Wrathchild” e mais uma bela instrumental, “Gengis Khan”.

Porém, nem tudo eram flores. Com o sucesso crescendo, levando a uma longa turnê mundial que passou inclusive pelo Japão, onde foi registrado o EP Maiden Japan (1981), Di’Anno começou a abusar de drogas e bebidas, e assim, acabou sendo demitido em meados de 1981. O grupo partiu em busca de um novo vocalista e diversas audições foram feitas, até que o nome de Bruce Dickinson apareceu. Dickinson havia participado do grupo Samson, com quem gravou os álbuns Head On (1980) e Shock Tactics (1981), e fez a audição para ser substituto de Di’Anno em setembro de 1981, entrando logo em seguida para o posto que o consagraria como um dos maiores vocalistas do heavy metal. Uma das canções de Head On está presente no segundo bloco do Podcast.
Iron Maiden em 1982: Clive Burr, Adrian Smith, Dave Murray, Bruce Dickinson e Steve Harris

A estreia vinílica de Dickinson foi com The Number of the Beast. Lançado em 1982, o álbum foi o primeiro do grupo a alcançar a posição de número 1 nas paradas britâncias, e mais clássicos surgiram, como “Hallowed be Thy Name”, “Run to the Hills”, “The Number of the Beast” e “Invaders”. Com Dickinson, o Iron Maiden ganhava nas letras, já que a paixão do novo vocalista por temas históricos influenciava diretamente nas composições.

O grupo partiu para uma turnê pelos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Inglaterra, Alemanha e Japão, tendo como maior destaque a estreia da nova formação em solos britânicos, durante o Reading Rock Festival de 1982. Apesar disso, a polêmica capa do álbum acabou gerando problemas com a Igreja e conservadores durante a perna americana, já que os americanos  passaram a acusá-los de satanistas, inclusive com diversos ativistas cristãos destruindo diversos LPs do grupo como protesto.

Outro problema era com direitos legais do nome Bruce Dickinson, que ainda estava em poder do empresário do grupo Samson, e que não permitia o uso do nome nos créditos das composições.  Em dezembro de 1982, Clive Burr saiu do Iron, sendo substituído pelo baterista do grupo Trust, Nicko McBrain.

Iron Maiden em 1984: Dave Murray, Bruce Dickinson, Steve Harris, Nicko McBrain e Adrian Smith

Surgiu assim a principal formação do Iron Maiden, com Steve Harris, Dave Murray, Adrian Smith, Bruce Dickinson e Nicko McBrain. Essa formação  permaneceu junta por sete anos e registrou uma série de álbuns essenciais, começando com Piece of Mind (1983). Nele, sucessos como “The Trooper”, “Flight of Icarus”, “Revelations” e a longa “To Tame a Land” se aglomeraram aos demais clássicos que o grupo já havia composto, mostrando influências diretas o rock progressivo, principalmente com o trabalho cada vez mais complicado de guitarras, baixo e bateria.

Na sequência, veio o aclamado álbum Powerslave, lançado em setembro de 1984. Considerado por muitos o melhor álbum do grupo, Powerslave é um álbum conceitual, com a capa trazendo o famoso mascote do grupo, Eddie, em temas relacionados ao antigo Egito, e com faixas cada vez mais intrincadas, como “Aces High”, “Powerslave”, a instrumental “Losfer Words (Big Orra)” e a épica “The Rime of the Ancient Mariner”, com seus mais de 13 minutos, baseada no poema  de mesmo nome escrito por Samuel Taylor Coleridge.

O gigantesco palco da World Slavery Tour

Com o status cada vez mais alto, o Iron partiu para uma ousada turnê mundial, intitulada World Slavery Tour. Durante 13 meses, o grupo realizou 193 shows ao redor do planeta, começando em 9 de agosto de 1984, na cidade de Varsóvia (Polônia), passando ainda por Áustria, Hungria, Iugoslávia (sendo que alguns destes ainda faziam parte do bloco soviético, pertencentes à chamada Cortina de Ferro), Itália, França, Espanha, Portugal, Escócia, Inglaterra, País de Gales, Alemanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Canadá, Estados Unidos, Brasil, Japão, Austrália e com shows extras pelos Estados Unidos, encerrando na cidade de Irvine (EUA) em 5 de julho de 1985, tendo tocando no total para aproximadamente 3,5 milhão de pessoas.

…e sua versão LEGO

Muitos shows acabaram sendo realizados na mesma cidade, como por exemplo em Long Beach, Califórnia, onde o grupo tocou quatro noites seguidas, com todos os ingressos vendidos. O gigantesco palco com temas egípcios era uma das principais atrações dos concertos. Do centro, o gigantesco Eddie-múmia saía de sua esfinge para assombrar os fãs.

A passagem pelo Brasil foi a primeira do grupo, tocando no calor do Rio de Janeiro durante o Rock in Rio I, e voltando para o rigoroso inverno norte-americano para concluir a perna da América do Norte. O Iron então registrou alguns shows, que foram lançados no LP Live After Death (1985), um dos melhores álbuns ao vivo do heavy metal, além do VHS de mesmo nome. Uma canção retirada da apresentação no Rock in Rio I encerra nosso terceiro bloco.

Capa do bootleg com a apresentação do The Entire Population of Hackney

Porém, a extensa turnê com constantes mudanças de locais quase levou o grupo ao seu término, e então uma longa pausa foi realizada. Como jogador de futebol que não vive sem uma pelada mesmo em férias, alguns membros do grupo acabaram se juntando por duas vezes, fazendo shows com a alcunha “The Entire Population of Hackney”.

 

Nesse projeto, estavam presentes Nicko McBrain e Adrian Smith, além de Martin Connoly (baixista do grupo Marshall Fury), Andy Barnett (guitarrista do grupo FM) e Dave Colwell (guitarrista do grupo FM). O projeto fez apenas duas apresentações, que contaram ainda com a participação dos demais membros do Iron Maiden, e que você poderá conferir no encerramento do segundo bloco.
A belíssima capa de Somewhere in Time

Retornando das férias, a banda seguiu a onda de álbuns conceituais, e baseado em temas futurísticos, inovando no uso de guitarras sintetizadas, lançando o excelente LP Somewhere in Time (1986). A capa mostrava Eddie como uma espécie de replicante, homenageando o filme “Blade Runner”, e é considerada por muitos como a mais bela da carreira do grupo. Nos sulcos, canções como “Wasted Years”, “The Loneliness of the Long Distance Runner”, “Dejá-Vu”, “Heaven Can Wait” e a épica “Alexander the Great” apresentaram uma nova sonoridade, que demorou a ser assimilada pelos fãs, com alguns mais radicais torcendo o nariz para o novo lançamento do Iron.

Mais uma grande turnê e o grupo desafiava aos ouvidos dos fãs, experimentando cada vez mais com eletrônicos no álbum seguinte, Seventh Son of a Seventh Son (1988). Narrando a história de uma criança que nasceu com poderes especiais,  este foi o LP que encerrou a trilogia de álbuns semiconceituais do grupo, e foi o primeiro a usar sintetizadores. Os fãs se entregaram à nova sonoridade, e Seventh Son of a Seventh Son foi o segundo álbum a chegar no topo das paradas britâncias, eternizando canções como “The Clairvoyant”, “Moonchild”, “The Evil That Men Do” e a épica faixa-título, que abre o terceiro bloco em uma versão ao vivo durante o Monsters of Rock, realizado em Donington Park no dia 20 de agosto, onde o Iron tocou para mais de 100 mil fãs, ao lado de grupos como Kiss, Megadeth e o jovem Guns N’ Roses. A turnê de Seventh Son of a Seventh Son apresentava um gigantesco palco com icebergs e lobos, que impressionou tanto quanto o palco da World Slavery Tour.

Após o término da turnê, novas férias, e Smith lançou um LP com o grupo ASAP, intitulado Silver and Gold (1989), enquanto Dickinson lançou seu primeiro disco solo, Tattooed Millionaire (1990). Na volta das férias, Smith foi demitido por divergências musicais com o todo-poderoso Steve Harris, e para seu lugar, Janick Gers, que havia participado do álbum solo de Dickinson, foi o contratado.

Iron Maiden em 1990: Steve Harris e Dave Murray (em cima); 
Janick Gers, Bruce Dickinson e Nicko McBrain (sentados)

O grupo lançou No Prayer for the Dying em outubro de 1990, tendo como maiores sucessos as canções “Holy Smoke” e “Bring Your Daughter… to the Slaughter”, que foi o primeiro single da banda a alcançar a posição de número 1 nas paradas britânicas. Essa canção havia originalmente sido gravada por Dickinson para a trilha do filme “A Nightmare on Elm Street 5: The Dream Child”.

Problemas internos começaram a surgir, e Dickinson partiu para divulgar seu álbum em uma longa turnê solo, que não agradou a Harris. Mesmo assim, o grupo voltou aos estúdios, e em 1992 lançou Fear of the Dark, que trouxe mais clássicos como “Afraid to Shoot Strangers”, a balada “Wasting Love” e a imortal faixa-título. Mais uma grande turnê mundial (passando novamente pelo Brasil) foi feita, e dessa vez o Iron Maiden foi o headliner do festival de Donington, onde o grupo registrou o LP triplo Live at Donington (1993), sendo este o único álbum – na versão original – a não contar com o mascote Eddie na capa. O show também foi lançado no VHS de mesmo nome.
Mesmo com o sucesso, Bruce decidiu seguir carreira solo, mas, em comum acordo com os demais membros do grupo, realizou uma turnê de despedida, contando com shows de mágica e muitos clássicos, e que foi registrada nos LPs A Real Live One (o qual apresenta canções compostas entre 1986 e 1992) e A Real Dead One (contendo canções gravadas entre 1979 e 1984). Ambos foram lançados em 1993, e o último show de Dickinson com o Maiden se realizou no dia 28 de agosto de 1993, e que foi registrado no VHS Raising Hell, com o grupo agora partindo em busca de um substituto para Dickinson.
Vinis do Iron Maiden lançados de 1980 a 1988
Vinis lançados nos anos 90
 
Track list do Podcast #10 – Canções Épicas
Bloco 01
Abertura: “In-A-Gadda-da-Vida” [do álbum In-A-Gadda-da-Vida – 1968 (Iron Butterfly)]
“Hurricane” [do álbum Desire – 1976 (Bob Dylan)]
“Hot Summer Day” [do bootleg at San Francisco – 1968 (It’s A Beautiful Day)]
“The Last Resort” [do álbum Hell Freezes Over – 1994 (Eagles)]
Bloco 02
Abertura: “Backstreets” [do álbum Born to Run – 1975 (Bruce Springsteen)]
“When the Music’s Over” [do álbum Strange Days – 1967 (The Doors)]
“Stargazer” [do álbum Rising – 1976 (Rainbow)]
“Sinner” [do bootleg Ao Vivo no Teatro do Bourbon Country – 2008 (Judas Priest)]
Bloco 03
Abertura: “I’d do Anything for Love (But I Won’t do That)” [do álbum Bat Out of Hell II: Back into Hell – 1993 (Meat Loaf)]
“The Real Thing” [do álbum Live At Brixton Academy – 1991 (Faith No More)]
“Estranged” [do bootleg Rock in Rio II – 1991 (Guns N’ Roses)]
“Anoiteceu em Porto Alegre” [do álbum O Papa É Pop! – 1988 (Engenheiros do Hawaii)]
“Metal Contra as Nuvens” [do álbum Acústico MTv – 1999 (Legião Urbana)]
Bloco 04
Abertura: “Where the Streets Have No Name” [da apresentação no MLK Superbowl – 2002 (U2)]
“TV Announcer” [do álbum At War With Satan – 1984 (Venom) bônus track]
“At War With Satan” [do álbum At War With Satan – 1984 (Venom)]
Encerramento: “Fear of the Dark” [do álbum Fear of the Dark – 1992(Iron Maiden)]

4 comentários sobre “Podcast Grandes Nomes do Rock #11: Iron Maiden [1975 – 1993]

  1. Mazah Mairon, colocou aquele que pra mim é o melhor lado b da banda, a maravilhosa e foderosa "That Girl"! Gostei também especialmente da inclusão do Lionheart, banda da qual Dennis Straton fez parte e que ajuda a explicar essa ligação que a NWOBHM teve com o AOR britânico.

  2. A música "Invaders",do Iron Maiden,se parece muito,com a "Invaders",do Judas Priest,que está no álbum "Stained Class",de 1978.Podemos dizer,que o refrão,é praticamente um plágio

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