Discografias Comentadas – Europe

Discografias Comentadas – Europe
Formação clássica e atual do Europe: Ian Haughland, Joey Tempest, Mic Michaeli, John Norum e John Levén



Por Rafael “CP”

Nesta edição das “Discografias Comentadas” relembraremos um dos monstros sagrados do AOR/ Hard Melodic/Glam Metal, o Europe, banda liderada pelo carismático vocalista Joey Tempest  e responsável por revelar o virtuoso guitarrista John Norum, um dos melhores do instrumento surgidos na década de oitenta; contando também com o baterista Ian Haugland, o baixista John Levén e o excelente tecladista Mich Michaeli. Pelo grupo também passou o bom guitarrista Kee Marcelo, os baixistas Marcel Jacob e Peter Olsson, além do baterista Tony Reno. Mas vamos ao que interessa, as bolachas do grupo.
Europe
Europe [1983]

Aqui se plantava  a primeira semente das bases do som do Europe, mostrando um hard rock bem primário, porém bem arranjado, calcado no som predominante na época, dando total ênfase ao trabalho de guitarra de John Norum, que apesar de ainda ser um novato, mostrou ao mundo que seria um dos guitarristas top de sua geração. Os riffs e solos são fantásticos e muito criativos, destacando a faixa “Seven Doors Hotel“, que ficou no Top 10 das paradas japonesas, resultando no lançamento do álbum nesse país, muito bem vendido por sinal.

Wings of Tomorrow
Wings of Tomorrow [1984]

No ano seguinte, mais um álbum, e com esse os primeiros indícios do sucesso que a banda logo conquistaria, pois foi através deste disco que o grupo conseguiu conquistar uma grande gravadora, a CBS Records, que iria promovê-los internacionalmente, visto que já possuíam uma boa base de fãs no Japão e na Escandinávia. O bom desempenho do disco foi empurrado pelo single “Open Your Heart”, o primeiro grande sucesso da banda. As boas faixas “Stormwind” e “Scream of Anger” também ajudaram a elevar o nível do lançamento. A turnê de Wings of Tomorrow marcou a estreia da formação clássica do Europe, com a entrada do tecladista Mic Michaeli, executando as linhas que até então eram tocadas pelo vocalista Joey Tempest, e a substituição do baterista Tony Reno por Ian Haughland. Não chega a ser um clássico, mas constitui um disco fundamental para a estabilidade musical da banda, mostrando maior maturidade e coesão.

The Final Countdown
The Final Countdown [1986]
Este é considerado pela maioria o maior clássico da banda e um dos maiores e melhores discos de toda a história do hard rock, mudando muitos conceitos e quebrando recordes. Tudo aqui é de qualidade absoluta. Quem em sã consciência pode dizer que nunca ouviu o “tanananã… tananã tantam” da introdução de “The Final Countdown”, sucesso absoluto e primeiro lugar nas paradas de 26 países, incluindo o Reino Unido? No Hot 100 da Billboard, a música galgou o oitavo lugar, enquanto o outro grande hit do álbum, “Carrie”, ficou na terceira posição, dividindo igualmente o sucesso. Novamente pergunto: quem nunca deu uns beijos ao som de Carrie, seja em uma trilha de filme romântico, ouvindo algum programa de rádio ou ainda nas famigeradas coletâneas em DVD estilo flashback. “Carrie” está em todos. Faixas como “Rock the Night” e “Cherokee” também alcançaram as paradas, além da hardona “Danger on the Track”. O álbum vendeu mais de 18 milhões de copias mundialmente, lhes deu projeção, fama , sucesso e dinheiro. Infelizmente este álbum marca a saída do guitarrista John Norum, alegando insatisfação com o  destaque que os teclados estavam recebendo na sonoridade, além da imagem com a qual a banda estava sendo comercializada.

Out of This World

Out of This World [1988]

Este disco marca a chegada do bom guitarrista Kee Marcello ao grupo. Muito querido pelos fãs, Marcello conseguiu seu espaço sem ficar à sombra de Norum. Com a banda em alta, conquistando o mundo todo, o Europe tinha uma missão quase tão dificil quanto galgar o estrelato: se manter no topo. Para isso, gravaram seu quarto álbum, que traz uma pegada e sonoridade muito mais AOR que o antecessor, diversificando as composições e mostrando versatilidade. Porém,  aquele era o momento onde bandas como Guns n’ Roses e Skid Row, entre outras, quebravam a hegemonia das grupos mais melódicos, e mesmo vendendo milhões de cópias, na cola do sucesso de The Final Countdown, o sucesso foi considerado aquém da expectativa. Como nem tudo são espinhos, a turnê para esse álbum teve diversas apresentações junto a grupos do naipe de Def Leppard, Bon Jovi, Skid Row e Vixen. Aqui temos uma regravação de “Open Your Heart”, considerada pela maioria melhor e mais pesada do que a original do segundo álbum. Temos também o lindíssimo single “Superstitious”, que mostra um Joey cantando cada vez melhor, e Kee Marcelo até superando Norum em alguns momentos, sendo ele o maior destaque do álbum. Essa faixa atingiu grande sucesso nas paradas americanas, atingindo a 31ª posição na Billboard. “Let the Good Times Rock” e “More Than Meets the Eye” são outras grandes canções. A rapidez e o peso de “Ready or Not” e a maravilhosa “Sign of the Times” além das baladas “Tomorrow” e “Coast to Coast” também agradaram rádios e baladeiros profissionais.

Prisoners in Paradise

Prisoners in Paradise [1991]

Depois de muitos problemas, saiu em 1991 este que é meu álbum favorito da banda, destacando a faixa-título, que além de ser, em minha opinião, a melhor música do grupo (superando qualquer faixa de The Final Countdown), conta com um dos mais belos videoclipes que eu já vi. Em Prisoners in Paradise a banda decidiu apostar em um estilo um pouco mais pesado e menos polido, sendo canções como “Seventh Sign”, “Bad Blood” e “Halfway to Heaven” belos exemplos dessa estética. O maior trunfo desse álbum está novamente em Kee Marcello que consegue soar fantástico, enquanto Joey Tempest “sujou” sua voz e passou a cantar com menos agudos limpos. Talvez “Girl from Lebanon” seja a mais bela e pesada do álbum. Um disco largadado de mão por conta do estouro do movimento grunge, mas sem dúvidas uma obra de arte.

Start From the Dark

Start From the Dark [2004]

As brigas ficaram insustentáveis e a banda se dissolveu, rendendo belos álbuns solos com cada integrante seguindo seu rumo. Mas depois de propostas milionarias para uma turnê de reunião, o Europe voltou, e com John Norum nas guitarras, retornando ao estúdio após essa turnê. O grupo evoluiu sem perder sua essência, mas existem duas diferenças básicas do antigo para o novo Europe: o timbre das guitarras, muito mais pesado e grave, e a quase ausência de teclados, que outrora roubavam a cena em quase todas as canções. “Wake Up Call” é um bom exemplo disso. As músicas continuam grudentas e pegajosas, em destaques como “Hero”, “Flames”, “Reason” e “Roll With You”, além da faixa-título. “Spirit Of The Underdog” começa com um pianinho e se transforma numa canção muito forte, com um excelente trabalho de Norum, tanto nos riffs quanto nos solos. Ao final temos a acústica “Settle For Love”” que não é nenhuma “Open Your Heart”, mas não deixa de ser bela. Start From the Dark mostra que os suecos do Europe voltaram com vontade de retomar seu espaço na cena, e que não seria difícil conseguir seu intento.

Secret Society

Secret Society [2006]

Aqui temos o primeiro álbum do Europe para o qual os antigos fãs torceram o nariz, pois com a boa recepção do anterior, o grupo embarcou na onda da nova sonoridade, e depois de lançar um DVD, apareceram com esse modernoso disco que constitui praticamente uma continuação piorada dos novos tempos da banda. Embora não se possa dizer que eles estão se segurando graças ao passado glorioso, este álbum passou um tanto despercebido pela critica e pelos fãs, nem chegando perto do que a banda já foi. Obtiveram algum destaque as faixas “Let the Children Play”, com um coral de crianças, “The Gateway Plan” e o primeiro single, “Always the Pretenders”. E, como não poderia faltar em um álbum do Europe, a balada “A Mother’s Son” cumpre seu papel no disco. Um fiasco.

Last Look at Eden

Last Look at Eden [2009]

Que me perdoem os fãs, mas como autor desta discografia comentada, não posso deixar de expressar meu repúdio e asco em relação a este horrível trabalho mais recente do Europe. Aqui, a piada foi de muito mau gosto para os fãs antigos, e um fracasso ao tentar angariar novos fãs com as tendencias do momento. Nada do antigo Europe aparece aqui, a não ser a sempre bela voz de Tempest, infelizmente utilizada em função de músicas mal compostas, sem identidade, com pitadas de tudo de ruim que faz sucesso na atualidade, um peso e uma aura dark irritante, e o maior pecado: para onde foi o talento de John Norum, será que ele gastou todo nos trabalhos com Don Dokken? Meu Deus, o homem se tornou previsível e comum, não impôs uma marca nesse álbum. Como não destaco absolutamente nada nesse disco pífio, citarei como exemplo as canções que obtiveram mais êxito, a faixa-título e “New Love in Town”, com um título mais previsível que andar pra frente.

Encerro esta crítica a respeito do Europe, sob meu ponto de vista, desejando agradar aos fãs e não fãs do grupo e torcendo para que a inspiração retorne a seus corações, e que voltem a compor classicos supremos do melodic rock, pois talento não falta para os cinco membros. Prova disso foi o incrível show que oferecido aos fãs Brasileiros no final de 2010. Um abraço a todos do seu amigo Rafael “CP”!

14 comentários sobre “Discografias Comentadas – Europe

  1. Ta aí uma banda que eu nunca prestei muita atenção e que merece muito respeito…quem sabe após essa leitura eu não pegue um ou dois discos deles…
    abrasssssssss

  2. Nossa, de fato tem que se começar por The Final COuntdown , pois é um album obrigatorio e nem tem como descrever o que ele alcançou , porém , sempre recomendo Prisioners in PAradise , é o meu favorito e suas composições e instrumental são fantasticos , lindissimo , foi uma pena ele nao ter o sucesso merecido devido ao momento em que foi lançado não ser muito favorável

  3. Eu gosto muito dos 2 primeiros, dois bons discos de Heavy Metal com H maiusculo mesmo! Seven Doors Hotel, For The Future To Come, Stormwing, Wings Of Tomorrow… Maravilhosos!

    Já o Final Countdown é mais indicado para quem curte hard rock mesmo, mas é um grande disco de hard rock.

    Outro dos meus favoritos é o Out Of This World. Superstitious, Ready or Not, More Than Meets The Eye…

    Dos mais recentes, eu gosto muito do Secret Society, e acho Forever Travelling uma das melhores musicas da banda.

    Mas o ultimo, infelizmente, deixa a desejar mesmo…

  4. Rafael!!! Não sabia que você era blogueiro!!! Vamos fazer parceria hein cara, o Bootlegs KISS ainda não é parceiro do Consultoria do Rock. E Ah!! O Bootlegs KISS retomou a discussão… Quem teria vindo primeiro? Secos e Molhados, ou KISS? Dá uma lida no blog e diz sua opinião, se curtir o texto, coloque aqui também paara ajudar o blog? Abração… http://bootlegskiss.blogspot.com/

  5. Kra, só não concordo com a resenha do Last Look At Eden, que acho um puta álbum. Se vc pegar a discografia do Europe, verá q eles nunca se copiaram. Sempre hà algo de novo em cada lançamento dos kras, então pq eles iriam se copiar agora?! Acho q estão certos em seguirem essa nova tendência, isso é sinal de q eles estão de olho no futuro e não presos ao passado que apesar de glorioso, já teve sua época. Vê-se também que eles estão curtindo o que estão fazendo, o que é mais importante. Mesmo utilizando do estilo atual de rock pesado eles conseguem compôr músicas de qualidade com refrões sempre marcantes, harmonias bem trabalhadas e execução impecável. Vc diz q a "New Love In Town" tem título previsível e tal mas tem um detalhe sobre ela q a torna bastante especial. O Tempest compôs essa música nas seções do Prisoners In Paradise em homenagem ao seu filho, então o título seria previsível sim se fosse p uma mulher ou uma história de amor qualquer porém neste caso achei q sôou bastante interessante e não previsível como parece.

  6. Eu também não concordo com a má qualificação ao "Last Look at Eden", e ao "Secret Society" também. Europe pra mim não tem disco ruim, e se alguém apontar qualquer um dos álbuns como seu favorito da banda eu aceito de boa. A volta do Europe foi uma das mais sólidas e bem sucedidas da última década. Ao invés de encher os bolsos com turnês, voltaram como uma banda unida de verdade, tendo lançado três discos de estúdio e um ao vivo em um curto espaço de tempo. "Start From the Dark" foi uma excelente surpresa, e apesar de gostar muito do Europe do passado, aquele som renovado e mais pesado me agradou de cara.

  7. É boa a banda, mas sem esses exageros de excelente banda. Eles fizeram o que eu considero a pior música da história do rock, a balada horrível Carrie.
    A banda em si é muito boa no que se propõe, mas os vocais são enjoativos. Não consigo escutar por muito tempo.

  8. Bom , isso q é o interessante nas resenhas , os pontos de vista . O Last Look of Eden pode sim ser futurista, visionario etals , mais para o MEU gosto , como um fã de Hard Rock com o pé nos anos 80 e fã da fase aurea da banda , saiu muito ruim , sei que muitas pessoas adoraram , e fiquei feliz por elas , mais para o meu gosto , ficou bem ruim , e tentei transparecer isso na minha visão sobre ele.

  9. Aqui, a piada foi de muito malu gosto para os fãs antigos, e um fracasso ao tentar angariar novos fãs com as tendencias do momento.

    Bom, não sei qual foi o critério ou a fonte de informações, mas Last Look at Eden foi o primeiro álbum desde Out of This World a atingir o topo das paradas na terra natal do grupo, além de ter entrado nos charts de outros países europeus, como Alemanha, Suiça e Finlândia.

    Em relação à qualidade, penso que é um trabalho muito bom. O Secret Society acho razoável, as músicas boas são muito boas, mas as ruins ficam bem abaixo. É oito ou oitenta.

  10. Jay

    O critério e a fonte de informações foi o MEU gosto pessoal , pois esta critica representa os albuns da banda segundo o MEU ponto de vista. Não sou o dono da verdade nem tampouco quero atrito com os fãs , mais cada um tem seu gosto.
    Abraços

  11. Essa banda é igual a vinho, pois cada lançamento era melhor que seu anterior. Conheci hoje o Prisoners in Paradise e me surpreendi. Apesar da grande quantidade de baladas, e de Kee Marcello nunca ser um John Norum, gostei do som que os suecos estavam fazendo em 1991. Acho a fase atual a melhor da banda, e o que mais me impressiona é como eles conseguiram se livrar, sonoramente falando, do pesado fardo que foi a construção do clássico “The Final Countdown”. Faixas como “Bad Blodd”, “Halfway to Heaven”, “Talk to Me” e “Seventh Sign” mostram um quinteto encorpado, mais pesado e sem se prender a estética farofista que os consagrou. Belíssimo e surpreendente álbum para quem gosta do estilo, e pelo que tenho ouvido, os discos do Europe crescem exponencialmente em termos de qualidade com o passar dos lançamentos.

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