NWOBHM – 30 anos depois

Por Fernando Bueno

Ultimamente tenho escutado muito material oriundo da famosa New Wave of British Heavy Metal. Minha busca por informações sobre as bandas que fizeram parte desse saudoso movimento musical resultou na aquisição do livro “Suzie Smiled…The New Wave of British Heavy Metal” escrito pelo expert do estilo John Tucker. Na época do surgimento do estilo o autor era um fotógrafo, escritor de fanzines e acompanhou muito algumas bandas que se tornaram lendárias, além de muitas outras que são conhecidas apenas pelos mais aficionados.

A minha ideia era fazer um review sobre o livro após terminá-lo. Ainda estou lá pela página 100 e longe do seu fim. Mas após uma passagem que chamou a atenção decidi fazer algo diferente. Ao invés de falar que o livro é adequado para os fãs do estilo e também para todos os que gostam de música e heavy metal, vou colocar dois trechos do livro que me chamaram muito a atenção. Esses dois trechos são dois reviews de singles lançados por duas bandas diferentes em fevereiro de 1980 na mesma edição do famoso semanário Sounds.

O mais interessante desse tipo de leitura é saber o que os críticos achavam das bandas que na época eram iniciantes e avaliar as previsões apresentadas pela ótica atual. Ou seja, essas bandas tiveram chances iguais e hoje possuem reconhecimento bem diferente.
Antes de apresentar os trechos cabe aqui dizer que o livro está em inglês e a tradução aqui apresentada é interpretação minha do que Tony Mitchell – o autor das resenhas – escreveu.

GIRLSCHOOL – “Emergency”

“É posição extensamente defendida que naqueles campos normalmente masculinos as mulheres podem ser tão boas e muitas vezes melhores que os homens. Com as mulheres atualmente fazendo bonito na música pop o heavy metal seria o último bastião do elitismo machista a ser atingido e “Emergency” apresenta um desafio indisputável aos homens. Certamente elas se beneficiaram da turnê que fizeram com o Motörhead já que a música do single é tão boa quanto qualquer coisa que escutei recentemente de Lemmy e Cia. com a diferença que em lugar da voz de lixadeira Black & Decker foram adicionados vocais. O som é inacreditavelmente simples, porém essa é a graça do Heavy Metal.”


IRON MAIDEN – “Running Free”

“Então esse é o futuro do Heavy Metal! Eu pensei que eles tentariam um pouco mais para apresentar algo mais cativante e original (dentro dos termos desse estilo não tão original) para um single, mas o que temos aqui? Nada mais do que clichê após clichê sem a faísca que separam Kiss e Ted Nugent do resto das bandas. Eu pensava que o heavy metal britânico tinha aprendido suas lições, mas agora me parece que não. Decepcionante.”

É isso. Transcrevendo esses textos não tenho a intenção de mostrar que o crítico estava errado ou ridicularizar a opinião do mesmo. A intenção é mostrar o pensamento da época e de certa forma como essas bandas eram importantes na época. “Running Free” foi o primeiro single do Iron Maiden lançado pela EMI e a banda já era bem conhecida, sendo tratada como o futuro do heavy metal. Nos dias de hoje, quando uma banda iniciante, gravando um simples single, ou, transferindo para os dias atuais, disponibilizando uma música no My Space, seria tratada como o futuro de alguma coisa?

15 comentários sobre “NWOBHM – 30 anos depois

  1. Devo admitir que por um lado concordo com o crítico. Entendo as razões para que o Iron Maiden tenha lançado "Running Free" como seu primeiro single. É sem dúvida a faixa mais comercial do debut e com maiores chances de fixação para um público desacostumado com o passo além que estava sendo dado pela NWOBHM em termos de velocidade e complexidade. É uma canção mais rock and roll mesmo, e passa bem longe de ser minha favorita do primeiro álbum, posição ocupada por "Prowler", seguida por "Phantom of the Opera" e "Remember Tomorrow".

  2. Fernando, excelente post meu amigo!

    O livro parece ser interessante. O que destaco do que foi escrito é que as resenhas não ficam em cima do muro. Criticam e apontam os pontos diretamente, sem enrolação.

    E a curiosidade é que se conseguissemos prever o futuro, tudo seria mais fácil, não seria?

    O cara dizer que a "promessa do heavy metal" lançou um "fiasco" é realmente se expor ao tempo.

    O inverso acontece bastante. Muitas bandas aparecendo como promessas e sendo bem avaliadas e não passam de um disco ou uma modinha qualquer.

    E outra, gostei do estilo adotado no post! ABRASSSSSSSS

  3. Fernando, excelente post meu amigo! (2)
    Muito engraçado ver uma resenha onde o crítico diz decepcionante para o primeiro single da Donzela! rsrss
    Concordo com o Daniel, criticas direto ao ponto! sem blablabla…

  4. Tudo bem…eles decepcionaram nesse single, mas a questão era que os caras tinham lançado apenas o The Soundhouse Tapes. Ou seja, quase nada..e já existia pressão.

  5. Decepcionaram no sentido de nao surpreender, porque Running Free, apesar de maravilhosa, nao tinha as inovacoes para o estilo que Phantom Of The Opera ou Powler traziam.

    Mas que é um classico, e uma das melhores musicas do debut, isso é.

  6. Tá, eu admito que o tempo me desdiz, pois ele transformou "Running Free" em um clássico sim, mas eu acho que ela passa bem longe de estar entre as melhores do debut e aqui em casa não é classico nem f***ndo, hehe. Lembro bem de quando ouvi o disco pela primeira vez e o quanto "Prowler" me fisgou de cara, era repeat até não poder mais…

  7. Sim…o decepcionaram é com aspas…
    Me lembro que escutei muito essa música ao vivo do Maiden Japan. Esse foi o primeiro disco com o Paul Di Anno que comprei…

  8. Estou escrevendo um texto sobre uma banda da NWOBHM e acabei encontrando esse, um dos primeiros que fiz aqui para a Consultoria. Engraçado que eu começo falando “Ultimamente tenho escutado muito material oriundo da famosa New Wave of British Heavy Metal”. Passados mais de 6 anos e eu ainda estou ouvindo muito material da famosa….

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