Manilla Road – Crystal Logic [1983]

Manilla Road – Crystal Logic [1983]

Por Daniel Benedetti

Crystal Logic é o terceiro álbum de estúdios da banda estadunidense Manilla Road, lançado oficialmente em dezembro de 1983, através do selo Roadster. A banda Manilla Road foi criada pelo guitarrista e vocalista Mark Shelton, em 1977, com os colegas de quarto Scott Park no baixo, Benny Munkirs na bateria e Robert Park na guitarra base. O nome do grupo, Manilla Road, surgiu em uma noite em que Shelton e Munkirs estavam bebendo enquanto assistiam a Monty Python’s Flying Circus.

Após passarem um tempo tocando em bares locais ao redor de Wichita, Estados Unidos, o conjunto ganhou atenção pela primeira vez com sua música “Herman Hill”, inspirada pelo motim de Herman Hill, ocorrido em Wichita em 1979. Após um acidente que tirou a vida do engenheiro de som e luz da banda, o baterista Benny Munkirs decidiu sair do grupo, junto com Robert, e o primeiro foi substituído por Myles Sype na bateria. Em 1979, a banda gravou uma demo de três músicas, intitulada Manilla Road Underground, a qual foi distribuída por cerca de cem cópias em fita cassete para estações de rádio locais, além de qualquer um que quisesse ouvi-la.

CD não oficial relançando uma das primeiras demos do Manilla Road

Insatisfeitos com a bateria de Sype, o restante do grupo encontrou um substituto em Rick Fisher, um amigo de colégio de Shelton. Foi com essa formação inicial que o Manilla Road lançou seu primeiro álbum de estúdio, Invasion, em 1980, pelo selo da banda, a Roadster Records. Entre essa época e o lançamento seguinte, o conjunto gravou material em 1981 para um álbum que seria provisoriamente intitulado Dreams of Eschaton, porém este só foi lançado em 2002 pela Monster Records (sob o nome Mark of the Beast), pois Shelton não estava satisfeito com o som.

Desde então, Shelton foi citado dizendo que a música “não era metal o suficiente” e “soava uma merda”. Apesar disso, Mark of the Beast foi bem recebido pela crítica quando finalmente foi lançado. Ao lado de Invasion, esses primeiros álbuns têm mais em comum com o rock progressivo e o space rock do que com o som heavy metal posterior da banda. O próximo álbum de estúdio foi Metal, em 1982, que começou a definir a futura direção musical do Manilla Road. Seu som “clássico” seria verdadeiramente consolidado com o lançamento de Crystal Logic, em 1983, sendo que o álbum foi gravado entre maio e junho de 1983, em North Newton, no Kansas, Estados Unidos, através do estúdio Miller. O selo foi o Roadster, do próprio grupo. A produção ficou a cargo de Mark Manzur.

Mark Shelton, Scott Park e Rick Fisher. Manilla Road em 1983

O grupo continuava com a formação que tinha Mark Shelton nos vocais e nas guitarras, Scott Park no baixo e Rick Fisher na bateria. Neste álbum, a banda abraçou completamente o heavy metal, deixando as influências psicodélicas, progressivas e de hard rock que podiam ser encontradas nos dois discos anteriores.

“Prologue” é um pequeno trecho que serve de abertura para a faixa seguinte. “Necropolis” demonstra uma sonoridade com forte influência da NWOBHM. “Crystal Logic” é um épico de 6 minutos, trazendo ainda um leve resquício prog, por conta das mudanças de intensidade, porém sem perder nada de peso. “Feeling Free Again” é mais curtinha, rápida e direta. “The Riddle Master” mantém o peso e, em seu final, a banda flerta com um pré speed metal, bem interessante. “The Ram” mantém a sonoridade da música que a precede, com peso e velocidade intensos. Mais soturna e sombria, “The Veils of Negative Existence” é uma canção bastante pesada. “Dreams of Eschaton” traz uma musicalidade um tanto quanto mais intrincada, com partes instrumentais proeminentes e muito interessantes. “Epilogue” encerra o disco retomando a musicalidade de “Prologue”.

Emblemática foto da Manilla Road no início de carreira

Em Crystal Logic, o Manilla Road mergulha ainda mais na musicalidade do Heavy Metal. Percebem-se, notavelmente, as influências da chamada New Wave of British Heavy Metal, mas também há toques de Speed Metal e de Progressivo por todo o disco. Mark Shelton é o destaque, com seu vocal repleto de personalidade e muita competência na guitarra, com solos cheios de feeling e riffs grudentos.

Canções como “Necropolis”, “The Riddle Master” e “The Ram” mostram o poder do heavy metal estadunidense, com peso e intensidade cativantes. A longa “Dreams of Eschaton” é bastante interessante, mas a favorita é mesmo “Crystal Logic”, com suas alternâncias de dinâmicas e um toque ‘priestiano’.

Embora excelente, Crystal Logic não repercutiu em nenhuma das principais paradas de sucesso. A crítica possui o disco em alta conta. Em 2005, Crystal Logic foi classificado como 344º lugar no livro da revista Rock Hard, “Os 500 Maiores Álbuns de Rock e Metal de Todos os Tempos”. A boa recepção de Crystal Logic resultou na exposição da banda na Europa, o que, por sua vez, rendeu-lhes um contrato internacional com o selo francês Black Dragon Records.

O grupo à cores: Shelton, Fisher e Park

Apesar do sucesso de Crystal Logic, o baterista Rick Fisher não se sentia à vontade com a evolução musical da banda. Com Fisher concordando em se retirar, Shelton e Park partiram em busca de um baterista que pudesse tocar bumbo duplo, de acordo com a nova evolução sonora do Manilla Road. O baterista Randy Foxe fez um teste e foi prontamente adicionado à banda após demonstrar sua habilidade no contrabaixo. Essa segunda formação permaneceria unida pelos próximos cinco álbuns de estúdio do Manilla Road (além de um lançamento ao vivo, Roadkill, em 1988). Em 1985, a banda estrearia esta formação com o antológico Open the Gates.

Contra-capa de Crystal Logic

Faixas
1. Prologue – 1:35
2. Necropolis – 3:10
3. Crystal Logic – 6:01
4. Feeling Free Again – 2:48
5. The Riddle Master – 4:41
6. The Ram – 3:46
7. The Veils of Negative Existence – 4:34
8. Dreams of Eschaton – 10:24
9. Epilogue – 1:55

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