Dream Theater – Parasomnia [2025]
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Por Marcello Zapelini
No ano de 2024, os fãs do Dream Theater foram brindados com a notícia da volta de Mike Portnoy ao grupo que ajudou a fundar quarenta anos atrás. E em fevereiro de 2025 o novo/velho baterista reestreou no 16° álbum de estúdio do grupo de prog metal, ressuscitando sua formação mais duradoura, com os fundadores John Petrucci (guitarras, backing vocals) e John Myung (baixo),além de James LaBrie (vocais) e Jordan Rudess (teclados). Pessoalmente, nada tenho contra Mike Mangini, que o substituiu ao longo de 15 anos, mas acho que Portnoy se encaixa melhor na banda. Parasomnia é um álbum conceitual cujas músicas giram em torno de distúrbios do sono, e foi produzido por John Petrucci, com Andy Sneap na mixagem e engenharia de som. A capa é uma versão sombria da que embalava o clássico Awake, com a garota agora representada como uma sonâmbula.

Como tem sido comum atualmente, o álbum está disponível em várias edições em vinil e CD, e a minha é a limitada com 2 CDs e Blu-ray, além de um belo art book com imagens criadas pelo designer das capas do Rush, Hugh Syme. O segundo CD traz as oito músicas do álbum principal em versões instrumentais, o que revela mais detalhes das músicas. Aqui eu acho que a banda poderia ter colocado o solo completo de John Petrucci, cortado na versão final de “Bend the Clock”. O Blu-ray traz as versões 5.1, Dolby Atmos e 24/96 stereo, bem como animações criadas por Wayne Joyner. E gostaria de destacar o efeito dos dois CDs na capa interna do livreto, pois um deles traz um olho fechado e o outro aberto: “sleep with one eye open“, como diria o Metallica…
A primeira música, “In the Arms of Morpheus”, é instrumental e serve essencialmente para reafirmar a excelência dos músicos do DT, mas também prepara o terreno para “Night Terror”, que estabelece bem o tom do disco: pesado e bem elaborado, com um clima soturno na maior parte das músicas. O primeiro destaque do disco, “A Broken Man”, com bela letra de LaBrie, joga o spotlight em Rudess, que se alterna entre piano, órgão e sintetizador para levar a um trecho levemente jazzístico, com o solo de Petrucci. A letra nos leva à cabeça de um soldado atormentado pelas memórias da guerra e pela perda dos companheiros, e chega a ser comovente. “Dead Asleep” narra a assustadora história de um homem que matou a esposa enquanto dormia, e não sabe como isso aconteceu. O riff meio sabbathiano de Petrucci estabelece o clima de pesadelo da música, bem construída e com variações suficientes para manter a atenção ao longo de seus mais de 11 minutos. A quinta música, “Midnight Messiah”, traz a única letra de Portnoy no álbum, e é provavelmente a mais fraca do disco, apesar de mais uma vez contar com bom riff de Petrucci. O vocal de LaBrie também é bem interessante, mas no todo a música não decola, soando como uma música para encher o disco.

“Are We Dreaming” é um breve interlúdio instrumental, basicamente de Jordan Rudess, que funciona mais como introdução para a bonita balada “Bend the Clock”, outra com letra de LaBrie, que volta a se destacar no vocal, e que se encerra com belo solo de John Petrucci, que em alguns momentos lembra Pink Floyd. A imagem da música no livreto traz um relógio mole como os de Salvador Dali. O álbum termina com a épica “The Shadow Man Incident”, inspirada na lenda urbana do Shadow Man, que já rendeu filmes de terror. Com trechos mais lentos e acelerados se alternando ao longo de quase 20 minutos, a música é boa, na tradição dos épicos do DT, e o “duelo” entre Petrucci e Rudess no trecho instrumental é muito interessante. O final também é bonito e pomposo como convém à banda, deixando no ar a possibilidade de a música vir a ser acompanhada por uma orquestra em futuras versões ao vivo.
O disco tem vendido razoavelmente bem, tendo inclusive atingido o primeiro lugar na parada de rock e metal do Reino Unido. Com a banda envolvida em sua turnê de 40° aniversário, pouca coisa do álbum já foi interpretada ao vivo, mas espero que role mais coisa do disco nos shows. Parasomnia é um bom disco que, se não chega a mudar a opinião de quem não gosta do Dream Theater, pelo menos faz feliz um fã antigo da banda como eu, que os acompanho em seus altos e baixos por quase 30 anos.

Track list
- In The Arms Of Morpheus
- Night Terror
- A Broken Man
- Dead Asleep
- Midnight Messiah
- Are We Dreaming?
- Bend The Clock
- The Shadow Man Incident
Boa resenha! Ainda não ouvi, mas fiquei interessado, sobretudo pela temática do álbum e, obviamente, por Mr. Portnoy – tomara que ele não abandone seus outros projetos paralelos (dos 24 de que faz parte!) que prefiro ao Dream Theater: The Winery Dogs, Transatlantic e Sons of Apollo.
Espero que goste, Marcelo.
Quanto ao Portnoy, como ele é meio workaholic, acho que esse risco a gente não corre… também gosto bastante do Winery Dogs e do Transatlantic!