Discografia Comentada – The Beatles (Parte I)

Por Marcello Zapelini
Depois de tantos anos no ar, a Consultoria do Rock decidiu mexer num vespeiro e apresentar uma DC para os Reis do Iê-Iê-Iê, os Quatro Cabeludos de Liverpool, a banda que mudou para sempre o rock’n’roll: The Beatles. De outubro de 1962 a abril de 1970, The Beatles foram indisputavelmente a maior banda do mundo: a de maior sucesso, a mais elogiada pelos críticos (“Lennon e McCartney são os maiores compositores desde Beethoven!”), a mais adorada pelos fãs. E até hoje são influentes, seja pela música, seja pelo impacto cultural, e continuam embalando gerações. Mas a verdade é que até Rubber Soul, o grupo fazia basicamente um pop muito bem elaborado, que pode ser visto simultaneamente como genial e como nada de mais, dependendo do seu humor (eu mesmo, que gosto muito deles, oscilo entre esses extremos).
Em primeiro lugar, um esclarecimento: sempre que me fizeram a pergunta “Beatles ou Rolling Stones?”, minha resposta nunca mudou e sempre apontou o quinteto de Mick Jagger e Keith Richards. A razão é simples: os Stones nunca tiveram o mesmo talento de Lennon e McCartney (e num grau menor, de Harrison) para compor e arranjar músicas que grudam na cabeça do ouvinte, mas sempre tiveram uma veia mais rocker, mais direta, que eu aprecio mais. E embora eu já não goste tanto dos Beatles como um dia gostei (diferentemente dos Stones), ao ouvir novamente a discografia da banda em sequência (algo que fizera pela última vez uns dez anos atrás), eu me surpreendi com o fato de que lembrava de praticamente cada música como se tivesse ouvido no dia anterior. Ponto para os rapazes de Liverpool…
Em segundo lugar, essa discografia irá se concentrar nos lançamentos britânicos, com apenas uma exceção: Magical Mystery Tour – que virá na segunda parte – irá ser comentado com base no lançamento americano, que na década de 70 se tornou o padrão. Sobre coletâneas e lançamentos póstumos, faremos um artigo posterior, se houver demanda popular. Em terceiro lugar, essa discografia comentada foi escrita sob o ponto de vista de um fã do grupo, não de um fanático. Lembro-me de ter que aguentar gente dizendo que uma idiotice como “Yellow Submarine” era uma obra-prima – e mesmo quando o grupo estava no meu top 3 de bandas favoritas eu não a suportava – e isso para mim não dá. Então, se eventualmente eu for meio duro com seu disco favorito do grupo, a culpa não é minha, é sua…
Please Please Me (1963)
Após os primeiros compactos de sucesso, The Beatles entraram em estúdio para registrar um LP em 11 de fevereiro de 1963, e em 22 de março o álbum foi lançado. E é um ótimo álbum de estreia; logo de cara temos um One Two Three Four e Paul cantando o delicioso rock “I Saw Her Standing There”. Ele e John levam juntos a cinquentista “Misery”, curtinha e inconsequente, e na sequência temos a primeira cover do álbum, a baladinha “Anna”, de Arthur Alexander, que John canta com backings de George e Paul, uma música inocente com um clima bem de transição da década de 50 para a de 60. Outra cover, “Chains” (Goffin-King), traz Lennon, McCartney e Harrison dividindo os vocais, com curtos trechos em que o garoto Harrison (pouco mais de 19 anos) faz o vocal solo. Ringo tem seu momento de starr em “Boys”, terceira cover do álbum, um rockinho animado com a cara do baterista, com direito a solo de guitarra de George e harmonia dos outros três. Duas composições de Lennon e McCartney, “Ask Me Why” e “Please Please Me” encerram o lado A; se a primeira não é nada de mais (uma baladinha bem anos 50 cantada por John), a segunda é uma das mais famosas do disco e traz Lennon na harmônica, um instrumento que ele abandonaria quase completamente. O lado B abre com outras duas músicas bastante famosas, “Love Me Do” e “PS I Love You”; Ringo foi colocado na percussão para Andy White tocar a bateria por exigência de George Martin, que não o tinha em alta conta. Paul é o vocalista principal nas duas, pois John estava nervoso demais para gravar o vocal solo. John assume o vocal na cover para “Baby It’s You”, e George é o romântico de plantão em “Do You Want to Know a Secret”, um rock leve e tolinho que deve ter derretido os corações de muitas gatinhas da época. Paul tem o melhor desempenho vocal do disco em “A Taste of Honey”, outra cover, e os dois compositores dividem “There’s a Place”. Tudo acaba com a versão sensacional para “Twist and Shout”, séria candidata a melhor cover gravada pelo grupo em sua existência.
With the Beatles (1963)
Lançado em novembro do mesmo ano, o álbum é basicamente mais do mesmo: oito músicas originais e seis covers. O problema é que não tem uma “I Saw Her Standing There” entre as primeiras nem uma “Twist and Shout” entre as últimas. Começando com “It Won’t Be Long” e dando sequência com “All I’ve Got to Do”, o disco demora a engrenar: só com a terceira, “All My Loving”, que a coisa realmente esquenta; a música é uma perfeita representação dos primeiros anos do grupo, com a letra inocentemente romântica, as guitarras leves, a batida discreta de Ringo, e os vocais bem cuidados de Macca, Lennon e Harrison na harmonia. George estreia como compositor em “Don’t Bother Me”, cujo clima é bem diferente das outras, meio misterioso, com Ringo tocando um bongô árabe que encontrou num canto do estúdio. O alegre rock “Little Child” é uma das melhores músicas deste disco. John toca harmônica quase do início ao fim (a única música do disco com sua gaita), e gravou o vocal solo em overdub. O baladeiro Paul canta “Till There Was You”, primeira cover do disco, e praticamente unplugged. “Please Mr. Postman”, outra cover, é mais uma música inofensiva e leve, perfeita para fazer as garotinhas dançarem. O lado B começa com a fraca versão para o clássico “Roll Over Beethoven”, que devia ter sido cantada por John e não por George, e segue com uma inesperada mancada: Paul canta desafinado em “Hold Me Tight”, coisa de que ele sempre se queixou. Mas a boa cover para “You Really Got a Hold on Me” bota o disco nos eixos de novo; Ringo canta “I Wanna Be Your Man” – e esta, junto com “Money”, que encerra o álbum, demonstra a inferioridade dos Beatles em relação aos Stones quando se trata de rock puro e simples. O disco ainda inclui a medonha “Devil in Her Heart”, de autoria de um tal Richard Drapkin, forte candidata ao título de pior música gravada pelo grupo, e a obscura “Not a Second Time”, uma das músicas menos badaladas deles. Em suma, With the Beatles, para mim, seria o pior disco oficial dos Beatles se na discografia do grupo não existisse o fraquíssimo Yellow Submarine.
A Hard Day’s Night (1964)
Primeiro álbum inteiramente composto por Lennon e McCartney, começa com a animada faixa-título, um de seus destaques e hit absoluto; o mesmo clima alegre contagia “I Should Have Known Better”, com Lennon na harmônica e vocal principal. “If I Fell” é a primeira baladinha do LP, com um belo dueto de Lennon e McCartney, arranjo baseado nos violões e uma letra perfeita para as fãzinhas do grupo gritarem histericamente. “I’m Happy Just to Dance With You” traz George Harrison no vocal; diferentemente do álbum anterior, George não teve nenhuma composição gravada aqui e teve que se contentar com uma música meio sem graça para cantar. Na sequência, “And I Love Her”, com belo vocal de Macca numa das mais belas baladas da primeira metade da carreira do grupo. “Tell Me Why” é, novamente, mais animada e traz a harmonia vocal de Lennon, McCartney e Harrison; a introdução faz pensar numa música mais rocker, mas o que se tem é o padrão típico dos Beatles. O megahit “Can’t Buy Me Love” encerra o lado A em alto nível. O lado B não é tão bom, com músicas até mesmo obscuras para uma banda do porte dos Beatles; “Anytime at All” é boa, com o vocal rasgado de Lennon ganhando destaque, mas “I’ll Cry Instead” é uma bobagem meio country que devia ter sido cantada por Ringo e não por John. “Things We Said Today” é a melhor música do lado B, uma balada meio dramática com Paul no vocal principal; “When I Get Home”, por outro lado, é totalmente esquecível, e o disco se encerra com duas boas músicas, a rocker “You Can Do That” e a balada “I’ll Be Back”. Se você não tem ideia do que era a Beatlemania, A Hard Day’s Night – o filme e o disco – é a melhor definição que conheço. A versão americana tem apenas doze faixas, e quatro delas são versões orquestradas que aparecem no filme – e a brasileira trazia o glorioso título Os Reis do Iê-Iê-Iê.
The Beatles for Sale (1964)
A EMI queria um disco para o Natal, e como a banda não tinha material para um LP, voltou à fórmula de oito originais, seis covers, dos dois primeiros discos. Lembro-me de, antes de ouvir o disco, ter lido numa revista sobre o grupo que este era o pior deles. Nada mais distante da verdade; para mim, For Sale não perde para os anteriores, ainda que de fato comece meio fraquinho, pois “No Reply” não é lá essas coisas, mas “I’m a Loser” é uma pequena pérola meio escondida no disco; o cansaço na voz de John é nítido (a banda fizera dezenas de shows, divulgava o filme, gravava músicas exclusivas para compactos). “Baby’s in Black” tem uma guitarra proeminente de George e o dueto de John e Paul é curioso, com John bastante animado e Macca apenas acompanhando. O que vem a seguir é incendiário: a cover para “Rock’n’Roll Music” é uma das melhores covers que a banda gravou. “I’ll Follow the Sun” é outra das baladas bonitinhas de Macca, que traz seu melhor desempenho vocal no disco. Outra cover, o medley “Kansas City/Hey Hey Hey Hey” é um rock’n’roll arrasador (mas antes dele você tem que aturar a horrível “Mr. Moonlight”), e quando você virava o lado B, recebia a monumental “Eight Days a Week”, uma das melhores músicas de toda a carreira deles. Duas covers na sequência: “Words of Love” (de Buddy Holly) é meio tola, mas o dueto vocal é bonito e a marcação de palmas é simpática; Ringo volta a ganhar um vocal solo em “Honey Don’t” (Carl Perkins), um rock/country como sua preferência da época, inofensivo e divertido. Um trio de originais, “Every Little Thing” (que o Yes reinventou posteriormente), “I Don’t Want to Spoil the Party” e “What You’re Doing” mantêm o clima agradável do disco, que termina com George cantando mais uma de Perkins, “Everybody’s Trying to be My Baby”, outro rock’n’roll cinquentista que encerra um disco leve, nada revolucionário, mas gostoso de ouvir.
Help! (1965)
Trilha sonora do segundo filme da banda, Help! é o último disco dos Beatles a trazer covers e o primeiro a apresentar duas composições de George Harrison. Contendo sete músicas apresentadas no filme, mais sete novas gravações (no LP britânico) e cinco instrumentais da trilha sonora (na versão americana), Help! é o primeiro álbum do grupo que busca tirar proveito das técnicas de estúdio para mudar um pouco o som. Os rapazes de Liverpool estavam evoluindo rápido, e sua música reflete essa evolução. A faixa-título sempre foi criticada por John, que não gostava do ritmo acelerado e preferia tê-la gravado como balada, mas é um dos grandes clássicos do disco. E se “The Night Before” não se destaca (mas também não compromete), “You’ve Got to Hide Your Love Away” é fantástica (em especial pela voz de John), apesar de seu arranjo bem simples. George traz “I Need You”, uma música agradável, em especial pela guitarra dele; “Another Girl” e “You’re Going to Lose that Girl” remetem aos discos anteriores, e na sequência temos “Ticket to Ride”, outro clássico incontestável, que traz Paul na guitarra solo, que já aponta para o trabalho mais elaborado do futuro. Ringo abre o lado B com a cover para “Act Naturally”, que segue a veia mais country da maior parte de suas contribuições (o ritmo reaparece em “I’ve Just Seen a Face”, desta vez com Paul no vocal), e George volta ao spotlight com “You Like Me Too Much” (que também remete aos discos anteriores). Lennon e McCartney gravaram vocal solo na maior parte das músicas, mas harmonizam em “Tell Me What You See” (uma música infelizmente esquecida pela maioria dos ouvintes ocasionais). Paul transforma “Yesterday” em uma faixa solo, cantando e se acompanhando no violão com acompanhamento de cordas; a música mais regravada de todos os tempos já está bem batida, mas é uma bela balada de qualquer jeito. John tem duas boas performances em “It’s Only Love” e a rocker “Dizzy Miss Lizzy” (cover de Larry Williams), com guitarras surpreendentemente pesadas para uma música dos Beatles. Help! é um bom disco – mas a banda faria coisa muito melhor logo depois e por isso acaba ficando meio esquecido.
Rubber Soul (1965)
O álbum que demonstrou que os Besouros podiam voar mais alto. Os primeiros acordes de guitarra que introduzem “Drive My Car” já mostravam que os Beatles estavam mudando – e para melhor. “Norwegian Wood” é bonita, e ficou famosa pela cítara, que levou John a reclamar que os Stones copiavam o que eles faziam, por terem colocado uma em “Paint it Black” (mas, cá entre nós, Brian Jones fez um uso bem melhor do instrumento). “You Won’t See Me” é uma pérola pop que gruda na sua cabeça; Paul em sua melhor forma. John não deixa barato e traz mais uma música fantástica, “Nowhere Man”. A sequência seguinte não é muito marcante, pois “Think for Yourself” (com o baixo distorcido, cheio de fuzz, de Paul) e “The Word”, embora boas, ficam um pouco abaixo das quatro primeiras. O lado A encerra bem com a bonita “Michelle”, com Paul arranhando o francês. Nem tudo são flores, entretanto. Virando para o lado B, você tem que aguentar a primeira composição do grupo com assinatura de Ringo (em parceria com John e Paul), “Act Naturally”, outra música na veia country do baterista, e completamente desnecessária, e no final, tem-se a letra misógina e violenta de “Run For Your Life”, que John se arrependia profundamente de ter escrito. Em compensação, no meio delas temos a boa “Girl”, dramaticamente interpretada por John, que também interpreta a linda “In My Life”, outra balada fantástica da banda; George Harrison escreveu e cantou “If I Needed Someone”, outra música acima da média, comprovando seu crescimento como compositor. “I’m Looking Through You” e “Wait” não são muito especiais, mas não prejudicam o disco. “Rubber Soul” é, na minha opinião, o primeiro disco dos Beatles que pode realmente entrar numa lista de “melhores de todos os tempos” – mas viria coisa melhor depois.
Em agosto, trago a segunda parte desta Discografia, com os álbuns na fase pós-Revolver.
Rapaz, pela primeira vez eu não li um texto aqui da Consultoria do rock logo de cara, devorando – parei na introdução, mais especificamente na frase “a culpa não é minha, é sua…”. Não, não: seja lá o que for escrever, se falar mal, a culpa é sua hahahahahehaheha
The Beatles é a minha banda favorita de todos os tempos, quando os ouvi pela primeira vez eu já os tinha em algum tipo de memória sensorial e sentia-os como se já soubesse deles. Paul McCartney é meu artista favorito e meu ídolo maior.
Vou me preparar psicologicamente para a leitura de seus comentários porque tenho certeza de que serão excelentes – e farei como você, ouvirei mais uma vez a discografia deles na íntegra e na sequência, algo que não fiz nos últimos 2 anos.
E sim, já há um clamor popular para que fale dos demais lançamentos (sobras de estúdio, coletâneas, discos ao vivo, The Decca Tapes, Esher Demos e por aí vai).
Obrigado, Marcelo, pelo comentário!
É claro, assumo a responsabilidade pelas resenhas, mas me senti na obrigação de fazer a provocação aos fanáticos pela banda. Quando eu comecei a minha educação musical, os Beatles corriam por fora, pois meus irmãos não tinham discos deles, mas eu via na TV e ouvia no rádio; depois, já na adolescência, comprei o “1967-70” e eventualmente cheguei a ter a discografia oficial completa em vinil e depois em LP. E passei por fases de fã, fanático, indiferente, fã novamente – e sou fã até hoje. Mas The Beatles são como Queen e Led Zeppelin, três bandas que aparentemente se tornam verdadeiras religiões para quem gosta deles – é proibido falar mal de qualquer coisa que eles tenham feito! Então, para fazer a DC, decidi evitar essa síndrome de fanatismo.
Eu também gosto mais do Paul McCartney do que dos outros três!! Tive a coleção inteira do cara em vinil, mas em CD só tenho os meus favoritos – do John é outra história, comprei os CDs todos na reedição em 2010, consegui numa promoção imperdível. George, só os melhores dele, e Ringo, bom, nunca gostei dele…
Você é a pessoa ideal para tocar essa empreitada, saiba disso.
Vou ler agora suas análises e depois retornarei para comentá-las..
Chamou Yellow Submarine de “idiotice”, Polly de “tola” e Wouldn’t It Be Nice de “fraquinha” sem nunca apresentar argumentos, a culpa não é nossa mesmo, Marcelo!
São minhas opiniões, pura e simplesmente. Posso sustentá-las mas você provavelmente vai continuar discordando de mim. Se você quer argumentos, aí vão:
– “Yellow Submarine” tem uma letra absurda, uma melodia primária, um arranjo circense e para completar foi dada para o cantor mais fraco dos quatro Beatles. O refrão gruda na cabeça? Sem dúvida. Mas nem por isso deixa de ser uma música muito ruim. Para mim, é uma música idiota, até porque está num disco sensacional;
– “Polly” é uma música que tem uma melodia ainda mais básica do que o normal do Nirvana e uma letra que não diz absolutamente nada para mim. Além disso, é uma música leve que não combina com um disco tenso, cheio de músicas muito boas, e ela simplesmente passa sem deixar absolutamente nenhuma impressão;
– “Wouldn’t it be Nice” é, como expliquei antes, uma volta ao passado num disco que mirava o futuro. Num álbum que tem “Caroline No”, “Sloop John B” e “God Only Knows”, ela não é marcante, nem memorável;
Lembre-se que eu apenas exponho minha opinião, não quero mudar a de ninguém. Já que você curte essas três músicas, ouça-as bastante. Para mim, são ótimas de se pular quando estou ouvindo os respectivos discos.
Eu já acho que odiar “Yellow Submarine” é igual odiar “Seamus”, carece de muito ódio no coração! São bobas, mas de leveza condizente com os discos em questão.
Sobre “Polly”, ela é tensa pra caramba – as letras podem não te impressionar, mas o tema segue pesado, fora que o arranjo mais cru contrasta violentamente com as guitarras estouradas do disco até então.
Discordo completamente de Pet Sounds “mirar no futuro”, inclusive o Eudes fez um texto muito bom aqui no site sobre isso. É um disco nostálgico em todos os sentidos!
Sempre podemos ampliar a conversa. Bom fim de semana e, como o Fernando falou abaixo, no mínimo Hey Jude/Past Masters merecem comentário.
Até a próxima…
Bem…
Acredito que no mínimo o Past Masters tenha que ser objeto de análise. Portanto uma terceira parte se faz obrigação. Eu Adoro os Stones, mas, ao contrário de você, acho os Beatles melhores não só musicalmente, mas também como locomotivas que levaram a música da época. Muita gente compara também a carreira dos Stones de 50 anos com os 10 dos Beatles e isso é algo que não tem cabimento. Outra questão é que as carreiras solos dos integrantes do Beatles são tão melhores que as dos Stones que não dá nem para levar em consideração. Os discos dessa primeira fase são inferiores aos da segunda, sem dúvida, mas foram os que colocaram a banda no topo e isso já mostra o quanto essa primeira fase é enorme (e se a segunda é melhor ainda, então temos mais uma prova de que os caras foram gigantes mesmo).
Difícil essa comparação entre Beatles e Stones. São duas bandas bem distintas, na real. Ok, são duas bandas da british invasion, os Stones gravaram uma canção de Lennon/McCartney no início da carreira e tal (I Wanna Be Your Man), mas são bandas com propostas diferentes. Os Beatles faziam um rock com acento pop e grande preocupação na harmonia vocal. Na minha visão, concorria com The Hollies, Gerry and The Pacemakers, etc. O Rolling Stones fazia um rock n roll cruzando com blues. E na minha visão, concorriam com The Animals, The Who, etc. Enfim, duas grandes bandas, mas com propostas distintas. A única comparação que acho que seria cabível seria a fase psicodélica, ali entre 1966-1967. Sobre os álbuns póstumos, que foram comentados por aqui, acho que tem que ter: Past Masters (com uma citação às coletâneas Rarities), Anthology, BBC, Love, Let It Be Naked, Star-Club, Hollywood Bowl. Também falaria do álbum que gravaram com o Tony Sheridan (as primeiras gravações oficiais dos Beatles). O Decca Tapes é histórico, mas é boot. (O cd da Discobertas também não considero oficial). Então, faria depois uma matéria especial sobre esse disco, comentando as gravações e tal. Eu lembro que publiquei uma matéria sobre esse disco na revista RockLife, mas acho que nao trouxe pra cá, não lembro agora. Se vocês tiverem interesse (e o Marcello não se importar), posso resgatar ela e dar uma ampliada no texto.