Test Drive: Dream Theater – Distance Over Time [2019]

Test Drive: Dream Theater – Distance Over Time [2019]

Por André Kaminski

Com Fernando Bueno e Mairon Machado

Já faz um tempo desde o último Test Drive nosso. Acho importante explicarmos o funcionamento desta seção para que os novos leitores compreendam do que se trata. Por aqui, normalmente pegamos um novo lançamento de uma banda grande ou com bastante hype, ouvimos uma vez (alguns mais de uma) e passamos nossas primeiras impressões sem de fato nos debruçarmos em todos os aspectos técnicos do álbum. É aquela opinião de um dia, para sentirmos o que o disco nos proporcionou sem interferência de outras opiniões ou da repercussão que ele causou nos fãs e nos meios de comunicação.

E agora chegou este novo disco do Dream Theater. Qual será a reação que causou nos consultores? Impressionou? Decepcionou? Vamos aos comentários!


André: Depois do triste The Astonishing [2016], não estava com muitas expectativas para este álbum justamente para não ter a mesma decepção que tive lá em 2016. Felizmente, o Dream Theater parece ter aprendido com as cagadas do passado e lançou um disco que pelo menos faz jus a ser bem cotado em sua discografia. Um trabalho mais enxuto (1 hora contando com música bônus é curtíssimo para os padrões theaterianos), menos firulas e canções mais direto ao ponto me fizeram ter impressão positiva a este conjunto de canções. Tem tudo aquilo que o fã dos americanos aprecia, LaBrie canta um tanto mais contido (não que isso faça alguma diferença para quem o espezinha), uma pequena passagem acústica (raro em sua discografia, deveria haver mais) e, finalmente, Mangini com um trabalho de bateria excelente, o melhor desde sua entrada na banda. Por sinal, eu o considero o principal destaque deste disco. A quantidade de batidas e sons de diferentes tirados de seu kit está perfeitamente clara na produção, provavelmente perceberemos no ao vivo ele rodando os braços para todos os lados para fazer cada movimento rítmico que a música pede. Duas canções se casaram bem com os meus ouvidos: “Barstool Warrior” me lembrou alguns bons momentos do Dream Theater da época do Metropolis, Pt. 2 [1999]. Já “At Wit’s End” conta com muita fritação de guitarra, o que pode agradar fãs de um certo gordão sueco conhecido pela técnica em conjunto com passagens mais calmas e melódicas, gerando aí muitas quebras de ritmos do qual a banda sempre foi especialista em fazer bem feito. Lamento pelo fato de John Myung ter aparecido tão pouco no disco (só mais mesmo em “S2N”). No mais, um bom disco sim, a meu ver o melhor da fase sem Portnoy.


Fernando: Depois do desastre autoindulgente, super ambicioso e chatíssimo que foi The Astonishing seria um prazer ouvir qualquer coisa, mesmo um dos discos mais fracos do Dream Theater. O mais importante é perceber que a banda percebeu que o disco anterior foi um erro, mas, pensando em sua história a ser escrita, talvez um erro necessário para botar a banda nos trilhos e voltar a ser uma das mais queridas do público do metal. Eu sentia falta de conseguir cantarolar as ótimas melodias que eles sempre foram eficientes em criar e são vários os momentos de Distance Over Time que ficam na cabeça e que até nos dá vontade de pegar a guitarra para tentar reproduzir um trecho específico, mesmo não sendo capaz de fazê-lo na maioria das vezes – “Barstool Warrior” tem um riff e uma frase no início que é um perfeito exemplo disso que estou falando. Esse é o quarto disco depois da saída de Mike Portnoy e com Mike Mangini na bateria, é certamente o melhor dessa nova fase e com grandes chances de trazer de volta aqueles fãs que não gostaram do que foi feito depois da troca. É até estranho ver que nenhuma faixa de um disco do Dream Theater passa dos dez minutos de duração. Somente “At Wit’s End” se aproxima disso, mas temos até uma com menos de quatro minutos. Parece que ao invés de diluir uma boa ideia no meio de uma maçaroca interminável de notas eles preferiram ser mais diretos. Talvez os infinitos memes e piadinhas sobre a duração de suas músicas tenha afetados os músicos. “Paralyzed”, que já havia sido apresentada, é por enquanto a melhor faixa, mas pode ser que uma ou outra tome seu lugar como minha preferida ao longo das novas audições.


Mairon: Que eu não sou um grande fã do Dream Theater todo mundo aqui sabe. Aprecio determinadas canções de álbuns específicos, mas nunca me atrevi a pensar ter a coleção completa da banda. Nas minhas prateleiras, possuo dos americanos apenas os discos que realmente eu aprecio, e certamente, Distance Over Time não estará nelas. Apesar do belo trabalho instrumental que Jordan Rudess e John Petrucci estão fazendo (o duelo de ”Unthetered Angel” é sensacional, as quebradas em “Pale Blue Dot” fazem vibrar, e o que eles fazem em “S2N”, com uma colaboração impecável de John Myung e citação a “By-tor & The Snowdog”, é de tirar o chapéu), o grande problema é a voz de James LaBrie, que está cada vez mais detestável. É complicado aguentar uma hora de uma afinação muito desregulada e aguda para meus ouvidos. “Out of Reach” é no mínio deplorável. Escapa-se com sobras o perfeito trabalho de “Fall Into the Light”, disparada a melhor faixa do CD, graças ao exímio trabalho de Mike Mangini e o contraste entre peso e leveza dado por Petrucci na guitarra e no violão. Mas, por mais que ele tenha dado peso ao grupo, substituindo muito bem Mike Portnoy, ainda não tenho por que pensar em sair de casa para ver o grupo ao vivo, ou mesmo comprar este CD. Ao menos não é modorrento, prepotente e sem sal como seu antecessor. Mais do mesmo + 100 (apreciadores de Cinema entenderão).


John Myung (baixo), Jordan Rudess (teclados), James LaBrie (vocais), Mike Mangini (bateria) e John Petrucci (guitarra)

18 comentários sobre “Test Drive: Dream Theater – Distance Over Time [2019]

    1. Octavarium, Images and Words, Score e Metropolis. Pretendo ainda ter o Falling Into Infinity e o Once in a Livetime. Em dvd tenho o Budokan

    1. eu também acho o the astonishing excelente FAbiort hahaha e alguns amigo meus também e olha que não sou apaixonado pela banda.

      1. Que doido né? Ele é realmente detestado…concordo que é longo demais…e por isso pode cansar…mas não é preciso ouvi-lo de uma tacada só…eu gosto bastante. Acho bemmais fracos o Black Cloud and Silver Linings e o primeiro desta nova formação …claro…sem serem péssimos ou realmente ruins…alias a partir do Sistematic Chaos (este incluso) a banda perdeu muito em qualidade. Na minha opinião pessoal o The Astonishing é um ponto alto desta nova fase e uma volta à boa forma…juntamente com este novo disco que achei muito bom

      1. KKK…bom…melhor que achar o Technical Ecstasy e o Never Say Day os melhores discos do Sabbath 🙂
        Abração

    2. Nem de longe. Um monte de gente acha muito bom também. Eu incluso, curti e curto pra cacete. Curiosidade: segundo o Lastfm foi o álbum, incluindo músicas (e olha que são uma caralhada), que mais ouvi em 2016.

      DOT achei pika. “Barstool Warrior” e “At Wits End” são espetaculares.

      1. O Marlos não é parâmetro já que se o DT gravar um disco só com versões do Balão Mágico ele vai amar.

    3. Gosto dele também…. ele só me passa a sensação de que falta uma música completa…. sei lá… mas o album é muito bom.

  1. Por que meus comentários foram apagados? Não ofendi ninguém, e há comentários de mesmo teor (senão idênticos) em outras matérias, escritos por pessoas que não os “consultores”.

    Lamentável.

    1. Não fui eu que apaguei o seu comentário, mas a gente sabe quem você é. Você é o sujeitinho de Piracicaba que fica provocando gratuitamente o Mairon e tirando uma com as postagens. Além de inventar nomes e emails diferentes com a vaga esperança de passar despercebido. Temos você e mais um aqui que estamos monitorando especialmente para evitarmos mais ofensas gratuitas e desfazer do nosso trabalho apenas para satisfazer suas trollagens.

      Lamentável não é o que fazemos, mas sim é a sua atitude de desfazer do nosso trabalho do qual fazemos o melhor para mantermos um nível saudável. Como pode notar, temos muitos leitores diferentes que participam das discussões, nos criticam sem desfazer de nós ou nos ofender e argumentam em nossas postagens agregando algo. Mesmo o Anônimo sendo por vezes agressivo e o Igor repetitivo, ao menos eles tentam agregar algo a discussão.

      Coisa que você e o outro sujeitinho de Araraquara que só sabe xingar o Igor não vem fazendo e perdemos a paciência em deixá-los sem prensa. Daqui a pouco, isso vira um exército de trollagens.

      Então, se você e o outro cara quiserem realmente interagir com essa comunidade, usem seus nomes verdadeiros e usem um mínimo de respeito para com o Mairon, Igor e os autores das matérias. Se se comportarem, até esquecemos do que fizeram antes e vão reparar que suas mensagens continuarão no ar.

      Eu realmente espero que reflitam sobre isso.

  2. Depois do Astonishing, que pra mim foi o mais chato disco da banda (tirando algumas musicas que eu gostei, uma meia duzia entre trinta e tantas) eu estava com a expetativa muito baixa, mas deste disco eu gostei bastante. É um disco que eu não tenho vontade de pular nenhuma música. Colocaria este disco no patamar do images and words, octavarium e do metropolis, que são os que eu mais gosto, se a produção do Petrucci fosse melhor e o Rich Chychi não ficasse comprimindo tanto o som da caixa, a bateria teria ficado melhor. Eu nunca fui fanático pelo Portnoy, acho que as linhas de bateria do Mangini são bem melhores, mas a produção do Portnoy com certeza era melhor que a do Peturcci. Nesse sentido eu concordo que ele faça falta. O Petrucci poderia contratá-lo para fazer a produção do proximo disco [risos]

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