Melhores de 2017: Por Ulisses Macedo

Melhores de 2017: Por Ulisses Macedo

Por Ulisses Macedo

1. DOLL$BOXX – High $pec

power metal • trance metal » ⌈ 23 min ⌋ ◊ ⌈ ep ⌋

A união das instrumentistas do Gacharic Spin com a poderosa voz de Fuki, frontwoman das bandas de power metal Light Bringer e Unlucky Morpheus: isso causou um pequeno alvoroço no mundo todo na época da estréia Dolls Apartment (2012), em que as cinco monstrinhas em seus instrumentos trouxeram um metal moderno, ocupadíssimo, competente e bem produzido, com videoclipes para todas as faixas do álbum – veja os inúmeros reactions no YouTube como uma pequena amostra disso. Cinco anos se passaram e eu não achei que elas se reuniriam novamente, mas este EP pegou todo mundo de surpresa, tanto devido à inesperada reaparição quanto pela qualidade fenomenal do seu tracklist, que aprimora todos os elementos que tornam o DOLL$BOXX um grupo ainda melhor do que as bandas originais das integrantes, como as melodias vocais de Fuki com apoio gutural da baterista Hana, além da guitarra precisa de Tomo-zo unida aos slaps de Michiko Koga e aos teclados futuristas da Oreo. Embora pequenino, o lançamento contém minhas composições favorita de metal do ano inteiro (vale mais que muito disco de dez ou mais faixas que eu ouvi em 2017…) e, se de fato for um prenúncio para algum lançamento que virá daqui a pouco, não restarão dúvidas de que elas são as rainhas do metal japonês. Assim como no álbum de estréia, o quinteto investiu em videoclipes para as cinco faixas, na sequência a seguir:

» “Shout Down” • “Sub-liminal” • “HERO” • “Sekaiwa Kitto Aiwo Shitterunda” • “Dragonet” «

Ouça: “Sub-liminal”


2. Kamasi Washington – Harmony of Difference

jazz » ⌈ 31 min ⌋ ◊ ⌈ ep ⌋

Pois é, outro EP no pódio! Mas vale lembrar que o último álbum de estúdio que esse cara lançou tem três horas de duração, então eu não dispensarei algo mais amarradinho, mas igualmente bom. Aqui, ele construiu um diálogo instrumental sobre as relações humanas em apenas meia hora: as cinco primeiras faixas são bem diferentes uma da outra, ora mais suaves, ora mais ágeis e até brasileiras (como no samba e bossa nova de “Integrity”), ao passo em que a finaleira “Truth” sintetiza os vários elementos trazidos nas faixas anteriores, com direito a coros apoteóticos por cima do intenso jazz que ali de desenvolve. Segundo Kamasi, a ideia é nos fazer celebrar as diferenças que existem em cada um de nós e quebrar as barreiras existentes através de sua harmonização. Um belíssimo registro – é impossível ouvir o álbum e não amá-lo imediatamente, tamanha a força com que ele cativa o ouvinte, passeando tanto por momentos sutis quanto intensos, a ponto de figurar como uma experiência religiosa.

Videoclipes:Truth

Ouça: “Truth”


3. Lovebites – Awakening from Abyss

heavy metal • power metal » ⌈ 1h ⌋

A cena de power metal do Japão continua efervescente, e o Lovebites veio como um meteoro em seu álbum de estréia, que traz um metal pedrada, sem espaço para baladinhas frescurentas, vocal de fadinha, progressões que não levam a lugar algum ou constantes interlúdios desnecessários. O quinteto aqui é experiente em fazer música que não tira o pé do acelerador, com uma vocalista potente e solos de guitarra que derretem os ouvidos (com direito a duelos Megadethianos em “Scream for Me”). Já no EP de estréia (The Lovebites EP, 2017) elas foram elogiadas por gente do quilate de Hansi Kürsch, Kiko Loureiro e Michael Weikath, e é bem possível que sua fama cresça no Ocidente devido aos contratos de distribuição do CD (JPU Records para a Europa, Slipkstrick Records para a América do Norte), algo que muitas bandas japonesas ainda não se ligam em investir. Se você ainda se lembra da sensação de ouvir pela primeira vez discos empolgantes como Thundersteel (Riot, 1988) e Land of the Free (Gamma Ray, 1995), está aí uma nova banda para você acompanhar, pois elas estão cada vez mais próximas desse nível de qualidade. A Asami ainda precisa ajustar sua pronúncia de inglês; fora isto e o nome genérico (admitidamente baseado nas canções de mesmo nome do Halestorm e Judas Priest), nada tenho a reclamar.

Videoclipes: “Don’t Bite the Dust” • “Shadowmaker

Ouça: “The Hammer of Wrath


4. 7!! – Setsuna Emotion

pop rock » ⌈ 51 min ⌋

Foi com uma rapidez impressionante que o 7!! se tornou uma das minhas bandas favoritas da atualidade, e não por menos: o pop rock deles surgiu com um charme cativante em seu disco de estréia (Doki Doki, 2013), e aqui em seu terceiro álbum de estúdio eles demonstram sua crescente maturidade, mantendo aquele estilo de composições gentis e enérgicas ao mesmo tempo em que estão melhores ainda nas baladas reflexivas, mostrando uma dinamicidade cativante – a escolha dos singles mostra isso.

Videoclipes:Centimeter” • “FLY” • “Kimi ga Iru Nara” • “Orange

Ouça: “Orange”


5. Prophets of Rage – Prophets of Rage

rap rock » ⌈ 39 min ⌋

Pra quê esperar pela boa vontade de Zack de la Rocha, não é mesmo? O inseparável trio do Rage Against the Machine achou por bem chamar Chuck D e B-Real (além do DJ Lord) para dar continuidade ao espírito da antiga banda, unindo o rap e o rock com atitude política. Tá, Zack é insubstituível e os dois frontman ainda não dão conta de entregar a mesma raiva e presença que o carinha, mas a banda consegue entregar ótimas composições e, claro, manter o estilo funkeado e explosivo pelo qual o RATM era conhecido. Claro que não é um novo clássico do nível de Rage Against the Machine (1992), mas tem qualidade de sobra para dar e vender no tracklist!

Videoclipes:Hail to the Chief” • “Hands Up” • “Living on the 110” • “Radical Eyes” • “Strength in Numbers” • “Unfuck the World

Ouça: “Radical Eyes”


6. Body Count – Bloodlust

rap metal • crossover thrash » ⌈ 41 min ⌋

Disco bastante sólido da banda de Ice-T. Nunca acompanhei o grupo que ele lidera, e devo ter ouvido o famoso auto-intitulado de ’92 apenas uma vez, mas com o burburinho (merecido) em cima de Bloodlust eu encontrei uma audição que não decepciona, trazendo um time que joga a favor das composições, com letras relevantes, sonoridade sombria como deve ser e convidados especiais de peso.

Videoclipes: Black Hoodie” • “No Lives Matter” • “Raining Blood / Postmortem (Slayer cover)” • “This Is Why We Ride

Ouça: “This Is Why We Ride”


7. Jess and the Ancient Ones – The Horse and Other Weird Tales

psychedelic rock » ⌈ 34 min ⌋

Mais uma daquelas ótimas bandas de rock ocultista e psicodélico que vêm fazendo o revival dessa cena nos últimos anos – não sei como deixei passar os dois álbuns anteriores. Canções compactas, um trabalho de teclados sensacional com texturas instrumentais que emulam os anos 60, demonstrando uma maestria do estilo e da estética que vai além da superficialidade exibida por alguns de seus pares.

Videoclipes:Minotaure

Ouça: “Shining”


8. Noturnall – 9

groove metal • progressive metal » ⌈ 41 min ⌋

O Noturnall correu um sério risco de se desintegrar após a delicada situação de saúde pela qual o vocalista Thiago Bianchi passou, além de problemas internos entre os integrantes. Mas os caras deram a volta por cima, e o terceiro CD mostra a alta capacidade técnica do quinteto em composições diretas e memoráveis, tendo a estrutura geral dos arranjos mais acessível e sem tantos exageros como em Back to Fuck You Up! (2015). Para mim, a grande surpresa do ano foi justamente a semana que antecedeu o lançamento do álbum, onde a banda chamou todo mundo para um grupo de Facebook e, de lá, ia interagindo com a galera através de lives, soltando teasers e vídeos diversos, fazendo sorteios de diversos produtos da marca Noturnall e nos convidando a decifrar o enigma do número 9, que permeia a capa. Eu adoraria ver mais bandas fazendo algo desse tipo, trazendo um nível similar ou ainda maior de interação com a comunidade metálica nacional e mostrando uma dedicação palpável àquilo que constroem.

A banda disponibiliza streaming do álbum em seu canal no YouTube.

Videoclipes: “Hearts as One

Ouça: “Wake Up! (feat. Mike Orlando)


9. Fire Strike – Slaves of Fate

heavy metal » ⌈ 50 min ⌋

Venho aguardando novidades desta banda desde o ótimo EP Lion and Tiger (2013). O quinteto paulista obteve ótimas repercussões tanto aqui no país quanto no Japão e em alguns lugares da Europa com seu heavy metal tradicional caprichado, com destaque para a incrível extensão vocal da Aline Nunes e o para o trabalho instrumental que joga dentro do estilo, mas com criatividade o suficiente para não ficar repetitivo e nem empoeirado demais. Os caras sabem aproveitar suas influências de bandas como Iron Maiden, Mercyful Fate e Grim Reaper sem soar enfadonhos.

Videoclipes: N/A

Ouça: “Master of the Seas”


10. Danko Jones – Wild Cat

hard rock » ⌈ 38 min ⌋

Outra boa descoberta que eu fiz esse ano foi esse canadense já experiente, que produz rock ‘n’ roll puro no caminho de bandas como o AC/DC, Foo Fighters e Motörhead, só que numa linha mais garage rock. Direto e descompromissado, mas ainda mantendo uma qualidade consistente.

Videoclipes: “I Gotta Rock” • “My Little RnR” • “You Are My Woman

Ouça: “I Gotta Rock”


Surpresa

Epica – EPICA vs Attack on Titan Songs

symphonic metal » ⌈ 41 min ⌋ ◊ ⌈ ep ⌋

Tomei um susto enorme quando vi esse EP, e simplesmente não acreditei no que meus globos oculares viam. Ninguém mais, ninguém menos do que os holandeses do Epica fazendo covers das faixas de abertura de nada mais, nada menos do que o anime Attack on Titan (ou Shingeki no Kyojin, como queira)! Sensacional e inesperado, mas com o porém de que são apenas quatro faixas, além das versões instrumentais das mesmas. Quem é fã da série conheceu uma incrível banda fazendo versões pesadíssimas das músicas, e quem é fã da banda mas não conhece o anime também não precisa se preocupar com a temática escolhida, pois o sexteto deixou tudo ao seu estilo habitual – muito embora a trilha sonora de Attack on Titan já seja conhecida por seus arranjos sinfônicos, perfeitamente compatíveis com o som do Epica.


Surpresa, parte 2

Kristofer Maddigan – Cuphead

big band • jazz » ⌈ 2 h 53 min ⌋ ◊ ⌈ original soundtrack ⌋

Quem não morou debaixo de uma pedra em 2017 certamente ficou sabendo do alvoroço que o game Cuphead causou. Além de seu estilo visual impressionante e da dificuldade impiedosa, a trilha sonora figura como um dos lançamentos mais legais do ano, transportando o ouvinte de volta para os anos 30 e 40.


Menções Honrosas

Diablo Swing Orchestra – Pacifisticuffs

Epica – The Solace System » ⌈ ep ⌋

Hugo Mariutti – For a Simple Rainy Day

Oh Sees – Orc

Sons of Apollo – Psychotic Symphony

The Atomic Bitchwax – Force Field

The Night Flight Orchestra – Amber Galactic

Unlucky Morpheus – Black Pentagram » ⌈ ep ⌋


 

DOLL$BOXX ao vivo no Tsutaya O-East 2017 (Foto: JRock247)

 

14 comentários sobre “Melhores de 2017: Por Ulisses Macedo

  1. Como era de se esperar uma lista bastante fora da caixinha do Ulisses. Gostei da adição do Body Count e do Fire Strike. Porém, descobri que morei debaixo de uma pedra nesse ano de 2017.

  2. Dessa lista, ouvi apenas Norturnall e Danko Jones. O primeiro eu não creio que entre na minha lista final, o segundo tem pequenas chances. Mas a lista é bem diferente do que eu esperava, principalmente pelas duas bandas de rap metal no meio.

    1. Ué, eu semprei gostei do RATM e votei nos três discos durante os Melhores; só o Body Count que foi meio que novidade pra mim. E dê uma chance pro DOLL$BOXX e Lovebites. Kamasi com “pequenas chances”? O disco é maravilhoso, impossível não gostar!

  3. Neste ano a música passou batida por mim. O único disco novo que parei para ouvir, que eu me lembre, foi o do Sepultura. Tenho que correr atrás pra conferir o que teve de bom.

  4. Várias coisas para ouvir ae! Muito interessante esse doll$boxx. Do caraio, aliás! hahah E o Noturnão véio, achei mt bom o disco!! Ta no meu limitado (em espaço) pen drive que percorre Curitiba-SãoBorja-RS.

    1. tb ouvi nesses dias últimos de dezembro (bem como conheci o jogo, que é divertidíssimo) e achei muito legal!
      O Kamasi Washington tb está na minhas listas…discaço bom demais!
      Abraço,

  5. Da lista mesmo eu pouco posso comentar, porque esse ano não ouvi nada (tanto que não participarei da lista de melhores), mas queria comentar pelo seguinte:

    FINALMENTE a Consultoria colocou o pé nesse século e deu uma melhorada em 1000% no quesito diagramação. A adição dos embeds (players) é essencial nos dias de hoje (entendo os links pro Youtube, senão fica poluído demais), mas os players do Spotify são essenciais!

    1. “Da lista mesmo eu pouco posso comentar, porque esse ano não ouvi nada”

      Eu coloco o “Ouça” já pra ver se atiço o leitor a clicar no link da música (que geralmente coincide com algum videoclipe) e ter uma noção do som de cada álbum! :v

  6. Achei legal a legenda classificando o estilo e o tempo de duração de cada álbum, seria bacana também o pais de origem de cada grupo.

    1. Eu ia colocar a nacionalidade das bandas através de bandeirinhas, mas não consegui fazê-las ficarem legais na formatação da página. De qualquer forma, os 10 ficaram entre EUA, Japão e Brasil, tendo só o Danko de canadense e a Jess da Finlândia.

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