Na Caverna da Consultoria: André Kaminski

Na Caverna da Consultoria: André Kaminski

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Por Mairon Machado

Com colaboração de Alisson Caetano

Estamos entrando na reta final de entrevistas com nossos consultores, e hoje, vamos ao Paraná, mostrar a história de André Kaminski. Um dos consultores mais novos a entrar no site, André veio com ideias de seções como o Consultoria Recomenda, além de ser um assíduo colaborador no Melhores de Todos os Tempos e War Room. Apaixonado por Nightwish e torcedor do Coritiba, André tornou-se essencial para o novo crescimento da Consultoria do Rock, bem como ajudou a organizar o site pós-Uol Host Incident.


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Vista geral da coleção
1. Grande André, nosso Gralha Azul mais coxa branca do site. O menino prodígio que ajudou a recuperar o site pós-Uol Host Event. Obrigado por compartilhar sua história conosco. Por favor, apresente-se para os leitores.
Obrigado pela consideração, meu caro doutor! Bem, sou o André Kaminski, nascido em 1986 e professor de Língua Inglesa do estado do Paraná. Moro em uma cidadezinha do sudoeste do estado chamada Ampére, embora já tenha morado também em outra cidadezinha chamada Douradina e me criado em Guarapuava, onde sempre visito minha família no final do ano. Já fiz mais alguns servicinhos nessa vida tais como ser técnico de urna eletrônica, editar o time do Coritiba no Championship Manager por volta de 2008 até meados de 2009 e ser peão de trecho em Santa Catarina. Mas me encontrei na atual carreira! hahahahahahaha
2. Como você conheceu a Consultoria do Rock?
 
Eu acompanhava a Collectors Room lá pelos anos de 2013 e li a entrevista do Fernando Bueno com o link do site lá. Acessei a Consultoria do Rock e fiquei maravilhado pela forma como tratavam os textos sobre tantas bandas de estilos diferentes, com o foco no rock pelo qual somos conhecidos. Eu comecei a postar alguns comentários e a ler todas as matérias que saíram, logo virou referência para mim em minhas leituras diárias sobre música. 
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Diversos estilos
 
3. Como foi que você passou a colaborar com o site?
 
Eu sempre quis escrever sobre rock e sobre os discos da minha coleção, até tenho alguns posts antigos em meu facebook tentando escrever sobre. Eram posts gigantes e a plataforma não é lá muito o ideal para paredes texto, tudo o que recebi de comentários foram “Cara, abre um blog”. Eu não queria abrir um blog por não ter tempo de atualizá-lo diariamente, e queria uma certa flexibilidade quanto a escrever novos textos. Quando conheci a Consultoria e acompanhando diariamente as postagens, percebi que fazer parte deste site era o ideal para meus objetivos. Entrei no grupo do site no facebook e pedi para falar com um membro do site. Quem me atendeu foi o Bruno Marise. Aí então passei a mandar alguns textos e resenhas para o email dele, tendo o meu primeiro texto publicado em março de 2014. Mas só passei a entrar como colaborador efetivo mesmo em julho do mesmo ano. O resto de minha participação está aí na forma dos textos que publico e seções que participo.
4. Você já tinha experiência em escrever anteriormente ou a Consultoria foi sua primeira experiência? 
 
Nenhuma. Apesar de tudo, sempre considerei que tinha facilidade em botar minhas ideias no papel e a Consultoria foi minha primeira experiência nesse tipo de mídia. Eu consigo notar minha inexperiência em textos antigos, volta e meia quando os releio encontro erros e repetições aos quais vivo editando para parecer melhor a quem lê.
5. Você trouxe várias novidades para o site, seja no conteúdo musical como criando a seção Consultoria Recomenda. Conte-nos um pouco de onde surgiu a ideia dessa seção.
 
Primeiro que tenho uma forma de pensar um tanto em analisar os pontos fortes de nossas publicações e verificar como podemos ampliar formatos que se demonstraram um sucesso. A ideia principal se inspirou no formato dos “Melhores de Todos os Tempos”, porém, sabemos que o formato da seção não nos permite ter a liberdade de ouvir e comentar a respeito de tudo aquilo que queremos. E eu sempre julguei que as pessoas adorariam recomendar um disco que gosta e ler as opiniões de outros de fora a respeito do que acham dele. O Consultoria Recomenda veio com este objetivo: dar um norte a respeito do tema dos discos em questão e os consultores terem a liberdade de escolher algo que gosta visando este tema, além de dar ao leitor uma lista de discos comentados com base nessa ideia dada por um consultor a cada bimestre.
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Visão geral
6. O nome “Consultoria do Rock” pode induzir alguns dos nossos leitores ao pensamento de que nós aqui do site só escutamos rock. Você se considera uma pessoa aberta a estilos para além do rock/metal ou você se foca unicamente no rock?
O meu ouvido musical é formado por três pilares bases que são o heavy metal, o hard rock e o rock progressivo, porém escuto sim outras vertentes e gosto quando estas são abordadas no site esporadicamente como tem acontecido. Gosto também de muitas bandas do rock brasileiro, industrial, darkwave, new wave, synthpop trilhas sonoras de filmes e games e música sinfônica (música clássica é um termo errôneo minha gente, pois esta se refere a um período específico das artes que é o Classicismo. Prefiram o termo “música sinfônica”). Ultimamente andei procurando alguns discos que organistas de períodos antigos como do Renascimento e Barroco, assim como de tempos mais atuais visto que considero o órgão o melhor instrumento já inventado pelo ser humano. Não chego a escrever muito sobre eles visto que ainda prefiro ter mais audições e mais conhecimento sobre eles, mas quando me considerar “pronto”, pode pintar alguma coisinha sobre música sinfônica no site daqui algum tempo.
 
7. Você também é um assíduo participante das listas de Melhores de Todos os Tempos, mesmo não estando colaborando diretamente com matérias. Qual a sua percepção sobre esse tipo de matéria com vários colaboradores?
 
Embora não mais tão frequente como antes, quase todo mês tem uma matéria especificamente minha, normalmente uma Discografia Comentada ou uma resenha. Quanto as matérias com vários colaboradores, creio que esse seja um ponto fortíssimo de nosso site, visto a ele dar ao leitor diferentes pontos de vista e análises por ângulos diferentes, fazendo com que o próprio leitor se identifique melhor com um colaborador ou outro. Isso gera muitos debates e análises interessantes nos comentários, além de umas ótimas piadas!
8. O que você caracteriza como principal característica do Consultoria do Rock, que o torna um diferencial nos demais sites de música?
Como colaborador, a flexibilidade e a liberdade que temos sobre o que escrever, que satisfaz todas as minhas expectativas como consultor. Como leitor, a grande liberdade de pontos de vista, opiniões e muita gente culta comentando ou colaborando para o nosso site. Meu aprendizado musical cresceu muito desses anos para cá. Outra coisa é a leveza e a descontração que temos quanto a piadas e diversão que volta e meia tenho ao ler nossas matérias.
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Visão geral
9. Qual o texto que você mais gostou de fazer?
Dois em específico me vem à mente: a cena rockeira de Guarapuava em que pude conversar com um dos maiores incentivadores dela e a resenha dos dois discos do Dennis Stratton e do Paul Di’Anno, cujo trabalho de pesquisa árduo que fiz gerou um texto ao qual não encontrei similar mesmo em sites estrangeiros. Em geral, todas as Discografias Comentadas que fiz me dão também um prazer especial, pois são matérias difíceis e exigem que busquemos qualidade. São as que fizeram eu aprender mais sobre música e sobre as próprias bandas em si.
10. Como estamos em tempos onde o streaming é a principal forma de consumir música atualmente, gostaria de saber sua opinião sobre esse formato. Você usa ele, acha uma boa alternativa ou acha que as pessoas se tornaram mais imediatistas com a música por conta deste formato?
 
Não uso streaming, o máximo que faço é ver vídeos e músicas no youtube. Em formatos digitais, fico mesmo com os velhos downloads de álbuns e discografias e meu HD externo aqui é bem cheio. Além é claro, dos meus cds. Sobre quem faz uso, não tenho uma opinião negativa a este respeito. Prefiro ver a forma como a pessoa fala e trata da música em si, ao invés da forma como ela busca ouvir. Não adianta muito um sujeito ter um farta coleção, mas ser um asno ao debater qualquer tópico sobre música.
11. Há um fato curioso, que é a volta do interesse pelo Vinil e por formatos físicos mais saudosos, como os 180g e até fitas K7. Acha que isso é uma boa ou é apenas um meio de as gravadoras tentarem lucrar mais em cima de formatos datados?
 
Sempre serei favorável ao uso da mídia física. Eu sou daqueles que enquanto eu não tiver uma mídia física em mãos, não considero que eu “tenha de fato” o disco. Como disse anteriormente, não sou contra o streaming e nem os downloads digitais, mas eu sou daqueles que admira muito ver uma boa coleção de discos vindo de um apaixonado e entendido de música falando sobre eles. Se estas incentivam que mais colecionadores apaixonados surjam, sempre serei favorável ao retorno de velhas mídias, até porque há um público em crescimento em busca dessas opções.
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Visão geral
12. Depois daquele infame caso “Lars x Napster”, vimos a proliferação dos downloads ilegais de música, filmes, séries e afins. Você acha essa atitude completamente condenável?
 
Não. Muito pelo contrário, a proliferação de mp3 e afins contribuíram para mais pessoas terem contato com esses sons antigos e os novos que surgem e cabe ao mercado se adaptar a eles para continuarem sua sobrevivência. Culpar esta realidade é só uma desculpa fajuta para a própria incompetência. A questão é buscar um novo público e procurar facilitar para àqueles que têm interesse em continuar adquirindo mídia física com produtos diferenciados em conjunto com preços em conta.
13. Acredito que, assim como a maioria dos que leem nosso site, você tem uma relação muito íntima com a música. Existe algo específico nela que faça você ser completamente apaixonado por ela?
 
É uma pergunta curiosa no meu caso, visto ter me sentido tocado pela música muito mais tarde do que a maioria. Comecei a me interessar por música apenas entre os 15 e 16 anos. Creio que antes desse período, eu nunca havia me sentido tocado por ela justamente pelo fato de nada que tocasse nas rádios de fato representava o que eu sentia. Comecei a me interessar mesmo quando conheci o rock underground e o heavy metal, em que tocavam e compunham sobre diversos temas que me interessavam. Diria que o aspecto musical que me faz mais apaixonado pelas bandas que eu ouço é quando os temas casam com as minhas ideias e eu possa admirá-las por uma veia estética mesmo, que aquilo tocado simplesmente soa “bonito” aos meus ouvidos e de quebra ainda possa incluir um certo aprendizado sobre a música em si, seja um fato histórico, uma fantasia, uma literatura ou simplesmente questões pessoais compostas por um músico que queira transmitir algo ao mundo.
14. A principal discussão em nossos comentários é relativo a “nova geração x a velha guarda”, sobre se as bandas atuais fazem jús à qualidade dos discos feitos antigamente. Você acha que ainda surgem bandas no mesmo nível de qualidade de outrora? E ainda: você costuma ouvir mais música nova ou música feita à anos atrás?
 
Não faço parte dessa briga de novos contra velhos. Ouço coisas novas e ouço coisas velhas em igualdade. Diria que passa-se a impressão de que antigamente era melhor devido ao fato de que a música era comandada pelas gravadoras e assim elas jogavam no mercado algo que pudesse ter mais qualidade ou, o que era mais óbvio, aquilo que vendesse mais. Fico imaginando quantos grupos ruins da década de 70 jamais conseguiram gravar um disco. Hoje em dia é muito mais fácil gravar e por isso, há mais lixo disponível a fácil acesso. E aí é um trabalho extra de você ir lá, procurar e ouvir para separar o joio do trigo. Como poucos estão dispostos a isso, é mais fácil taxar todo mundo de joio e pronto.
Mas não digo que é o caso de todos. Há evidentemente pessoas que simplesmente preferem sons antigos mas sabem reconhecer ótimos trabalhos dos dias de hoje, embora não seja a principal a preferência deles. Estes sempre terão o meu respeito.
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Gothic e Thrash Metal
15. Ainda na questão de só ouvir rock ou metal, uma pergunta pertinente: Acredita que uma pessoa deve ser eclética e ouvir de tudo ou acha que ela só deve ouvir aquilo que a faça se sentir confortável, sem se arriscar para além das coisas óbvias em seu dia a dia?
 
Eu sempre serei favorável a liberdade de todos ouvirem aquilo que desejam. Seja um estilo só, seja vários. Porém, particularmente tenho uma consideração maior àqueles que ouvem mais de um estilo e argumenta bem em todos eles. Entretanto, sou contra quem quer enfiar goela abaixo que a pessoa deve ouvir estilo X porque ser “eclético” é requerimento para ser “respeitado”. A partir do momento em que a pessoa critica a outra em algo tão particular quanto gostos musicais, eu creio que esta pessoa deve ser insegura ou infeliz quanto àquilo que ouve.
16. A visão dos nossos leitores é  de que temos o papel de “críticos musicais”, com a função de lhes indicar discos e músicas, dando a elas nosso parecer pessoal sobre determinado trabalho. Qual é o papel da crítica musical profissional em tempos onde qualquer pessoa pode montar um blog e sair distribuindo notas e falando o que lhes vem a cabeça?
 
Em particular a nós da Consultoria do Rock, eu simplesmente abomino sermos considerados “críticos musicais”. Somos só uma dúzia de caras que querem escrever sobre as bandas e discos que gostam ou desgostam e que isso possa gerar um debate nos comentários. Quanto a velha crítica profissional, bem, não creio que seja muito diferente da nossa exceto pelo fato de que ganham um salário dependendo da quantidade de revistas que vendem e que haja nesses locais escritores tão bons ou ruins quanto nós aqui da ralé da internet. O papel deles (e de nós) nada mais é do que tentar transmitir ao leitor informações sobre o disco e dar a opinião pessoal e cabe a ele ler e refletir se aquilo de fato trouxe algo novo a ele no momento em que este leu a resenha e ouviu o disco. Até por isto quando escrevo minhas resenhas, procuro sempre acrescentar um contexto histórico da banda em questão e buscar possíveis referências antigas para que aquela leitura possa trazer algo diferente ao leitor. Difícil saber se sou bem sucedido, mas é a forma como encaro uma resenha.

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Symphonic Metal e Música Sinfônica
17. Existe algum aspecto em particular dentro de alguma música que faça você se afastar na mesma hora? Por exemplo: você ouve algo em uma música e já não gosta dela por causa daquilo.
 
Deixando de lado os estilos que eu não gosto, eu normalmente tenho alguns problemas com bandas cujos vocais são cheios de efeitos que distorcem demais a voz original soando por demais artificial. Não são todos é claro, mas sempre prefiro a voz original.
18. Você consegue se ver no futuro fazendo o que faz hoje: Escrevendo sobre música para pessoas que gostam de música?
 
Sim, com toda a certeza. Gosto muito de escrever sobre música e fico muito contente em fazer parte da Consultoria do Rock. Nosso site é diferenciado, embora não tratemos de assuntos populares. Me vejo colaborando ainda por muito tempo.
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DVDs
19. O brasileiro médio geralmente não tem a habilidade com a língua inglesa. Isso acaba afastando muitas pessoas de conhecer mais a fundo o trabalho de algum artista por não conseguir interpretar a letra que eles escreveram para suas músicas. Sendo professor de inglês, você acha que isso prejudica muito a apreciação de uma obra ou acha que música e poesia podem ser facilmente separados e apreciados cada um a seu tempo?
 
Conheço alguns casos que o não entendimento do idioma pode afastar algumas sonoridades, mas são casos raros. A maior parte das pessoas ouve suas músicas com base no ritmo e nas melodias, além da beleza vocal do cantor em questão. Somente os mais aficcionados por música procuram buscar significados nas letras. Uma curiosidade: ouvi falar que Humberto Gessinger do Engenheiros do Hawaii fazia suas letras mais preocupados com a métrica a se encaixar nas melodias do que no significado delas. E isso teria ajudado muito ao Engenheiros soar sempre bonito e agradável. Não posso confirmar isso visto não ter visto alguma declaração de Gessinger na internet. Mas confesso que com base no meu conhecimento em teoria literária, isso de certa forma parece fazer sentido. É algo que me deixa bastante curioso e gostaria de confirmar se isso é verdadeiro algum dia.
20. Muito se fala na qualidade da produção de um disco influenciar em sua qualidade geral. Você se incomoda com uma produção “ruim”? Acha que é possível passar por cima de detalhes de produção e apreciar as composições sem maiores problemas?
 
Só me incomoda mesmo quando se compara a banda ao vivo e no estúdio cuja diferença fica evidente. Produção musical é talvez um dos aspectos que menos tenho conhecimento e eu mesmo não creio ter lá um ouvido tão afiado para reparar em certos aspectos exceto se eles tiverem bem aparentes. Um exemplo de produção que eu sempre reparo é a do Sascha Paeth. Sempre muito límpida, muito clara, guitarras e teclados altos, vocalista proeminente. Até gosto destas características, mas o baixo fica sempre muito escondido. E muitos produtores adotaram essa cartilha, principalmente no heavy metal. Felizmente tem surgido uns discos nos últimos três anos cujo baixo voltou a ser mais audível e isso é muito bem vindo.
 
21. Muitos dos nossos colegas de Consultoria têm uma ficha longa de artistas que já presenciaram ao vivo e shows históricos onde marcaram presença. Você acha que isso os torna mais “experientes” em se tratando de conhecimento musical frente àqueles que não tem o hábito de ir a shows e eventos?
 
Sim, eu acho que os torna mais experientes. E isso é uma falha que tenho, não por minha culpa, mas porque sempre fui criado no interior e isso tornou difícil a minha experiência com shows, além do fato de muito recentemente ter adquirido uma estabilidade financeira. Ver a banda ao vivo e ouvi-la é parte fundamental da formação musical de qualquer um que tem vontade de escrever sobre música. Não que isso seja requisito para ser um bom escritor, mas contribui e influencia muito. É um problema que tenho e gostaria muito de poder ver mais shows. Porém não tenho contribuído muito para isso vivendo em Ampére. hahahahahahahahaha
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Coleção do Nightwish
 
22. Vamos falar um pouco sobre o que o levou para a Consultoria. Como foi a sua formação musical?
Creio que tudo começou com a “sementinha do colecionador” ao fato de meu pai ter uma grande coleção de discos de MPB. Embora minha pouca convivência com ele não tenha me feito aprofundar na música, posso dizer que me interessava muito ver aquela farta coleção de vinis da Tropicália e artistas como Chico Buarque, Paulinho da Viola, Gilberto Gil e afins deve ter se impregnada em minha consciência. Dos 7 anos até meus 15-16 anos eu era um ignorante musical. Não acompanhava nada, não ouvia ninguém, não ouvia rádio nem nada. Aí até que um dia, um amigo meu havia emprestado uns discos do Stratovarius, Helloween, Iron Maiden, Dream Theater e Black Sabbath e botava para ouvirmos enquanto jogávamos videogame. Aquilo foi aos poucos me despertando interesse. Na época, a MTV ainda bombava e por volta de 2004 apareceu por lá os clipes de uma certa banda finlandesa cuja vocalista era uma pálida de cabelos negros que cantava de uma forma muito diferenciada de tudo o que eu havia ouvido desde então. Era o Nightwish. Meu amigo comprou o cd. Pirei na hora, foi o estalo definitivo para eu me afundar no mundo da música e no heavy metal. A banda é a minha favorita até hoje e depois com o tempo, fui buscando novas bandas e novos estilos e influências que formaram os gostos que possuo hoje. Virei colecionador quando conseguia dinheiro em alguns empregos esporádicos antes de me formar em Letras Inglês.
23. Com quantos anos você comprou seu primeiro disco, e qual foi? Você ainda tem ele?
 
O meu primeiro disco não foi comprado, mas ganhado quando eu tinha uns 20 anos: meu amigo havia comprado pela internet o Wishmaster do Nightwish por volta de 2006. Sem querer, ele acabou comprando dois e ficou lá um tempo na casa dele. Um dia ele resolveu me dar o disco, hahahahahaha. Porém, eu já faço parte da geração internet de consumidores: meus primeiros cds com o meu dinheiro foram quatro que comprei de uma vez no Submarino lá por 2007: Nightwish – Once, Eric Martin – Destroy All Monsters, – Dark Moor – Beyond the Sea e Deep Purple – Burn. Tenho todos eles, nunca me desfiz de nenhum disco meu.
24. Onde você costuma comprar discos e quantos discos você tem?
 
Internet e sebos. Guarapuava nunca teve lá uma grande loja de discos com muitas novidades de bandas que eu goste, Daí fico mais no sebo que tem lá. Na internet, uso principalmente Ebay e Amazon, mais raramente Mercado Livre e Discogs. Na época dos tempos de ouro do dólar baixo, comprei vários cds entre 2011 e 2013. Maioria dos que tenho são importados. De acordo com as minhas planilhas, conto hoje com 358 cds e 27 dvds. Não tenho vinis e outros formatos porque não tenho como tocá-los, além do fato de que meu parco dinheiro me fez ter a necessidade de me focar em poucos formatos. Mas isso não diminui nem um pouco o meu apreço pelas coleções de vinis e K7s, fico embasbacado em ter visto as coleções de meus colegas de site já publicadas aqui. Na realidade, sou um fã de coleções de qualquer coisa. hahahahahahaha
Sonho mesmo em ter aquelas estantes cheias de discos e memorabilia das bandas que gosto. Um dia chegarei ao patamar do senhor doutor, Fernando Bueno, Davi Pascale entre outros que veremos ainda sendo entrevistados por aqui.
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Havey Metal Clássico (Iron, Sabbah, Megadeth, Ozzy e Dio)
25. Qual o artista que predomina na sua coleção, assim como os principais estilos que podemos encontrar nas suas prateleiras?
 
Nightwish é a banda que predomina e a que eu faço questão de ter todos os singles, EPs, dvds, coletâneas e discos ao vivo. Deles tenho 33 items. No mais, tenho muitos discos de diferentes subgêneros do heavy metal, hard rock, progressivo, discos de música sinfônica e trilhas sonoras de filmes e games.
26. Como você organiza sua coleção?
 
Lamentavelmente estão todos em meu guarda-roupa desorganizados. Como acho que seria inútil organizá-los dentro de um guarda-roupa, não me dei o trabalho de fazer isso ainda. Mas quando tiver uma casa maior, pretendo comprar estantes e aí sim organizá-los pela boa e velha ordem alfabética mesmo.
27. Conte-nos uma história curiosa que envolva um artista.
Tá aí uma pergunta que tem que ser cortada na edição. Infelizmente os poucos shows que fui não me trouxeram qualquer experiência curiosa que valha a pena ser mencionada aqui. Mas quem sabe no futuro.
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Vários estilos
28. Musicalmente, o que todo mundo gosta e você não consegue gostar? O que só você gosta?
 
Tirando algumas poucas exceções, não gosto da linha indie/alternativa do rock. Nunca foi uma sonoridade que me chamasse a atenção e em geral acho o estilo um tanto quanto monótono. O punk rock também não me agrada justamente porque prefiro melodias mais variadas ao invés das poucas notas que caracterizam o estilo. O que só eu gosto são aqueles discos da Disney com trilhas sonoras bem infantis. Por exemplo, gosto bastante daqueles discos de princesa. Esses dias comprei um disco em mp3 (não achei em mídia física) um álbum do Ludwig Von Drake, só de bobagens no ITunes, devido ao meu apreço ao personagem. 
 
30. Quais os dez melhores discos da década de 60?
 
Todas as listas a seguir serão sem ordem de preferência, visto que muitas vezes acabo mudando dependendo da época.
Led Zeppelin – Led Zeppelin II
The Kinks – Arthur or the Decline and Fall of the British Empire
Tony Sheridan and the Beat Brothers – My Bonnie
Silver Apples – Silver Apples
The Byrds – Younger than Yesterday
The Who – Tommy
The Spotnicks – Out-a Space: The Spotnicks in London
The End – Instrospection
Yardbirds – Having a Rave up With the Yardbirds
The Guess Who – It’s Time
 
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Heavy Metal
31. Quais os dez melhores discos da década de 70?
 
Popol Vuh – In Den Gärten Pharaos
UFO – Phenomenon
Deep Purple – Burn
Wishbone Ash – Argus
Blue Öyster Cult – Tyranny and Mutation
Led Zeppelin – IV
Pink Floyd – Meddle
Yes – Fragile
Black Sabbath – Paranoid
Rainbow – Long Live Rock ‘n’ Roll
 
32. Quais os dez melhores discos da década de 80?
 
Sepultura – Beneath the Remains
Voivod – Nothingface
Bacamarte – Depois do Fim
Candlemass – Nightfall
Whitesnake – Whitesnake
Iron Maiden – Piece of Mind
Metallica – Ride the Lightning
Dokken – Breaking the Chains
Dio – Holy Diver
Rush – Signals
33. Quais os dez melhores discos da década de 90?
 
Death – Symbolic
The Enid – Sundialer
Bruce Dickinson – Accident of Birth
Megadeth – Countdown to Extinction
Queensrÿche – Empire
Rush – Counterparts
Nightwish – Oceanborn
Blind Guardian – Nightfall in Middle-Earth
Harem Scarem – Mood Swings
Porcupine Tree – The Sky Moves Sideways
 
Coleção de trilhas sonoras
Coleção de trilhas sonoras
34. Quais os dez melhores discos dos anos 2000 (de 2001 até agora)?
 
Nightwish – Dark Passion Play
Nightwish – Once
Nightwish – Endless Forms Most Beautiful
Tristania – World of Glass
Epica – The Divine Conspiracy
Kamelot – Ghost Opera
Kamelot – The Black Halo
Angra – Temple of Shadows
Dream Theater – Systematic Chaos
Celtic Frost – Monotheist
 
35. Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta.
 
Pergunta difícil hein, vou pegar dos meus preferidos:
Nightwish – Dark Passion Play
Epica – The Divine Conspiracy
Angra – Temple of Shadows
Rush – Signals
Whitesnake – Whitesnake
Bacamarte – Depois do Fim
Sepultura – Beneath the Remains
Deep Purple – Burn
Pink Floyd – Meddle
Led Zeppelin – IV
 
36. Cite dez itens que deveria ter nessa ilha deserta para completar o prazer de estar com esses dez discos.
– Eletricidade
– Meu aparelho de som
– Meu computador completo com conexão a internet via satélite
– Estoque de comida para uma vida inteira
– Estoque de água potável
– Estoque de carne bovina para churrasco
– Meu Nintendo 3DS
– Um batcartão de crédito tipo aquele do filme “Batman & Robin” (comprar jogos online e tal)
– Uma cama
– Uma estante cheia de livros que ainda quero ler
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Classic Rock
37. Há um fim para a sua coleção?
 
Não mesmo. Não me vejo parando de comprar discos. Adoro minha coleção e acho ainda que faltam pelo menos uns 3 milhões antes de me dar por minimamente satisfeito.
38. Alguma coisa mais que gostaria de passar para nossos leitores?
 
Somente agradecer ao apoio que nos tem dado em todos esses anos. Nosso site dificilmente será daqueles com milhões de acessos, até porque, nosso formato exige que o leitor tenha bastante concentração com nossas gigantescas paredes de texto (e convenhamos, uma minoria mesmo aprecia este tipo de abordagem nossa). Eu adoro escrever e acessar a Consultoria diariamente e estamos fazendo o possível para trazer sempre uma nova forma de falarmos sobre música. Agradeço muito aos demais consultores e a todos os leitores pelo apoio que recebemos!

37 comentários sobre “Na Caverna da Consultoria: André Kaminski

          1. Qualquer dia convido o André pra vir conhecer minha coleção… de selos.

  1. Pela foto e sem ler o título, algum desavisado poderia pensar que era uma entrevista com o Fenriz, do Darkthrone.

  2. Mais um “Na Caverna da Consultoria” com o nosso colega André. Gostei de conhecer a história de vida dele e de suas citações de discos, em especial. Na lista dos anos 70 ele citou Meddle, do Pink Floyd (“Echoes” é foda demais) e Fragile, que é o disco que eu mais gosto da fase do Yes com Bill Bruford, o “Sr. Cabeça-Dura” (se ele citasse Close to the Edge antes, eu iria certamente me suicidar).

    Já na lista oitentistas, foram válidas as citações de Piece of Mind (Iron Maiden) e de Holy Diver (Ronnie James Dio), ambos de 1983. Porém, não gostei da citação de Ride the Lightning, do Metallica, que alguns membros da Consultoria o consideram como o melhor disco da carreira deles, o que não é pra mim. Sou da turma que prefere mais o Master of Puppets (disco de 1986 onde tudo realmente começou para eles, no meu ponto de vista) do que Ride the Lightning ou o chatérrimo Black Album (1991).

    Tal como o disco A Trick of the Tail (Genesis, 1976) possui um momento de fraqueza que atende pelo nome de “Los Endos”, Ride the Lightning também possui seu único ponto baixo, que é pra mim exatamente o grand finale com a longa instrumental “The Call of Ktulu” que parece destoar da proposta deste álbum. Se Master of Puppets tivesse “Orion” como o encerramento definitivo do álbum que eu mais venero do Metallica, aí sim eu dava ainda mais valor aos épicos instrumentais do rock em toda sua história, seja antes do final do álbum ou no final propriamente dito do mesmo.

    Por enquanto, eu continuo com “After the Ordeal” do Genesis, gravada naquele que eu considero o melhor disco de todos os tempos, que é o Selling England by the Pound, que no lado B do vinil vem depois de “Firth of Fifth” (a versão que eu tenho em casa é essa) e antes da minha favorita, que é “The Cinema Show”.

  3. Legal André!!
    Me comparar ao Davi é um absurdo! Não tenho 1/5 do que ele tem.
    Citar o Meddle como preferido do Pink Floyd tb é um pouco incomum. Mesmo ele tendo Echoes que é talvez a musica que eu mais goste deles.
    Gostei da citação de Argus do Wishbone Ash. A banda é meio esquecida aqui no site e já está intimado a falar sobre ele…
    Valeu!!!

    1. Wishbone Ash é uma banda que merece uma discografia comentada para ontem. Qualquer dia desses vou lançar a ideia para ver se alguém me ajuda.

  4. Grande André. Entrevista muito bacana. Feliz de ver meu nome sendo mencionado na entrevista. Você ainda vai ter uma coleção enorme e fazer todos nos morrermos de inveja. Vai com calma que você chega lá. Inclusive, vale lembrar uma frase do Gastão Moreira, “mais importante do que quantidade é qualidade”. E sua coleção está muito bacana. Ian Gillan, Yes, Korzus, Rush, Iron Maiden, Black Sabbath, Kiss, Nightwish, só coisa fina… Aliás, bacana ver voce escolhendo o Oceanborn como destaque dos anos 90. Comprei ele na época, foi o disco que me fez virar fã da banda e ainda é um dos meus favoritos do grupo.

    1. Infelizmente sou péssimo em tirar fotos (além da câmera do meu celular ser ruim) e ainda há vários outros cds de umas bandas mais desconhecidas.

      Oceanborn me faz ter altos e baixos com ele pelo excesso de teclado. Porém, ultimamente, ando em fase de “alta” com o disco hahahahahaha.

  5. Ótima entrevista e coleção. Após o término das entrevistas com os consultores,sugiro iniciarem uma seção de entrevistas com os leitores do site. Com certeza tem muito fã de boa música que passa por aqui com coleções impressionantes para mostrarem. Abraços.

    1. Essa é nossa intenção meu caro, e você está convidado a participar. A partir de janeiro, os leitores estarão aparecendo por aqui, se tudo correr bem. Saudações

      1. Opa, convite aceito. Será uma honra apresentar minha coleção aos leitores e demais consultores do Rock meu amigo. Muito obrigado. Grande abraço!

  6. bacana a entrevista, qdo vir a cascavel que é perto de ampere, avise, pra tomarmos umas geladas .

    1. Opa, leitor da Consultoria que mora perto de mim. Finalmente um! Valeu Sergio, se achamo qualquer dia!

  7. Entrevista super bacana. Estou conhecendo o site recentemente mas é muito bom ver a forma como reúnem tantas informações úteis sobre música boa.
    Curti a entrevista do André, bela coleção, bela playlist também. O moço além de inteligente e ter um ótimo gosto musical, é um gato! 😉 :*

      1. Capaz. Quando vier á cascavel vamos tomar uma cerveja pra você me recomendar algumas músicas boas (não vale Nightwish, rsrs). 😉

  8. curti a entrevista! além das respostas, as perguntas terem saído um pouco daquele esquemão foi muito bem vinda, deu outra dinâmica ao texto.
    Curti as listas dos anos 60 e 70…Popol vuh! surpreendente!
    e esse comentário eu tb ratifico, ainda que possa ser sacaneado por meus coleguinhas: ” considero o órgão o melhor instrumento já inventado pelo ser humano. ”
    Abraço,

    1. Realmente Ronaldo, o órgão foi o ápice da criatividade humana em produzir beleza sonora. Uma pena que seja tão pouco explorado no Brasil. Agradeço a consideração e abraços!

      1. “considero o órgão o melhor instrumento já inventado pelo ser humano.”

        Aliás, é o grande responsável por perpetuar a espécie.

  9. Gostei da entrevista, bem dinâmica e fluída.

    Curioso pra mim saber que o Nightwish se tornou a tua banda favorita (indiretamente) por intermédio da época em que “Once” tocava no finado Disk MTV, eu achava o som legalzinho, porém não me “pegou” tanto, a minha praia eram algumas bandas/artistas das quais hoje sinto certa ojeriza(Green Day, Avril Lavigne, Blink 182, CBJR etc), rs.

    Curto tbm os teus comentários na “Melhores de Todos os Tempos”, na medida do possível, sempre tentando manter um bom nível de sobriedade.

    Abs e boa continuidade de trajetória na Consultoria.

    1. Muito obrigado pela sua consideração a mim e aos meus comentários, Raphael. Nosso site sempre estará de braços abertos a ótimos leitores como você. Abraços!

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