Paul McCartney – Run Devil Run (1999)

Paul McCartney – Run Devil Run (1999)

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Por Davi Pascale

Considero Paul McCartney um dos músicos mais talentosos que existem dentro do rock n roll. Compositor de mão cheia, criativo, profissional, excelente músico. Dono de uma discografia interessantíssima, como esse trabalho aqui.

Em 1998, Paul tomou uma das maiores porradas de sua vida. O músico viu sua amada esposa Linda McCartney, com quem esteve casado por quase 30 anos, perder uma batalha contra o câncer. O músico, que vinha em um excelente momento de sua carreira, tendo lançado à pouco, Flaming Pie, um de seus melhores álbuns e um dos melhores álbuns dos anos 90, resolveu se afastar um pouco do cenário por conta do baque. A retomada viria no ano seguinte com um o álbum Run Devil Run.

Disposto a recomeçar, resolveu retornar ao básico. Empunhou seu baixo hofner, se trancou no lendário Abbey Road Studios e resolveu reviver algumas músicas que marcaram sua juventude. Não era a primeira vez que fazia algo do tipo. Em 1988, Macca havia lançado Choba B CCCP. Álbum onde revivia clássicos de Eddie Cochran, Sam Cooke e afins. A ideia aqui era parecida.

A grande diferença é que, dessa vez, não focou em hits para criar o tracklist. Muitas dessas músicas são clássicos para quem conhece bem a cena. Para quem conhece mais de longe, apenas por escutar faixas nas rádios de classic rock, uma boa parte dessas canções era novidade.

Paul não queria modernizar as musicas. Queria manter a simplicidade e a magia das canções. Para acompanha-lo nas gravações, recrutou um verdadeiro dream team. A bateria ficou a cargo de Ian Paice (Deep Purple) e Dave Mattacks (Fairport Convention). Os teclados ficaram por conta de Pete Wingfield e Geraint Watkins. Enquanto as guitarras ficaram nas mãos de, nada mais, nada menos, do que David Gilmour (Pink Floyd) e Mick Green (Johnny Kidd & The Pirates). O baixo, obviamente, foi gravado pelo ex-beatle.

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Álbum é repleto de convidados de peso

Run Devil Run demonstrava que o rapaz não estava para brincadeira. Mais uma vez, fez um dos grandes álbuns de sua carreira. Suas versões de “She Said Yeah”, “Lonesome Town”, “Brown Eyed Handsome Man”, “Honey Hush” e “Shake a Hand” são tão boas quanto as originais. Os momentos menos empolgantes são as faixas que ficaram famosas na voz do rei do rock, Elvis Presley. É muito difícil se igualar ao rapaz de Tupelo. Por mais brilhante que você seja. O garoto tinha um estilo único de cantar e é muito difícil se desligar desse fator durante a audição. Principalmente em faixas como “I Got Stung” e “All Shook Up”. É verdade que as versões estão longe de serem ruins, mas…

Por falar em originais, o baixista não se acomodou e entregou três novas canções, escritas no mesmo pique das homenageadas. “Run Devil Run” trata-se de um rock n´ roll divertidíssimo àla Chuck Berry, mas as melhores mesmo são o boogie-woogie “What It Is” e a bluesy “Try Not To Cry”. Faixas que colocaria facilmente entre os grandes destaques do disco. Isso não é uma tarefa fácil quando se está revivendo Little Richard, Chuck Berry e Carl Perkins, mas Paul McCartney é Paul McCartney.

Se Choba B CCCP sempre ficou dividido na opinião dos fãs, Run Devil Run, de outro, sempre foi muito aclamado. Álbum apresenta McCartney cantando como nunca, qualidade de gravação impecável e arranjos extremamente bem resolvidos. Audição obrigatória!

Faixas:

  • Blue Jean Bop
  • She Said Yeah
  • All Shook Up
  • Run Devil Run
  • No Other Baby
  • Lonesome Town
  • Try Not To Cry
  • Movie Magg
  • Brown Eyed Handsome Man
  • What It Is
  • Coquette
  • I Got Stung
  • Honey Hush
  • Shake a Hand
  • Party

19 comentários sobre “Paul McCartney – Run Devil Run (1999)

  1. Sempre achei o Macca muito mais músico e mais interessante que o chato de galochas chamado João Leno, cuja genialidade acho um tanto superestimada. Sobre o disco em questão, não tinha como falhar. Deve ter sido muito divertido para esse bando de veteranos reviver clássicos do passado, sem o compromisso com o “novo”. Às vezes, a energia que vem da despretensão contagia a todos!

    1. Sou fã dos dois. John Lennon, por sinal, também tem um álbum de covers maravilhoso que se chama Rock n Roll. Talvez escreva sobre ele mais pra frente…

      1. Com toda a minha franqueza, acho o Rock n Roll do Lennon um tanto insosso. Não as músicas, mas sim os arranjos fracos e mornos. Pra quem chamava a música do Paul McCartney de “música de elevador”, ele deixou muito a desejar com esse disco.

    1. Minha! Cortei minha assinatura sem querer na hora de colocar as fotos. Valeu pelo aviso. Nem tinha notado…

  2. Esse disco é muito bom mesmo. Embora tenha poucas inéditas, deu sequência à boa fase que Paul vem tendo desde 1997…

  3. O legal da Consultoria e dos seus comentaristas é que muitos artistas são desmascarados por aqui rs r s rs

  4. Lá pelos anos 80 e 90, à época de Pipes of Peace, Tug of War, Press to Play e Off Ground (teve no meio um disco bom, Flowers in the dirt), considerei Paul um dinossauro à beira do Grande Poço de Pixe, às vésperas da extinção. O renascimento a partir de 97 foi surpreendente.

    1. Eu gosto dessa fase dele. O Flowers in The Dirt realmente é muito bom, mas o Tug of War, o Off The Ground e o Pipes of Peace eu também curto bastante. Especialmente, o Tug of War. Um disco que acho fraco dele é o McCartney II. Acho que é o pior dele.

  5. Esse disco tem uma sujeira e energia absurda e contagiante que não se encontra em nenhum outro disco do velho Macca. Inclusive as músicas possuem uma velocidade impressionante fazendo elas se aproximarem de um proto punk. Disco fantástico!!! O Macca de certa forma acabou extravasando toda a dor e a tristeza que ele estava passando naquele momento delicado pela morte da Linda.

  6. She Said Yeah é do Larry Williams, um rocker dos anos 50 estilo Little Richard, da qual os Beatles eram muito fãs e regravaram algumas músicas dele como Slow Down(regravada pelo The Jam), Bad Boy(performance vocal memorável de John Lennon) e Dizzy Miss Lizzy. Os Rolling Stones fizeram uma versão animal de She Said Yeah no Out of Our Heads de 1965, que é muito punk para a época. Agora falando sobre esse disco formidável do Paul, o que é legal é que aqui ele deixou de lado a veia pop e gravou um disco de rock de verdade. E discordo que em All Shock Up a performance vocal de Paul não seja empolgante. Não é a melhor performance vocal do disco, eu prefiro a Party. Mas também não fica atrás do Elvis não. E pra falar a verdade, entre um Elvis e um Little Richard eu fico com o segundo. hehehehe

    1. Na verdade, não quis dizer que não seja ‘empolgante’ ou que não esteja bem gravado. Pelo contrário, sempre adorei o estilo do Paul cantar. E, indiscutivelmente, estão muito bem gravadas e interpretadas. O que rola é que embora o Elvis não fosse compositor, o estilo dele cantar era único. Depois que ele gravava, era difícil você ouvir outra pessoa cantando e não associar à ele. Por mais que o Paul seja um grande músico e um ícone (e, de fato, ele é), quando escuto essas versões, a voz do Elvis ainda vem em minha mente. Foi isso que eu quis dizer com o lance de não conseguir superar. Aquele lance: você ouve, reconhece que é muito bom, mas não consegue se desassociar da outra versão… Pelo menos, para mim, causa essa impressão. Mas, sem dúvidas, são boas versões. E Little Richard é outro cara que admiro muito. É um cara que, para mim, foi um gênio…

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