Discografias Comentadas: Jethro Tull (Parte III)
Por André Kaminski
A terceira e última parte da discografia comentada do Jethro Tull nos oferece álbuns muito diferentes do início dela. Com Ian Anderson se tornando a figura central da banda e acompanhado apenas por Martin Barre da formação inicial, além do baixista Dave Pegg do Fairport Convention que acompanha a banda por toda a década de oitenta e parte da década de noventa. As influências musicais também se alteram, apesar do folk característico da banda sempre estar presente. O Jethro Tull até consegue uma longa e ininterrupta carreira – diferente de outros medalhões do progressivo – e embora não consiga tanto destaque de público e crítica com seus lançamentos se comparar com os anos setentistas, ao menos ainda consegue emplacar algumas músicas em boas posições nos charts mundiais. Acompanhem a nossa parte final e consultem a parte I feita pelo Mairon e a parte II feita por mim.
Com toda a certeza, o mais odiado disco do Jethro Tull e um dos mais odiados entre os medalhões do rock progressivo. Não é incomum alguns discos serem melhor compreendidos depois de alguns anos, mas este não parece ser o caso aqui. Acho que mesmo aqueles que não odeiam o disco tem lá suas dificuldades de defendê-lo. Under Wraps apresenta muitos problemas e eu diria que o principal deles é a bateria programada. Não sou contra o seu uso por algumas bandas, mas não dá para aceitar isso em uma banda do quilate do Jethro Tull, inclusive sendo programada para soar com aquele “eco oitentista” típico da new wave. Tirando uma ou outra intervenção de flauta, uma ou outra guitarra, nada aqui soa como o Jethro Tull, até mesmo a voz de Anderson me faz parecer estar ouvindo Oingo Boingo. Sobre as músicas, digo apenas que “Nobody’s Car” (com boas passagens de flauta e percussão) e “Heat” (com uma pegada mais rocker) até que são boazinhas para se considerar como um lançamento new wave. “European Legacy” é um exemplo bem ruim de tentar fazer algo modernoso soar “folk roots”. E que absurdo é aquele em “Radio Free Moscow”? Nem mesmo o sarcasmo de Anderson salva alguma coisa. Peter John-Vettese que até não fez feio nos sintetizadores de The Broadsword and the Beast [1982] acaba selecionando sons monótonos, misturas sem sentido e poucas passagens marcantes. Não que Anderson, Barre e Pegg tenham feito algo para salvar o disco em si. Enfim, uma decepção para qualquer um que acompanhe a banda e mesmo quem aprecie synth pop vai preferir outros lançamentos bem melhores.
Sem Peter John-Vettese contribuindo e apenas com Anderson, Barre e Pegg como membros oficiais e a bateria dividida entre Doane Perry e Gerry Conway (mas ainda insistindo em algumas faixas com bateria programada), o disco foi mais um “retorno as origens” (o terceiro pelas minhas contas) que o Jethro Tull trouxe aos fãs. Deixando o eletrônico de lado e apostando em um peso maior do hard rock com uma ou outra pitada que lembra o velho progressivo de outrora, Crest of a Knave foi o último sucesso comercial da banda na carreira. Devido a problemas na garganta e a idade começando a pesar, Ian Anderson canta neste disco em tons mais graves e por isso foi muito comparado a Mark Knopfler do Dire Straits. As próprias composições deste disco lembram Brothers in Arms, o disco de maior sucesso dos Straits. Embora eu não tenha tanta estima por esse disco e talvez achar um exagero seu sucesso comercial, dá para se considerar como um bom álbum de hard rock, mesmo com a época farta de opções que eram este período dos anos 80. Apesar de continuar usando alguns sintetizadores, estes agora são um pouco mais discretos e a guitarra de Barre soa muito bem na abertura com “Steel Monkey”. Já em “Farm on the Freeway” temos uma faixa mais calma, levada em batidas lentas por Doane Perry e com a flauta novamente em grande destaque. “Jump Start” é um rock com melodias divertidas e bem humoradas, coisa que Ian Anderson há tempos não fazia. Em “Said She Was a Dancer” é uma balada mediana e “Dogs in the Midwinter” (não disponível na versão em vinil) não agrega muito, mas as coisas voltam a melhorar muito na longa “Budapest” com traços progressivos não vistos há tempos e ótimos violinos do convidado Ric Sanders. “Mountain Men” segue em bom nível, lembrando as atmosferas do Pink Floyd setentista e até que a bateria programada de Anderson segura bem as pontas por aqui. “The Waking Edge” é mais uma música mediana para então finalizar na boa “Raising Steam”, com mais guitarras hard rockers no que Barre contribuiu muito bem em todo o disco.
Como já dito, as vendas deste disco foram muito boas e houve até uma inesperada indicação deste disco para o Grammy de 1988 como “Melhor Performance Instrumental ou Vocal de Hard Rock/Heavy Metal”. Concorrendo com AC/DC, Iggy Pop, Jane’s Addiction e o favoritíssimo Metallica, ninguém da banda levou a indicação a sério e sequer apareceram no Grammy. Mas como o destino parece sempre conspirar para a ironia, logo o Jethro Tull recebeu o prêmio. Claro que a imprensa e todo mundo que acompanhou o ocorrido caiu de pau, visto que a banda não era considerada “hard rock, muito menos heavy metal o suficiente” para estar lá. Anderson apenas ironizou dizendo que “a flauta é um instrumento de metal pesado”. O Metallica colocou um adesivo em seus discos do … And Justice for All escrito “Grammy Award Losers”. Enfim, uma vergonha total mas que foi útil para bombar ainda mais as vendas do disco.
Em 1988, a banda solta um boxed set especial e ainda muito valorizado pelos fãs chamado 20 Years of Jethro Tull. Contendo muitas faixas não lançadas (e que apareceram depois nos cds remasterizados da banda ao que comentei sobre várias delas na segunda parte dessa discografia comentada) e muito material novo, a caixa foi um deleite para os fãs da época que tiveram acesso a várias músicas compostas nos primórdios da banda e que estes puderam matar as saudades de uma década e de um Jethro Tull que havia ficado no passado.
Muita gente pode estranhar, mas está aí o meu disco favorito desta terceira parte. Também é um dos discos que eu mais ouvi do Jethro Tull. Muitos consideram Rock Island como um Crest of a Knave piorado e monótono, mas eu discordo. As melhores melodias e os melhores rocks do Tull oitentista estão aqui, sendo que a banda não se utiliza de velocidade, mas de um feeling diferenciado. O tecladista Peter John-Vettese volta a dar as caras como convidado junto a Martin Allcock. Doane Perry que vinha tocando ao vivo nas tours do grupo foi efetivado. Até posso entender certo ódio pelo disco devido as influências do Straits estarem ainda mais evidenciadas, todavia, creio ter sido bastante positivo aos meus ouvidos. Que baita introdução de “Kissing Willie”! Solos de guitarra com uma técnica de vibrato incrível por parte de Barre. Na sequência, “The Rattlesnake Trail” já tem um jeitão mais do hard rock americano, aquela coisa meio sulista como Lynyrd Skynyrd e ZZ Top. “Ears of Tin” é um ponto fraco do disco mas “Undressed to Kill” põe as coisas de volta no lugar com mais foco na guitarra de Barre e nas ótimas flautas de Anderson. “Rock Island” traz mais um pouco de feeling do rock em mais solos de guitarra enquanto “Heavy Water” volta a aparecer com os teclados e um bom trabalho de baixo por parte de Dave Pegg. Já antecipando a ideia de músicas de ares natalinos que viria a fazer no futuro (inclusive regravando esta canção), “Another Christmas Song” é mais uma canção com aparência gospel com a ideia de juntar uma família em frente a uma ceia de Natal. Tendo ideias ecológicas, “The Whaler’s Dues” é uma canção que critica a caça de baleias de uma maneira triste e reflexiva. Baseada no roubo do mandolin de Barre, “Big Riff and Mando” é onde Anderson compôs mais um rock interessante pelas características folk em que o conjunto de flauta e mandolin de ambos os músicos se fundem, criando uma peça bem trovadoresca. “Strange Avenues” fecha o disco de maneira convincente, uma música sem muita pompa mas com um ótimo trabalho instrumental em médio tempo em uma faixa hard rock simples, mas honesta. O disco em si não é veloz ou tem a animação como destaque, mas tenho apreço por suas melodias mais calmas e um trabalho de guitarras que se não soa energético, pelo menos é deliciosamente melodioso. Mas sei que sou exceção e compreendo quem não gosta deste disco.
Dentre todos os discos do Tull, este é considerado como o menos ambicioso de todos. Mais uma volta as raízes (a quarta agora?) dessa vez a banda opta por resgatar as influências do blues rock dos dois primeiros discos e misturando um pouco com o hard rock dos dois anteriores. Infelizmente, as composições aqui soam, de modo geral, muito genéricas. Difícil achar alguma melodia marcante ou alguma canção envolvente. Não é um disco ruim, mas para o Tull é realmente pouco. Até as flautas estão discretas. Mas ainda assim, dá para destacar algumas como a faixa inicial “This Is Not Love” com solos bem bluesísticos de Barre e um teclado que lembra a sonoridade do velho órgão hammond setentista. “Roll Yer Own” é uma música interessante porque me lembra aquele período entre War Child e Too Old to Rock ‘n’ Roll: Too Young to Die quando Anderson usava um instrumental acústico, com a diferença desse ser um blues bem básico, mas bacana. “Still Loving You Tonight” é daquelas baladas acústicas com altos teores de glicose, porém confesso que o teclado AOR me ganhou na canção. Orgulhosamente cafona e por isso acaba se tornando a melhor do disco. Com relação as outras músicas, temos uns rocks básicos, alguns blues e alguns hards, mas são tão parecidos que dá a impressão que são continuações umas das outras. Nem mesmo os mandolins dão algum tempero diferente no disco. Fica uma sensação de banda cansada e já desinteressada em fazer músicas novas.
Nightcap: The Unreleased Masters 1973-1991 [1993]
Para os completistas, disco fundamental da carreira do Tull recheado de material não lançado. Este trabalho duplo traz duas gravações bastante distintas: o primeiro disco se chama “The Chateau D’isaster Tapes” que são músicas gravadas em 1973, no período entre Thick as a Brick e A Passion Play quando a banda saiu da Inglaterra e foi para a França gravar o disco para fugir dos altos impostos britânicos. Descontente com a qualidade das gravações, Ian Anderson acaba por retornar à Inglaterra e o engaveta, soltando apenas vinte anos depois. Apesar de conter gravações da época, é bom frisar que há muitas partes refeitas, principalmente flautas, logo após Ian Anderson “reaprender” a tocar o instrumento depois de descobrir pela sua filha que tocava do jeito errado (é como se ele tivesse aprendido a andar de bicicleta com as mãos trocadas). Já o segundo disco são muitas faixas que ficaram de fora dos álbuns até esse lançamento, algumas delas muito boas enquanto outras nem tanto. O primeiro tem muitas músicas que seriam os embriões que viriam formar A Passion Play, por isso, acho que vale a pena. Curioso é essa temática de animais presente nas letras dessas canções. “Look at the Animals” é bem Jethro Tull clássico progressivo, com seu instrumental lembrando os contemporâneos do Gentle Giant. “Left Right” começa muito estranha com aqueles choros de bebê, mas depois muda e se vê o esmero da parte rítmica da banda e como eles estavam inspirados na época ao fazer um belo hard rock. “No Rehearsal” traz grandes solos de guitarra junto a uma sonoridade muito próxima de War Child. Há muitas passagens instrumentais (“Post Last”) ou acústicas (“Scenario”) entre outras músicas, mas é um catálogo muito bom, o que imagino que deve ter agradado muito os antigos fãs da banda.
O segundo disco logo de cara nos apresenta algumas faixas que apareceram como bônus em War Child tais como “Paradise Steakhouse”, “Quartet” e “Sealion 2”. Como bônus de Too Old to Rock ‘n’ Roll: Too Young to Die! há “A Small Cigar”. De Heavy Horses, há “Broadford Bazaar”. As outras faixas foram gravadas em épocas diferentes da década de 80 e 90. “Piece of Cake” foi gravada em 1990 e seria uma adição bem vinda em Catfish Rising. Ainda em 1990, “Silver River Turning” é uma boa faixa hard rock em médio tempo, bastante agradável. “Crew Nights” é da época eletrônica dos discos A e The Broadsword and the Beast mas bem mais hard rock assim como “The Curse” referencia justamente essa época do folk eletrônico. Voltando a 1990 (infelizmente o álbum não está ordenado por ano) “Rosa on the Factory Floor” é uma faixa mais fraca em estilo blues. “Man of Principle” é sobra do Rock Island e bem fraca, ainda bem que não entrou. Voltando a época eletrônica, “Commons Brawl” seria uma boa adição em A, daria uma melhorada porque é uma canção com melhores guitarras aos sintetizadores e com solos de flauta excelentes. “No Step” e “Drive on the Young Side of Life” são inferiores e só valem como bônus mesmo. “I Don’t Want to Be Me” é uma boa balada da época hard/blues e vale a ouvida, diferente de “Lights Out” que não me desceu. “Truck Stop Runner” e “Hard Liner” são boas canções que fecham o disco que é bem irregular, mas que isso é mais do que esperado por se tratar de um álbum com faixas bônus. Seria muito bom se outras banda seguissem o exemplo do Jethro Tull ao tratar de seus bônus e materiais inéditos fazendo lançamentos como esse.
Vou dizer logo de cara: não sou muito chegado em músicas com influência indiana ou asiática. Raros são os discos que utilizam estas influências que me agradam. Muitos até acham este disco agradável e até há muitas coisas nele dignas de elogios. Mas meu gosto pessoal acaba pesando mais na avaliação aqui e diria que é um disco mediano. Chamada agora de fase “world music”, Ian Anderson lima grande parte do celta europeu e utiliza bases do hard rock junto a muitos teclados que dão a atmosfera oriental ao álbum. “Roots to Branches” começa até muito bem, levado mais pelo teclado e a flauta e ocasionais guitarras, temos um rock indiano agradável. Porém, “Rare and Precious Chain” já pega mais forte no lado oriental e a parte rock da banda fica um pouco de lado. “Out of the Noise” e “This Free Will” são duas músicas com guitarras e teclados marcantes, estes últimos tocados por Andrew Giddings que entrou para a banda (havia tocado em algumas faixas do disco anterior como convidado) e mostrando que foi a melhor escolha. “Valley” é um pouco diferente das demais pois começa lenta com a flauta dando toques suaves e a guitarra pesando, para daí evoluir no violão e no baixo. “Dangerous Veils” se destaca pelas flautas solando bem e até mesmo soando agressivas e “Beside Myself” possui belas melodias de violão e teclado. O grande problema a meu ver se dá nessa parte final, nas últimas quatro músicas: começa-se a sentir muita coisa igual, com pouca coisa memorável, músicas longas e parecendo fillers. Fosse por mim, o disco poderia ficar nessas sete primeiras e lançariam como um EP, com as outras entrando em singles subsequentes. “Wounded, Old and Treacherous” e “At Last, Forever” são duas músicas com mais de 7 minutos cada mas que parece uma só de 15 minutos. Seguem uma estrutura de início lento e meio e fim velozes, com algumas variações de velocidade nesse meio. Fossem mais curtas seriam melhores. Em “Stuck in the August Rain” é mais música lenta e de teor reflexivo exceto algumas intervenções de Barre e “Another Harry’s Bar” lembra as baladas da fase hard rock da banda, sendo também mais lenta e com algumas variações. Como havia dito, o disco é mediano, tem boas músicas e dá uma queda grande ao final. Não é lá grande destaque da discografia, mas vale uma ouvida caso se interesse por essas influências indianas misturadas ao rock que sei que muitos artistas famosos já tentaram.
Dave Pegg deixa definitivamente a banda para se concentrar no reformado Fairport Convention. No lugar dele entra o baixista Jonathan Noyce.
Não há como não reparar em um certo cansaço por parte de Ian Anderson em termos de composições por aqui. J-Tul Dot Com não é um disco descartável, fica em uma espécie de porto seguro da banda que aposta em melodias simples e sem muita variedade. Rocks genéricos e poucos momentos de inspiração são o que marcam este álbum que não incomodam mas fica naquela sensação de “já estamos com três décadas de estrada, então vamos lançar algo apenas para não dizer que estamos inativos”. O disco até começa razoavelmente bem com “Spiral” marcando boas flautas e um trabalho de baixo muito bom. Também apresenta algumas novidades no Tull como a presença de Najma Akhtar fazendo alguns vocais em “Dot Com”, algo inédito na discografia da banda. Dentre outras canções, ainda destaco “Black Mamba” com ótimas orquestrações e um baixo pulsante e “Bends Like a Willow”, mais atmosférica e teclados que deram efeitos interessantes. O disco mantém certa aura oriental assim como no anterior mas nada que se destaque. Como já vinha fazendo há algum tempo, Ian Anderson mais declama as letras do que canta sem arriscar nada mais alto visto que sua garganta já passou por maus bocados na década de oitenta. E o disco segue até o fim nessa cartilha de músicas mais lentas com algumas ocasionais guitarras de Barre e curiosamente, a faixa bônus “The Secret Language of Birds” que surge após uma breve introdução falada pelo próprio Anderson é uma balada folk ao nível das músicas setentistas da banda e acaba sendo a mais agradável do disco. Esta música apareceria em The Secret Language of Birds [2000] lançado como álbum solo de Anderson. Apesar de haver mais um álbum na discografia ainda a seguir, este é o último disco verdadeiramente de inéditas da banda.
The Jethro Tull Christmas Album [2003]
Como o título já dá a entender, as músicas aqui tem temática natalina. Há algumas regravações de velhas canções da banda, algumas composições novas e algumas canções tradicionais natalinas com uma nova roupagem. O disco veio em conjunto com o ao vivo Christmas at St. Brides (Live, 2008). A sonoridade é focada fortemente no folk, coisa que não acontecia desde pelo menos Stormwatch. A formação da banda é a mesma, porém, Dave Pegg volta como convidado fazendo o baixo em algumas canções, assim como James Duncan na bateria e o quarteto de cordas The Sturcz. As músicas natalinas já lançadas ficam em boas versões tais como “A Christmas Song”, “Another Christmas Song” e “Ring Out, Solstice Bells” que ficam com cara mesmo de canções que poderiam ser tocadas naquelas ceias de natal com família reunida em um ambiente calmo e feliz lá do hemisfério norte. Porém, achei que “Weathercock” (do Heavy Horses) e “Fire at Midnight” (do Songs from the Wood) se perderam com esse clima de natal. “God Rest Ye Merry Gentleman” com aqueles dedilhados de piano bem ao estilo jazz é excelente. “Bouree” do compositor alemão Johann Sebastian Bach também ficou em uma versão digna do Tull. “Jack Frost and the Hooded Crow” também oferece uma energia diferente. Mas as outras canções não te fazem fugir muito da ideia que esteja ouvindo nada mais nada menos que um disco de natal, que não é lá muito diferente do que se ouve tocando nas lojas de varejo nos meses de novembro e dezembro, exceto pelas letras e vocais de Anderson. É um disco que vale uma ouvida se você não exigir muito dele.
Depois de muitos anos fazendo tours, a banda se encerra em 2011. Ian Anderson agora sem Martin Barre, lança mais dois discos que são Thick as a Brick 2 [2011] e Homo Erraticus [2014] como artista solo. Já o guitarrista forma também um grupo solo intitulado Martin Barre’s New Day contando com os seu parceiro Jonathan Noyce no baixo lançando nesse período pós-Jethro Tull Away With Words [2013] e Order of Play [2014]. Além é claro de já contar com outros três discos anteriores lançados em meio aos intervalos do Tull. Os dois principais membros estão bem ativos e seguem compondo e tocando, porém, o Jethro Tull em si encerrou as atividades. Talvez não da maneira que os fãs queriam, mas creio ter sido o melhor para Anderson e Barre visto ambos terem lançado coisas muito melhores agora que estão separados.
E termina aí mais uma discografia comentada com mais uma banda icônica e muito amada em nosso site. Apesar da terceira parte não ter a mesma qualidade das duas anteriores, pode-se dizer tranquilamente que o Jethro Tull foi uma das melhores bandas britânicas de todos os tempos e garantiu seu lugar no panteão dos deuses progressivos junto a outros companheiros como Yes, Genesis e Pink Floyd só para citar alguns mais famosos e com seu portfolio próprio de folk, hard rock e progressivo (dentre outros gêneros que a banda passeou) garantindo uma parcela grande de fiéis que os louvam todas as noites. Aguardo seus comentários logo abaixo!
Diferentes do vinho, que fica melhor com a idade, as bandas de rock parecem caminhar céleres para o vinagre.
De fato a parte III tem uma queda brutal de qualidade, mas creio que tem gente com certo carinho por Crest of a Knave e Roots to Branches.
Crest of a Knave sempre será especial para mim: foi o primeiro LP do Jethro Tull que comprei, e tive a alegria de assistir a banda ao vivo pela primeira e única vez na minha vida, no Gigantinho.
Apesar de não ter problemas com o Under Wraps, confesso que essa resenha sobre ele foi perfeitamente a descrição do caso. Parabéns Andre Kaminski. Agora, a versão acústica da faixa-título se escapa com sobras no álbum, muito fraquinho
Aí é que está, mesmo encarando como um disco synth pop, é complicado gostar de alguma coisa nele. Crest of a Knave usa melhor os sintetizadores. The Broadsword and the Beast é um pouco melhor na fase eletrônica, mas ainda assim creio que foi uma fase negra para a banda.
Com certeza, a melhor opção foi acabar. Essa série de lançamentos erráticos pós=Rock Island além do cansaço não tem mais o vigor de Anderson. Barre fazendo discos de jazz e blues ganhou muito mais do que viver na sombra folk de Anderson. Bem que Steve Howe podia se dar de conta que ele não é o Yes e terminar com a banda também, mesmo que o Squire tenha pedido para seguir – se é que realmente pediu. Parabéns André, valeu a pena ter dividido essa discografia contigo.
Valeu Mairon!
A minha música preferida dessa fase aí é Steel Monkey. Pelo menos ela foi citada.
Muito bom André!!!
Perfeito! Bem, eu sou suspeito para falar, mas gosto de todos esses discos citados, com exceção do Under Wraps (e do primeiro disco solo do Anderson, o Walk Into Light), que dá para tirar umas 2 ou 3 músicas que se salvam, apesar de que os shows da turnê para promover esse disco foram muito bons. Obviamente não se compara com os discos citados nas postagens anteriores.
Também saliento que a banda lançou ótimos discos ao vivo, como por exemplo, Bursting Out (78) e tb 2 discos da caixa dos 25 anos (1993), com gravações ao longo dos anos.
Agora só falta a discografia comentado do Ian… rs
O problema de uma banda com uma discografia muito longa fica patente nesse texto…não adianta ficar espremendo a criatividade porque ela não rende tanto assim. E aí gera-se coisas apenas pra cumprir contratos, tentativas frágeis de abraçar outros estilos, etc…ou então, a pecha de ser acusado em fazer a mesma música sempre, como bandas do porte de AC/DC, Motorhead…Problemas da música feita como entretenimento, como produto, e não mais como arte.
Eu francamente nem me interesso pelo trabalho de bandas ou músicos que atravessam longas décadas…pra mim é quase que uma definição de que isso não funciona. Parabéns pelo excelente e árduo trabalho de pesquisa!
Anos 80 estragou quase todas as bandas dos anos 70…
Ainda bem que led zeppelin acabou.
De certa forma concordo com o q foi dito nas três partes do documentário.
Mas ainda Jethro Tull sempre será minha primeira e verdadeira Banda,pelo arranjo e a Versatilidade de Ian Anderson,e Martin Barre com seus Riffs inconfundíveis.
Sou fã da banda à quase 20 anos, e toda vez que ouço,parece ser como estivesse sendo pela primeira vez,a emoção é contagiante.
E claro tenho minhas preferidas!
Não me importo se bandas começam a fracassar nos seu discos novos (Purple,Rush,Yes..Manfred Mann, Gênesis….Etc, pra mim o que vale é o bom trabalho q deixaram. Até hj escuto velhos álbuns, inclusive vinil. Os álbuns ruins não me interessa. Pq bandas como essa q citei tiveram sua melhor época de inspiração….E isso vou levar p meus filhos, netos e quem sabe bisnetos. Anos 70 e 80….. Melhor fase do rock, prog,heavy, metal…..
O maior problema dessa fase é a inevitável e ingrata comparação com as duas anteriores, onde o talento e a criatividade sobrava. O que se vê aqui é uma descaracterização de ideias e sons introduzindo sintetizadores que simplesmente não davam “liga” e acabam parecendo um híbrido de Yes, Pink Floyd e Genesis dos anos 80 (Suas piores fases). Seu estilo, ao meu ver genial, assim como das bandas progressivas citadas, está irremediavelmente preso à década de setenta. O resultado são discos bem fracos e a melhor música desse inglório período é Budapest, do Crest of a Knave.
Crest of a Knave sempre será especial para mim: foi o primeiro LP do Jethro Tull que comprei, e tive a alegria de assistir a banda ao vivo pela primeira e única vez na minha vida, no Gigantinho.
Não esqueçam de atualizar essa parte ! Tem um disco fresquinho para sair e ainda precisa colocar o Zealot Gene.
Que massa que você curte o “Rock Island” de 1989, pois achei que só eu gostava dele! hahauehaha Merece uma coluna dos discos que parece que só eu gosto… Quando o coloco nas rodas de vinis aqui em casa, nunca digo quem são, apenas deixo rolar – é impressionante que sempre tem que curta, até eu anunciar quem são e todos, então, o execrarem. Disco gostoso de se ouvir do começo ao fim (a edição deluxe é ótima) em um final de tarde. Abraços.