Review exclusivo: Martin Turner’s Wishbone Ash (Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2012)

Review exclusivo: Martin Turner’s Wishbone Ash (Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2012)
Por Mairon Machado
A terceira edição do Rio Prog Festival ocorreu nesse último fim de semana, e claro, o Consultoria do Rock não podia ficar fora dessa. As atrações do festival ficaram por conta da versão revisitada do Wishbone Ash, intitulada Martin Turner’s Wishbone Ash, e o re-encontro, após quase trinta anos, do grupo carioca Bacamarte, com Mario Neto e Jane Duboc interpretando na íntegra o álbum Depois do Fim, lançado em 1983 e considerado um dos melhores trabalhos do rock progressivo mundial em todos os tempos.
O festival começou na sexta-feira, dia 21 de setembro, debaixo de muita água. Choveu durante dois dias seguidos no Rio de Janeiro, e chuvas fortes alagaram o centro da cidade. A região do Teatro Rival Petrobrás, local escolhido para sediar os shows, ficou completamente alagada.
Entre trancos e barrancos, o show da Martin Turner’s Wishbone Ash começou com quase uma hora de atraso. A Martin Turner’s Wishbone Ash é uma versão recriada pelo baixista Martin Turner em 2004, e vem divulgando as velhas e clássicas canções do grupo britânico desde então. 
Ray Hatfield, Martin Turner e Danny Wilson
A atual formação do grupo conta com Turner (baixo, vocais), Ray Hatfield (guitarra, vocais), Danny Wilson (guitarra, vocais) e Dave Wagstaffe (bateria), e a banda é exatamente um contra-ponto ao Wishbone Ash original, que está na ativa, com o guitarrista Andy Powell comandando o grupo em shows e inclusive lançando álbuns, sendo o mais recente o bom Elegant Stealth, lançado esse ano.
Já o Martin Turner’s Wishbone Ash veio ao Brasil com a turnê No Easy Road – Live Dates, que irá passar por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, após uma série de lançamentos trazendo regravações para clássicos do Wishbone Ash original, lançadas nos álbuns New Live Dates: Volume One (2006), New Live Dates: Volume Two (2007) e Argus – Through the Looking Glass (2008).
Martin Turner e sua tradicional jaqueta branca com inscrições
No Rio, diante do pequeno teatro, completamente lotado (creio que com aproximadamente 600 pessoas), a expectativa ficava por conta da apresentação na íntegra do álbum Argus, talvez o mais conhecido disco do grupo, e que completou quarenta anos em 2012.
Martin subiu ao palco com a sua tradicional jaqueta branca, repleta de inscrições, e ele e cia. começaram o show de forma fria, trazendo canções um pouco que desconhecidas da carreira do Wishbone Ash. “Why Don’t We”, “Lady Jay”, “Front Page News” e  “Ballad of the Beacon” aqueceram em banho-maria o público, que somente a partir de “Rock ‘n’ Roll Widow” começou realmente a esquentar, e o gordinho Ray começou a soltar seus dedos. 

Na sequência tivemos a longa “The Way of the World”, e uma magistral versão para “The Pilgrim“, que arrepiou muita gente. A perfeição do complicado riff principal da canção, que deixa muitos fãs de Robert Fripp indignados pela complexidade Crimsoniana do mesmo, abriu sorrisos e arrancou lágrimas desse que vos escreve. Além disso, as vocalizações centrais foram entoadas aos berros pela plateia, deixando o grupo bem mais a vontade em cima do palco.

Ray e Danny, as guitarras gêmeas do Martin Turner’s Wishbone Ash
Reproduzindo fielmente os solos originais,Ray formou uma bela dupla com Danny, que é um pouco mais concentrado em fazer sua parte, enquanto Ray brinca, pula, dá risadas e bebe muito durante cada canção. Os dois fizeram muito bem a parte das guitarras gêmeas, e encantaram aos presentes com a perfeição de seus solos e muita simpatia.
A primeira parte do show encerrou-se com “No Easy Road”, e ficamos todos aguardando o retorno, com a tão prometida apresentação de Argus na íntegra. 
Martin Turner
Após vinte minutos, a banda retornou, e começou assim quarenta minutos de louvor à um dos álbuns mais belos que o ser humano já gravou. “Time Was” abriu perfeitamente essa sessão de louvor, sendo reproduzida nota por nota. Ouvir as vozes de Martin, Ray e Danny interpretando esse clássico foi um dos momentos principais da noite, e os solos foram perfeitos.
Vieram “Sometime World” e uma pequena inversão na ordem das canções, com o grupo mandando ver em “The King Will Come”. A partir de então, o teatro ficou em pé para acompanhar palavra por palavra a linda “Leaf and Stream” (outra que arrancou muitas lágrimas da plateia), “Warrior” e “Throw Down the Sword”, e a sequência de canções de Argus foi encerrada com o maior clássico do grupo, “Blowin’ Free”, a mais cantada da noite.
No Bis, enquanto Danny distribuia salgadinhos para a plateia, Martin agradeceu à todos, apresentou “No Easy Road” e uma longa versão para “Jail Bait”, com solos arrepiantes de cada integrante (com exceção do próprio Martin), deixando o palco após mais de duas horas de apresentação com a sensação de termos visto um show perfeito.
Martin Turner e o bolha que vos escreve

Após, o grupo recebeu os fãs no camarim, e com muita simpatia, distribuiu autógrafos, tirou fotos e claro, comentou sobre o show, dizendo que foi o melhor da carreira do grupo. Se foi clichê ou não, somente eles sabem, mas que os fãs do Wishbone Ash sairam com esse mesmo pensamento, isso é fato.
A lamentar apenas o altíssimo preço das lembranças (sessenta reais a camiseta, cincoenta e cinco o DVD e cincoenta o CD), além da ausência de “Phoenix”, mas que segundo o próprio Martin, irá ser incluída nos próximos shows da turnê. Pessoal de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, preparem-se portanto para uma noite de diferentes emoções, e a certeza de um grande espetáculo.
Autógrafos em vinis (acima);
o homenageado da noite, palheta de Ray e ingresso (abaixo)

Set list
1. Why Don’t We
2. Front Page News
3. Lady Jay

4. Ballad of the Beacon

5. Rock ‘n’ Roll Widow
6. The Way of the World
7. 
The Pilgrim
8. No Easy Road

Intervalo

8. Time Was
9. Sometime World
10. The King Will Come
11. Leaf and Stream
12. Warrior
13. Throw Down the Sword
14. Blowin’ Free
15. Persephone
Bis
16. No Easy Road
17. Jail Bait

4 comentários sobre “Review exclusivo: Martin Turner’s Wishbone Ash (Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2012)

  1. Que showzaço, foi absurdamente bom! muito legal ter encontrado o amigo Mairon e ter tomado uma cerveja com ele no outro dia…Mairon, concordo plenamente com teu review, acho que vc descreveu muito bem, começou um pouco morno, mas depois ferveu! uma correção – a que fechou o primeiro set foi The Pilgrim (maravilhosamente bem, por sinal) e no segundo set também rolou a maravilhosa Persephone, após a execução das músicas do Argus.
    Abraço!
    Ronaldo

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