Kiss Alive!, uma saga em cinco partes

Kiss Alive!, uma saga em cinco partes
Por Mairon Machado
Encerrando uma série de matérias envolvendo os discos do Kiss, iniciada com as duas partes do Discografias Comentadas em dezembro do ano passado pelos colegas Pablo Ribeiro e Leonardo Castro, passando pelos discos solos lançados em 1978, cujas histórias foram narradas pelo colega Fernando Bueno, hoje vamos tratar de cinco álbuns ao vivo que o Kiss lançou oficialmente, conhecidos como Alive!

O primeiro Alive! foi lançado em 10 de setembro  de 1975 e é tido por muitos como um dos melhores discos ao vivo de todos os tempos. Nele, a formação clássica da época mascarada: Paul Stanley (guitarra, vocais), Gene Simmons (baixo, vocais), Ace Frehley (guitarra, vocais) e Peter Criss (bateria, vocais). Apesar de vários overdubs (gravações feitas em estúdio para corrigir os erros cometidos ao vivo) comprovados e enaltecidos com o passar dos anos, trata-se de um disco fundamental em qualquer coleção que se preze. Trazendo apenas canções dos três primeiros discos (Kiss, de 1974; Hotter Than Hell, de 1974; e Dressed to Kill, de 1975) é um petardo seminal, destacando versões definitivas para “Black Diamond”, “Firehouse”, “Cold Gin” e “Strutter”, entre outras de grande relevância.

Não existe nada que se compare às performances hipnotizantes de “Cold Gin”, “She” (um dos melhores solos da carreira de Ace Frehley) e a incrível “100.000 Years”, canção que levou este que vos escreve a se apaixonar pelo grupo. Nela, Paul Stanley dá uma aula de como agitar uma plateia sem ser arrogante.

Alive! vendeu tanto que mudou a carreira do Kiss. Foram mais de 500 mil cópias apenas nos Estados Unidos (onde atingiu a nona posição em vendas) alavancando a carreira da banda e o status dentre os grandes nomes do rock. A partir dele, o nome Kiss permaneceria como símbolo de marketing feito com muito talento e, principalmente, sinônimo de boa música.

Dois anos depois, no dia 14 de outubro de 1977, a mesma formação clássica fez Alive II chegar às lojas. Planejado como o primeiro ao vivo do grupo a ser registrado no Japão, na verdade Alive II é um pequeno registro de shows ocorridos nos Estados Unidos, e ainda um lado inteiro de estúdio com as inéditas “All American Man”, “Rockin’ in the USA”, “Larger Than Life”, “Rocket Ride” e a cover para “Anyway You Want It”, de Dave Clark.

Na parte ao vivo, registros históricos de sua melhor fase, abrangendo os álbuns Destroyer (1976), Rock and Roll Over (1976) e Love Gun (1977). Ouvir as violentas versões de “Love Gun”, “Detroit Rock City”, “God of Thunder” e “I Want You” é sentir o peso que o quarteto mascarado era capaz de dar às suas canções em cima do palco. Apesar de pequenos deslizes, como as inclusões de “Christine Sixteen”, “Hard Luck Woman” e “Tomorrow and Tonight”, o Kiss mostra aquilo que sabia fazer de melhor: tocar o bom e simples rock’n’roll, na alucinante versão de “Shout It Out Loud”.

É em Alive II que “Beth” ganha o status de clássico com uma versão definitiva (assim como foi com “Love of My Life”, do Queen), tendo Peter Criss comandando a bela letra da canção. As especulações sobre overdubs também foram comprovadas, mas em nada comprometem ao resultado final de mais um grande disco. Não tão perfeito quanto seu antecessor, mas ainda assim, essencial. O álbum vendeu muito mais que Alive!, chegando na incrível marca de dois milhões de cópias apenas nos Estados Unidos (onde atingiu a sétima posição nos charts da Billboard). 

Os brindes de Alive II: o livro The Evolution of Kiss (acima);
as tatuagens removíveis (abaixo).

Como destaque extra, a versão original deste LP traz apetitosos itens de colecionador. Dentre eles, liner notes em relação à cada canção, um livreto de fotos chamado “The Evolution of Kiss” e mais um conjunto de tatuagens removíveis. Encontrar essa versão hoje em dia é mais difícil do que encontrar uma agulha no palheiro.

Depois de mais de quinze anos, em 1993 uma nova formação registrou a terceira edição Alive. Paul Stanley e Gene Simmons agora estavam acompanhados de Eric Singer (bateria, vocais) e Bruce Kulick (guitarra, vocais). Sem máscaras e com uma carreira que atingiu muitos pontos baixos durante os anos 80, mas voltou ao topo a partir do sucesso do álbum Revenge (1992). 

É exatamente a turnê deste álbum que está registrada em Alive III, lançado no dia 18 de maio de 1993. Como primeiras atrações estão as canções da fase sem máscaras, como “Heaven’s on Fire”, “God Gave Rock ‘n’ Roll To You” e “Forever”. É inegável, contudo, que os maiores destaques ficam para os primeiros registros ao vivo de torpedos do porte de “I Was Made for Loving You”, “Creatures of Night”, “I Still Love You” e “I Love it Loud”, além de Bruce Kulick mandando ver em uma interessante versão para “Star Spangled Banner”.

Repetidas em relação aos dois antecessores, estão apenas “Rock and Roll All Night”, “Detroit Rock City” e “Deuce”. Um registro mais fraco do que Alive! e Alive II, com uma qualidade de gravação um pouco desejável, mas que vale por ser o único registro ao vivo com Kulick nas seis cordas. Alive III vendeu 500 mil cópias nos Estados Unidos e tornou “I Love it Loud” mais um hino obrigatório de ser apresentado para os fãs a partir de então.

Em 1995, o especial MTV Unplugged trouxe novamente a formação clássica (Stanley, Simmons, Criss e Frehley) em uma participação especial, registrada em Kiss Unplugged, lançado no mesmo ano. Apesar de não fazer parte da série Alive, é um grande disco, com “I Still Love You” sendo uma aula da potência vocal de Paul Stanley, um verdadeiro mestre nos microfones.

No ano seguinte, foi lançada a coletânea You Wanted the Best, You Got the Best!!!, fazendo um apanhando do que há de melhor nos dois primeiros volumes da série e quatro canções registradas ao vivo pela primeira vez: “Room Service”, “Two Timer”, “Let Me Know” e “Take Me”. 

Posteriormente da reunião acústica, o Kiss voltou a usar máscaras, trouxe novamente Frehley e Criss como membros oficiais, lançou o álbum Psycho Circus (1998) e voltou a fazer shows com todas as peripécias que marcaram sua carreira durante toda a década de 70 e início dos anos 80. 

Para comemorar os trinta anos da banda, Alive IV chegou às lojas no verão de 2003, mais precisamente no dia 22 de julho, resgatando a épica performance do quarteto mascarado (agora com Tommy Thayer no lugar de Ace Frehley) ao lado da The Melbourne Symphony Orchestra. 

A versão original, em formato de CD duplo, apresenta o show realizado em Melbourne no dia 20 de fevereiro de 2003. Este show foi dividido em três atos. No primeiro, apenas o quarteto interpretando clássicos como “Deuce”, “Strutter”, “Let Me Go Rock ‘n’ Roll” e “Psycho Circus”. No segundo, um momento acústico, acompanhado por apenas uma parte da orquestra e resgatando belas versões para “Forever”, “Sure Know Something”, “Beth”, “Goin’ Blind” e “Shandi”.

É a partir do terceiro e último ato (CD 2) que a orquestra inteira entra em ação. É impossível resistir ao embalo e ao arranjo de clássicos do tamanho de “Detroit Rock City”, “Do You Love Me?”, “God of Thunder”, “Love Gun” e “I Was Made for Loving You”. Somente esse ato já vale a aquisição da versão original. Meses depois, Alive IV foi lançado também em um formato simples, fazendo uma mescla de todos os atos e trazendo como bônus uma cover para “Do You Remember Rock ‘n’ Roll Radio?” (Ramones). Essa faixa foi lançada originalmente no CD tributo aos Ramones We´re a Happy Family (2003).

A apetitosa caixa Kiss Alive! 1975 – 2000

Em 2006, o box set Kiss Alive! 1975-2000 apresentou os três primeiros Alive em um caixote exclusivo. De quebra, temos o CD que era para ter se tornado a primeira versão de Alive IV, o qual supostamente deveria ter sido lançado em 2000, comemorando o retorno da formação clássica do grupo. Problemas contratuais acabaram impedindo de o mesmo chegar nas mãos dos fãs. Ainda em 2006, aproveitando-se da moda dos chamados Instant Live, que captura shows ao vivo de uma banda na íntegra, o Kiss lançou dois CDs nessa série, que não acrescentam muito do ponto de vista musical na vasta coleção do grupo, servindo realmente como item de coleção.

A quinta e última parte da saga Alive foi lançada em 2008 com o lançamento da série de CDs Kiss Alive 35, os quais registram shows na íntegra da turnê de trinta e cinco anos do grupo, através da Europa e da América do Norte, no mesmo formato que os já citados Instant Live. A formação desses CDs conta agora com Stanley, Simmons, Thayer e Singer. 

O curioso é que essa série não limitou-se somente aos CDs, também foi lançada em pendrives especiais, trazendo os shows no formato MP3 com qualidade de 320 kbps, acompanhados de uma pulseira personalizada da banda. Da série, foi lançado The Best of Kiss Alive 35, que já foi apresentado para você, leitor do Consultoria do Rock, pelo colega Pablo Ribeiro.

Sonic Boom Over Europe (capa original, acima) e a
versão em pendrive (abaixo)

 O mesmo formato foi repetido em 2010, com o lançamento da série Kiss Sonic Boom Over Europe, a qual também chegou aos fãs no formato MP3, em um luxuoso pendrive. A formação é a mesma que gravou os discos Alive 35. Os shows registrados compreendem a turnê de promoção do álbum Sonic Boom (2009), na Europa e na América do Norte. Até agora é o lançamento mais recente do Kiss nesse formato. 


Mas certamente, não será o último. Afinal, uma banda contendo Paul Stanley e Gene Simmons não irá limitar-se a concluir uma saga com apenas cinco discos. Fica a expectativa de quando a banda vai lançar mais um item de colecionador para os fãs, privilegiando sempre o melhor já registrado em sua longa carreira que completará festivos quarenta anos no início de 2013.

4 comentários sobre “Kiss Alive!, uma saga em cinco partes

  1. Um dúvida:
    Nesse box Kiss Alive 1975-2000 tem as músicas inéditas que saíram no Alive II ou tem apenas as gravações ao vivo?
    Muito legal. Acho que com essa matérias encerramos o que tínhamos para falar de Kiss….oh wait!!!
    Ainda tem o Killers e o Smashes Thrashes and Hits….putz….hehehe

  2. a materia ficou bacana,e o primeiro alive é o melhor de todos.por que é tao dificil encontrar o alive lll em lp ??
    sairam poucas cópias no brasil e parece que valem mais que a imp.

    parabens a todos pelo blog

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