Viper – Theatre of Fate [1989]

Viper – Theatre of Fate [1989]

Por Mairon Machado

No último mês de abril, o grupo paulistano Viper anunciou a turnê To Live Again Tour que irá comemorar os vinte e cinco anos do lançamento do álbum do Soldiers of Sunrise. A principal atração é o retorno do vocalista Andre Matos, depois de vinte e dois anos de sua saída para uma reconhecida carreira internacional ao lado do Angra, Shaman e também em carreira solo.

Além do retorno de Matos, a turnê tem como atrativo a interpretação de Soldiers of Sunrise e Theatre of Fate, ambos na íntegra.

Com um contrato recentemente assinado ao lado da gravadora Eldorado, pouco depois de Soldiers of Sunrise, o Viper em 1989 já era uma das maiores revelações da música nacional. Nessa época, o grupo era formado por Andre, Pit Passarell (baixo, vocais), Yves Passarell (guitarras), Felipe Machado (guitarras) e Guilherme Martin (bateria), e fazia um som muito influenciado por Helloween, Iron Maiden e Judas Priest.

Viper após show em Recife em 1989:
tente identificar os membros do grupo

Com a finalidade de melhorar suas linhas vocais, o jovem cantor começou a frequentar assiduamente as aulas de música e foi parar na Faculdade de Artes Santa Marcelina. Isso influenciou diretamente no resultado final de Theatre of Fate, um dos melhores discos que o heavy metal brasileiro já gerou.

Lançado em 1989, esse álbum mostrou o Viper para o mundo conquistando mercados principalmente na Europa e no Japão, sendo que no país do sol nascente venderam mais que bandas como Van Halen, Nirvana e Firehouse. O álbum é composto por diversas pérolas e traz um Viper diferente do primeiro disco misturando as bases melódicas da NWOBHM com o peso do Black Sabbath e, principalmente, a participação da música erudita através dos violinos ou citações à Beethoven, Mozart e Vivaldi. 

Além disso, a inclusão de teclados e sintetizadores fez com que Theatre destoa-se bastante do peso e velocidade do trabalho de estreia. O disco abre com a bela instrumental “Illusions” onde o violão faz a base para uma pequena sequência de solos de guitarra e teclados que imitam flautas. Segue com a paulada “At Least A Chance”, o qual lembra o Helloween da fase Keeper of the Seven Keys, contando com muitos teclados e também com cordas. 

Duas pérolas encerram o lado A: “To Live Again” – cujo riff inicial é daqueles ao estilo “Smoke on the Water” e “Stairway to Heaven”, você nunca mais vai esquecer – e a lindíssima “A Cry From the Edge“, outra super trabalhada. Esta última começa com o violão dedilhando lentamente, fazendo a base para um solo de guitarra que traz o riff principal. A canção começa a aumentar a velocidade tendo um duo de guitarras e a pauleira toma conta com Felipe e Yves mandando ver nas palhetadas. Um belo tema instrumental traz as letras novamente, que são cantadas de forma mágica por Andre.

Contra-capa de Theatre of Fate
O lado B abre com “Living For the Night“, que passou a ser a música principal dos shows da banda. A introdução feita pelo cravo, juntamente com a letra, dá espaço para um pesado e longo tema instrumental, com muitos solos de guitarra. O baixo aparece com destaque, dando sequência para mais um solo de guitarra. A letra também muda de melodia, acompanhando o peso das guitarras. Finalmente, as guitarras passam a fazer a melodia e os acordes do cravo, com Andre repetindo a letra da introdução, terminando a faixa com barulhos de sirene e muitos sintetizadores.  
Após a quebradeira de “Living for the Night”, o ouvinte não consegue respirar, pois “Prelude to Oblivion” vem com tudo. Os vocais imitando um coral e a guitarra, igual ao violino, interpreta temas eruditos de forma rápida, trazendo citações a Beethoven, Mozart e Vivaldi. Vale destacar a presença do quarteto de cordas The Kubala Quartet Strings, formado por Fábio Brucoli (violinos), Renata Kubala (violinos), Ricardo Kubala (viola) e Suzana Kato (cello). 
“Theatre of Fate” é a mais pesada do álbum, seguindo a linha de “To Live Again” e com um baita arranjo das guitarras. A clássica “Moonlight” encerra o álbum, trazendo a melodia de “Moonlight Sonata” de Beethoven ao piano, acompanhado pela letra construída por Andre. Toda a canção é em cima da melodia da obra de Beethoven. Essa canção viria aparecer anos depois no álbum solo do vocalista, Time to Be Free (2007), porém com outra cara e com o nome de “A New Moonlight”.
Pit Passarell e Hugo Mariutti (acima);
Guilherme Martin, Andre Matos e Felipe Machado (abaixo)

Os integrantes, com exceção de Andre Matos, não curtiram muito a virada no som e preferiam seguir um caminho mais pesado, ao estilo do primeiro álbum. Mesmo com o sucesso de Theatre of Fate, Andre decidiu terminar sua faculdade de música ao invés de retomar aos sons mais pesados e seguir carreira com o Viper, formando depois o Angra e o Shaman.

O Viper continuou uma carreira de altos e baixos e atualmente brinda os fãs com a To Live Again Tour que está circulando pelo país com Andre, Pit, Felipe, Guilherme e Hugo Mariutti (guitarras). Em alguns shows rola a participação especial de Yves (hoje no Capital Inicial) brindando os fãs com interpretações fieis para dois grandiosos discos, sendo Theatre of Fate essencial em qualquer coleção respeitável do gênero.

Track list

1. Illusions
2. At Least a Chance
3. To Live Again
4. A Cry from the Edge
5. Living for the Night
6. Prelude to Oblivion
7. Theatre of Fate
8. Moonlight

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