Review Exclusivo: Anthrax e Misfits (Porto Alegre, 25 de abril de 2012)

Review Exclusivo: Anthrax e Misfits (Porto Alegre, 25 de abril de 2012)

Por Pablo Ribeiro

“Chuva do capeta e inferno na terra!”

Vinte e cinco de abril foi uma quarta-feira inesquecível para os fãs dos novaiorquinos do Anthrax. Pisando pela primeira vez na capital gaúcha, a veterana banda thrash metal, formada há mais de três décadas, desembarcou por aqui trazendo na bagagem canções de seu mais recente disco, o maravilhoso Worship Music (2011), e clássicos essenciais de toda a sua carreira com o vocalista Joey Belladona – que após uma tour de reunião entre 2005 e 2007, voltou pra ficar em 2010 –, e um par de canções extraídas de seu disco de estreia, ainda com Neil Turbin nos vocais.

Nenhuma música da época em que John Bush comandou o microfone na banda – substituindo Belladona de 1992 a 2004 e por um curto período entre 2009 e 2010 – foi executada. Apesar de diversas delas serem ótimas, sinceramente, não fizeram falta, tamanha a qualidade dos clássicos e das faixas presentes em Worship Music. Como abertura, os escolhidos foram os também veteranos do Misfits, uma das assumidas inspirações do próprio Anthrax, por sinal. Somando os dois, garantia de uma noite ímpar!

Foi o que aconteceu. Minutos depois das 21h, o barulho de chuva, trovões e sinos começou a ecoar pelos PAs. A introdução de “The Devil’s Rain”, primeira música do disco homônimo, lançado no final do ano passado, logo deu início ao show, seguida por “Vivid Red”, do mesmo álbum (fechando a dobradinha que o inicia). Dali pra frente, rodas punks se abriram na plateia do Teatro do Bourbon Country, e assim foi praticamente durante todo o set dos caras, que desfilaram clássicos do seu “horror punk” característico, intercaladas por canções mais recentes.

Apesar de não constituir a formação mais forte do grupo, o trio que subiu ao palco é competente no que se propõe, e, com exceção do recém incorporado baterista Eric “Chupacabra” (que porra de maquiagem é aquela?), que apesar de segurar a onda, não passa de razoável, tínhamos no palco duas lendas do rock, mais especificamente do punk: o baixista e vocalista Jerry Only, único membro original, e que manteve o nome do Misfits vivo, responsável por definir a imagem do horror punk através dos anos, e Dez Cadena, guitarrista do lendário Black Flag, banda punk/hardcore californiana do começo dos anos 80.

No setlist, músicas dos anos 80 (fase clássica do grupo, da época em que o marrento Glenn Danzig tomava conta do microfone), como “She”, “Hybrid Moments” e “We Are 138”; sons do retorno da banda no final dos anos 90 (após 12 anos de hiato) como “Dig Up Her Bones”, e várias do recente The Devil’s Rain, como “Land of the Dead”, encerrando o show com a clássica “Die, Die My Darling“. Em praticamente uma hora, o trio divertiu a plateia com um show eficiente, ágil e divertido, aquecendo o público para a atração principal, que viria logo a seguir.

Pouco depois das 22h30min, os PAs voltam a cuspir uma introdução. Desta feita, “Worship”, que abre o último disco do Anthrax. Pouco mais de um minuto depois, emendado com a intro, a bateria precisa e demolidora de Charlie Benante põs tudo abaixo em “Earth on Hell“, com seu andamento alternando velocidade com cadência. Excelente abertura!

Em seguida, a fodidíssima “Fight ‘Em ‘Til You Can’t”, primeiro single de Worship Music, arrebentou com o lugar e os pescoços dos presentes, mostrando que Joey Belladona ainda tem uma das mais poderosas vozes do metal. O cara está cantando muito, mesmo! Aliás, o Anthrax sempre teve músicos excepcionais, e a atual formação do grupo, que conta, além de Belladonna, com Frank Bello no baixo e vocais, Rob Caggiano e o figuraça Scott Ian nas guitarras, é fantástica e faz jus com honras à história da banda. Com exceção de Caggiano, que é mais paradão (mas excelente músico tanto em técnica quanto em feeling) todos agitam pra cacete, destilando energia!

Depois das primeiras canções, ambas do disco mais recente, o primeiro clássico da noite: a estupenda “Caught in a Mosh”! Dificil descrever o impacto que essa música tem ao vivo… Impressionante é pouco! O termo não define com justiça a performance perfeita da banda nessa música e em todo o show! A divertida “Antisocial” (cover da banda francesa Trust) é a seguinte, mantendo a temperatura, que puxa mais uma ótima paulada de Worship Music: “The Devil You Know”, segundo single da bolacha, digna de rodas das mais violentas por parte do público.

Indians“, outro clássico infalível do repertório dos anos 80, maltratou os pescoços, para logo depois dar espaço à última nova da noite: “In the End”, outro petardo de Worship Music. Depois, outro cover, dessa vez, “Got the Time”, de Joe Jackson, presente em boa parte das turnês, com trabalho incrível de Bello.

Dali em diante, uma maioria de clássicos indispensáveis e obrigatórios: “Deathrider“, speed/thrash do primeiro disco dos caras, que fica ainda mais poderosa com os vocais de Belladona, “Medusa”, resgatada nas turnês mais recentes do grupo, para delírio dos “iniciados”, “Among the Living” (do disco homônimo, o melhor e mais poderoso dos caras), e “Be All, End All“, com Ian mandando na guitarra a introdução originalmente tocada em violinos, fechando a primeira parte do show, antes do primeiro encore, que veio com outra maravilha das antigas: “Madhouse”, que novamente colocou fogo no lugar, assim como outra do primeiro disco, a esmagadora “Metal Thrashing Mad”, na qual Belladona novamente mostrou que está em grande forma, mesmo depois de quase duas horas de show.

Um tempo para sacar os danos no pescoço, e mais um encore. Começaram mandando o rapcore de “I’m the Man”, no qual Belladona, com um capacete de mestre de obras, se arriscou a dar umas pauladas na bateria junto com Benante, enquanto Bello e Ian mandavam nos vocais. Tocaram um trecho da música, e logo depois, ainda com Ian ao microfone – que aliás, aprendeu, segundo ele mesmo, o essencial do português: “obrigado” e algumas marcas de cerveja –, puxaram uma versão muito bacana de “Refuse/Resist”, do Sepultura.

Depois dessa dupla, a – infelizmente – última da noite: “I Am the Law”, outra do obrigatório Among the Living, encerrando com chave de ouro uma noite histórica em Porto Alegre! Quem esteve lá, com certeza nunca esquecerá…

1. The Devil’s Rain
2. Vivid Red
3. Land of the Dead
4. The Black Hole
5. Scream!
6. Twilight of the Dead
7. Father
8. Static Age
9. Bullet
10. She
11. Abominable Dr. Phibes
12. American Psycho
13. The Shining
14. Dig Up Her Bones
15. The Monkey’s Paw
16. Halloween
17. Skulls
18. Where Eagles Dare
19. Hatebreeders
20. Thirsty and Miserable
21. Saturday Night
22. Descending Angel
23. Die, Die My Darling
Setlist do Anthrax:
1. Earth on Hell
2. Fight ‘Em Till You Can’t
3. Caught in a Mosh
4. Antisocial
5. The Devil You Know
6. Indians
7. In the End
8. Got the Time
9. Deathrider
10. Medusa
11. Among the Living
12. Be All, End All
13. Madhouse
14. Metal Thrashing Mad
15. I’m the Man
16. Refuse/Resist
17. I Am the Law

5 comentários sobre “Review Exclusivo: Anthrax e Misfits (Porto Alegre, 25 de abril de 2012)

  1. Este realmente foi um baita show. Assistri ao Anthrax ao vivo é uma grande experiencia. O que mais marca é o carisma de Scott Ian. O cara agita pacas, sempre rindo e levantando a galera. Outro que é fantástico como pessoa é o Belladona. O cara canta muito, é carismático pra caramba e também não para. É difícil entender como o velhinho saiu do Anthrax, o lugar sempre foi dele. E cara, como o Benante tatocando, um animal atrás do bumbo.
    Enfim, falta o Slayer ainda para encerrar o ciclo do Big Four em Porto Alegre, já que os demais passaram por lá (Megadeth, Metallica e Anthrax) e eu infelizmente não vi o Megadeth por não ter o $ na época.

  2. Dois grandes shows, coisa de primeira qualidade mesmo!

    Já havia visto o Misfits antes, em um show como atração principal. Foi bem melhor, por durar mais, por tocarem mais clássicos e por ser a primeira vez! Mas, tirando o excesso de músicas novas (muito boas sim, mas ainda desconhecidas do pessoal), e a curta duração do show (faltou muita coisa, dava para fazer mais uma hora tranquilo), foi excelente. Jerry Only atingiu o status de lenda do punk faz tempo, e vem mantendo esse patamar!

    Quanto ao Anthrax, foi melhor ainda. O carisma de Belladona (que mandou muito bem o show inteiro, tanto nos vocais quanto na sua posição de frontman), a capacidade de Benante na bateria, Ian mandando ver na guitarra (outra lenda do rock mundial), Caggiano mandando solos precisos e Bello correndo alucinado, praticamente parando apenas para fazer os backings, foram muito marcantes.

    Sinceramente, nem eu sabia que curtia tanto de Anthrax. "I´m the Man" e "Refuse/Resist" foram grandes surpresas. O repertório foi repleto de clássicos (pena que faltou o cocar de Joey em "Indians"), e as músicas do disco novo foram extremamente bem escolhidas. Foi quase, quase perfeito. Faltou só mais uma meia hora para acabar de vez com a galera!

    Bela resenha, Pablo!

  3. Obrigado pelo eogio Micael!
    Mairon, Belladona caiu – ou "foi caído", nuca ficou muito bem esclarecido – da banda, por não estar contente com os flertes do Anthrax com o RAP, por exemplo. Ainda bem que voltou (por mais que eu curta John Bush)!!!

  4. Among the Living! Demorou pra ressucitarem essa música, que esteve sumida dos repertórios dos últimos 20 anos, apesar de ter ficado excelente com o John Bush no "Greater of two evils"

    Já Antisocial, Got the time e Medusa podiam sumir pelo próximo século 😀

Deixe um comentário para Daniel Araujo Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.