R.E.M. – In Time: The Best of R.E.M. 1988 – 2003 (Limited Edition) [2003]

R.E.M. – In Time: The Best of R.E.M. 1988 – 2003 (Limited Edition) [2003]
Por Mairon Machado
Raramente compro um LP/CD que seja uma coletânea. A não ser que o produto conte com material diferenciado, que não seja aqueles old hits que já tenho nos álbuns oficiais, não creio que valha a pena investir dinheiro em um material desse tipo, porém, In Time: The Best of R. E. M. 1988 – 2003 chamou minha atenção por sua edição dupla limitada, na qual o primeiro CD apresenta os sucessos do grupo no período de 1988 a 2003, enquanto o segundo CD é repleto de raridades e canções inéditas.
Fundado em 1980 na cidade de Athens, Estados Unidos, através de Michael Stipe (voz), Peter Buck (guitarra, mandolim), Bill Berry (bateria) e Mike Mills (baixo, teclados, voz),o R.E.M. possui duas fases distintas: a época na qual pertenciam ao selo I.R.S. (entre 1983 e 1987) e outra já pela Warner Records. É exatamente essa segunda etapa que é abordada por essa coletânea, e, não por acaso, a época de maior sucesso do grupo, onde o R.E.M. deixou de ser uma grande banda de garagem para se tornar uma das maiores bandas do planeta.
Peter Buck, Michael Stipe, Bill Berry e Mike Mills
Como dito, o primeiro CD apresenta somente canções que se tornaram grandes hits na carreira do grupo entre 1988 e 2003, abrangendo os sete álbuns lançados nesse período. Assim, temos 16 faixas, as quais são: duas de Green (1989 – “Orange Crush“, a canção mais U2 que o U2 nunca gravou, e “Stand”); uma de Out of Time (1991 – a clássica “Losing My Religion“); quatro de Automatic for the People (1992 – “Man on the Moon”, “The Sidewinder Sleeps Tonite”, “Everybody Hurts” e “Nightswimming“, e que particularmente é o melhor disco da carreira do grupo, afinal, quem nunca chorou com “Everybody Hurts”?); uma de Monster (1994 – “What’s the Frequency, Kenneth?”); duas de New Adventures in Hi-Fi (1996 – “E-Bow Letter” e “Electrolite“); duas de Up (1998 – “Daysleeper”, “At My Most Beautiful”) e duas de Reveal (2001 – “All the Way to Reno” e “Imitation of Life“).
Completam a bolachinha “The Great Beyond“, na versão lançada na trilha sonora do filme “Man on the Moon” (1999), “All the Right Friends”, na edição lançada na trilha sonora do filme “Vanilla Sky” (2003), e duas canções inéditas: “Bad Day” e “Animal”. Todas as canções marcaram a carreira do grupo, principalmente “Losing My Religion”, que foi primeiro lugar em muitos países, e tornou o nome R.E.M. conhecido mundialmente.
Algumas músicas acabaram ficando de fora, e é principalmente sentida a ausência de mais canções de Out of Time. Poderiam ter entrado “Low” e “Shiny Happy People”, por exemplo, mas claro, é compreensível que nem toda coletânea seja perfeita.
A capa slipcase de In Time

A ausência dessas faixas é compensada no CD 2. Para começar, o engraçadíssimo videoclipe da canção “Bad Day“, com Michael fazendo o papel do apresentador de um jornal televisivo, enquanto Mike faz o papel do  assustado homem do tempo e Peter representa um meteorologista, além de um assessor de Stipe e um repórter (lembrando que Berry saiu do grupo em 1997, e por isso não participa do vídeo). Além disso, há a oportunidade de acesso direto para cadastro no site do grupo, onde o fã passa a ter mimos especiais do R.E.M., como notícias em primeira mão e desconto em ingressos.

Na parte musical, quinze raridades que agradam todos os gostos, abrindo com uma versão acústica para “Pop Song ’89”, muito mais bonita que a original, a arrebatadora versão para “Turn You Inside-Out”, retirada do excelente DVD Tourfilm, de 1990, época na qual o grupo ainda estava engatinhando no sucesso, e que mostra como Michael possui uma performance arrebatadora ao vivo, a bela “Fretless”, trilha do filme “Until the End of the World” (1991), e a experimental “Chance (dub)”, lado B do single de “Everybody Hurts”.
Pôster autografado

Mais experimentações são ouvidas em “It’s A Free World Baby”, retirada da trilha do filme “Coneheads” (1993), a perfeita versão para “Drive”, gravada para o Greenpeace em 1994, que é de arrepiar, bem diferente da original, com mais peso e com Michael cantando raivosamente, longe da calmaria registrada em Automatic for the People, e nas canções de trilhas, começando com a engraçada edição de “Star Me Kitten”, com os vocais de William Burroughs, retirada da trilha Songs in the Key of X Music from and Ispired by the X-Files (1996), a pesada “Revolution”, presente no filme “Batman & Robin” (1997) e “Leave”, do filme “A Life Less Ordinary” (1997), bem diferente da longa edição presente em New Adventures in Hi-Fi, repleta de eletrônicos e com uma interpretação vocal bem diferente, além da bela “Why Not Smile”, lançada em uma edição especial da revista Oxford Magazine.

O single para “Imitation of Life” levou todas suas bônus, através de “The Lifting”, “Beat a Drum”, em uma belíssima versão acústica, e “2JN”, uma homenagem para Jack Nietzsche que parece ter saído de Pet Sounds (1966, Beach Boys). Completam a segunda bolacha “The One I Love”, gravada acusticamente durante a participação do grupo no  programa The Museum of Television and Radio, em 2001, com Mills no piano, Buck no violão e Michael destruindo nos vocais, arrepiando tanto quanto a versão original, lançada no álbum Document (1987), e “Country Feedback”, gravada ao vivo em Wiesbaden, Alemanha, durante uma apresentação em 2003, na qual ela foi a mais votada pelo público para ser tocada naquela noite.
In Time e seus mimos

Como mimo, a edição limitada possui uma capa protetora de plaśtico, um poster com o trio Stipe, Mills e Buck, um slipcase que abriga os dois CDs e mais um livreto com 40 páginas, onde Buck apresenta sua visão para cada uma das canções que aparecem no CD, e onde aprendemos, por exemplo, que Buck sempre foi apaixonado por Patti Smith (que participa cantando em “E-Bow Letter”) e que “At My Most Beautiful” foi composta para homenagear o The Beach Boys, além da frustração do mesmo em ter que deixar “Fretless” e “It’s A Free World Baby” de fora do álbum Out of Time.

Existem mais duas versões para este álbum: a versão original (apenas com as canções do CD 1) e uma que traz como bônus um DVD com os videoclipes das canções pertencentes ao mesmo, que também é recomendado.
Mike Mills, Michael Stipe e Peter Buck

Se você é fã, trata-se de um item obrigatório, principalmente pelo lado das raridades. Se você apenas aprecia o grupo, é tambem obrigatório pela quantidade de canções que você certamente tem no seu iPod, e se não conhece a banda, compre já, pois é o que poderia ter de melhor no mercado em se tratando desse período do R.E.M. na gravadora Warner.

5 comentários sobre “R.E.M. – In Time: The Best of R.E.M. 1988 – 2003 (Limited Edition) [2003]

  1. Belo texto para um disco realmente essencial para quem é fã do REM. O disco de raridades vale (e muito) o investimento.

    Uma curiosidade é que foi exatamente essa versão ao vivo de "Turn You Inside Out" que me fez virar fanático pelo grupo, ao assistir na antiga TV Manchete um especial com clipes do "Out Of TIme" e partes do "Tourfilm", que ainda acho o melhor vídeo do REM já lançado. Encontrá-la no track list desta coletânea foi uma agradabilíssima surpresa.

  2. Nunca ouvi sequer um álbum do R.E.M. de cabo a rabo, mas não sou besta de não reconhecer seu valor. É uma banda única, e muito do material que conheço do grupo é de grande qualidade, vide seus maiores hits, como a soberba "The One I Love", que precede a fase abordada por essa coletânea, e provavelmente potencializou a contratação do R.E.M. pela Warner.

    Vem cá, vocês repararam na colcha de =^.^= gatinhos =^.^= do Mairon??? Heheheheh…

  3. Apesar de reconhecer as qualidades de varias musicas da banda, como "The One I Love" e "End Of The World", sempre que se fala em REM, o que me vem a cabeça é a insuportavel "Shiny Happy People"… Existe música pior???

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