Cinco Discos para Conhecer: Bandas Fictícias

Cinco Discos para Conhecer: Bandas Fictícias

Por Fernando Bueno

O mundo da música já é praticamente infinito, mesmo que a pessoa tenha interesse em apenas um estilo dentre os diversos existentes. É impossível conhecer tudo o que existe nesse mundão aí, imagina então as bandas que nem existem. No universo do cinema e televisão algumas histórias fictícias envolvendo o mundo da música já surgiram diversas vezes. Porém, alguns produtores resolveram não só escrever histórias, mas também as músicas que fazem parte daquele universo criado por eles. Assim apresento aqui cinco discos para se conhecer algumas bandas fictícias que de alguma forma tiveram músicas lançadas sob seu nome. O mais interessante é que algumas delas saíram das telas da TV ou do cinema e se tornaram bandas reais que chegaram até mesmo a se apresentarem ao vivo. Esse texto já estava programado há algum tempo e acabou sendo publicado em meio à polêmica do Velvet Sundown, que é uma banda criada por inteligência artificial. Esse artifício está sendo muito utilizado pelas plataformas de streaming para tentar emplacar músicas feitas por IA para evitar a necessidade de pagamento das bandas reais. É um assunto polêmico que não será abordado nesse texto.


The Monkees – Headquarters (1967)

Se é para começar, vamos começar do início. Os Monkees foram os pioneiros das bandas fictícias. A banda foi criada para a série de TV de mesmo nome e seus integrantes foram selecionados entre centenas de jovens atores. Em um primeiro momento a única coisa que faziam era cantar, mas a partir do terceiro disco, Headquarters, começaram a criar suas próprias músicas e a tocar os instrumentos. A partir daí se tornaram uma banda de verdade. Os dois primeiros discos valem a audição pois possuem músicas cativantes e refrãos marcantes na linha do que os Beatles estavam fazendo nos seus primeiros álbuns. Ouça “I’m A Believer”, seu maior sucesso, do segundo álbum More of The Monkees. O estilo no terceiro disco não mudou muito o estilo, mas tem a vantagem de ter seus componentes realmente tocando e cantando e no todo é um disco melhor que os dois primeiros.


Stillwater – Stillwater (2001)

O filme Quase Famosos, ou Almost Famous, de Cameron Crowe, é um clássico dos filmes musicais. Apresenta uma história baseada em um escritor iniciante que trabalhava para a revista Rolling Stone no ínicio dos anos 70 que tem a missão de acompanhar uma banda grande da época e conseguir uma matéria. Vivendo com a banda ele descobriu que a vida na estrada e nos bastidores do rock and roll não é tão glamourosa quanto parece. O Sitllwater é a banda ficítica, muito baseada no Led Zepellin, mas que é uma amálgama de várias outras também. Esse é o EP que veio com o DVD da versão do diretor para o filme. A trilha sonora original traz apenas uma das músicas, “Fever Dog”, mas o EP vem com mais cinco faixas que foram escritas comente para a banda. Músicos como Peter Frampton e Nancy Wilson, do Heart e então esposa de Cameron Crowe, participam das composições que misturam os estilos de Led Zeppelin, Alman Brothers e Humble Pie.


Spinal Tap – This is Spinal Tap (1984)

Outro clássico quando se fala de filmes musicais. Primeiramente a banda foi apresentada dentro de um programa de humor em 1979. Era um especial da TV e a “banda” participou de um esquete. Alguns anos depois decidiram fazer um filme em forma de documentário acompanhando o dia a dia da banda como se eles fossem um grupo famoso com anos e anos de estrada que passava por um momento turbulento de sua carreira. Esse estilo de filme chama-se “mockumentary”, que significa um documentário satírico. Eles brincam com a cena do heavy metal e hard rock do início dos anos 80 com tom debochado, parodiando todos os exageros do mundo do rock nos anos 70 e 80. A cena em que brincam com a produção de palco com o uso de uma representação de Stonehenge é ilária. Também brincam com as contantes trocas de músicos que as bandas passam normalmente – o baterista é substituído praticamente todos os dias. Apesar da origem cômica, os atores tocaram de verdade e a banda fez turnês no mundo real. As músicas são feitas com temas engraçados, mas são tocadas como se fossem hinos. Ouçam “Big Bottom” e a faixa que se tornou número 5 no Japão. “The Farm”. Não deixem de ver o filme também.


Steel Dragon: Rock Star – Music From the Motion Picture (2001)

A história por trás do que aconteceu com Tim Owens quando substituiu Rob Halford no Judas Priest foi a inspiração e foi adaptada para o enredo de Rock Star. Conta como que um vocalista já sem clima dentro de sua banda, muito por conta da sua homossexualidade recém-descoberta, foi substituído por um fã do grupo. Na trilha sonora diversas bandas consagradas como Motley Crue, Bon Jovi, Kiss e Ted Nugent, mas o que conta e faz valer a pena é mesmo as músicas compostas para serem os sucessos do próprio Steel Dragon. São seis faixas compostas e gravadas por Zakk Wylde, Jason Bonham, Jeff Pilson (Dokken), Jeff Scott Soto, entre outros. Músicas muito na linha do que Whitesnake, Dio e Ozzy Osbourne faziam ali no meio dos anos 80, mas claro que o próprio Judas Priest também foi uma grande influência. Os inconfundíveis harmônicos de Zakk Wylde não poderiam faltar.


Daisy Jones & The Six – Aurora (2023)

O responsável por eu ter elaborado essa lista. Vi a série recentemente e achei ótima. E aqui o pacote é completo. A série é baseada em um livro escrito por Taylor Jenkins Reid em 2019. Então temos um combo completo: livro, série e disco. O enredo se baseia em uma banda com dificuldades de se estabelecer que consegue um sucesso depois de uma parceria com outra compositora. No geral a história se inspira no sucesso, conflitos e dramas do Fletwood Mac da época do álbum Rumours. As músicas também têm muita influência dessa banda e foram compostas e gravadas pelo próprio elenco. Músicas como “The River” e “Look At Us Now” são ótimas e funcionam demais mesmo fora da série.  Incrível a química entre Riley Keough e Sam Claflin tanto na atuação quanto no dueto vocal. A série e as músicas cresceram demais coma presença desses dois. Riley vem de uma família do ramo. Ela é filha de Lisa Marie Presley, portanto neta de Elvis Presley.  


Se você curte música, cinema e boas histórias, vale a pena explorar esses discos. Afinal, quem disse que só bandas “de verdade” fazem boa música?

 

3 comentários sobre “Cinco Discos para Conhecer: Bandas Fictícias

  1. Muito legal essa ideia, e eu não esperava que fossem “bandas” feitas para filmes (ou programas de TV, como no caso dos Monkees). Nessa toada, como esquecer dos Archies? “Sugar Sugar” é um verdadeiro hino do bubblegum pop, por isso faço questão de deixar o registro.
    Algumas “bandas” foram responsáveis por discos bem interessantes, às vezes juntando músicos famosos e, em alguns casos, fizeram bastante sucesso – veja Nat Kendrick & The Swans, picaretagem do James Brown aproveitando os músicos de sua banda de apoio, que lideraram a parada americana com “(Do The) Mashed Potatoes Parts 1 & 2”. Outras “bandas” fizeram discos bem interessantes, como o Green Bullfrog, que trazia Blackmore e Paice se divertindo numa brincadeira do ex-produtor Derek Lawrence, e o Funky Junction, que trouxe Phil Lynott e Brian Downey tocando, entre outros, Deep Purple. Quem sabe uma parte 2?

  2. Também achei, quando vi o título da postagem, que o caminho seria outro huehahahaha No entanto, mais dia, menos dia teremos que falar de coisas como o Velvet Sundown…
    Muito legal, Fernando, parabéns! Confesso que não conhecia Daisy Jones & The Six – nem o livro, nem a série, e pelo seu texto já estou aqui pronto para assistir e ouvir. E concordo com o Marcello, cabe sim uma parte II.

  3. Muito legal a matéria, Fernando. Nessa mesma pegada, me recordo de alguns artistas que foram criados para o filme, mas sem o foco em música inédita. Caso dos The Commitments. Teria o Backbeat que não sei se caberia (no filme, usaram o nome dos Beatles, mas criaram uma banda com músicos renomados para gravar a trilha sonora). Também me recordo de outros artistas criados para filmes, mas que não criaram muitas canções. Acabavam gravando somente 1, 2 ou 3 músicas para o filme. Caso do Barbusters (que nada mais é do que a Joan Jett & The Blackhearts) que gravaram 3 músicas para o Light of Day, filme do Michael J. Fox. Tem também o Dudes of Wrath que gravaram 2 sons para o filme Shocker, e era um supergroup com Tommy Lee, Rudy Sarzo, Vivian Campbell, Desmond Child e Paul Stanley. Um exemplo que certamente caberia é o The Wonders, mas eu lembro que já comentamos do disco no Consultoria Recomenda Trilhas Sonoras.

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