Como foi o Summer Breeze Brasil?

Como foi o Summer Breeze Brasil?

Por Fernando Bueno

Há uma semana o Brasil recebeu a primeira edição do festival alemão Summer Breeze. Apesar de termos no Brasil vários grandes festivais de música é a primeira vez que temos algo mais parecido com o formato dos grandes eventos que acontecem no verão europeu. Por ter sido programado apenas uma semana depois do já consagrado Monsters of Rock preocupou muita gente depois do anúncio de ambos os festivais. Será que o combalido bolso do brasileiro conseguiria bancar dois festivais de grande porte com apenas uma semana de diferença entre um e outro? E a resposta para isso foi positiva.

Uma semana antes cerca de 50 mil pessoas foram ao estádio da Barra Funda (local bem próximo ao Memorial da América Latina, por sinal) para ver grandes nomes do rock e metal. Para o Summer Breeze, apesar de não ser uma informação oficial, foi informado que 15 mil pessoas compareceram por dia. Em um primeiro momento a comparação desses números parece favorecer em muito o primeiro em relação ao segundo. Porém acredito que era mesmo de se esperar que Kiss, Scorpions, Deep Purple e todas as bandas que tocaram no Monsters tivessem muito mais apelo aos fãs e até mesmos aqueles que nem são tão fãs assim comparecessem. Ou seja, o Monsters of Rock atraiu muito mais gente por ter tido essa característica de evento mais amplo. Já o Summer Breeze é realmente mais nichado, pois os grandes nomes do festival apesar de serem cultuados pelos fãs do estilo não tem tanto apelo junto ao ouvinte mais casual. E pela lotação e ocupação dos espaços do Memorial da América Latina imagino que não fosse possível comportar muito mais gente mesmo.

E a diferença entre os estilos de festival passa por essa noção de ocupação de espaços mesmo. Enquanto o Monsters tinha o público em frente à um palco com as bandas se apresentando uma após a outra, o Summer Breeze tinha vários palcos, com bandas se apresentando muitas vezes ao mesmo tempo o que obrigava as pessoas a circularem pelo local. E é aí o meu ponto para dizer que o local, apesar de enorme. talvez não comportasse muito mais gente circulando ao todo momento. E não foram só shows. Tivemos feira geek, cosplay, artigos medievais, palestras, apresentação de documentário e outros.

Logo de cara um sentimento se instalou em nossa cabeça sobre todo o evento e a concorrência de opções que tínhamos ao mesmo tempo: “festival é um resultado de escolhas”. Já que era humanamente impossível ser onipresente no festival. Logo na entrada acabamos não assistindo ao show do Voodoo Kiss e Benediction por estar envolvido no reconhecimento do local e também na compra do merchandising. Não assistimos, mas ouvimos tudo com clareza pois o som do festival foi um dos pontos altos apesar de muita gente lembrar dasfalhas que aconteceram em alguns momentos como nos inícios dos shows da Crypta e do Grave Digger. Não dava para ver tudo o que estava rolando pois você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mesmo eu que sou fominha e não quero perder nada tive que fazer essas escolhas. Tenho amigos que optaram por ver o Bittencourt Project e não viram o show fantástico do H.E.A.T. (a banda deve ter gostado também pois nem bem saairam do palco, desceram ali na frente para atender o público). Eu sai no finalzinho do ótimo show que o Skid Row estava fazendo para pegar a palestra do Bruce Dickinson. Porém a escolha mais difícil que eu fiz, já próximo ao horário dos acontecimentos, pois ainda tinha esperanças de conseguir, foi abdicar do show do Accept para não comprometer minha posição privilegiada para ver o Blind Guardian. Se eu não tivesse visto o Accept outras vezes é possível que eu tentasse, mas seria a minha primeira vez vendo o Blind Guardian e acabei fazendo essa escolha. Só um comentário para não esquecer. Elogiei o som do festival, pois era tudo muito nítido, mas em alguns momentos, principalmente nos momentos em que estávamos bem próximos aos palcos Hot e Ice o som estava MUITO alto. Cada nota da primeira corda do baixo, cada pisada no bumbo parecia que a gente tomava um murro de algum lutador de MMA.

Por ter escolhido ficar à frente do palco em que iria se apresentar o Blind Guardian acabei pegando o show do Stone Tempe Pilots. Apesar de ter achado um show bem interessante foi somente em “Plush” que o público reagiu com mais entusiasmo. Talvez se tivessem sidos trocados de palcos, Accept e Stone Tempe Pilots, a receptividade de ambas as bandas fosse maior e diretamente com seus respectivos fãs. O mesmo aconteceu no dia seguinte em que muita gente saiu correndo do final do show do Avantasia para ir até o outro palco em que o Stratovarius estaria tocando. Essa é uma constatação que parece ser feita por fã cabeça fechada, porém é bastante prática já que acredito que o festival pode sim comportar diversas vertentes de metal na mesma edição, somente podia favorecer melhor os fãs de cada uma delas. Não sei como foi o show do Parkway Drive, mas do meio para o fim do Stratovarius a gente podia ver muita gente vindo lá na passarela. Rolou uma conversa que não pude confirmar de que a banda australiana teria ficado incomodada por conta do público menor do que esperavam e acabaram o show antes. Porém comparei a quantidade de músicas do set list do show do Summer Breeze (13 no total), com o show no Chile três dias antes e o Knotfest do Japão (11 músicas) e o show no México dois dias depois (12 músicas). Então acredito que o show teve duração normal.

Li algumas pessoas reclamando do local dos shows no anfiteatro. Vi somente a palestra do Bruce Dickinson e os shows do Apocalyptica e Evergrey e achei ótimo. Até pelo fato de que esses shows foram os últimos de uma maratona diárias e as poltronas foram muito bem-vindas. No Evergrey acabei até indo para a frente do palco depois de descansar por algumas músicas.

Não tinha intenção de fazer uma resenha de cada show que vimos nos dois dias, muitos lugares na internet estão trazendo detalhes de todos os shows, a intenção do texto é tentar passar uma visão ampla de quem esteve presente e trazer a resposta para a pergunta que todo mundo faz nessas ocasiões: valeu a pena? A resposta para isso fica fácil de responder considerando a quantidade de pessoas que saíram de lá no fim do domingo e nas redes sociais nos dias seguintes perguntando se já dava para comprar os ingressos para o ano que vem. Fico feliz por toda experiência pois apostei desde o início que seria um evento legal. Comprei os ingressos logo no primeiro dia e acabei pegando também o acesso ao Summer Lounge. Não sei se toda a experiência que tive foi potencializada por ter esse acesso, mas realmente valeu muito a pena. Muita gente acaba fazendo contas de quanto bebeu ou comeu para dizer se valeria ou não a pena o valor do Summer Lounge, mas não é somente a quantidade de comida e bebida que o benefício prometia. O fato de termos acesso facilitado aos principais palcos, na cara do gol, bares, banheiros próximos e garantia de que se você precisasse sair poderia voltar ao seu lugar com facilidade foi um diferencial enorme. Somado à isso o fato de não ter tido sequer um empurra-empurra garante que nas próximas edições farei de tudo para pagar novamente por essas facilidades.

Não posso deixar de registrar a grande diversidade de idade das pessoas que foram ao festival. Vi crianças que me deixaram bastante animado com o futuro do metal. Quem venham novas edições e talvez outros festivais nesse estilo. Line ups imaginários já estão sendo montados nas cabeças de todos os fãs. A organização postou em seu instagram que a edição de 2024 já está confirmada. Quem sabe a gente não acerta algumas bandas do próximo. Quem você acha que poderia vir para tocar aqui?

6 comentários sobre “Como foi o Summer Breeze Brasil?

  1. Como sou ansioso eu mesmo vou colocar aqui algumas bandas que poderia estar no festival ano que vem seguindomais ou menos o esquema qe foi feito nesse ano.
    Dois headliners: Amon Amarth e Arch Enemy
    Duas bandas de thrash clássicas: Exodus e Sodom
    Duas bandas de hard rock: Stryper e Revolution Saints
    Duas bandas de metal mais moderno: Soulfly e Machine Head
    Duas bandas mais novas com muito potencial: Burning Witches e Night Demon
    Imagina fechar tudo com o King Diamond?

  2. Legal a matéria, Fernando. Só uma pergunta. Nos festivais europeus costumam rolar tardes de autógrafo durante o evento. Teve alguma nessa edição?

    Nomes que poderiam rolar em uma próxima edição são vários: Axel Rudi Pell, Within Temptation,, Tarja, Fates Warning, Danzig, W.A.S.P., L.A Guns, Epica, Eclipse, Ratos de Porão, Dr. Sin, reunião do Pantera, etc etc etc

  3. O que me fez NÃO ir ao festival foi justamente esse corre que teria que fazer. Eu sou bem eclético e provavelmente curtiria tudo, mas sempre temos nossas preferências. Ter que sair de um lado para o outro toda hora me cansou só de pensar… Como uma boa parte das bandas iria ou vai passar pela minha cidade acabei juntando lé com cré e não fui… gosto da experiência de festivais, mas essa parada de uma banda atravessar a outra n me agrada msm. Partiu Otacílio 2024, metal True! huahuauha

    1. Sei que é difícil pensar assim, mas, com tanta coisa acontecendo, acredito que se vc não quiser ficar andando e ficar no mesmo lugar o dia todo vai curtir bastante também.

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