Alice in Chains: The Devil Put Dinosaurs Here [2013]

Alice in Chains: The Devil Put Dinosaurs Here [2013]

Por Micael Machado

Quando o vocalista Layne Staley faleceu há quase 20 anos, no dia 05 de abril de 2002, vítima de overdose de heroína, parecia que seria o fim do Alice in Chains. O guitarrista Jerry Cantrell engrenou uma reconhecida carreira solo (em certos momentos acompanhado do baterista Sean Kinney e do baixista Mike Inez, os outros componentes do grupo), e todos pensavam que a trajetória de um dos maiores ícones do movimento grunge estava acabada. Mas, em 2006, o guitarrista e vocalista William DuVall juntou-se aos antigos membros, e o quarteto de Seattle renasceu das cinzas, lançando em 2009 o excelente Black Gives Way to Blue, que dignamente deu continuidade à carreira da “Alice Acorrentada”.

Quatro anos depois, chegou o momento do segundo álbum com William, aquele que indicaria a validade ou não deste retorno. Para os fãs da banda, após a audição de The Devil Put Dinosaurs Here, só ficou uma certeza: o Alice in Chains havia voltado para ficar, e reclamando o seu lugar no pódio do rock mundial!

Alice in Chains 2013: Mike Inez, William DuVall, Jerry Cantrell e Sean Kinney

Sem grandes mudanças de estilo em relação ao que já foi feito antes na carreira dos americanos, a faixa “Hollow” (primeiro single liberado na internet) abre os trabalhos com um sabor conhecido daqueles que acompanham o grupo desde a década de 1990. O ritmo semi-arrastado, o timbre e o peso da guitarra de Jerry, e as vozes em dueto deste e de DuVall deixam claro que o quarteto ainda é o mesmo. Como que reafirmando esta constatação, “Pretty Done” dá continuidade ao track list, soando como algo saído do auto-intitulado terceiro disco, e apresentando um marcante refrão, característica aliás que aparece com frequência ao longo das outras faixas deste álbum.

Stone“, o segundo single do play, abre com um marcante riff de Inez, logo seguido pela timbragem tradicional das guitarras de Cantrell e DuVall. O vocalista (que cada vez mais divide esta posição com Jerry) continua soando, pelo menos em estúdio, muito parecido com o antigo cantor do grupo, o que só tende a deixar as composições ainda mais familiares aos fãs do Alice in Chains, especialmente aqueles que sempre gostaram dos duetos característicos do quarteto, e que aparecem em profusão ao longo deste disco.

 

Detalhes do CD e da arte do encarte, com as inicias AIC feitas em ossos

 

Os momentos acústicos que marcaram presença em diversos momentos ao longo da carreira da banda aparecem pela primeira vez em “Voices“, que soa como uma sobra do EP Jar of Flies, de 1994. Esta característica surge também na melódica “Scalpel” e em “Choke”, faixa que encerra o disco, como que para reafirmar que o Alice in Chains ainda é a mesma banda da época em que o Grunge dominava as paradas. Algo que também fica claro na faixa título (forte candidata a melhor música deste trabalho, e cujo início lembra muito a clássica “Love, Hate, Love”, do primeiro disco, Facelift, de 1990) e em “Lab Monkey“, que possui um trecho onde Cantrell usa o pedal wah-wah com maestria.

“Low Ceiling” é um dos primeiros sopros de “novidade” no disco, com uma sonoridade meio sessentista que quase soa alegre, apostando mais na melodia que no peso. “Breath on a Window” e “Phantom Limb” (cujo riff lembra bastante o Black Sabbath) colocam um pouco mais de velocidade no cardápio musical da banda (claro que ao estilo do Alice in Chains, ou seja, perto de qualquer banda de metal melódio estas canções seriam consideradas ‘lentonas”), mas “Hung on a Wire” recoloca a melancolia e a depressão em primeiro plano novamente, com DuVall (ou seria Cantrell?) fugindo um pouco do estilo “cópia de Layne” nos versos iniciais.

 

 A capa do álbum e suas figuras “escondidas”

 

The Devil Put Dinosaurs Here (cuja capa apresenta uma arte onde um segundo crânio de dinossauro, invertido em relação ao principal, pode ser visto quando observado pelo ângulo correto, e cuja intersecção dos dois forma uma figura onde alguns enxergam uma referência ao demônio do título) não é nenhuma ruptura com o passado da banda, e pode até ser considerado “mais do mesmo” por aqueles que não estiverem tão familiarizados assim com a carreira do quarteto. Mas, para mim, é suficiente para colocá-lo dentre os grandes discos da década passada, fácil, fácil!

“Come to me… All planned out… Offering a wonderful peace of mind worth buying”

 Track list:

 

1. Hollow

2. Pretty Done

3. Stone

4. Voices

5. The Devil Put Dinosaurs Here

6. Lab Monkey

7. Low Ceiling

8. Breath on a Window

9. Scalpel

10. Phantom Limb

11. Hung on a Hook

12. Choke

2 comentários sobre “Alice in Chains: The Devil Put Dinosaurs Here [2013]

  1. Acho que algumas pessoas desprezam injustamente o AIC com William DuVall nos vocais, mas eu gostei dos discos lançados. Os dois primeiros discos, com Layne Staley cantando, são os melhores da banda, mas é mais pelo excelente repertório do que pelo vocalista em si, na minha opinião.

    1. Concordo Marcello. O repertório dos 4 primeiros (incluindo o Jar of Flies e o disco do cachorro) são ótimos. E eu curto muito tb o Unplugeed. Mas os discos do DuVall são bons também, e ele é um ótimo cantor. O cantrell em carreira solo tb tem ótimos discos

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