Widowmaker – Blood and Bullets [1992]

Widowmaker – Blood and Bullets [1992]

 

Por Davi Pascale

Saca aquela banda que tinha de tudo para acontecer, mas infelizmente nasceu na época errada? Bem… Esse é exatamente o caso do Widowmaker. Os caras tinham tudo em suas mãos. Excelentes músicos, um cantor de responsa, repertório forte, bom visual, mas quando surgiram, a cena musical apontava para novos rumos e ficaram só na promessa mesmo. Vamos lá entender melhor tudo isso…

Apesar de ter roubado a cena nos anos 80 com o empolgante e animado Twisted Sister, Dee Snider não conseguiu colocar nas lojas o álbum de sua banda seguinte, Desperado. O time era ótimo. Na formação, estavam Bernie Tormé (Gillan) nas guitarras e Clive Burr (Iron Maiden) na bateria. As músicas eram excelentes. Mesmo assim, a Elektra resolveu engavetar o álbum de última hora. Demoraria mais de 6 anos para que o disco fosse finalmente para as lojas. Isso, claro, foi um banho de água fria para os músicos que estavam empolgados com a nova empreitada.

Dee decidiu que ia dar um tempo, curtir um pouco a família. Não demoraria, contudo, para que aparecesse com um novo projeto em mente. Para a nova fase, trouxe o baterista Joe Franco, com quem tinha tocado na ultima formação do Twisted Sister, o baixista Marc Russell, que havia o acompanhado no Desperado e o guitarrista Al Pitrelli, recém-saído da banda de Alice Cooper. Timaço, certo? O que poderia estragar tudo então?

Bem… O Widowmaker foi criado em 1991 e embora algumas bandas de hard rock tenham se destacado com álbuns emblemáticos nesse período (caso do Skid Row com Slave To The Grind, Extreme com Pornograffitti ou Guns n Roses com Use Your Illusion), eles não eram mais a bola da vez. Não eram mais o principal interesse das grandes gravadoras. A cena de rock alternativo começava a dominar as paradas, além da consagração da nova country music (nesse caso, me refiro ao mercado norte-americano).O hard começava a perder espaço. Tudo indicava que os ventos não soprariam a favor de Dee Snider e assim foi…

 

 

Se na década anterior, o cantor havia invadido a cena com seu visual espalhafatoso e suas músicas pesadas e alto astral, a situação havia invertido nos anos 90. O debut do Widowmaker foi distribuído pela BMG, porém eles entraram apenas com a distribuição mesmo. Todo o investimento com divulgação ficou por conta de um selo minúsculo que atendia pelo nome de Esquire Records. Como já dá para imaginar, a verba dos caras era curtíssima e não teve muita coisa a ser feita. Os músicos caíram na estrada tocando em pequenos clubes, contaram com entrevistas em revistas especializadas, um videoclipe e abraço. Como se fossem jovens novatos em busca de um sonho e não uma banda de rockstars iniciando uma nova era.

E por mais maluco que pareça, foi exatamente com esse álbum que me tornei fã do Dee Snider e do Twisted Sister. Aliás, foi esse disco que me levou a descobrir sua ex-banda, para ser mais exato. Quando esse álbum chegou às lojas, era um garotinho de 10 anos de idade. Lembro que assisti ao clipe na MTV Brasil e fiquei com o refrão na cabeça. Na semana seguinte, quando estava com meu pai na Galeria do Rock, pedi que me comprasse o CD. “Quem são esses?”, “Ah… Vi o apresentador falando que era o primeiro álbum deles. Não conhecia também, mas gostei da música”. Quando olhou a contracapa, disse: “Bem… O cantor eu conheço. É o do Twisted Sister”. E lá fui eu pegar os LPS do Twisted Sister para ouvir, assim que cheguei em casa. Aí, Dee Snider, o projeto pode ter falhado, mas você conseguiu, ao menos, um fã com ele…

Tendo visto o Desperado – um álbum que tinha enorme carinho – engavetado, Snider resolveu resgatar algumas músicas de seu renegado projeto. Caso da balada “Calling For You” que ganhou uma intro com dedilhado, do hard “Gone Bad” e da porrada “Emaheevul” (uma de minhas preferidas no disco), onde perderam a intro e ganharam uma roupagem mais direta. “Gone Bad” começava com um dedilhado, antes de cair na sonoridade hard rock com riffs no melhor estilo Alice Cooper, enquanto “Emaheevul” começava com uma gaitinha bluesy. Ambos, limados.

 

 

A influência de blues surge no disco na (regular) “Blue For You” e também na ótima releitura de “Evil”, clássico de Howlin´ Wolf, onde Joe Franco rouba a cena com uma performance inspirada, mas essa não é a tônica do álbum. A sonoridade aqui é um hard rock, com uma pegada heavy e uma roupagem bem anos 80. Dee Snider estava com a voz extremamente forte e apresenta um belo trabalho vocal em todo o disco. Al Pitrelli sempre foi um monstro, sem palavras…

Faixas como “The Widowmaker” (a faixa que me tornou fã) e “The Lonely Ones” apostam em um hard bem cadenciado, bem melódico. “We Are The Dead” e “Snot Nose Kid” trazem a sonoridade festiva que os fãs do Twisted Sister tanto gostam. “Snot Nose Kid”, inclusive, se tivesse sido incluída no set do grupo, em algum dos retornos, muitos fãs nem se tocariam que era uma canção do Widowmaker. Construção bem similar…

Infelizmente, o final da história todos sabem. O álbum não vendeu absolutamente nada – ao que tudo indica, foram vendidas apenas 50.000 cópias. Hoje, isso pode até ser uma vendagem digna por conta dos streamings e downloads, mas para a época, era muito fraco – e a banda se desfez após o lançamento do segundo trabalho que levava o nome de Stand By Your Pain. De todo modo, fica a dica. Se você nunca ouviu nada dos caras, comece por esse primeiro álbum. Diversão garantida…

Faixas:

  • Emaheevul
  • The Widowmaker
  • Evil
  • The Lonely Ones
  • Reason to Kill
  • Snot Nose Kid
  • Blood and Bullets (Pissin´ Against The Wind)
  • Gone Bad
  • Blue For You
  • You´re a Heartbreaker
  • Calling For You
  • We Are The Dead

6 comentários sobre “Widowmaker – Blood and Bullets [1992]

  1. Fraquinho. Esses hard “pesadinhos” (o Subhuman Race do Skid Row é outro exemplo) envelheceram mal.

    1. Subhuman Race nunca curti muito. Algumas músicas boas, mas no geral sempre achei mediano. Esse do Widowmaker gosto bastante.

  2. Excelente álbum. Comigo foi o contrário, conheci primeiro o TS, e só depois fui correr atrás dos outros projetos do Dee Snider. Mas Davi, se eu entendi direito, foi seu pai que lhe apresentou os discos do TS, após reconhecer o Dee Snider na contra capa do disco do Widowmaker??

  3. Que legal cara. Nunca soube o que é ter um pai fã de rock n roll, muito menos que olhasse para a contra capa de um disco de uma banda obscura e dissesse: ” – Esse é o Dee Snider”. Sensacional!

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