The Smashing Pumpkins – Gish [1991]

The Smashing Pumpkins – Gish [1991]

Por Daniel Benedetti

Gish é o álbum de estreia da banda norte-americana The Smashing Pumpkins. Seu lançamento oficial aconteceu em 28 de maio de 1991, através do selo Caroline Records.

Após o rompimento de sua banda de formato gótico, o Marked, o cantor e guitarrista Billy Corgan deixou São Petersburgo, na Flórida, para retornar à sua cidade natal de Chicago, onde conseguiu um emprego em uma loja de discos e construiu a idéia de uma nova banda que se chamaria Smashing Pumpkins. Enquanto trabalhava lá, ele conheceu o guitarrista James Iha. Adornando-se com paisley e outros ornamentos psicodélicos, os dois começaram a escrever músicas juntos (com a ajuda de uma bateria eletrônica) que foram fortemente influenciados pelo Cure e pelo New Order.

A dupla se apresentou ao vivo pela primeira vez em 9 de julho de 1988 no bar polonês chamado Chicago 21. Esta performance incluiu apenas Corgan no baixo e Iha na guitarra, com uma bateria eletrônica.

Pouco tempo depois, Corgan conheceu D’arcy Wretzky após um show da Dan Reed Network, onde eles discutiram os méritos da banda. Depois de descobrir que Wretzky tocava baixo, Corgan a recrutou para a formação, e o trio fez um show no Avalon Nightclub. Após esse show, Joe Shanahan, proprietário do Cabaret Metro, concordou em reservar a banda com a condição de substituir a bateria por um baterista ao vivo.

Billy Corgan

O baterista de jazz Jimmy Chamberlin foi recomendado por um amigo de Corgan. Chamberlin sabia pouco sobre música alternativa e imediatamente mudou o som da nascente banda.

Em 5 de outubro de 1988, a banda completa subiu ao palco pela primeira vez no Metro Cabaret.

Em 1989, o Smashing Pumpkins fez sua primeira aparição em um álbum com a coletânea Light Into Dark, que apresentava várias bandas alternativas de Chicago. O grupo lançou seu primeiro single, “I Am One”, em 1990, pela gravadora local de Chicago, Limited Potential. O single foi muito bem e eles lançaram um acompanhamento, “Tristessa”, através do selo Sub Pop, após o qual assinaram contrato com a gravadora Caroline Records. A banda gravou seu álbum de estréia em 1991, Gish, com o produtor Butch Vig em seus Smart Studios, em Madison, Wisconsin, por 20 mil dólares.

Gish foi gravado de dezembro de 1990 a março de 1991. Vig e Billy Corgan trabalharam juntos como coprodutores. O período de gravação mais longo e o orçamento maior foram inéditos para Vig, que mais tarde se lembrou:

“(Corgan) queria fazer tudo parecer incrível e ver até onde ele poderia ir; realmente se gasta tempo com a produção e as performances. Para mim, foi uma dádiva de Deus, porque eu estava acostumado a gravar discos para todas as gravadoras independentes e tínhamos orçamentos para três ou quatro dias. Tendo esse luxo de passar horas no som de uma guitarra, afinar a bateria ou trabalhar harmonias e coisas texturais… eu estava pensando que havia encontrado um ‘camarada de armas’ que queria me puxar e que realmente queria eu puxá-lo”.

A inclusão de um estilo de produção maciço que lembra bandas como ELO e Queen era incomum para uma banda independente da época. Enquanto muitos álbuns daquela época usavam amostragem e processamento de bateria, Gish usava gravações de bateria não processadas e um som exato e único da guitarra.

James Iha

Billy Corgan também tocou quase todas as partes de guitarra e de baixo do disco, o que foi confirmado por Vig em uma entrevista posterior.

As sessões do álbum, com duração de 30 dias úteis, foram agitadas para os padrões do Pumpkins, em grande parte por causa da inexperiência do grupo. As sessões de gravação pressionaram intensamente a banda, com a baixista D’arcy Wretzky comentando mais tarde que ela não sabia como a banda sobreviveu, e Corgan explicando que ele sofreu um colapso nervoso.

“I Am One”, “Rhinoceros”, “Daydream” e “Bury Me” foram gravadas anteriormente, como demos pela banda, em 1989. Todas as quatro músicas foram regravadas para Gish. O álbum recebeu o nome do ícone do cinema mudo, Lillian Gish. Posteriormente, Corgan brincou que o álbum seria originalmente chamado de Fish, mas foi alterado para Gish, para evitar comparações com a banda Phish.

Um ótimo riff e o trabalho grooveado da seção rítmica são os principais destaques da excelente “I Am One”. “Siva” mantém a abordagem focada no peso e na agressividade, indo direta ao ponto, sem muitos rodeios. A triste e melancólica melodia de “Rhinoceros” cativa mesmo antes de desaguar em alta voltagem e muita energia, perfazendo uma das melhores canções do grupo. O baixo está muito presente em “Bury Me”, dando não apenas ritmo, mas um peso extra a esta boa música.

“Crush” coloca os pés no freio, com uma atmosfera mais suave e intimista, com os vocais de Corgan tomando o protagonismo. “Suffer” também é mais contida, desenvolvendo-se lenta e atmosfericamente suave, mas ainda com uma melodia interessante. “Snail” volta a apostar nos pesos das guitarras e estas acabam por se destacarem em uma faixa mais cadenciada, mas que entusiasma.

O single Rhinoceros

Embora o nome pudesse sugerir, “Tristessa” não é nada melancólica e já joga as guitarras afiadas bem na cara do ouvinte a partir de seu princípio. “Window Paine” soa excessivamente arrastada e acaba se tornando um ponto fora da curva dentro do disco. “Daydream” é a décima e derradeira faixa de Gish, com outra aposta acústica e vocais de D’arcy Wretzky.

Gish atingiu a modesta 146ª posição da principal parada norte-americana, mas o estrondoso sucesso posterior do grupo, acabou fazendo com que ele se tornasse um sucesso tardio. Em números recentes, estima-se que Gish supere a casa de 1 milhão de cópias vendidas apenas nos Estados Unidos. Até o lançamento do álbum Smash, da The Offspring, em 1994, Gish era o álbum independente mais vendido de todos os tempos.

Dos 3 singles retirados do disco (“Siva”, “I Am One” e “Rhinoceros”), nenhum fez barulho na principal parada norte-americana. A crítica especializada tem o trabalho em boa conta, recebendo elogios da Rolling Stone e do The New York Times, por exemplo. Tanto que, em 1º de abril de 2019, a revista Rolling Stone classificou Gish como o 32º melhor álbum de grunge de todos os tempos.

Em Gish, percebe-se uma banda que ainda está encontrando sua identidade musical, mas já demonstrando seu talento – e personalidade – com ótimas composições. Lançado no alvorecer daquilo que se costumou chamar de Grunge, Gish é um ótimo álbum de Rock, oscilando faixas pesadas e intensas com outras mais contidas e melancólicas.

Retomando, após lançar o EP chamado Lull, em outubro de 1991, pela Caroline Records, a banda assinou formalmente com a Virgin Records, que era associada à Caroline.

A banda apoiou o álbum com uma turnê que incluiu abertura para bandas do porte de Red Hot Chili Peppers, Jane’s Addiction e Guns N’ Roses. Durante esta turnê, Iha e Wretzky passaram por uma separação conturbada, Chamberlin tornou-se viciado em narcóticos e álcool, e Corgan entrou em profunda depressão, compondo algumas músicas para o próximo álbum na garagem onde ele morava na época.

Um novo trabalho surgiria em 1993, com Siamese Dream. Mas isto é outra história.

Formação:

Jimmy Chamberlin – Bateria

Billy Corgan – Vocal, Guitarra, Baixo

James Iha – Guitarra

D’arcy Wretzky – Baixo, Backing Vocals, Vocal principal em “Daydream”

Músicos adicionais:

Mary Gaines – Violoncelo em “Daydream”

Chris Wagner – Violino em “Daydream”

Faixas:

  1. I Am One
  2. Siva
  3. Rhinoceros
  4. Bury Me
  5. Crush
  6. Suffer
  7. Snail
  8. Tristessa
  9. Window Paine
  10. Daydream

4 comentários sobre “The Smashing Pumpkins – Gish [1991]

  1. Nunca me aprofundei a conhecer este álbum, mesmo com muitos já tendo me afirmado ser o melhor disco dos Pumpkins… Aliás, acho que o único disco que conheço mais ou menos bem é o Siamese Dream mesmo, além das “músicas de clipes” que tocavam muito na MTV dos bons tempos,,,

    Deste álbum acho que só conheço “Rhinoceros”, sonzaço recomendável para quem gosta do estilo…

    Bela resenha, valeu por destacar o álbum!

    1. Obrigado pelo elogio, Micael. Eu curto Gish, acho um álbum mais rústico, pesado e intenso, mas também com faixas com bastante melodia e uma certa melancolia. Vale à pena conferir e depois comente se curtiu. Abraço!

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