Testament – Brotherhood of the Snake [2016]

Testament – Brotherhood of the Snake [2016]

Por André Kaminski

Esse é mais um daqueles discos que peguei para ouvir pela primeira vez e vou postar minhas impressões aqui. Após o Big Four americano do thrash, o Testament e o Exodus são as duas bandas mais conhecidas da cena norte-americana. Tirando o primeiro disco The Legacy [1987] que é praticamente unânime considerado um clássico, todos os outros da longa discografia do Testament ficam ali na faixa entre bons, ótimos e meia boca. A constante troca de integrantes, principalmente na bateria, também não ajudou muito em manter a estabilidade da banda que se concentra nas figuras do vocalista Chuck Billy e dos guitarristas Eric Peterson e Alex Skolnick (que saiu em 1992, teve uma breve passagem em 2001 e voltou definitivamente em 2005).

Mas a banda está aí, sobrevivendo os percalços firmes e fortes, com um lançamento novo agendado para daqui uma semana (se é que o coronavírus vai deixar). Porém, aqui pretendo escrever minhas impressões do último disco deles lançado em 2016, Brotherhood of the Snake.

Dentro dos subgêneros do heavy metal, o thrash é um caso curioso. Em seu início, apesar das bandas tocarem o mesmo estilo, você notava diferenças marcantes entre as bandas quando surgiram lá nos anos 80. Metallica, Slayer, Sepultura, Anthrax, Kreator e o próprio Testament soavam muito distintas uma da outra. Nos anos 90 veio o Pantera que deu uma cara nova ao gênero (o chamado groove metal) e as bandas continuaram soando únicas. Entretanto, nos anos 2000 eu senti que as bandas do gênero e muitos dos próprios fãs se agarraram a uma fórmula de velocidade, riffs e vocais da qual não se percebia muita inovação entre elas. E mesmo quando as bandas lançavam algo diferente, seus velhos fãs desciam o pau, meio que obrigando as bandas a “voltarem às suas raízes”. Foi o que ocorreu com o Testament após o malhado Demonic [1997].

Eric Peterson (guitarra), Alex Skolnick (guitarra), Steve DiGiorgio (baixo), Chuck Billy (vocal) e Gene Hoglan (bateria)

Seguindo agora para o disco em si, ele inicia com a veloz “Brotherhood of Snake” que é um ótimo thrash daqueles de chacoalhar os cabelos. Chuck Billy continua com a sua voz intocada e Gene Hoglan, conhecido baterista do Dark Angel, continua descendo o sarrafo no seu kit. Há umas mudanças interessantes de velocidade e riffs, ora mais melódicos, ora mais lentos e pesados. Na segunda canção “The Pale King” há uma mudança no jeito da estrutura da canção que lembra mais o thrash europeu ao estilo Kreator. Até Chuck Billy canta parecido com Mille Petrozza.

Porém, na terceira e quarta canções uma coisa começa a me incomodar um pouco: a estrutura das músicas são muito parecidas. Embora Chuck e Gene (os principais destaques do disco) busquem em cada música algum tipo de diferenciação no cantar ou nas batidas de bateria, sinto que os dois guitarristas e o baixista meio que ficam naquela de soar o arroz com feijão, talvez tentando algum groovezinho diferente aqui e ali para soar um tanto mais Panteresco, mas nem de longe são criativos como um Andreas Kisser da vida por exemplo (porra, não tenho como esquecer os grandes riffs de Quadra, mesmo este tendo sido lançado quatro anos depois deste disco). A quarta música “Seven Seals” por exemplo, Chuck me parece se inspirar em Bruce Dickinson principalmente no refrão.

As canções vão passando e então gostei da sétima “Black Jack” com o instrumental lembrando bons momentos do Megadeth. Após isso, só mesmo “Canna-Business” possui uma musicalidade ganchuda, apesar da letra um tanto quanto cafona.

Em 2017

Falando em letras, não tente achar alguma lógica nelas. No mesmo disco, temos menções a antigas escrituras sumérias, ao cristianismo, a jogos de azar e a maconha. Billy, que escreve a maioria das letras, devia estar muito chapado quanto foi buscar as suas inspirações.

Daqui, o ponto positivo vai para o vocal de Billy e a bateria de Hoglan. Os caras de longe carregam o disco nas costas. Já Peterson, Skolnick e o baixista Steve DiGiorgio não se destacam e fazem performances apenas OK. É um disco médio, mas que pode agradar ao pessoal fissurado por thrash. Se for o seu caso, será uma audição sem sustos.

Tracklist

  1. Brotherhood of the Snake
  2. The Pale King
  3. Stronghold
  4. Seven Seals
  5. Born in a Rut
  6. Centuries of Suffering
  7. Black Jack
  8. Neptune’s Spear
  9. Canna-Business
  10. The Number Game

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