Bad Company – Here Comes Trouble [1992]

Bad Company – Here Comes Trouble [1992]

Por André Kaminski

Como muitos sabem, das cinzas do excelente Free surgiu o Bad Company fundado pelo seminal vocalista Paul Rodgers e o guitarrista Mick Ralphs, juntando-se logo depois o baterista Simon Kirke e o baixista Boz Burrell. Esta formação lançou seis álbuns dentre os quais quatro obtiveram grande sucesso e os últimos dois, embora menos, mantiveram grande visibilidade principalmente nos Estados Unidos. Embora britânicos, seu principal mercado sempre foi o norte-americano. Aquela mescla de blues e hard rock sempre foi a tônica do grupo que vendeu milhões de cópias durante a década de setenta e início da oitenta.

Mas ali por 1982, a banda dissolveu e Paul Rodgers foi para o The Firm. Mick e Simon resolveram reunir o Bad Company em 1986 e recrutaram o vocalista Brian Howe, um cantor até relativamente desconhecido visto que ele havia apenas cantado em bandas britânicas pequenas e gravado um disco e saído em sua subsequente tour de Ted Nugent em 1983.  Steve Price e Greg Dechert se uniram como baixista e tecladista, respectivamente.

O primeiro disco lançado com a nova formação Fame and Fortune [1986], vendeu bem mas não atingiu o impacto que a banda gostaria. Nessa nova fase, o Bad Company havia deixado muito do blues de outrora de lado e se focava mais nos teclados usando e abusando do estilo AOR, tão em voga na época. Até porque, a voz de Howe se encaixa muito bem no estilo.

Todavia, os dois discos seguintes Dangerous Age [1988] e Holy Water [1990] trouxeram fama e shows lotados novamente à banda, sendo a maior parte das composições feitas por Brian e o produtor Terry Thomas. Porém, o relacionamento interno da banda andava mal. Mick e Simon começaram a ficar de saco cheio de Brian Howe. E nesse clima pesado, a banda lança este seu quarto e último álbum com o vocalista Here Comes Trouble. Por aqui, Greg Dechert e Steve Price já haviam deixado a banda. Os baixos foram gravados por Felix Krish.

Mick Ralphs [guitarras]. Brian Howe [vocais] e Simon Kirke [bateria e vocais]

Seguindo na linha hard/AOR só que mais focado nas guitarras, o disco abre com o seu principal single “How About That” uma ótima faixa cheia de melodia e lirismo e uma bela performance interpretativa de Brian Howe, que percebe-se, chama a atenção para si principalmente nas músicas que ele e Thomas criaram. Após a mediana “Stranger than Fiction”, a banda volta a melhorar com a melódica “Here Comes the Trouble” com um belo refrão cheio de backing vocals e a guitarra grooveada de Mick Ralphs.

Obviamente como manda a cartilha do estilo, as baladas se destacam no álbum tais como “This Could Be the One” e “What About You”. “Take this Town” segue com um jeito mais calmo e melodioso, não muito recomendado para quem não é acostumado a rock com altos teores de açúcar. “Little Angel” é a última canção de destaque com mais um rock melodioso só que de veia mais pop. As duas próximas músicas “Hold on to my Heart” e “Broken Hearted” seguram bem o final do álbum, mas a última “My Only One” composta e cantada pelo baterista Simon Kirke é a pior do disco. Ele mesmo disse depois que se arrepende de ter feito vocais para a banda.

O saldo final é o de um bom disco. Porém, os fãs do Company dos anos 70 em sua maioria não o suporta. Pelas minhas pesquisas, eu por muito pouco poderia botá-lo na nossa categoria “Discos que Parece que Só Eu Gosto”. Mas percebi que as opiniões são divididas. Logo, resolvi deixá-lo como uma resenha mesmo.

Após o seu lançamento e sua consequente tour, o clima azedou de vez dentro da banda com o Mick e Simon de um lado e Howe e Thomas do outro. Para se ter uma ideia, Mick Ralphs se refere a Howe como “The Dork” e que o processaram por ele estar usando o nome Bad Company em seus shows solo. Já Simon disse que se arrepende de ter aceitado Brian na banda e que ele e Ralphs o demitiram em 1994. Já pelo lado de Howe, ele disse que resolveu sair porque somente ele e Thomas se esforçavam para compôr as músicas e logo após o sucesso dos discos Dangerous Age e Holy Water, os dois fundadores ficaram ressentidos e começaram de picuinhas com ele porque as poucas músicas que contribuíram não faziam sucesso.

Logo após, Simon e Mick contrataram o vocalista Robert Hart que gravou dois discos com a banda e tinha um timbre vocal muito parecido com o de Rodgers. Em 1998, Rodgers se uniu novamente ao Bad Company e desde então tem lançado coletâneas, feito turnês e discos ao vivo com volta e meia algumas pausas para a sua carreira solo. Já Brian Howe lançou três discos solo e faz tours cantando músicas de sua carreira solo e de seus tempos de Bad Company.

Brian Howe

4 comentários sobre “Bad Company – Here Comes Trouble [1992]

  1. “Porém, os fãs do Company dos anos 70 em sua maioria não o suporta.”

    É o meu caso, eu não curto nada os discos oitentistas da banda. Esse eu não tenho e nem me lembro de ter ouvido. Vou procurar para ver o que acho. O texto tá bem legal.

    1. Valeu Daniel

      Vai depender do teu gosto, se você gosta do hard/AOR bem levinho, pode te agradar. Mas se espera um pouco mais daquela pegada mais blues de antes, aí realmente passe longe.

  2. Eu tive o Dangerous Age, aliás, foi um dos primeiros discos que comprei lá quando tinha 8 ou 9 anos. Fiquei com ele um bom tempo. Na minha rebeldia prog, passei adiante. Mas agora, lendo esse texto do André, deu vontade de ouvi-lo de novo. É procurar nos Spotifys ou torrents da vida … achar ele em vinil hj é raridade

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