Melhores de 2019: Por Raphael Zenatti

Melhores de 2019: Por Raphael Zenatti

Não sigo o coro dos que acham que 2019 foi um ano de entressafra no metal. A ausência dos tradicionais arrasa-quarteirões e de uma unanimidade como o Firepower como em 2018, deixou o ano aberto para explorar uma vasta gama de lançamentos. Acho que nunca ouvi tanta coisa nova e ao mesmo tempo tinha muito tempo que não mantinha tanto disco novo preso por dias no cd-player. Apesar da gama de estilos que tivemos, foi o thrash que marcou o ano para mim, é quem tem mais representantes na lista e ainda ficaram de fora álbuns acima da média como o novo do Overkill, banda predileta absoluta da casa, e a indicação ao Grammy do Death Angel. Nos selecionados, no meu gosto, os dois primeiros estão um degrau acima, no mais não há qualquer ordem de preferência. No fim deixarei algumas menções honrosas para quem tiver pique de correr atrás de algo a mais.


1- Bad Religion – Age of Unreason

Impressionante o que o Bad Religion fez nesse álbum. Ao mesmo tempo que é um disco com o punch do início dos anos 90, mostra uma banda madura, com seus 40 anos de estrada, que sabe exatamente aonde está pisando. Melodias marcante, refrães irritantemente grudentos criam um disco é para ser cantado do início ao fim e coloca na sequencia músicas radiofônicas e para alimentar o mosh nos shows. Meus filhos não aguentam mais ouvir “Lose Your Head” e já a cantarolam por aí. Inexplicável como não foi lançado por aqui ainda, já que a banda já passou em solo brasileiro nesta turnê está tocando nas rádios rock, pelo menos aqui no Rio de Janeiro tem sido frequente.


2- Amon Amarth – Berserker

Tinha receio de como seria a atitude do Amon Amarth após, aparentemente, terem se tornado a principal aposta da Sony Music no metal. O Jomnsviking, apesar de algumas boas músicas só aumentou “as pulgas atrás das orelhas”. No geral faltava impacto, potência, como nos discos clássicos da banda. Toda e qualquer dúvida sumiu frente ao Berserker. O álbum retorna ao que a banda fazia na fase Norns/With Oden. Está lá de volta os dois bumbos agressivos, o peso e mesmo assim mantém os solos e as guitarras dobradas, assim como os refrões que transmitem uma melodia a qual tem possibilitado que muita gente não contumaz ouvidor de metal extremo goste e muito da banda. Ansioso pela turnê.


3- Soilwork- Verkligheten

Ainda pela Suécia, Verkligheten é um caso engraçado aonde o projeto influencia a banda principal e mostra que essa “novidade” revigorou o som da banda que ainda deve ter muitos anos pela frente. Desde a saída do primeiro single, “Stalfagel”, era possível encontrar muitos dos elementos do The Night Flight Orchestra por lá. Esse contraste entre o pop e o metal extremo, que sempre ocorreu na banda, mas nunca tão explícito, criou um disco cativante. Nunca dei tanta atenção a eles e foi um disco que ficou bastante tempo no cd player. Bjorn “Speed” Strid é um dos melhores vocalistas da sua geração e esse disco só escancara isso.


4- Cloak – The Burning Down

Não canso de defender que a vertente do metal que possui mais criatividade atualmente é o metal extremo. Assistimos uma NWOTHM acontecendo, que vem revisitando o que as bandas europeias, especialmente as inglesas, fizeram na primeira metade da década de oitenta, mas eu acredito que quem realmente tem atualizado esse som são algumas bandas de black metal como Drudkh, Vreid e Harakiri for the Sky que mesclam o som inglês ao black metal. Nessa linha estão os americanos do Cloak, que eu sigo desde o debut de 2017 que antecede este álbum. Não é difícil se perder nos solos desse disco e achar que esta ouvindo um dos Maidens clássicos. Difícil mesmo é não ouvir esse disco até o fim. Feliz e ansioso para saber até aonde esses caras vão.


5- Red Death – Sickness Divine

O Red Death é outra boa banda americana nova que foge do metalcore reinante nesse século lá no Tio Sam. O som é basicamente um hardcore com pitadas de thrash metal, sem configurar um croosoover porque eles não se misturam tanto, algo mais como convivem em harmonia, muito bem tocado e gravado, além de ter uma raiva quase táctil que é exatamente o que colocou esse disco, o último a ganhar espaço, nessa lista. Esperando alguém acordar e lançar eles por aqui.


6- The 69 Eyes – West End

Não espero que essa lista seja a lista absoluta dos melhores álbuns do ano e o 69 Eyes deixa isso claro. Longe de ser um disco tecnicamente impecável e absolutamente clássico, ele é simplesmente o disco mais divertido que ouvi em 2019 (disputou esse lugar com o Volbeat, o segundo mais divertido). A mistura em rock gótico, pós punk e hard rock farofa que os suecos fazem alcançou a perfeição aí. Todo álbum deles sempre tem bons hits, mas dessa vez fizeram um disco bem homogêneo, com boas músicas do início ao fim, com destaque para as músicas com participação especial, quem diria que eu gostaria tanto de algo que o Dany Filth iria fazer. Impossível ouvir “Two Horns Up” e “The Last House on the Left” e ficar parado.


7- Sacred Reich – Awakening

Sempre fui fã do Sacred Reich. Acho que depois do Metallica, foi a primeira banda que fechei a discografia. A saudade deles era grande e fiquei muito feliz quando soube do retorno, mesmo assim não poderia esperar algo assim. Disco curto, como antigamente e sem nenhuma gordura. A banda voando, baixo, bateria, guitarras e vocais, como se ainda estivessem nos 90. Só nos cabe agradecer e tentar entender aonde que eles estavam esse tempo todo. Ainda são relevantes e claramente necessários.


8- Blood Incantation: Hidden History of Human Race

Esse tomou o lugar do Dust Bolt no apagar das luzes. Como álbum de death, é o disco perfeito. Um disco bem gravado, todos os instrumentos claros, mas com som sujo ao mesmo tempo. Uma avalanche de riffs. Agressivo em cada instante. Não deixa o ouvinte se recuperar em momento nenhum. Feliz em ver que o som lá de Miami no início dos 90, evoluiu para esse grau de perfeição. Não tinha como ficar de fora da lista.


9- Toxic Holocaust – Primal Future 2019

Nunca dei muita atenção ao Toxic Holocaust até aqui, o que hoje vejo o absurdo. Esse disco me tomou de assalto. Thrash violento, disco feito para ser tocado ao vivo. Sujo na medida certa e por isso um pouco diferente das outras três indicações da lista.


10- Xentrix – Bury the Pain

Conhecia o Xentrix de nome e já tinha visto bastante a capa do álbum de 1990 dos ingleses, mas nunca tinha ouvido. O som é o bem clássico do estilo lá pela Grã-Bretanha. Lembra o que o Onslaught fazia junto com o Steve Grimett no final dos 80 e consequentemente, o que era feito em San Francisco anos antes. Mesmo assim o impacto que esse albúm teve em mim foi imediato. Algo como voltar a aquele som que me fez ficar apaixonado por tudo isso 30 anos atrás. Resumindo, não esperem grandes inovações aqui, mas saibam que irão rever um som velho conhecido muito bem feito.


Menções honrosas, pessoal que poderia estar aí em cima, mas faltou espaço:

– Dust Bolt – Trapped in Chaos
– Volbeat: Rewind, Replay, Rebound
– Soen: Lotus
– Malevolent Creation: The 13th Beast
– Potential Threat S.F.: Threat to Society
– MGLA: Age of Excuse
– Overkill: The Wings of War
– Black Star Riders: Another State of Grace

5 comentários sobre “Melhores de 2019: Por Raphael Zenatti

  1. Eu escutei o disco novo do Xentrix nesse final de ano. Achei um bom disco. Não ouvi os outros de sua lista, mas teria ouvido esse Sacred Reich se soubesse que haviam lançado disco este ano.

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